VISITAS!

SEJAM TODOS MUITO BEM VINDOS, E TENHAM UMA ÓTIMA LEITURA, CONHECENDO OS MISTÉRIOS DO MUNDO!.

CURTA O MUNDO REAL 21 NO FACEBOOK

MUNDO REAL 21 - ÚLTIMAS NOTÍCIAS

domingo, 25 de março de 2018

COMO DESCOBRIR O QUE O 'FACEBOOK' SABE SOBRE VOCÊ

Facebook armazena informações surpreendentes sobre sua atividade online GETTY IMAGES

Já parou para pensar sobre tudo o que o Facebook sabe sobre você? E mais do que isso, sobre que conexões ele faz para obter informações a seu respeito?

O gigante da tecnologia está no centro de um escândalo após a revelação de que as informações de mais de 50 milhões de pessoas foram utilizadas sem o consentimento delas pela empresa americana Cambridge Analytica para fazer propaganda política nas eleições de 2016 nos Estados Unidos.

Se você é um dos mais de 2 bilhões de usuários ativos da rede – cerca de 200 milhões no Brasil –, ela provavelmente sabe sua data de nascimento, seu número de telefone, sua profissão, as músicas que você ouve, os lugares onde vai e como você passa seu tempo livre.

Com esses dados, a empresa consegue vender anúncios segmentados para outras empresas - um restaurante que quer atingir mulheres de 25 a 40 anos em determinada cidade e que gostem de culinária asiática, por exemplo.

A companhia diz que coleta essa informação para deixar os anúncios mais interessantes e relevantes para você. Para isso, usa não só as informações sobre tudo o que você faz na rede – o que curte, o que decide que não quer ver, de onde você se conecta, onde faz check-in (marcar onde está) etc. – como também tudo o que você faz em outros sites e aplicativos nos quais optou por se cadastrar via seu perfil de Facebook.

Testes, jogos e outros aplicativos que você usa dentro da rede social costumam ter acesso a alguns desses dados – foi assim que a Cambridge Analytica conseguiu informações sobre milhões de usuários. Um teste de personalidade, que dizia usar os dados para fins acadêmicos, coletou-os e seu criador, o pesquisador Alexandr Kogan, os teria fornecido para que a empresa fizessem anúncios políticos nas eleições americanas.
Como proteger seus dados no Facebook?

"Quando você cria uma conta no Facebook, automaticamente concorda que ele usará seus dados para ganhar dinheiro. É o preço que você paga", disse à BBC Brasil o especialista em direito digital Thiago Tavares, da ONG Safernet.

Ao longo dos anos, a empresa vem respondendo a críticas sobre sua política de uso de dados pessoais e tornando mais fácil descobrir o que ela sabe sobre a sua vida. Mesmo assim, segundo Tavares, é importante gastar algum tempo lendo os termos de uso do site e explorando os dados que estão armazenados no seu perfil.

"Revisar as suas configurações de privacidade deve ser como fazer um check-up periódico de saúde. E isso deve ser feito em todas redes sociais. E sobretudo nos aplicativos que você acessa fora do site com o seu login do Facebook, por exemplo. É preciso reservar um tempo para isso, assim como reservamos tempo para fazer um backup dos arquivos que queremos guardar no computador", afirma.

Motivada pela pergunta, decidi fazer o download dos dados que o site tem sobre mim – opção disponibilizada no fim da seção "Geral", das configurações do Facebook – e investigar outros dados que ficam armazenados no meu perfil.
Confira algumas das informações surpreendentes que o Facebook armazena sobre você:
Dados pessoais podem ser baixados clicando na seta no canto superior direito da página, indo em 'Configurações' e escolhendo 'Geral' no menu à esquerda | Foto: Reprodução/Facebook

1. As coordenadas do seu rosto

Ao baixar uma cópia dos principais dados sobre mim no Facebook, obtive um pacote com pastas para fotos e vídeos e um arquivo chamado "index.htm", que deve ser aberto em um navegador. Esse arquivo permite visualizar essas informações de maneira organizada.

Logo na primeira página do arquivo, onde estão as informações pessoais, é possível ver três linhas de números que equivalem a uma espécie de impressão digital do seu rosto, segundo Thiago Tavares.

"Existem 34 pontos na face que são fixos e mapeáveis. A distância entre esses pontos pode ser calculada e esse cálculo permite que um algoritmo consiga identificar automaticamente uma face."

É por isso que, quando um amigo coloca uma foto com você, o Facebook consegue saber que você está lá e sugerir que ele te marque nela.

"Esse é um tipo de dado que as pessoas compartilham sobre você, mesmo que você não queira", explica Tavares.

No entanto, você pode impedir que a empresa guarde esse mapa da sua face e reconheça você nas fotos. Basta ir em "Configurações da linha do tempo e marcações" e escolher a opção "Ninguém" na pergunta "Quem vê as sugestões de marcações quando fotos parecidas com você são carregadas?".
2. Por onde você anda – dentro e fora da internet

Para muitos, uma das seções mais surpreendentes do arquivo do Facebook é a de "Segurança". Ali estão, por exemplo, informações sobre os computadores, celulares e tablets que você usou para entrar no site.

No meu caso, a lista cobria os três últimos anos. Ali estão os IPs – espécies de endereços numéricos usados pelos dispositivos para se comunicarem entre si na internet – e também as datas e horários em que acessei o Facebook, os navegadores que eu utilizei e até a operadora do celular com o qual eu me conectei.

Esses são tipos de "logs de acesso", que, de acordo com o Marco Civil da Internet no Brasil, devem ser armazenados por pelo menos seis meses para permitir que a polícia investigue qualquer crime que possa ter sido cometido na rede social com sua participação.

Além disso, o arquivo também lista cookies que o Facebook armazenou no seu navegador – são arquivos que registram rastros de navegação sobre o tempo que você permaneceu em cada página, a sequência de cliques que deu, os dados que você colocou em um formulário online, o site através do qual você chegou naquela página etc.

"Se eu desabilitar no meu navegador o armazenamento de cookies, não consigo usar o Facebook e muitos sites ou serviços. É por isso que esses produtos não são de graça como a maioria acha que são. Você paga com seus dados pessoais e com sua privacidade, fornecendo esse rastro de tudo o que faz", diz Tavares.
'Mapa' da sua face permite que Facebook marque você em fotos de amigos; é possível desabilitar esta opção nas configurações | Foto: Reprodução/Facebook

Até mesmo as fotos que você compartilha no seu perfil podem trazer dados detalhados sobre onde você estava quando as tirou – e não é preciso ser um grande detetive para descobri-los.

O EXIF, uma espécie de "etiqueta" que arquivos digitais de imagem possuem, contém mais dados do que se imagina.

Ao chegar na sessão "Fotos" do arquivo, percebi que as imagens feitas com câmeras analógicas que postei no site traziam informações como o modelo e o fabricante da câmera e, no caso das digitais, também as configurações usadas na foto (abertura do diafragma e foco, por exemplo), além de data e hora em que a imagem foi feita.

Já algumas fotos compartilhadas do Instagram traziam coordenadas de latitude e longitude de onde foram postadas.

Se você é do tipo que faz "check-in" nos lugares onde vai, não deve ser surpresa encontrar alguns deles, aqueles que você criou ("casa da minha avó", por exemplo), no arquivo que baixou.
3. Fotos que você 'esqueceu' no celular

A seção de "fotos sincronizadas" dos dados baixados do Facebook também é intrigante. Como eu não tinha nenhuma, não sabia exatamente o que aquela "gaveta" deveria armazenar.

O app do Facebook para smartphones traz, atualmente, uma opção de sincronizar automaticamente o seu celular com o seu perfil na rede.

Habilitando a opção, o site se comunica com seu celular e transfere as últimas fotos que você tirou, sem que você precise fazê-lo manualmente, para um álbum privado. Caso você queira, pode tornar o álbum público ou compartilhar fotos individuais com amigos.

De acordo com a empresa, "o recurso tem o objetivo de facilitar o compartilhamento com aqueles que importam para você. Nenhuma foto é postada no Facebook, a menos que o usuário decida compartilhá-las e confirme a ação".

Mas Thiago Tavares alerta também para os perigos da ferramenta. Afinal, fotos indesejadas também podem acabar indo parar no site, mesmo que não estejam públicas. E se alguém conseguir a senha da sua conta, terá acesso a elas.

"Muitos vazamentos não intencionais de fotos íntimas acabam acontecendo assim, com a ativação da sincronização de fotos automática do celular com o Facebook. A pessoa nem sabe que vazou", afirma.

4. O que você 'gostaria' de comprar

Nos últimos anos, respondendo a críticas sobre a maneira como cria anúncios específicos para seus usuários, o Facebook passou a disponibilizar essa informação de forma mais clara. Basta acessar esta página:
Clique aqui para visitar sua página de preferências de anúncios no Facebook (é preciso estar logado no site para ver a informação)

Na seção "Seus interesses", o Facebook lista o que ele considera que são seus assuntos preferidos com base nas suas curtidas e interações no site e em aplicativos que você instalou. Clicando em cada um dos assuntos, você pode ver alguns dos anúncios específicos que a plataforma escolhe para aparecer na sua linha do tempo.

Nesse caso, é possível até tirar e adicionar coisas à lista. No entanto, vale lembrar que isso não significa que você deixará de ver anúncios. Eles simplesmente serão aleatórios, em vez de específicos para seus gostos.
Clicando em cada um dos 'seus interesses', é possível ver os tipos de anúncios que a plataforma mostra a você | Foto: Reprodução/Facebook

Na seção "Anunciantes com os quais você interagiu", o site mostra quais foram as marcas cujos anúncios você clicou, cujos aplicativos você instalou e cujas páginas você visitou. E o mais importante: quais deles você permitiu, mesmo sem saber, que tivessem seus contatos.
É possível ver as marcas com as quais você interagiu dentro e até fora do Facebook, mas em conexão com o site | Foto: Reprodução/Facebook

Na seção "Suas informações" estão os dados que você forneceu voluntariamente ao Facebook ao preencher seu perfil: status de relacionamento, empresa onde trabalha, universidade ou colégio onde estudou etc.

Mas na aba "suas categorias" fica o verdadeiro tesouro: o Facebook mostra em que grupos de anúncios você foi colocado, ou seja, a quais "públicos" você pertence. Ao criar esses grupos, a empresa consegue oferecer a seus anunciantes a oportunidade de fazer propagandas de seus produtos e serviços a pessoas com mais chances de consumi-los.
Facebook coloca cada usuário em 'categorias' que podem ser usadas para criar anúncios específicos com eles | Foto: Reprodução/Facebook

Essas categorias também mostram a verdadeira extensão do que o site sabe sobre você: o sistema operacional do seu computador, o modelo do telefone que usa e se você é amigo de pessoas que se mudaram do país recentemente, por exemplo.

Em "Configurações de anúncios", você pode escolher se quer que o Facebook lhe mostre anúncios baseados em seus interesses - não só dentro da rede social, mas também em outros aplicativos e páginas que não pertencem à empresa de Mark Zuckerberg.

Mesmo informando tudo isso, o Facebook ainda não revela o verdadeiro "pulo do gato", segundo Tavares - o algoritmo que "combina" essas informações para criar perfis e até prever preferências pessoais. Um algoritmo como esse foi criado pela Cambridge Analytica para as propagandas políticas.

"O mundo inteiro está debatendo esse assunto, mas isso envolve o segredo do negócio do Facebook e a propriedade intelectual. Ainda é uma discussão que está no início", diz o especialista.

Dentro do meu arquivo de dados pessoais, a seção "Anúncios" do meu arquivo de dados, encontrei uma lista mais específica empresas e tópicos que o Facebook acha que eu gostaria de ver na minha linha do tempo. Mais abaixo, há ainda uma lista dos anúncios em que eu cliquei no site.

De acordo com Tavares, o Facebook decide quais anúncios mostrar a você a partir do seu comportamento na rede social. Mas o site não informa exatamente quais ações executadas por você levam a essa seleção.

Qual curtida fez com que aparecesse para mim algo sobre o time de futebol de Dallas, no Estado americano do Texas, pelo qual nunca me interessei? Nem consigo imaginar.
Site permite que você escolha se quer ver anúncios baseados em suas interações; mas mesmo que marque 'não', você continuará vendo anúncios aleatórios | Foto: Reprodução/Facebook

Se você usa bastante a opção "conectar com o Facebook" em outros sites e serviços, para evitar ter diversos cadastros, saiba que o que você faz nesses sites também poderá ser usado na rede de Mark Zuckerberg.

Nas suas configurações, você pode impedir que o Facebook use dados sobre sua atividade nesses outros sites e aplicativos para refinar os anúncios que mostra a você. Mesmo assim, a empresa continua coletando essas informações – e elas não estão disponíveis para download.

Mas e se eu não quiser mais ver nenhuma propaganda no Facebook? Impossível, diz Tavares.

"É impossível não ver anúncios no Facebook, da mesma forma que é impossível ter 100% de privacidade usando redes sociais. Uma coisa se tornou incompatível com a outra. É vendendo anúncios que a plataforma ganha dinheiro", afirma.

Mas isso significa que o Facebook está enviando essas informações sobre você diretamente para outras empresas? A empresa diz que não e, de fato, segundo Tavares, não é possível afirmar que esteja.

"Os anunciantes customizam campanhas e as segmentam (escolhem o público que querem atingir com cada campanha). Como o Facebook sabe quem exatamente preenche aquele perfil, ele direciona esse anúncio para esse usuário", explica.
5. Todas as suas buscas

Nem todos os dados que o Facebook armazena sobre você estão no arquivo disponível para download. Todas as suas interações, comentários, curtidas, marcações e buscas na rede social – desde o momento em que você entrou lá – estão armazenados no "Registro de Atividades".

Para chegar lá, vá até a página do seu perfil. Clique em "Registro de Atividades", opção que fica na parte inferior direita da sua foto de capa, ou seja, aquela imagem horizontal que você escolhe para abrir o seu perfil. Em seguida, talvez seja necessário clicar em "Mais" no menu "Filtros", à esquerda, para que ele se expanda.

Um dos detalhes surpreendentes que encontrei nessa sessão são todos os vídeos a que assisti dentro do Facebook, mesmo que não tenha curtido as postagens em que eles estavam, nem deixado comentários. Basta apertar o play e o site registra que eu os assisti.

Da mesma forma, estão registradas absolutamente todas as coisas que eu digitei na seção de busca desde que criei minha conta, em 2007 – nomes de pessoas, eventos e outras palavras-chave.

O registro de atividades, aliás, é a melhor maneira e saber, em tempo real, o que você está informando ao site. Se compartilha músicas que está ouvindo, livros que está lendo, se decide não ver postagens de um amigo na sua linha do tempo ou confirma presença em eventos, tudo estará ali.
Interação com amigos, como mensagens trocadas, permanece na rede mesmo depois que você sai dela THINKSTOCK

6. O que seus amigos quiserem que ele saiba

Por ser uma rede social, o Facebook reúne informações principalmente por meio das interações que seus usuários têm entre si. Então, cada vez que você manda uma mensagem para alguém ou aparece em uma foto de amigos, essa interação passa a pertencer a vocês dois. E ela não desaparece quando você sai da plataforma.

Atualmente, o Facebook possui duas opções de saída. Desativar sua conta é como "dar um tempo" no relacionamento. Todas as suas informações permanecem lá, segundo a empresa, até que você decida voltar. Já a opção de excluir a conta significa um ponto final.

O Facebook diz que pode levar até 90 dias para deletar todas as suas publicações, mas mensagens privadas trocadas com amigos, por exemplo, continuam nas caixas de mensagens deles.

"A sua privacidade hoje não depende só do que você publica sobre si mesmo, mas também do que o outro compartilha ou publica sobre você", diz Thiago Tavares.

"Enquanto seus amigos estiverem no Facebook, você nunca vai sair completamente dele, porque suas interações permanecem lá."

AUTOR: BBC

quinta-feira, 15 de março de 2018

SAIBA COMO UMA MUTAÇÃO GENÉTICA EM UMA ÚNICA CRIANÇA DEU ORIGEM A DOENÇA QUE AFETA MILHÕES DE PESSOAS

Anemia falciforme ganhou esse nome por causa da deformação que causa nos glóbulos vermelhos, dando-lhes formato de foice SCIENCE PHOTO LIBRARY

A anemia falciforme pode não ser tão conhecida quanto doenças como a Aids, a turberculose e a febre amarela, mas afeta milhões no mundo todo.

Segundo a Fundação Sickle Cell Disease, da Califórnia, nos EUA, cerca 250 milhões de pessoas carregam o gene, que, se herdado do pai e da mãe, gera a enfermidade. Cerca de 300 mil crianças nascem todo ano com anemia falciforme.

Uma das doenças genéticas mais comuns do mundo, ela é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e adquirem o aspecto de uma foice. Essa deformidade faz com que eles endureçam, dificultando a passagem do sangue pelos vasos e a oxigenação dos tecidos. Pode causar dor forte, anemia crônica e prejudicar órgãos vitais.

Um estudo recente conduzido por pesquisadores do americano Center for Research on Genomics and Global Health (CRGGH), feito com base na análise do genoma de 3 mil pessoas, liga a anemia falciforme a uma mutação genética que teria se manifestado em apenas uma criança há pouco mais de 7 mil anos.

Efeito colateral

A história da doença é um exemplo de como uma coisa boa acabou tendo péssimas consequências.

Há milhares de anos, quando o deserto do Sahara era uma área úmida e chuvosa, coberta com uma floresta, uma criança nasceu com uma mutação genética que lhe deu imunidade à malária.

A doença era tão mortal há milhares de anos quanto é hoje – nos dias atuais a malária mata uma criança a cada dois minutos.

Em um ambiente que era habitat dos pernilongos que carregam a doença, essa mutação deu grande vantagem a essa criança, que viveu, cresceu e teve filhos.

Seus filhos herdaram a mutação e, graças à imunidade, se espalharam e se reproduziram. Até hoje, as pessoas que têm o gene são mais resistentes à malária.

Mas é aí que entram as más consequências: se uma pessoa herda o gene com aquela mutação de ambos os pais, ela pode acabar desenvolvendo anemia falciforme, moléstia que resulta em fortes dores e diversas complicações de saúde. Entre eles problemas pulmonares e cardiovasculares, dores nas articulações e fadiga intensa.

E, para piorar, quem herda os genes dos dois pais perde a proteção que eles têm contra a malária.

Em um estudo publicado na semana passada na revista científica American Journal of Human Genetics, os cientistas Daniel Shriner and Charles Rotimi apresentaram a descoberta sobre a origem da doença feita após uma análise do genoma de cerca de 3 mil pessoas, das quais 156 tinham anemia falciforme.

Ambos são pesquisadores do Center for Research on Genomics and Global Health, entidade ligada ao National Institutes of Health (NIH) - uma reunião de centros de pesquisa que formam a agência governamental de pesquisa biomédica do departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Os pesquisadores dizem que rastrearam a mutação 7,3 mil anos atrás e descobriram que ela começou em apenas uma criança.

Por que isso importa?

Segundo Rotimi, a descoberta ajuda na classificação da doença. "Possibilita aos médicos um entendimento melhor sobre como classificar pacientes doentes de acordo com a severidade da enfermidade", diz ele à BBC.

Isso pode ajudar a melhorar o tratamento clínico oferecido às pessoas, segundo ele. Não há cura para a anemia falciforme. Os portadores da doença precisam de acompanhamento médico constante para garantir a oxigenação adequada nos tecidos, prevenir infecções e para controlar as crises de dor.

No entanto, um dos médicos mais proeminentes no estudo da doença - Frederick B. Piel, do Imperial College, em Londres - afirmou ao jornal americano The New York Times que gostaria de ver estudos mais abrangentes para checar se eles chegam à mesma conclusão.

Células falciformes foram descobertas pela primeira vez nos Estados Unidos, em pessoas com ascendência africana, mas também são comuns em povos do Mediterrâneo, do Oriente Médio e de partes da Ásia.

Até agora os cientistas identificavam os diversos tipos da doença usando grupos separados de acordo com etnia e língua, o que, na verdade, segundo Rotimi, não ajuda a entender a doença do ponto de vista clínico.
Glóbulos vermelhos mal formados causam diversos problemas de saúde | Foto: Science Photo Library

Por décadas os cientistas se perguntam se a mutação aconteceu apenas uma vez e se espalhou ou se diversas crianças não relacionadas desenvolveram a mutação separadamente.

Mas Shriner e Rotimi descobriram que as pessoas que eles analisaram tinham mutações genéticas muito parecidas. Pessoas do Quênia, de Uganda, da África do Sul e da República Centro Africana tinham genes tão similares que se encaixariam em um padrão compatível com a distribuição da mutação através da migração do povo bantu.

Os bantu se espalharam do oeste da África para o leste e para o sul há cerca de 2,5 mil anos.

Rotimi dá risada ao ser questionado pela BBC se está 100% seguro sobre os resultados de sua pesquisa.

"Como cientista é sempre uma péssima ideia dizer que uma conclusão é definitiva. Eu nunca assumo a posição de que existe uma resposta definitiva", diz ele.

"Mas as informações que temos hoje deixam bem claro que não é possível sustentar, no momento, a teoria de uma origem múltipla para a mutação."

Estudos maiores podem ou não trazer o mesmo resultado. Por enquanto, no entanto, a imagem que fica é de uma criança que nasceu com sorte e espalhou seus genes para descendentes no mundo todo – que podem não ter a mesma sorte que ela.

AUTOR: BBC

domingo, 4 de março de 2018

A DESCOBERTA DE DUAS MÚMIAS DE 5 MIL ANOS QUE REVOLUCIONA O QUE SABEMOS SOBRE O EGITO ANTIGO

A múmia do homem, que tinha entre 18 e 21 anos quando morreu, tem no braço dois desenhos sobrepostos de animais | Foto: Museu Britânico

Duas múmias egípcias de 5 mil anos, descobertas há 100 anos, surpreenderam os arqueólogos com uma novidade descoberta apenas agora.

Os pesquisadores chegaram à conclusão que as manchas que elas tinham nos braços eram, na verdade, tatuagens.

Com ajuda de raios infravermelhos, os arqueólogos encontraram ilustrações figurativas feitas nos corpos das duas múmias. Os detalhes dessa pesquisa foram publicados na revista de arqueologia Journal of Archaeological Science.

Daniel Antoine, curador de Antropologia Física do Museu Britânico e um dos autores do trabalho, ressalta que a descoberta "transformou" a ideia que os cientistas tinham de como as pessoas daquela época viviam.

"Apenas agora estamos tendo maior clareza sobre como era a vida desses indivíduos notavelmente preservados. Com mais de 5 mil anos de existência, eles mostram que as tatuagens na África apareceram mil anos antes do que as evidências mais recentes sugeriam", disse ele à BBC.
A primeira tatuagem tem dois animais sobrepostos: acima, um carneiro com chifres, abaixo, um búfalo selvagem | Foto: Museu Britânico

Homem também podia

As imagens obtidas por scanner de uma das múmias, a do homem, revelaram que as tatuagens representam dois animais sobrepostos. Uma delas parece ser a de um touro selvagem com um rabo grande, e a outra, a de um carneiro com chifres.

Até então os arqueólogos acreditavam que apenas as mulheres tinham tatuagens naquela época.

A múmia feminina tem quatro pequenos motivos em formato de "S" no seu ombro direito.

Ela também tem um outro desenho que parece representar um bastão usado em um ritual de dança. O pigmento usado é provavelmente fuligem.
A múmia feminina tem tatuagens em formato de 'S'; os desenhos na pele, dizem os pesquisadores, indicariam status de coragem e de conhecimento mágico | Foto: Museu Britânico
Simbolismo

Os arqueólogos acreditam que as tatuagens indicariam um determinado status dentro da comunidade, ou de coragem ou de um certo conhecimento mágico.

As múmias foram encontradas em Gebelein, a 40 km do território onde hoje fica Luxor.

As covas em que elas estavam não eram profundas, mas graças ao calor, à salinidade e à aridez do deserto, elas se mantiveram bem conservadas.

A análise de carbono 14 indica que o homem e a mulher viveram entre 3351 a.C. e 3017 a.C.. Outro exame indica que o homem foi esfaqueado quando tinha entre 18 e 21 anos.

O exemplo mais antigo de tatuagem está em uma múmia conhecida como Ötzi, descoberta em 1991 nos Alpes, na fronteira entre Áustria e Itália, que viveu entre 3370 a.C. e 3100 a.C.. 

Mas os desenhos em sua pele não traziam figuras, mas apenas traços verticais e horizontais.
Detalhe das tatuagens em formato de 'S' no ombro da múmia de mulher | Foto: Museu Britânico

AUTOR: BBC
VEJA TAMBÉM Plugin for WordPress, Blogger...

ME SIGA NO TWITTER!