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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O BRASIL É UM DOS PAÍSES QUE MAIS USA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA), NO MUNDO, SEGUNDO PESQUISA DO GOOGLE

Oficina da net

A Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia que dá às máquinas a possibilidade de terem conhecimentos, através de experiências, e permite que elas se adaptem ao seu meio e desempenhem tarefas quase da mesma maneira que um ser humano. 

Conforme as ferramentas foram se desenvolvendo, muitas pessoas começaram a usá-la no cotidiano, seja para buscar informações online até ter assistência pessoal e para estudos. Essa realidade faz com que o Brasil seja um dos países que mais usa IA no mundo.

De acordo com um estudo feito pelo Google e pela Ipos, uma empresa de pesquisa de mercado, nosso país é um dos que mais usa a IA generativa. Esse estudo, também, mostrou que a uma grande parte dos brasileiros vê a inteligência artificial como algo promissor e que os benefícios superam os riscos.

Chamado “Our Life with AI: From Innovation to Application”, “Nossa vida com IA: da inovação à aplicação” traduzido, o estudo foi feito através de entrevistas com 21 mil pessoas, em 21 países, entre 17 de setembro e 8 de outubro de 2024.

Brasil é um dos países que mais usa IA no mundo
Oficina da net

Como resultado foi visto que o uso de IA generativa teve uma média global de 48% em comparação com 54% de uso no Brasil. Nosso país não ficou somente acima da média global com relação ao uso, mas também teve uma visão mais otimista com relação ao potencial dessa tecnologia.

Para se ter uma noção 65% dos entrevistados brasileiros veem a IA como promissora, comparados com 57% no resto do mundo. Além disso, 80% das pessoas do nosso país veem a tecnologia como força transformadora na ciência. Os campos mais citados foram: 77% na medicina; 74% na agricultura e 67% na segurança cibernética.

Além disso, 64% acredita que os benefícios da IA são maiores do que seus riscos. Isso explica porque o Brasil seja um dos países que mais usa IA no mundo.

No Brasil, com relação ao aproveitamento da tecnologia, 54% acredita que o país está no caminho certo, enquanto a média global é de 63%. Mesmo assim, os brasileiros esperam que haja uma colaboração entre o governo e as empresas de tecnologia para que a IA seja alavancada.

FONTE: Olhar digital 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

ET's EXISTEM?, VEJA O QUE OS CIENTISTAS ACHAM SOBRE A EXISTÊNCIA DE VIDA EXTRATERRESTRE

 

Crença em alienígenas inteligentes é menor entre os cientistas Imagem: Getty Images

Notícias sobre a provável existência de vida extraterrestre e nossas chances de detectá-la tendem a ser positivas. Muitas vezes nos dizem que podemos descobri-la a qualquer momento. Encontrar vida além da Terra é "apenas uma questão de tempo", foi dito em setembro de 2023. "Estamos perto" era uma manchete de setembro de 2024.

É fácil entender o motivo. Manchetes como "Provavelmente não estamos perto" ou "Ninguém sabe" não são muito clicáveis. Mas o que a comunidade relevante de especialistas no assunto realmente pensa quando considerada como um todo? As previsões otimistas são comuns ou raras? Existe mesmo um consenso? Em nosso novo artigo, publicado na revista científica Nature Astronomy, descobrimos isso.

De fevereiro a junho de 2024, realizamos quatro pesquisas sobre a provável existência de vida extraterrestre básica, complexa e inteligente. Enviamos e-mails para astrobiólogos (cientistas que estudam a possível vida extraterrestre), bem como para cientistas de outras áreas, incluindo biólogos e físicos.

No total, 521 astrobiólogos responderam, e recebemos 534 respostas de não astrobiólogos. Os resultados revelam que 86,6% dos astrobiólogos pesquisados responderam "concordo" ou "concordo totalmente" que é provável que exista vida extraterrestre (pelo menos de um tipo básico) em algum lugar do Universo.

Menos de 2% discordaram, e 12% permaneceram neutros. Portanto, com base nisso, podemos dizer que há um consenso sólido de que a vida extraterrestre, de alguma forma, existe em algum lugar lá fora.

Os cientistas que não eram astrobiólogos concordaram essencialmente, com uma pontuação geral de concordância de 88,4%. Em outras palavras, não se pode dizer que os astrobiólogos são tendenciosos a acreditar na vida extraterrestre, em comparação com outros cientistas.

Quando nos voltamos para a vida extraterrestre "complexa" ou alienígenas "inteligentes", nossos resultados foram 67,4% de concordância e 58,2% de concordância, respectivamente, para astrobiólogos e outros cientistas. Portanto, os cientistas tendem a pensar que existe vida extraterrestre, mesmo em formas mais avançadas.

Esses resultados se tornam ainda mais significativos pelo fato de que a discordância em todas as categorias foi baixa. Por exemplo, apenas 10,2% dos astrobiólogos discordaram da afirmação de que é provável que existam alienígenas inteligentes.

Otimistas e pessimistas

Os cientistas estão apenas especulando? Normalmente, só devemos reconhecer um consenso científico quando ele se baseia em evidências (e muitas delas). Como não há evidências adequadas, os cientistas podem estar adivinhando. No entanto, os cientistas tinham a opção de votar "neutro", uma opção que foi escolhida por alguns cientistas que achavam que estariam especulando.

Apenas 12% escolheram essa opção. Na verdade, há muitas evidências "indiretas" ou "teóricas" da existência de vida extraterrestre. Por exemplo, sabemos agora que ambientes habitáveis para a vida como conhecemos são muito comuns no Universo.

Temos vários desses ambientes em nosso próprio Sistema Solar, incluindo os oceanos subsuperficiais das luas Europa e Encélado e, possivelmente, também o ambiente a alguns quilômetros abaixo da superfície de Marte. Também parece relevante que Marte costumava ser altamente habitável, com lagos e rios de água líquida em sua superfície e uma atmosfera substancial.

É razoável generalizar a partir daqui para um número verdadeiramente gigantesco de ambientes habitáveis em toda a galáxia e no Universo mais amplo. Também sabemos (já que estamos aqui) que a vida pode começar a partir da "não vida" — afinal, isso aconteceu na Terra. Embora a origem das primeiras formas simples de vida seja pouco compreendida, não há nenhuma razão convincente para pensar que ela exija condições astronomicamente raras. E mesmo que isso aconteça, a probabilidade de a vida ter começado (abiogênese) é claramente diferente de zero.

Isso pode nos ajudar a ver a concordância de 86,6% quanto à possibilidade de existência de vida extraterrestre sob uma nova perspectiva. Talvez não seja, de fato, um consenso surpreendentemente forte. Talvez seja um consenso surpreendentemente fraco. Considere os números: existem mais de 100 bilhões de galáxias. E sabemos que os ambientes habitáveis estão em toda parte.

Digamos que existam 100 bilhões de bilhões de mundos habitáveis (planetas ou luas) no Universo. Suponhamos que sejamos tão pessimistas que pensemos que as chances de a vida começar em qualquer mundo habitável é de uma em um bilhão de bilhões. Nesse caso, ainda assim responderíamos "concordo" à afirmação de que é provável que exista vida alienígena no Universo.

Assim, otimistas e pessimistas deveriam ter respondido "concordo" ou "concordo totalmente" à nossa pesquisa, sendo que apenas os pessimistas mais radicais sobre a origem da vida discordariam.

Tendo isso em mente, poderíamos apresentar nossos dados de outra forma. Suponhamos que desconsideremos os 60 votos neutros que recebemos. Talvez esses cientistas tenham achado que estariam especulando e não quiseram tomar uma posição. Nesse caso, faz sentido ignorar seus votos. Isso deixa 461 votos no total, dos quais 451 foram para concordar ou concordar totalmente. Agora, temos uma porcentagem geral de concordância de 97,8%.

Essa mudança não é tão ilegítima quanto parece. Os cientistas sabem que, se escolherem "neutro", não é possível que estejam errados. Portanto, essa é a escolha "segura". Na pesquisa, isso é frequentemente chamado de "satisficing" (algo como "se satisfazer").

Como o geofísico Edward Bullard escreveu em 1975 enquanto debatia se todos os continentes já foram unidos, em vez de fazer uma escolha, "é mais prudente ficar quieto, (?) sentar-se em cima do muro e esperar por mais dados em uma ambiguidade de estadista". Ficar quieto não é apenas uma escolha segura para os cientistas, mas significa que o cientista não precisa pensar muito —é a escolha fácil.
Vida extraterrestre faz parte do imaginário e de produções audiovisuais Imagem: Divulgação/ Disney

Obtendo o equilíbrio certo

O que provavelmente queremos é equilíbrio. De um lado, temos a falta de evidências empíricas diretas e a relutância de cientistas responsáveis em especular. Por outro lado, temos evidências de outros tipos, incluindo o número verdadeiramente gigantesco de ambientes habitáveis no Universo.

Sabemos que a probabilidade de a vida ter começado em algum lugar do Universo é diferente de zero. Talvez 86,6% de concordância, com 12% de neutralidade e menos de 2% de discordância, seja um compromisso sensato, considerando todos os aspectos.

Talvez —dado o problema da satisfação— sempre que apresentarmos esses resultados, devamos apresentar dois resultados para a concordância geral: um com votos neutros incluídos (86,6%) e outro com votos neutros desconsiderados (97,8%). Nenhum dos resultados é o único e correto.

Cada perspectiva atende a diferentes necessidades analíticas e ajuda a evitar a simplificação excessiva dos dados. Em última análise, informar os dois números --e ser transparente sobre seus contextos-- é a maneira mais honesta de representar a verdadeira complexidade das respostas.

* Peter Vickers, professor de filosofia da ciência na Universidade Durham; Henry Taylor, professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade de Birmingham, e Sean McMahon, pesquisador de astrobiologia da Universidade de Edimburgo

Este artigo é republicado de The Conversation sob a licença Creative Commons.

FONTE: UOL TILT

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O QUE PENSAMOS E SENTIMOS NA HORA DA MORTE?, LUZ NO FIM DO TÚNEL É REAL?

Imagem: BBC/Getty Images

O momento da morte sempre foi um mistério. Embora não possamos saber exatamente o que acontece nesse momento, a ciência começou a revelar alguns detalhes sobre o que acontece em nossos cérebros durante os últimos momentos da vida.

Atividade cerebral

Ao contrário da crença popular, o cérebro não se desliga imediatamente quando o coração para de bater. Em 2013, um estudo com ratos de laboratório demonstrou que seus cérebros experimentaram um aumento da atividade após a parada cardíaca.

Mais recentemente, um grupo de cientistas registrou a atividade cerebral de uma pessoa no momento da morte. Eles observaram que, nos 30 segundos após o último batimento cardíaco, houve um aumento em
um determinado tipo de onda cerebral chamado oscilações gama.

As ondas gama estão associadas a funções cognitivas sofisticadas, como o sonho, a meditação, a concentração, a recuperação da memória e o processamento de informações. Seus resultados sugerem que nossos cérebros podem permanecer ativos e coordenados na transição para a morte.

Experiências de quase morte

Muitas pessoas que estiveram à beira da morte e foram ressuscitadas afirmam ter vivenciado experiências semelhantes, conhecidas como “experiências de quase morte”, ou EQM. Um estudo recente descobriu que até 20% das pessoas que sobrevivem a uma parada cardíaca passam por algum tipo de EQM.

Entre as EQM mais comuns estão a sensação de separação do corpo físico, a visão de uma luz brilhante no fim de um túnel, sensações de paz e tranquilidade, encontros com entes queridos falecidos e a revisão de momentos importantes da vida.

Os cientistas acreditam que essas experiências podem ser o produto da atividade cerebral nos momentos finais: a falta de oxigênio e as alterações químicas no no cérebro poderiam explicar muitas delas.

As descobertas sobre a atividade das ondas gama no cérebro pouco antes da morte podem ser fundamentais para a compreensão das EQM. As oscilações gama, ligadas à consciência e à recuperação de memórias, podem estar envolvidas na geração das sensações que os sobreviventes de parada cardíaca experimentaram, como a revisão de momentos importantes da vida ou a percepção de paz e tranquilidade.

Isso sugere que as EQM não são apenas fenômenos subjetivos, mas podem ser explicadas pelo que está acontecendo biologicamente em nossos cérebros nesses momentos exatos.

O córtex somatossensorial

Para descobrir isso, um estudo realizado na Universidade de Michigan (EUA) registrou a atividade cerebral de quatro pacientes no momento de sua morte. Eles descobriram que em dois deles, logo após a retirada do suporte de vida, o número de batimentos cardíacos por minuto aumentou e a atividade da onda gama aumentou em uma área específica do cérebro: o córtex somatossensorial.

Essa área, chamada de “ponto quente dos correlatos neurais da consciência”, está localizada no início da parte posterior do cérebro e tem sido associada a sonhos, alucinações visuais e estados alterados de consciência. As descobertas sugerem que o cérebro pode estar reproduzindo uma última “memória da vida” pouco antes da morte. Em outras palavras, algo semelhante ao que as pessoas que têm experiências de quase morte relatam.

Sentimos dor na morte?

De acordo com especialistas, é improvável que sintamos dor no momento da morte. Isso se deve a vários fatores fisiológicos e neurológicos que ocorrem nos estágios finais da vida.

As pesquisas confirmam isso. Especificamente, um estudo que, embora não aborde diretamente o processo de morte, fornece informações sobre como o sistema nervoso processa a dor e como certas mudanças fisiológicas podem alterar essa experiência.

Primeiro, nosso cérebro libera substâncias químicas que nos ajudam a nos sentirmos em paz. Essas substâncias incluem a noradrenalina e a serotonina, moléculas que são hormônios e neurotransmissores. Quando liberadas pelo cérebro, elas podem evocar emoções positivas e alucinações, reduzir a percepção da dor e promover sentimentos de calma e tranquilidade.

Além disso, quando a morte se aproxima, as pessoas geralmente ficam muito indiferentes. Isso ocorre porque o corpo começa a se desligar gradualmente e, com isso, a capacidade de sentir dor diminui. Os sentidos são perdidos, e isso parece ocorrer em uma ordem específica: primeiro a fome e a sede, depois a fala e a visão. O tato e a audição são os últimos a desaparecer, o que pode explicar por que muitas pessoas conseguem ouvir e sentir seus entes queridos em seus momentos finais, mesmo quando eles parecem estar inconscientes.

Morrer com dignidade

Além do interesse científico, essas descobertas têm importantes implicações éticas e médicas. Uma melhor compreensão do que acontece no cérebro nos últimos momentos da vida poderia ajudar a melhorar os cuidados paliativos, garantindo que o processo seja mais pacífico e digno.

Além disso, as descobertas que apresentamos levantam questões fundamentais sobre como definir o momento exato da morte, uma questão crucial nas decisões relacionadas ao suporte à vida e à doação de órgãos.

Todos esses estudos, embora preliminares, oferecem uma visão interessante sobre o que podemos sentir no final da vida e nos lembram da incrível capacidade do cérebro humano. Ainda há muito a ser descoberto.

Talvez a lição mais importante que podemos aprender é valorizar cada momento, pois nunca sabemos quando será a hora de partir. E talvez, nesse momento, sejamos presenteados com uma viagem por nossas memórias.

Francisco José Esteban Ruiz, professor titular de biologia celular, Universidade de Jaén

Este artigo foi republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.

FONTE: VIVA BEM/UOL

terça-feira, 23 de março de 2021

SAIBA DE 5 MISTÉRIOS DE MARTE QUE AINDA NÃO FORAM RESOLVIDOS; VÍDEO

 
FOTO: YOUTUBE

Eu tenho certeza que você não sabe todos os mistérios que não foram desvendados até hoje, mas a partir de agora toda essa dúvida irá ser sanada. Marte parece um lugar desolado e empoeirado. O planeta vermelho coloca muitas questões para as mentes mais inteligentes o estudarem. Há muito que aprender com os projetos que a NASA tem em andamento.

FONTE: UMA CURIOSIDADE

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

NOVO MAPA DA VIA LÁCTEA COM 'BERÇÁRIO' DE ESTRELAS, É MOSTRADO EM ESTUDO

Esta imagem, tirada do 'World Wide Telescope', é uma visualização feita a partir dos dados do estudo, feitos por uma artista, da Via Láctea e do Sistema Solar Foto: Divulgação/ Alyssa Goodman/Harvard University

Astrônomos da Universidade de Harvard, nos EUA, identificaram o local de nascimento de estrelas na Via Láctea a partir de um novo mapa tridimensional da galáxia. 

Um estudo publicado nesta terça-feira (7) pela revista "Nature" mostrou que os corpos celestes são gerados em uma grande massa gasosa vizinha ao planeta Terra.

A descoberta foi feita a partir do cruzamento de dados recolhidos pela sonda Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), com uma nova forma de representação da Via Láctea. A sonda europeia foi lançada em 2013 para medir com precisão a posição, a distância e o movimento das estrelas.

Os cientistas se depararam com uma estrutura gasosa de grandes dimensões bastante próxima à Terra. Conhecido como um "berçário das estrelas", este é um dos maiores já encontrados. São 9.000 anos-luz de comprimento e 400 anos-luz de largura.

Anos-luz é uma unidade de medida de distância, calculada a partir do deslocamento de um corpo durante um ano na velocidade da luz (300.000 km/s).
Fotógrafo de Brasília registra Via Láctea; céu visto na Chapada dos Veadeiros Foto: Leo Caldas/ Arquivo pessoal

Escondida a olho nu

Para a astrônoma norte-americana Alyssa Goodman, uma das autoras do estudo, descobrir-se estar tão próxima a esta formação gasosa foi algo inesperado. O "berçário" recebeu o nome de Onda Radcliffe, por conta do seu formato ondular, e não circular como se especulava.

"Ficamos completamente chocados quando percebemos que a Onda Radcliffe aparentava ser de uma forma em nossas observações e depois percebemos, a partir de um modelo 3D, que era mais sinuoso", disse em um comunicado. "Isso nos faz ter que repensar a maneira com que representamos a própria Via Láctea.

Outro dos autores do estudo, o astrônomo português João Alves, explicou que o formato das nuvens moleculares, de onde saem as estrelas, foi por muito tempo alvo de questionamentos da comunidade científica.
A Via Láctea é vista sobre o Telescópio Universitário de Varsóvia, no Observatório Las Campanas, no Chile Foto: Jan Skowron/University of Warsaw/Divulgação via Reuters

"O que observamos é que esta é a maior estrutura que conhecemos na galáxia e que ela está organizada em um filamento maciço e ondulado. Ela sempre esteve diante dos nossos olhos, mas nunca tínhamos visto até agora", disse Alves.

O português disse que ainda não se sabe o que causa o formato ondular da massa gasosa, mas explicou que ela, assim como nós, sofre interferência do Sol: "É como se estivéssemos surfando esta onda."

Mapa 3D

A descoberta da Onda Radcliffe foi feita a partir da utilização de um novo mapa tridimensional da galáxia, de acordo com os cientistas, esta forma de representar a galáxia pode abrir caminhos para outras descobertas.
A pesquisadora de Harvard, Catherine Zucker, contribuiu com a revisão do modelo de representação da galáxia a partir do uso de técnicas estatísticas e de computação 3D. 

Para ela, é uma forma de encontrar grandes estruturas não perceptíveis anteriormente pelos cientistas.
A fotografia da Via Láctea foi feita da montanha mais alta do Havaí, Mauna Kea (4.208 m), mostrando campos de lava da Ilha Grande. Foto: Gianni Krattli/Observatório Real de Greewich

"Suspeitamos que possa haver estruturas maiores que simplesmente não conseguimos contextualizar", disse Zucker em um comunicado. "Para criar um mapa preciso de nossa vizinhança solar, combinamos observações de telescópios espaciais com astroestatística, visualização de dados e simulações numéricas."

Com o trabalho da pesquisadora, foi possível compilar em um catálogo as distâncias precisas deste "berçário" de estrelas: "Agora, podemos literalmente ver a Via Láctea com novos olhos", disse Zucker.

AUTOR: G1

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A EXPLORAÇÃO DE URANO E NETUNO VOLTA A SER ALVO DE PROJETOS INTERNACIONAIS

Netuno visto pela Voyager 2 Foto: Divulgação/Nasa/JPL
Depois de mais de 40 anos “esquecidos”, os gigantes Urano e Netuno voltam à cena com a proposta de duas missões interplanetárias. E, como era de se esperar, a China marca presença.

Este ano – e certamente os próximos quatro ou cinco anos – será focado na reconquista da Lua, com os projetos de missões tripuladas e construção de bases. Mas também serão anos dedicados a estreitar a exploração científica de Marte. Por enquanto, nada mais ambicioso do que recolher amostras do solo para envio à Terra, mas com foco também em futuras missões tripuladas.

Enquanto isso, as ideias de explorar planetas mais distantes vão surgindo e algumas delas, felizmente, já estão se concretizando. Em especial nas fronteiras do Sistema Solar.

Nos planetas mais distantes

As sondas Pioneer 10 e 11 e as Voyagers 1 e 2 fizeram um tour pelo Sistema Solar, estudando os gigantes gasosos distantes. Em especial a Voyager 2, que além de Júpiter e Saturno, estudou os planetas mais distantes Urano e Netuno, no final da década de 1980.

Desde então, Júpiter e Saturno ganharam missões próprias, com sondas orbitando seus sistemas por anos a fio: Júpiter teve a sonda Galileo e, atualmente, a Juno e Saturno foi estudado pela sonda Cassini por mais de 10 anos. Mas parou nisso. Urano e Netuno ficaram esquecidos desde então.

As conversas para construir uma missão de reconhecimento de Netuno começaram a convergir nos últimos dois anos e, em julho do ano passado, surgiu uma proposta concreta. 

A missão Trident, em alusão ao tridente de Netuno, foi apresentada numa conferência de ciências planetárias nos EUA.
Mosaico de Tritão Foto: Divulgação/Nasa/JPL

A proposta é que a agência espacial dos EUA (Nasa) financie uma missão da classe Discovery dentro dos preceitos de “melhor, mais rápida e mais barata” que tem a "New Horizons" como um recente sucesso.

A missão, aliás, seria nas mesmas bases da "New Horizons" que fez um sobrevoo em Plutão e Caronte em 2015: a Trident irá fazer um sobrevoo rápido por Netuno e Tritão, sua enigmática lua. 

Em geral, é assim que as missões evoluem, com uma missão de sobrevoo de reconhecimento inicial e um mapeamento preliminar, para depois partir para uma missão para orbitar e, quem sabe, pousar no objeto.

A missão Trident seria equipada com instrumentos muito parecidos com os que fazem parte da "New Horizons" para obter o máximo de informações no menor tempo possível.

E o sobrevoo promete ser ainda mais empolgante: depois de uma viagem de quase 10 bilhões de quilômetros, a nave vai fazer uma rasante de apenas 500 quilômetros sobre Tritão! Isso é o equivalente a acertar um alvo de meio milímetro de largura em Londres, disparando uma arma em Porto Alegre!

Um dos objetivos principais é estudar Tritão em detalhes. Quando a Voyager 2 passou, ela não foi capaz de mapear por inteiro o seu hemisfério norte e o que foi visto na parte sul deixou mais perguntas do que respostas.

Mais sobre Netuno e Tritão

Tritão tem as características de um planeta anão formado no Cinturão de Kuiper e que foi capturado por Netuno. Mas também tem características de um mundo composto de muito gelo que poderia ter se formado ali mesmo, junto com Netuno. Além disso, o mapa mostrou uma calota polar no hemisfério sul, mas nenhuma evidência de que exista uma calota semelhante no polo norte.

Mas o mais empolgante: Tritão poderia ter um oceano subterrâneo! Essa lua de Netuno foi incluída no rol de corpos celestes chamados de “Mundos Oceânicos” que são: Ganimedes, Europa, Titã, Encélado, Plutão e Caronte.

Isso foi novidade até para mim, mas, de acordo, com a equipe da missão Trident, proposta pelo Instituto Lunar e Planetário no Texas, Tritão tem todas as premissas para possuir muito gelo e, com sua composição geológica e proximidade de Netuno, o gelo poderia se transformar em água no subsolo, mantendo-se nessa condição se existir amônia misturada a ela.

O objetivo da rasante de 500 km acima da superfície de Tritão é atravessar sua tênue atmosfera para analisá-la.

Após o sobrevoo, a Trident vai poder passar pela sombra de Netuno e Tritão, para procurar plumas de vapor d’água no satélite, como as encontradas em Encélado e mais recentemente em Europa. Quem vai responder a questão sobre a existência ou não do oceano, entretanto, será uma séria de instrumentos que vão estudar o campo magnético de Tritão.

Participação chinesa e datas da Trident

Além da Nasa, quem está também se preparando para visitar Netuno é a China e, como sempre, com objetivos bem mais ambiciosos. Além de passar a uma distância de mil quilômetros de Netuno, a missão que tem o nome provisório de IHP-1, vai lançar uma sonda para penetrar sua atmosfera.

Depois disso a IHP-1 vai fazer um sobrevoo de um objeto do Cinturão de Kuiper para finalmente seguir para fora do Sistema Solar. A intenção é fazer como as Voyagers e manter a nave estudando a heliosfera, a bolha de plasma que envolve o Sistema Solar.

Apesar de as ideias estarem ainda no campo das propostas, elas têm data marcada para virarem realidade. Para que isso tudo seja possível, as missões precisam partir entre 2024-2026 para aproveitar um alinhamento planetário favorável, economizando-se combustível.

Por exemplo, sendo lançada entre 15/04 e 05/05, a Trident levaria 12 anos para chegar até Tritão, mas antes passaria de novo pela Terra por mais três vezes, uma vez perto de Vênus e uma vez por Júpiter. Nessa rápida escala em Júpiter, a configuração das órbitas seria muito ideal para estudar Io, sua lua vulcânica.

A Trident tem até data para chegar, se respeitar a janela de lançamentos: 28 de junho de 2038 e, tal qual a "New Horizons", passaria mais um ano transmitindo os dados para a Terra. Tomara que a Trident seja aprovada logo, pois seis anos para montar e lançar uma missão dessas não é muito tempo e eu gostaria muito de ver seus resultados.

AUTOR: G1

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

NA LUA DE SATURNO TEM CÂNIONS QUE EXPELEM ÁGUA

Mapa de calor indica água sendo expelida pelas faixas do tigre Foto: Nasa

Há cerca de duas semanas, falamos neste blog sobre a confirmação da existência de água em uma lua de Júpiter, em Europa, para ser mais preciso. Antes dessa confirmação, sabíamos há mais tempo que a Encélado, uma pequena lua de Saturno tinha um oceano protegido por uma camada de gelo.

Até a passagem das sondas Voyagers no começo da década de 1980, os astrônomos tinham poucas informações sobre esse mundo gelado. Com os sobrevoos das duas sondas, ficou claro que o alto poder de refletir a luz do Sol era decorrente de uma capa de gelo que cobre a lua inteira. 

Mas uma pergunta ficou no ar (ou espaço): como poderia ser o gelo assim tão branco? A desintegração de meteoros e das próprias luas pequenas de Saturno produzem toneladas de poeira que uma hora ou outra cai nas outras luas, ou vai se juntar ao sistema de anéis. 

O gelo de Encélado deveria estar coberto por essa poeira. Em outras palavras, deveria estar sujo.

A cor do gelo indica que ele é recente, ou seja, indica que existe um mecanismo que constantemente recobre o gelo antigo (e sujo) com gelo novo (e branquinho).
Encélado, lua de Saturno — Foto: Reprodução/Nasa

Em 2005, a sonda Cassini descobriu uma série de fraturas na camada de gelo formando verdadeiros cânions. As fraturas, conhecidas como "faixas do tigre" em alusão às manchas na pelagem desse animal, têm origem no polo sul de Encélado e têm por volta de 130 kg de extensão com um espaçamento regular de 35 km entre uma e outra.

A sonda Cassini revelou também criovulcões ativos, ou seja, vulcões que expelem água fria de dentro das fraturas. Então, além de uma capa de gelo, a Encélado possui também um oceano abaixo do gelo. Se não cobrir toda a lua, pelo menos está em um bolsão de água no polo sul.
Plumas dos criovulcões nas faixas de tigre Foto: Nasa

Desde essa descoberta, a Encélado é a preferida dos astrobiólogos. Possuir água no estado líquido é um dos pré-requisitos para um objeto abrigar vida. Além desse fato, os criovulcões estão permanentemente jogando a água do subsolo no espaço, mas que também acaba sendo depositado em sua superfície.

Diferente de Europa, que o oceano está blindado por uma camada de mais de 10 km de gelo, em Encélado é possível estudar a composição do oceano mesmo do espaço. Aliás, a própria Cassini fez isso, voando através das plumas expelidas pelos criovulcões para analisar as partículas ejetadas. Resultados preliminares mostram que se trata de água salgada, ainda que seja uma mistura de sais inclusive o cloreto de sódio, o nosso sal de cozinha.

Um dos fatos mais intrigantes a respeito das faixas do tigre é sua morfologia. Todas elas partem do polo sul, têm uma extensão similar e estão espaçadas pela mesma distância. Qual mecanismo poderia esculpir essas marcas sobre a superfície?

De acordo com uma equipe de pesquisadores liderada por Max Rudolf, da Universidade da Califórnia, é tudo uma questão gravitacional.

A órbita de Encélado em torno de Saturno é muito ovalada, há períodos em que a pequena lua está muito próxima, mas há períodos em que ela está muito distante do gigante Saturno. A diferença de distâncias se traduz em uma diferença de forças gravitacionais ao longo da órbita, de modo que esse estica e puxa faz com que o gelo se rompa e mesmo se derreta. Essa ação é mais eficiente nos polos e faz com que o gelo rache nessas localidades e as rachaduras gigantes se propaguem para o equador.

E como essas rachaduras ficam equidistantes umas das outras? Como é no fundo delas que se abrem os criovulcões, o material expelido a uma alta pressão acaba se diferenciando quando estão no espaço. As partículas mais leves são capturadas pelo sistema de anéis de Saturno e as mais pesadas são atraídas de volta a Encélado caindo e se acumulando ao redor da fissura. De acordo com Rudolf e seus colegas, a concentração de neve se dá a 35 km de distância de onde ela foi expelida e o seu acúmulo faz o gelo afundar, formando novas fissuras.

O mecanismo é complexo, mas se baseia em dois princípios simples: o de forças de marés e o congelamento da água. São as forças de marés que fazem o gelo se derreter quando Encélado está se aproximando de Saturno e quando se afasta dele, o congelamento da água faz a capa de gelo se expandir, trincando em sua extensão.

Uma pena que depois do fim da missão Cassini ainda não exista nenhum plano de lançar outra sonda para estudar o sistema de Saturno. Junto com a Europa Clipper, que vai estudar a lua de Júpiter, elas dariam um ótimo avanço na busca por vida em outros lugares do Sistema Solar.

AUTOR: G1

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

MONSTRO DO LAGO NESS: ENGUIA GIGANTE PODE ESTAR POR TRÁS DO MITO

Foto acima, dos anos 1930, deu força à lenda do Monstro do Lago Ness, mas ela foi forjada com um submarino de brinquedo GETTY IMAGES

Avistado inúmeras vezes, o famoso Monstro do Lago Ness pode ser, na verdade, um tipo de enguia gigante que vive nas águas do lago escocês.

Pesquisadores da Nova Zelândia catalogaram as espécies vivas no Lago Ness e extraíram amostras de DNA da água.


Ao analisar as amostras, os cientistas descartaram que haja ali grandes animais que possam ser confundidos com o monstro.

Não foram encontradas evidências, por exemplo, de répteis marinhos pré-históricos chamados plesiossauros (que tinham 4,5 metros de comprimento e hoje estão extintos), ou de peixes enormes como o esturjão (que chega a alcançar 8 metros de comprimento) - que são algumas teorias relacionadas ao Monstro do Lago Ness.

Os cientistas também descartaram que o monstro possa ser um bagre ou algum tubarão vindo da Groenlândia, como também já foi cogitado.
Mas eles encontraram amostras de DNA de enguias europeias, que chegam às águas de rios e lagos britânicos após migrarem mais de 5 mil quilômetros, vindas do Mar dos Sargaços, perto das Bahamas - onde os animais botam suas ovas.
UNIVERSITY OF OTAGO - Neil Gemmell e sua equipe coletaram amostras da água do lago, para catalogar as espécies animais presentes ali

O objetivo principal da pesquisa não era desvendar o segredo do Monstro do Lago Ness, mas sim melhorar o conhecimento a respeito dos animais e plantas que vivem ali.

"(Mas) as pessoas adoram um mistério, e usamos a ciência para acrescentar mais um capítulo à mística do Lago Ness", afirmou Neil Gemmell, geneticista da universidade neozelandesa de Otago.

"Não encontramos nenhuma prova de criatura viva que seja remotamente parecida (a um monstro) em nossos dados de sequenciamento de DNA. Então, sinto muito, mas não acho que a teoria do plesiossauro se sustente, com base nos dados que coletamos. Tampouco há DNA de tubarão nas nossas amostras, nem de bagres ou esturjões. O que há é uma quantidade significativa de DNA de enguias, que são abundantes no lago."

Isso é suficiente, então, para concluir que o grande monstro é na verdade uma enguia?

"Bem, nossos dados não revelam o tamanho dessas enguias, mas a grande quantidade de material (genético) mostra que não podemos descartar a possibilidade de que haja enguias gigantes no Lago Ness. Portanto, não podemos descartar a possibilidade de que o que as pessoas veem e acreditem ser o Monstro do Lago Ness seja uma enguia gigante."
De onde vem a lenda do monstro

O Monstro do Lago Ness é uma das lendas mais antigas e persistentes da Escócia, que inspirou filmes, livros e programas de TV, além de sustentar uma grande indústria turística em torno do local.

A lenda sustenta que o monstro é avistado há 1,5 mil anos - o primeiro a vê-lo teria sido o missionário irlandês São Columba no ano 565 d.C.

Muito depois, em 1933, o jornal Inverness Courier reportou que uma mulher chamada Aldie Mackay disse ter visto o que seria o monstro do lago, parecido a uma baleia, enquanto as águas "se agitavam".

À época, Evan Barron, editor do jornal, sugeriu que a besta fosse descrita como um "monstro", dando início ao mito moderno do Monstro do Lago Ness.

No ano seguinte, um respeitado cirurgião britânico, o coronel Robert Wilson, afirmou ter fotografado o monstro enquanto dirigia pela costa norte do lago.

Conhecida como a "fotografia do cirurgião", a imagem foi publicada pelo jornal The Daily Mail, despertando curiosidade no mundo inteiro. Logo começou-se a especular que o "monstro" da foto poderia ser um plesiossauro, exinto há 65,5 milhões de anos.

Só que, 60 anos mais tarde, veio à tona que o "monstro" da foto era, na verdade, um submarino de brinquedo.
Uma das especulações é de que o monstro seria um plesiossauro, mas nenhum DNA da criatura foi encontrado nas águas do lago SCIENCE PHOTO LIBRARY

Até mesmo elefantes nadadores circenses foram usados como possíveis explicações para o monstro.

Em sua pesquisa sobre a criatura, o paleontólogo Neil Clark afirmou que era comum que Inverness, onde fica o lago, recebesse quermesses e circos no início dos anos 1930, e que o mais provável é que elefantes circenses devem ter se banhado nas águas do lago.

Outra teoria é que grandes troncos de árvores flutuantes tenham sido confundidos com animais.
Vigília

O mistério do monstro captura há 30 anos a imaginação de Steve Feltham, britânico que se mudou décadas atrás para essa área da Escócia para procurar a criatura marinha.

O Livro Guiness dos Recordes aponta Feltham como o mais persistente "caçador" em vigília no Lago Ness.

E Feltham não está convencido pela nova pesquisa, que sugere a enguia por trás do mito.

"Um menino de 12 anos pode confirmar que há enguias no lago, porque eu peguei enguias no lago quando tinha 12 anos", diz ele, acrescentando que ainda acredita que outra criatura seja o monstro do lago.
Há cerca de dez relatos anuais de gente que diz ter visto o Monstro do Lago Ness GETTY IMAGES

Gary Campbell, homem encarregado de registrar online os relatos de pessoas que dizem ter avistado o monstro, recebe em média 10 relatos do tipo por ano.

Ele elogiou a pesquisa neozelandesa e disse esperar que mais cientistas analisem as águas do Lago Ness.

"O Monstro do Lago Ness se tornou um ícone mundial", afirmou ele, sem acreditar que o turismo na região vá ser afetado pelas descobertas recentes.

Chris Taylor, do Escritório de Turismo da Escócia, também acredita que a lenda continuará a atrair visitantes.

"A investigação científica oferece mais informações sobre o que está abaixo (da superfície das águas), mas as dúvidas permanecem e os visitantes certamente continuarão a ser atraídos ao lago, para buscar eles mesmos suas respostas."

AUTOR: BBC

sexta-feira, 5 de julho de 2019

ALERTA: ESTUDO DIZ, BRASIL TEM 50 MILHÕES DE HECTARES 'VAZIOS' PARA REPLANTAR ÁRVORES

Alta Floresta, em MT. — Foto: Rudimar Cipriani/ Divulgação

O Brasil tem 50 milhões de hectares disponíveis para o reflorestamento em locais que não estão cobertos nem por zonas urbanas, nem por florestas, nem pela agricultura. 

Essa área – semelhante ao tamanho de toda a Espanha – é formada por terras degradadas, seja devido ao desmatamento, ou pelo abandono após a agricultura, e poderia receber mudas de árvores para ajudar a mitigar o aquecimento global, segundo um estudo publicado na revista "Science" desta sexta-feira (5).

Em todo o mundo, a área disponível para o reflorestamento soma 0,9 bilhão de hectare. Neste espaço caberia 1,2 trilhão de novas mudas. Elas seriam capazes de absorver 205 gigatoneladas de carbono, segundo os pesquisadores – um pouco abaixo das 300 gigatoneladas já emitidas pela humanidade desde 1800.

Segundo a pesquisa, mais da metade da área disponível está concentrada em seis grandes países: Rússia, com 151 milhões de hectares para o reflorestamento; Estados Unidos (103 milhões); Canadá (78 milhões); Austrália (58 milhões), Brasil (50 milhões) e China (40 milhões).

Um dos autores do estudo, o geógrafo e ecólogo Jean-François Bastin, faz uma ressalva em relação à área do Brasil: 

O estudo não eliminou as áreas de pastagem dedicadas aos rebanhos do país.
Imagem publicada no estudo mostra onde poderiam ser replantadas as novas árvores, excluindo áreas de floresta, áreas urbanas e terras agrícolas. A escala de cores vai do amarelo (0% de cobertura florestal) ao azul (100% de cobertura florestal) — Foto: J. Bastin/Science/Reprodução

Árvores contra o aquecimento

Os pesquisadores partiram da premissa de que o reflorestamento é uma das estratégias mais efetivas contra o aquecimento global, já que no processo de fotossíntese as árvores absorvem o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis.
Eles queriam, então, descobrir onde havia área disponível para isso.

De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), seria necessário 1 bilhão de novos hectares de floresta para o planeta restringir o aquecimento global a 1,5°C até 2050. 

Caso nenhuma medida seja adotada, esta barreira climática deverá ser ultrapassada entre 2030 e 2052.

Os pesquisadores se basearam em imagens de satélite para mapear os locais onde já havia concentrações urbanas, agricultura e florestas. Excluindo estas áreas, chegaram aos locais com potencial de reflorestamento, de acordo com as características do solo e do clima.

"Este trabalho captura a magnitude do que as florestas podem fazer por nós", diz à revista "Science" o ecologista Greg Asner, da Universidade Estadual do Arizona, em Tempe, que não esteve envolvido na pesquisa. 

"Eles precisam desempenhar um papel se a humanidade quiser alcançar nossas metas de mitigação climática."

Além da captura de carbono, as florestas também trazem maior biodiversidade e redução da erosão.
Raios de sol passam por entre as árvores da floresta urbana de Eilenriede em Hannover, na Alemanha — Foto: Julian Stratenschulte/DPA/AP

AUTOR: G1

sexta-feira, 28 de junho de 2019

A NASA ANUNCIOU NOVAS MISSÕES PARA PESQUISAR O SOL E ESTUDAR A LUA DE SATURNO

Ilustração da missão solar PUNCH da Nasa — Foto: Nasa

Essa semana a agência espacial norte americana (Nasa) decidiu que vai tirar do papel duas propostas para suas novas missões. Uma com objetivo de compreender melhor o Sol e a outra para estudar Titã.

A missão de estudo do Sol será relativamente barata, 150 milhões de dólares incluindo o preço do lançamento. Ela se constitui de quatro microssatélites que deverão orbitar a Terra a uma altitude de 500 km. Os quatro satélites estarão posicionados de tal maneira que o Sol será monitorado 24h por dia e, com a combinação das imagens de cada satélite, todo o disco solar será observado ao mesmo tempo.

Cada satélite irá carregar instrumentos específicos para medir a velocidade das partículas que o Sol emite, o vento solar, câmeras que enxergam a luz polarizada e a cora solar. Os microssatélites vão trabalhar em conjunto com a sonda Parker, a mais próxima a se aproximar do Sol e o orbitador solar da agência espacial europeia a ser lançado em 2020. Tudo isso irá fazer com que seja possível estudar e acompanhar o comportamento do Sol ao longo do seu ciclo com mapas em 3 dimensões, em lugar dos usuais mapas 2D.

E para que tudo isso?

Tudo isso visa melhorar a compreensão do Sol e melhorar as previsões de tempestades solares, por exemplo. Atividade solar intensa afeta satélites, comunicações e até mesmo a transmissão de energia elétrica na Terra. É de fundamental importância saber prever com antecedência tempestades que possam causar danos em nosso planeta.

A outra missão aprovada pela Nasa e anunciada na tarde de ontem chama-se Drangonfly, ou libélula em inglês, e tem um objetivo ambicioso: estudar Titã.
Ilustração mostra robô Dragonfly em aproximação da lua Titã — Foto: Nasa/JHU-APL

Titã é a maior lua do sistema de Saturno, é tão grande quanto um planeta e sua massa é suficiente para manter uma atmosfera densa. Sua atmosfera é composta majoritariamente por nitrogênio e um pouco de gás metano, além de frações minúsculas de hidrogênio e outros gases. Essa composição é muito parecida com o que se teoriza para a composição química da atmosfera terrestre no início do desenvolvimento da vida, quando ainda não havia oxigênio.

Além desse atrativo, a atmosfera densa faz com que seja possível manter o metano em forma líquida. Inclusive a sonda Cassini conseguiu imagens de lagos e mares de metano e, muito provavelmente, de etano também. O interessante disso é que há vários estudos mostrando que metano e etano líquidos são propícios para desenvolvimento de vida. Uma vida bem diferente da que estamos acostumados, que tem a água como meio de desenvolvimento.

Essas condições fazem de Titã um bom candidato a possuir vida, mas com uma temperatura da ordem de -175 graus Celsius não dá para esperar nenhuma estrutura complexa. As similaridades com o ambiente terrestre antigo e a existência de um meio aquoso, como os lagos de metano, fazem de Titã um alvo muito interessante para a astrobiologia.

Por isso a Nasa escolheu a missão Dragonfly em uma concorrência acirrada que se encerrou nesta quinta. A Drangonfly deve custar algo em torno de 1 bilhão de dólares, o valor de missões da classe Novas Fronteiras. Missões anteriores da mesma classe foram a New Horizons que visitou Júpiter a caminho de Plutão e a Osiris-REx que está atualmente em órbita do asteroide Bennu, mas que deve voltar à Terra com uma amostra dele.

A missão é muito interessante também do ponto de vista operacional, não apenas científico, pois a Dragonfly vai literalmente voar.

A sonda será na verdade um quadrucóptero, ou seja, um drone autônomo com 4 rotores. O drone irá chegar protegido por um escudo térmico, desacelerar por meio de paraquedas até ser lançado em sua atmosfera. É isso mesmo, o drone nem sequer chegará a pousar para começar sua missão. Voando desde a separação do módulo de entrada, o drone irá procurar um local propício para pouso.

A missão deve durar dois anos e meio, pelo menos, e deve cobrir centenas de quilômetros da superfície de Titã. Cada voo da Dragonfly terá autonomia de até 8 km. A ideia é decolar, procurar um local adequado e interessante cientificamente e pousar para estuda-lo. Não achou nada interessante? Volta para o ponto anterior e depois decola em outra direção.

A Dragonfly derrotou a missão CAESAR que propunha pousar no núcleo do cometa Churyumov-Gerasimenko, o mesmo visitado pela sonda Rosetta e o módulo de pouso Philae da agência espacial europeia ESA em 2014, para trazer uma amostra dele para estudos na Terra. Se tudo der certo, a Dragonfly deve ser lançada em 2026.

AUTOR: G1

domingo, 26 de agosto de 2018

ESTUDANTES, CONFIRAM 7 TÉCNICAS DE ESTUDO INFALÍVEIS PARA QUALQUER PROVA

Na escola, tirar boas notas era relativamente fácil: bastava prestar atenção às aulas, ler atentamente as apostilas e resolver alguns exercícios na véspera da prova. Na vida adulta, porém, tudo vai ficando mais complicado.

Não adianta ligar o piloto-automático diante de concursos públicos, exames de proficiência em línguas ou provas de admissão em programas de pós-graduação, por exemplo. A preparação precisa ser mais estratégica, com base em métodos para garantir a fixação e acelerar o processo de aprendizado.

Na visão de Paulo Estrella, diretor pedagógico da Academia do Concurso, é possível estudar sem aplicar nenhuma metodologia — mas você gastará muito mais tempo do que quem aprende com o auxílio de alguma técnica.

"Sem perceber, vamos experimentando e consolidando nossas próprias táticas, mas é interessante conhecer e testar alguns métodos já comprovados", afirma.

Para Nestor Távora, professor da LFG Concursos, adotar procedimentos de estudo de forma consciente é essencial para garantir a melhor administração do tempo. Certas estratégias tornarão o seu trabalho mais rápido e, portanto, menos pesado e cansativo.

Com a ajuda dos dois professores, listamos a seguir 7 técnicas de estudo que podem ser úteis na preparação para as complicadas provas da vida adulta:

1. Mapa mental

Quer visualizar um conteúdo complexo e todo intrincado em ramificações? Experimente representá-lo num "mapa mental" — nome bonito para um diagrama composto por palavras, ícones e flechas. A principal vantagem de elaborar esses esquemas é a possibilidade de criar uma ordem lógica entre as informações, com destaque para interconexões e relações de hierarquia.

“Não é um método para fixar a disciplina, mas sim visualizá-la de forma sistêmica, isto é, compreender como os conceitos se distribuem dentro daquele campo de conhecimento”, explica Estrella. “É importante para saber que o conceito X aparece quando o tema Y é discutido, o que facilita a associação de ideias”.

Imagine que você está estudando ligações químicas por meio de um mapa mental, e uma das flechas aponta para a expressão “ponte de hidrogênio”. A organização visual das informações ajuda a fixar o fato de que, quando se fala em ponte de hidrogênio, o que se discute são ligações químicas.

2. Fichamento ou resumo

Ler atentamente o livro-texto é um passo obrigatório em qualquer preparação, mas o estudo não pode terminar por aí. Também é fundamental reorganizar as informações lidas com as suas próprias palavras.

Uma forma de fazer isso é elaborar fichamentos, isto é, sínteses esquemáticas de cada texto. “Um fichamento é uma cartela que contém as informações mais importantes sobre um livro ou capítulo de um livro, por exemplo”, diz Estrella. “É a melhor maneira de organizar a bibliografia". A ideia é elaborar um índice das suas leituras de acordo com a sistematização já elaborada no mapa mental, descrito no item anterior.

Outra possibilidade é redigir um resumo, isto é, reescrever com as suas próprias palavras o conteúdo estudado. “Aja como se você fosse o autor da sua própria apostila sobre o assunto”, explica o professor. Pode ser um texto corrido ou por tópicos: o importante é traduzir as ideias para a sua linguagem, incluindo suas interpretações e comentários sobre o tema.

3. Construção e reconstrução de tabelas

Outro método recomendado por Estrella é representar informações no formato de quadros. É uma boa opção para fixar conteúdos que têm uma determinada sistemática bastante específica por trás.

Imagine que você está estudando Direito penal, por exemplo. Experimente elaborar uma tabela em que haja colunas dedicadas ao que tipifica cada crime, qual é o tamanho da pena e qual é o prazo de resposta para cada tribunal, entre outras informações.

Na primeira vez, desenhe o quadro consultando livros e apostilas. Depois de algumas cópias, tente reconstruí-lo de memória. Esse procedimento é uma excelente forma de gravar os conteúdos sem perder de vista as interconexões entre eles. “Assim como os mapas mentais, é uma técnica muito útil para quem tem memória visual”, diz o especialista.

4. Gravações de áudio

Nem todo mundo tem facilidade para se lembrar do que viu: muita gente fixa melhor aquilo que escutou. Se esse é o seu caso, tente estudar com a ajuda de um celular ou qualquer outro dispositivo que funcione como gravador.

“Grave a sua própria exposição oral sobre o tema, como se você fosse um professor”, recomenda Estrella. Falar, por si só, já é uma excelente forma de se apropriar de uma ideia. Ouvir depois as suas próprias “aulas” várias vezes é melhor ainda.

Também é interessante escutar podcasts e aulas online sobre o assunto, muitas vezes disponíveis gratuitamente na internet. Para quem tem pouco tempo, vale aproveitar os deslocamentos entre a casa e o trabalho para ouvir os áudios.

5. Apresentações para o espelho
Se você vai enfrentar uma prova oral, é imprescindível simular o encontro com a banca avaliadora. O primeiro passo é fazer isso sozinho, munido de um espelho e uma boa dose de senso crítico.

Feitos os primeiros ensaios solitários, diz Távora, experimente se apresentar para amigos, parentes e professores. “Esse tipo de exercício é fundamental para desenvolver a lógica do seu raciocínio e, principalmente, para estimular a sua capacidade de improviso”, explica.

De acordo com o professor, muitos candidatos vão muito bem nas provas escritas, mas acabam reprovados nos testes orais — tudo porque não desenvolveram jogo de cintura para a ocasião. Falar para o espelho ou para outras pessoas é o único meio de simular a apresentação para a banca e desenvolver métodos para controlar o seu nervosismo.

6. Táticas mneumônicas

Todo mundo já teve um professor do ensino médio que cantava músicas ou elaborava frases engraçadas para facilitar a memorização da tabela periódica. Técnicas mneumônicas, isto é, que facilitam a fixação de palavras ou expressões, são usadas desde a Antiguidade e podem ser uma mão na roda diante de assuntos que simplesmente precisam ser decorados.

Uma opção é o acróstico, uma frase formada por palavras cuja primeira letra é a dica para o que precisa ser lembrado. Se você quer gravar, por exemplo, os nomes dos bairros paulistanos Mooca, Penha, Belém e Carrão, por exemplo, pode usar a frase “Meu Pai Bebe Café”. Outro instrumento é o acrônimo, uma palavra formada por letras que representam outras palavras, como a ferramenta de gestão CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude).

Seja qual for, diz Estrella, a tática mneumônica deve ser usada quando existe a necessidade de gravar conteúdos sequenciais e sem qualquer relação lógica entre si. É uma opção interessante para gravar nomes ou números de leis, por exemplo. Veja aqui mais dicas de táticas mneumônicas.

7. Simulações cronometradas

Para Távora, colocar os seus conhecimentos à prova é uma etapa indesviável na preparação para qualquer exame. No caso de um concurso público, por exemplo, é preciso recuperar provas de anos anteriores e resolvê-las com o cronômetro ao lado.

“O exame deve ser resolvido exatamente como seria na situação real”, explica o professor. Quanto mais você se familiarizar com as condições da prova, inclusive a duração dela, maiores as suas chances de aprovação.

Os simulados também são essenciais para se acostumar ao estilo das questões. “É a melhor forma de aprimorar a sua técnica de interpretação e não ter surpresas diante da linguagem da banca examinadora”, afirma o professor da LFG.

AUTOR: Exame/Por Claudia Gasparini

sábado, 30 de junho de 2018

ESTUDO INDICA: COMO A PRISÃO MUDA A PERSONALIDADE DE DETENTOS

(Foto: Diêgo Holanda/G1)

Imagine não ter, dia após dia, ano após ano, um espaço próprio e não poder escolher com quem estar, o que comer e aonde ir. Além disso, que ameaças e suspeitas estejam por toda parte, e que amor ou mesmo um toque humano gentil sejam difíceis de encontrar. Imagine ainda estar separado da família e dos amigos.

Para lidar com esse tipo de ambiente social, presidiários precisam se adaptar. Especialmente aqueles condenados a longas penas.

Em um relatório feito para o governo do Estados Unidos sobre o impacto psicológico da prisão, o psicólogo social Craig Haney foi direto: "Poucas pessoas saem inalteradas ou ilesas de uma experiência prisional".

Levando em consideração entrevistas com centenas de presidiários, pesquisadores do Instituto de Criminologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, foram ainda mais longe, afirmando que a prisão de longo prazo "muda a essência das pessoas".

Ou, como resumem as palavras de um preso entrevistado para uma pesquisa publicada nos anos 1980, depois de alguns anos na prisão, "você não é o mesmo".

No campo da psicologia da personalidade, acreditava-se que nossa personalidade permanecia inalterada na vida adulta.

Mas estudos recentes têm mostrado que, na verdade, apesar da relativa estabilidade, nossos hábitos de pensamento, comportamento e emoção mudam, sim, de forma significativa – especialmente em resposta a diferentes papéis adotados ao longo da vida.

É quase inevitável, portanto, que o tempo passado na prisão – em um ambiente altamente estruturado, mas ameaçador – provoque mudanças na personalidade.

Especialmente para as pessoas preocupadas em como reabilitar o prisioneiro, o problema é que essas mudanças de personalidade, embora ajudem o indivíduo a sobreviver à prisão, são contraproducentes para sua vida após a soltura.

Características comuns do ambiente prisional que podem mudar a personalidade de alguém incluem a perda crônica do livre arbítrio e de privacidade, o estigma diário, o medo constante, a necessidade de vestir constantemente uma máscara de invulnerabilidade e a apatia emocional (para evitar a exploração por outros), além da necessidade, dia após dia, de seguir rigorosas regras ou rotinas impostas.
(Foto: Carlos Dias/G1)

'Prisionização'

Há pouca pesquisa sobre como as características crônicas do ambiente podem mudar a personalidade do presidiário nos termos do Modelo dos Cinco Grandes Fatores (ou Big Five).

Trata-se de um modelo usado amplamente na psicologia para avaliar a personalidade da população em geral (não carcerária) com base nos traços de: neuroticismo (que mede a instabilidade emocional), extroversão, agradabilidade (ou simpatia), abertura a experiências e a conscienciosidade (relacionado à disciplina).

No entanto, há um reconhecimento disseminado entre psicólogos e criminalistas de que presidiários se adaptam ao ambiente, o que eles chamam de "prisionização". Isso contribui para uma espécie de "síndrome pós-encarceramento" quando eles são libertados.

Como exemplo, há os resultados de entrevistas em profundidade conduzidas com 25 ex-condenados à prisão perpétua (incluindo duas mulheres) em Boston, nos EUA, que passaram em média 19 anos na prisão.

Ao analisar suas narrativas, a psicóloga Marieke Liema e o criminologista Maarten Kunst descobriram que o grupo desenvolveu "traços de personalidade institucionalizados", como "desconfiar dos outros, dificuldade de se relacionar e de tomar decisões".

Um ex-presidiário de 42 anos disse: "Eu ainda meio que ajo como se estivesse na prisão. E, assim, você não é como um interruptor ou uma torneira. Não dá para simplesmente se desligar. Quando você faz algo por um período longo… isso se torna parte de você".

A mudança na personalidade predominante foi a inabilidade de confiar nos outros – uma espécie de constante paranoia. "Você não consegue confiar em ninguém na prisão", disse outro entrevistado, um homem de 52 anos. "Tenho problemas de confiança, simplesmente não confio em ninguém."

Entrevistas com centenas de presidiários britânicos realizadas por Susie Hulley e seus colegas do Instituto de Criminologia mostraram um quadro parecido. "Muitos (...) nos disseram que passaram por grandes – e às vezes completas – transformações pessoais", escreveram os estudiosos em 2015.

Os presidiários descreveram um processo de "anestesia emocional". "Isso te endurece. Isso te deixa um pouco mais distante", disse um, explicando como as pessoas na penitenciária deliberadamente escondem e abafam suas emoções. "É o que você se torna, e se você já é duro no início, então você fica ainda mais duro, você fica ainda mais frio, ainda mais desinteressado".

Outro afirmou: "É… eu meio que não tenho mais sentimento pelas pessoas".

Em relação ao Modelo dos Cinco Grandes Fatores da personalidade, pode-se caracterizar isso como uma forma de "neuroticismo" extremamente baixo (ou alta apatia emocional), combinado com baixas extroversão e agradabilidade. Em outras palavras, não é uma mudança de personalidade ideal para o retorno ao mundo exterior.

Essa é, sem dúvida, uma preocupação de Hulley e seus colegas. "Um presidiário de longo prazo se torna 'adaptado' aos imperativos de um período longo de confinamento; ele ou ela se torna mais apático emocionalmente, mais isolado e socialmente retraído, e talvez menos ajustado à vida após a soltura", alertaram.

Esses estudos com entrevistados envolveram presidiários encarcerados há muito tempo. Mas um artigo exploratório realizado em fevereiro de 2018 aplicou testes neuropsicológicos para mostrar que passar mesmo um período curto na prisão provoca um impacto na personalidade.

Os pesquisadores liderados por Jesse Meijers, da Universidade Vrije, de Amsterdã, na Holanda, fizeram dois testes - com diferença de três meses entre eles - com 37 prisioneiros. No segundo teste, houve aumento da impulsividade e redução do controle da atenção. Essas mudanças cognitivas podem indicar que sua conscienciosidade foi prejudicada.

Os pesquisadores acreditam que as mudanças se devem provavelmente ao pobre ambiente prisional, com falta de desafios cognitivos e perda da autonomia. "Essa é uma descoberta significativa e socialmente relevante", concluíram, "já que presos libertos podem ter uma capacidade menor de viver dentro da lei do que antes do período na prisão".

No entanto, outras descobertas oferecem um pouco de esperança. Em outro estudo recente - um dos primeiros a aplicar o Modelo dos Cinco Grandes Fatores às mudanças de personalidade dos prisioneiros -, pesquisadores compararam os perfis de personalidade de prisioneiros de segurança máxima na Suíça com vários grupos-controle, como estudantes universitários e guardas prisionais.

E descobriram que, enquanto os prisioneiros tinham pontuação menor em extroversão, abertura para experiências e agradabilidade, como esperado, eles pontuaram mais em conscienciosidade, principalmente nos "subtraços" de ordenamento (busca pela ordem) e autodisciplina.

Os pesquisadores, liderados por Johanna Masche-No, da Universidade Kristianstad, da Suíça, acreditam que os achados podem refletir um ajuste positivo da personalidade à situação da prisão: "O ambiente na prisão é muito rígido com respeito a regulações e normas, e o espaço privado é limitado", concluíram. "Tal ambiente cria demandas de ordenamento aos presos para evitar tanto punições formais como atos negativos de seus copresidiários".

Em outras palavras, a conscienciosidade pode ajudá-lo a evitar problemas.

Embora os resultados da pesquisa suíça pareçam contradizer a holandesa, é válido notar que enquanto os prisioneiros holandeses ficaram mais impulsivos e menos atentos, eles também melhoraram seu planejamento espacial, o que poderia ser visto como relacionado ao ordenamento (Meijers e seus colegas não se aprofundaram nesse ponto porque pensaram que eles pudessem ter pontuado melhor na segunda vez por uma questão de prática).

Outra possibilidade é que a alta conscienciosidade vista nos prisioneiros suíços se deva ao sistema prisional do país, onde há mais ênfase no tratamento e na reabilitação do que em outros países.

Também esperançosas, e de alguma forma em linha com a descoberta dos suíços, são duas pesquisas recentes envolvendo prisioneiros interagindo em jogos financeiros usados para estudar cooperação, tomada de risco e punição (um dos jogos é por acaso O Dilema do Prisioneiro). Elas mostraram que os prisioneiros se engajaram com níveis normais ou mesmo elevados de cooperação.

As descobertas têm implicações em debates sobre a reintegração de criminosos na sociedade, diz Sigbjørn Birkeland, da Escola de Economia Norueguesa NHH, que conduziu um desses estudos com colegas.

"Uma percepção comum (…) é que criminosos são homens maus sem motivação pró-social (o desejo de beneficiar outras pessoas ou grupos), e essa percepção pode ser usada para justificar sentenças mais rígidas aos criminosos", escreveram. Mas os estudos mostram que os criminosos podem ser "pró-socialmente motivados como a população em geral".

À medida que cresce a conscientização de que a personalidade é maleável, espera-se que isso aumente os esforços para avaliar como o ambiente prisional pode moldar o caráter do condenado, o que certamente poderia afetar seu retorno à sociedade.

Atualmente, há poucas pesquisas com esse objetivo específico. As últimas evidências sugerem que a vida na prisão provoca mudanças de personalidade que podem prejudicar sua reabilitação e reintegração. Em certa medida isto é inevitável, devido à perda de privacidade e liberdade.

Mas dito isso, as descobertas com relação à conscienciosidade e cooperação do prisioneiro mostram que nem todas as esperanças estão perdidas, e elas destacam alvos potenciais para programas de reabilitação.

Essas não são questões meramente abstratas para os estudiosos: elas têm profundas implicações em como nós, como sociedade, pretendemos lidar com as pessoas que desobedecem as leis.

As evidências atuais sugerem que quanto mais longa e severa for a sentença prisional - em relação à liberdade, escolha e oportunidade de ter relacionamentos seguros e significativos - mais provável será que a personalidade dos prisioneiros mudará de forma a tornar a reintegração difícil e a aumentar o risco de reincidência ao crime.

Em última análise, a sociedade deve ser confrontada com uma escolha. Podemos punir os ofensores mais severamente e arriscar mudá-los para pior, ou podemos desenvolver regras de sentença e prisões de forma a ajudar os ofensores a se reabilitar e a mudar para melhor.

Christian Jarrett é psicólogo e edita o blog Research Digest da Sociedade Psicológica Britânica. Seu próximo livro, "Personology", será publicado em 2019.

AUTOR: BBC

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