Depois de mais de 40 anos “esquecidos”, os gigantes Urano e Netuno voltam à cena com a proposta de duas missões interplanetárias. E, como era de se esperar, a China marca presença.
Este ano – e certamente os próximos quatro ou cinco anos – será focado na reconquista da Lua, com os projetos de missões tripuladas e construção de bases. Mas também serão anos dedicados a estreitar a exploração científica de Marte. Por enquanto, nada mais ambicioso do que recolher amostras do solo para envio à Terra, mas com foco também em futuras missões tripuladas.
Enquanto isso, as ideias de explorar planetas mais distantes vão surgindo e algumas delas, felizmente, já estão se concretizando. Em especial nas fronteiras do Sistema Solar.
Nos planetas mais distantes
As sondas Pioneer 10 e 11 e as Voyagers 1 e 2 fizeram um tour pelo Sistema Solar, estudando os gigantes gasosos distantes. Em especial a Voyager 2, que além de Júpiter e Saturno, estudou os planetas mais distantes Urano e Netuno, no final da década de 1980.
Desde então, Júpiter e Saturno ganharam missões próprias, com sondas orbitando seus sistemas por anos a fio: Júpiter teve a sonda Galileo e, atualmente, a Juno e Saturno foi estudado pela sonda Cassini por mais de 10 anos. Mas parou nisso. Urano e Netuno ficaram esquecidos desde então.
As conversas para construir uma missão de reconhecimento de Netuno começaram a convergir nos últimos dois anos e, em julho do ano passado, surgiu uma proposta concreta.
Este ano – e certamente os próximos quatro ou cinco anos – será focado na reconquista da Lua, com os projetos de missões tripuladas e construção de bases. Mas também serão anos dedicados a estreitar a exploração científica de Marte. Por enquanto, nada mais ambicioso do que recolher amostras do solo para envio à Terra, mas com foco também em futuras missões tripuladas.
Enquanto isso, as ideias de explorar planetas mais distantes vão surgindo e algumas delas, felizmente, já estão se concretizando. Em especial nas fronteiras do Sistema Solar.
Nos planetas mais distantes
As sondas Pioneer 10 e 11 e as Voyagers 1 e 2 fizeram um tour pelo Sistema Solar, estudando os gigantes gasosos distantes. Em especial a Voyager 2, que além de Júpiter e Saturno, estudou os planetas mais distantes Urano e Netuno, no final da década de 1980.
Desde então, Júpiter e Saturno ganharam missões próprias, com sondas orbitando seus sistemas por anos a fio: Júpiter teve a sonda Galileo e, atualmente, a Juno e Saturno foi estudado pela sonda Cassini por mais de 10 anos. Mas parou nisso. Urano e Netuno ficaram esquecidos desde então.
As conversas para construir uma missão de reconhecimento de Netuno começaram a convergir nos últimos dois anos e, em julho do ano passado, surgiu uma proposta concreta.
A missão Trident, em alusão ao tridente de Netuno, foi apresentada numa conferência de ciências planetárias nos EUA.
Mosaico de Tritão Foto: Divulgação/Nasa/JPL
A proposta é que a agência espacial dos EUA (Nasa) financie uma missão da classe Discovery dentro dos preceitos de “melhor, mais rápida e mais barata” que tem a "New Horizons" como um recente sucesso.
A missão, aliás, seria nas mesmas bases da "New Horizons" que fez um sobrevoo em Plutão e Caronte em 2015: a Trident irá fazer um sobrevoo rápido por Netuno e Tritão, sua enigmática lua.
A proposta é que a agência espacial dos EUA (Nasa) financie uma missão da classe Discovery dentro dos preceitos de “melhor, mais rápida e mais barata” que tem a "New Horizons" como um recente sucesso.
A missão, aliás, seria nas mesmas bases da "New Horizons" que fez um sobrevoo em Plutão e Caronte em 2015: a Trident irá fazer um sobrevoo rápido por Netuno e Tritão, sua enigmática lua.
Em geral, é assim que as missões evoluem, com uma missão de sobrevoo de reconhecimento inicial e um mapeamento preliminar, para depois partir para uma missão para orbitar e, quem sabe, pousar no objeto.
A missão Trident seria equipada com instrumentos muito parecidos com os que fazem parte da "New Horizons" para obter o máximo de informações no menor tempo possível.
E o sobrevoo promete ser ainda mais empolgante: depois de uma viagem de quase 10 bilhões de quilômetros, a nave vai fazer uma rasante de apenas 500 quilômetros sobre Tritão! Isso é o equivalente a acertar um alvo de meio milímetro de largura em Londres, disparando uma arma em Porto Alegre!
Um dos objetivos principais é estudar Tritão em detalhes. Quando a Voyager 2 passou, ela não foi capaz de mapear por inteiro o seu hemisfério norte e o que foi visto na parte sul deixou mais perguntas do que respostas.
Mais sobre Netuno e Tritão
Tritão tem as características de um planeta anão formado no Cinturão de Kuiper e que foi capturado por Netuno. Mas também tem características de um mundo composto de muito gelo que poderia ter se formado ali mesmo, junto com Netuno. Além disso, o mapa mostrou uma calota polar no hemisfério sul, mas nenhuma evidência de que exista uma calota semelhante no polo norte.
Mas o mais empolgante: Tritão poderia ter um oceano subterrâneo! Essa lua de Netuno foi incluída no rol de corpos celestes chamados de “Mundos Oceânicos” que são: Ganimedes, Europa, Titã, Encélado, Plutão e Caronte.
Isso foi novidade até para mim, mas, de acordo, com a equipe da missão Trident, proposta pelo Instituto Lunar e Planetário no Texas, Tritão tem todas as premissas para possuir muito gelo e, com sua composição geológica e proximidade de Netuno, o gelo poderia se transformar em água no subsolo, mantendo-se nessa condição se existir amônia misturada a ela.
O objetivo da rasante de 500 km acima da superfície de Tritão é atravessar sua tênue atmosfera para analisá-la.
Após o sobrevoo, a Trident vai poder passar pela sombra de Netuno e Tritão, para procurar plumas de vapor d’água no satélite, como as encontradas em Encélado e mais recentemente em Europa. Quem vai responder a questão sobre a existência ou não do oceano, entretanto, será uma séria de instrumentos que vão estudar o campo magnético de Tritão.
Participação chinesa e datas da Trident
Além da Nasa, quem está também se preparando para visitar Netuno é a China e, como sempre, com objetivos bem mais ambiciosos. Além de passar a uma distância de mil quilômetros de Netuno, a missão que tem o nome provisório de IHP-1, vai lançar uma sonda para penetrar sua atmosfera.
Depois disso a IHP-1 vai fazer um sobrevoo de um objeto do Cinturão de Kuiper para finalmente seguir para fora do Sistema Solar. A intenção é fazer como as Voyagers e manter a nave estudando a heliosfera, a bolha de plasma que envolve o Sistema Solar.
Apesar de as ideias estarem ainda no campo das propostas, elas têm data marcada para virarem realidade. Para que isso tudo seja possível, as missões precisam partir entre 2024-2026 para aproveitar um alinhamento planetário favorável, economizando-se combustível.
Por exemplo, sendo lançada entre 15/04 e 05/05, a Trident levaria 12 anos para chegar até Tritão, mas antes passaria de novo pela Terra por mais três vezes, uma vez perto de Vênus e uma vez por Júpiter. Nessa rápida escala em Júpiter, a configuração das órbitas seria muito ideal para estudar Io, sua lua vulcânica.
A Trident tem até data para chegar, se respeitar a janela de lançamentos: 28 de junho de 2038 e, tal qual a "New Horizons", passaria mais um ano transmitindo os dados para a Terra. Tomara que a Trident seja aprovada logo, pois seis anos para montar e lançar uma missão dessas não é muito tempo e eu gostaria muito de ver seus resultados.
A missão Trident seria equipada com instrumentos muito parecidos com os que fazem parte da "New Horizons" para obter o máximo de informações no menor tempo possível.
E o sobrevoo promete ser ainda mais empolgante: depois de uma viagem de quase 10 bilhões de quilômetros, a nave vai fazer uma rasante de apenas 500 quilômetros sobre Tritão! Isso é o equivalente a acertar um alvo de meio milímetro de largura em Londres, disparando uma arma em Porto Alegre!
Um dos objetivos principais é estudar Tritão em detalhes. Quando a Voyager 2 passou, ela não foi capaz de mapear por inteiro o seu hemisfério norte e o que foi visto na parte sul deixou mais perguntas do que respostas.
Mais sobre Netuno e Tritão
Tritão tem as características de um planeta anão formado no Cinturão de Kuiper e que foi capturado por Netuno. Mas também tem características de um mundo composto de muito gelo que poderia ter se formado ali mesmo, junto com Netuno. Além disso, o mapa mostrou uma calota polar no hemisfério sul, mas nenhuma evidência de que exista uma calota semelhante no polo norte.
Mas o mais empolgante: Tritão poderia ter um oceano subterrâneo! Essa lua de Netuno foi incluída no rol de corpos celestes chamados de “Mundos Oceânicos” que são: Ganimedes, Europa, Titã, Encélado, Plutão e Caronte.
Isso foi novidade até para mim, mas, de acordo, com a equipe da missão Trident, proposta pelo Instituto Lunar e Planetário no Texas, Tritão tem todas as premissas para possuir muito gelo e, com sua composição geológica e proximidade de Netuno, o gelo poderia se transformar em água no subsolo, mantendo-se nessa condição se existir amônia misturada a ela.
O objetivo da rasante de 500 km acima da superfície de Tritão é atravessar sua tênue atmosfera para analisá-la.
Após o sobrevoo, a Trident vai poder passar pela sombra de Netuno e Tritão, para procurar plumas de vapor d’água no satélite, como as encontradas em Encélado e mais recentemente em Europa. Quem vai responder a questão sobre a existência ou não do oceano, entretanto, será uma séria de instrumentos que vão estudar o campo magnético de Tritão.
Participação chinesa e datas da Trident
Além da Nasa, quem está também se preparando para visitar Netuno é a China e, como sempre, com objetivos bem mais ambiciosos. Além de passar a uma distância de mil quilômetros de Netuno, a missão que tem o nome provisório de IHP-1, vai lançar uma sonda para penetrar sua atmosfera.
Depois disso a IHP-1 vai fazer um sobrevoo de um objeto do Cinturão de Kuiper para finalmente seguir para fora do Sistema Solar. A intenção é fazer como as Voyagers e manter a nave estudando a heliosfera, a bolha de plasma que envolve o Sistema Solar.
Apesar de as ideias estarem ainda no campo das propostas, elas têm data marcada para virarem realidade. Para que isso tudo seja possível, as missões precisam partir entre 2024-2026 para aproveitar um alinhamento planetário favorável, economizando-se combustível.
Por exemplo, sendo lançada entre 15/04 e 05/05, a Trident levaria 12 anos para chegar até Tritão, mas antes passaria de novo pela Terra por mais três vezes, uma vez perto de Vênus e uma vez por Júpiter. Nessa rápida escala em Júpiter, a configuração das órbitas seria muito ideal para estudar Io, sua lua vulcânica.
A Trident tem até data para chegar, se respeitar a janela de lançamentos: 28 de junho de 2038 e, tal qual a "New Horizons", passaria mais um ano transmitindo os dados para a Terra. Tomara que a Trident seja aprovada logo, pois seis anos para montar e lançar uma missão dessas não é muito tempo e eu gostaria muito de ver seus resultados.
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