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domingo, 26 de janeiro de 2020

SAIBA COMO O CAMPO DE EXTERMÍNIO EM AUSCHWITZ SE TORNOU O CENTRO DO HOLOCAUSTO NAZISTA

Tropas soviéticas libertaram Auschwitz em janeiro de 1945 — Foto: Getty Images/BBC

Em 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas entraram cautelosamente em Auschwitz.

Primo Levi, um dos mais famosos sobreviventes, estava deitado em uma tenda médica com escarlatina quando os libertadores chegaram ao campo de extermínio nazista, na Polônia.

Soldados lançavam "olhares estranhamente desconcertados aos corpos espalhados, às cabanas surradas e aos poucos de nós ainda vivos", escreveria mais tarde Levi, judeu italiano que relatou o período em que passou ali em É Isto Um Homem? (1947).

"Eles não nos cumprimentaram ou mesmo sorriram. Pareciam oprimidos não apenas pela compaixão, mas pelo... sentimento de culpa de que tal crime pudesse existir."

"Nós vimos pessoas magras, torturadas, exaustas", descreveu o soldado soviético Ivan Martynushkin sobre a libertação do campo de extermínio. "Podíamos ver por seus olhares que estavam felizes de serem salvos daquele inferno."

Em menos de quatro anos, a Alemanha nazista matou ao menos 1,1 milhão de pessoas em Auschwitz. Quase 1 milhão eram judeus.

Aqueles deportados ao complexo foram mortos em câmaras de gás, trabalharam até a morte ou foram assassinados em experimentos médicos. A vasta maioria morreu no campo de extermínio Auschwitz-Birkenau.

Seis milhões de judeus foram mortos no Holocausto, a campanha nazista para erradicar a população judaica na Europa, e Auschwitz está no centro do genocídio.

O que foi o Holocausto?

Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, eles começaram a arrancar propriedades, direitos e liberdades do povo judeu. Depois da invasão alemã à Polônia em 1939, os nazistas começaram a deportar judeus da Alemanha e da Áustria para a Polônia, onde criaram guetos para separá-los do resto da população.

Em 1941, durante a invasão alemã na União Soviética, os nazistas começaram de fato a campanha de extermínio. Eles falavam da invasão como uma guerra racial entre os povos germânico e judeu, como a que ocorreu entre os povos eslavos e Roma.

Grupos de soldados alemães chamados de Einsatzgruppen foram destacados para massacrar civis em territórios conquistados no Leste Europeu. Até o fim de 1941, eles haviam matado 500 mil pessoas. Quatro anos depois, o total de assassinados chegou a 2 milhões de pessoas, sendo 1,3 milhão de judeus.

Dentro das linhas de combate, os comandantes nazistas testavam maneiras de matar em massa. Eles temiam que o fuzilamento de pessoas fosse muito estressante para seus soldados, e então passaram a desenvolver maneiras mais eficientes de assassinato.

Furgões experimentais de gás foram usados para matar pessoas com deficiência intelectual na Polônia no início de 1939. Fumaças venenosas eram lançadas em compartimentos fechados para matar quem estava dentro. No inverno de 1941, os nazistas construíram câmaras de gás em Auschwitz.

Em janeiro de 1942, líderes nazistas se encontraram para coordenar a matança em escala industrial. Ao fim da Conferência de Wansee, como ficou conhecida a reunião, eles acertaram qual seria a "solução final para a questão do povo judeu": matar a população judaica inteira na Europa, cerca de 11 milhões de pessoas, a partir do extermínio e do trabalho forçado.

O que era Auschwitz?

Originalmente, Auschwitz era uma instalação militar no sul polonês. A Alemanha nazista invadiu e ocupou a Polônia em setembro de 1939 e, em maio de 1940, transformou o local em uma prisão para presos políticos.

A instalação, que tem a infame mentira "O Trabalho Liberta" inscrita em alemão no portão de entrada, passou a ser conhecida como Auschwitz 1.

Com o avanço da guerra e do Holocausto, o regime nazista ampliou o lugar.

Os primeiros prisioneiros a serem mortos com gás foram soviéticos e poloneses em agosto de 1941.

Os assassinatos começaram em um novo campo, Auschwitz 2-Birkenau, no mês seguinte. Esse se tornou um local com enormes câmaras de gás onde centenas de milhares de pessoas foram mortas até novembro de 1944. Os corpos eram, então, queimados em um crematório.

A companhia química alemã IG Farben construiu e operou uma fábrica de borracha sintética em Auschwitz 3-Monowitz. Outras empresas privadas como Krupp e Siemens-Schuckert também operavam fábricas em regiões próximas, a fim de usar prisioneiros como trabalhadores escravizados.

Tanto Primo Levi quanto o prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel sobreviveram ao campo de concentração de Monowitz.

Quando Auschwitz foi libertado, havia mais de 40 campos e subcampos.

Como Auschwitz funcionava?

Pessoas de todas as partes da Europa eram amontoadas em trens sem janelas, banheiros, assentos ou comida, e levadas para Auschwitz.
Ali, elas eram imediatamente divididas entre quem poderia trabalhar e quem deveria ser morto imediatamente.

O segundo grupo era obrigado a tirar a roupa e sentar sob chuveiros.
Guardas usaram pelotas de Zyklon B para matar pessoas nas câmaras de gás Foto: Getty Images/BBC
Nazistas cremavam vítimas em fornos Foto: Getty Images/BBC
Guardas do chamado "Instituto de Higiene" então despejavam o poderoso gás Zyklon-B nas câmaras seladas e esperavam as pessoas morrerem. Isso durava 20 minutos. As paredes espessas não eram, no entanto, capazes de abafar os gritos daqueles que se sufocavam ali dentro.

Depois os chamados Sonderkommandos outros prisioneiros, geralmente judeus forçados a trabalhar para os guardas removiam próteses, óculos, cabelos e dentes artificiais antes de arrastar os cadáveres para os incineradores. As cinzas eram enterradas ou usadas como fertilizantes.

Pertences dos mortos e dos enviados para o trabalho eram levados para triagem em uma parte do campo conhecida como "Canadá" — assim chamada porque o país era visto como uma terra de abundância.

Quem eram as vítimas?

Os guardas da SS tentaram esconder seus crimes quando as tropas soviéticas se aproximaram e tentaram destruir seus extensos registros de prisioneiros — dificultando a quantificação total do número de vítimas.

Estudos acadêmicos concordam que, no total, cerca de 1,3 milhão de pessoas chegaram a Auschwitz dentre as quais 1,1 milhão morreram lá.

Judeus de toda a Europa controlada pelos nazistas constituíam a grande maioria das vítimas. Quase um milhão de judeus foram assassinados em Auschwitz.

Um exemplo específico foi a população judaica da Hungria. Em apenas dois meses, entre maio e julho de 1944, a Hungria transportou 437 mil judeus para Auschwitz.
Tantos judeus húngaros foram mortos em tão pouco tempo que os corpos das vítimas foram jogados em covas perto do campo e queimados Foto: Getty Images/BBC
Dezenas de milhares de judeus húngaros eram enviados para Auschwitz todos os dias. Três quartos deles foram mortos na chegada.

Cerca de 75 mil civis poloneses, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos, 25 mil ciganos dos grupos Roma e Sinti, bem como homossexuais e prisioneiros políticos também foram mortos pelo Estado alemão no complexo de Auschwitz.

O que aconteceu quando Auschwitz foi libertado?

As autoridades alemãs ordenaram a suspensão dessa prática e a destruição das câmaras de gás e crematórios no final de 1944, quando as tropas soviéticas começaram a avançar para o oeste. O estoque de objetos de valor roubados no setor Canadá foi enviado para a Alemanha logo depois.

Determinados a apagar as evidências de seus crimes, os nazistas ordenaram que dezenas de milhares de prisioneiros restantes marchassem para o oeste, para outros campos de concentração, como Bergen-Belsen, Dachau e Sachsenhausen. Os que estavam doentes demais para andar foram deixados para trás; quem não conseguia acompanhar a marcha era morto.

As forças soviéticas encontraram apenas alguns milhares de sobreviventes quando entraram no campo em 27 de janeiro de 1945, junto com centenas de milhares de roupas e várias toneladas de cabelo humano. Mais tarde, os soldados lembraram que tiveram que convencer alguns sobreviventes de que os nazistas haviam realmente ido embora.

Elie Wiesel disse em um discurso para marcar o 50º aniversário da libertação que os crimes nazistas em Auschwitz "produziram uma mutação em escala cósmica, afetando os sonhos e esforços do ser humano".

"Depois de Auschwitz, a condição humana não foi mais a mesma. Depois de Auschwitz, nada será igual."

AUTOR: BBC

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

CONHEÇA AS ADOLESCENTES HOLANDESAS QUE SEDUZIAM E MATAVAM NAZISTAS

Hannie Schaft e as irmãs Truus e Freddie Oversteegen eram adolescentes quando os nazistas ocuparam a Holanda Foto: Noord-Hollands Archief via BBC

Durante a Segunda Guerra Mundial, a ocupação nazista da Holanda levou três adolescentes a se tornarem ferozes combatentes da resistência.

Hannie Schaft tinha 19 anos e as irmãs Truus e Freddie Oversteegen apenas 16 e 14 anos, respectivamente, quando os nazistas ocuparam seu país, em 10 de maio de 1940.

Truus e Freddie Oversteegen nasceram na cidade de Schoten - agora parte de Haarlem - e cresceram sozinhas com a mãe, uma mulher de profundas convicções antifascistas.

Em entrevistas com a antropóloga Ellis Jonker, coletada no livro "Under Fire: Women and World War II" (Sob o Fogo: Mulheres e a Segunda Guerra Mundial), de 2014, Freddie Oversteegen lembrou que sua mãe as incentivou a fazer bonecas para crianças que sofreram na Guerra Civil Espanhola, e que, no início dos anos 30, se ofereceu como voluntária na International Red Aid, uma espécie de Cruz Vermelha Comunista para prisioneiros políticos em todo o mundo.

Embora vivessem na pobreza, a família recebeu refugiados da Alemanha e Amsterdã, incluindo um casal judeu, uma mãe e um filho que passaram a viver no sótão de sua casa.

Quando os nazistas invadiram a Holanda, os refugiados foram transferidos para outro lugar, pois os líderes da comunidade judaica temiam uma possível incursão policial devido às conhecidas tendências políticas da família Oversteegen.
Hannie Schaft deixou faculdade de Direito e se uniu à resistência Foto: BBC

"Todos foram deportados e mortos", disse Freddie Oversteegen a Jonker. "Nunca mais tivemos notícias deles. Ainda fico muito emocionada, toda vez que falo sobre isso."

As duas irmãs e sua amiga Hannie Schaft, uma jovem ruiva que abandonou a faculdade de Direito depois de se recusar a jurar lealdade à Alemanha, eram membros proeminentes da resistência.

Todas as três são lembradas por sua técnica de atrair colaboradores nazistas para a floresta e depois executá-los.

Célula especial

Quando a ocupação começou, as irmãs Oversteegen passaram a desempenhar pequenas tarefas para a crescente resistência clandestina. Distribuíam panfletos ( "A Holanda deve ser livre!") e colavam cartazes antinazistas ( "Para cada homem holandês que trabalha na Alemanha, um alemão vai para o front").

Acreditava-se que a resistência holandesa era uma tarefa masculina em uma guerra de homens. Se as mulheres se envolvessem, provavelmente não fariam nada além de entregar panfletos ou jornais anti-alemães.
Holanda ficou sob ocupação nazista de 1940 a 1945. A imagem mostra a libertação da cidade de Arnhem. Foto: Getty Images via BBC

Mas os esforços das irmãs Oversteegen atraíram a atenção de Frans van der Wiel, comandante do Conselho de Resistência clandestino de Haarlem, que as convidou para integrar sua equipe, com a permissão de sua mãe.

"Acho que elas eram apenas adolescentes tímidas. A guerra logo as transformou em mulheres corajosas", diz Martin Menger, filho de Truus Oversteegen.

As irmãs Oversteegen eram oficialmente parte de uma célula de resistência composta por sete pessoas, que cresceu em 1943 com a incorporação da Schaft.

Mas as três meninas trabalhavam principalmente como uma unidade independente, seguindo instruções do Conselho da Resistência, de acordo com Jeroen Pliester, presidente da Fundação Hannie Schaft.

Assim, Truus e Freddie Oversteegen e Hannie Schaft foram exceções: três adolescentes que pegaram em armas contra os nazistas e os "traidores" holandeses nos arredores de Amsterdã.

"Era atípico que meninas participassem da resistência armada e, principalmente, executassem traidores, algo que essas três adolescentes fizeram", diz Liesbeth van der Horst, diretora do Museu da Resistência Holandês.

Pouco tempo depois, o papel delas passou a ser mais ativo, envolvendo ação direta.

"Mais tarde, ele (comandante Frans van der Wiel) nos disse o que realmente tínhamos que fazer: sabotar pontes e linhas ferroviárias", disse Truus Oversteegen em sua conversa com Jonker.

"Dissemos a ele que gostaríamos de fazer isso." E aprender a atirar, atirar nos nazistas", acrescentou.

As adolescentes geralmente se encarregavam dos colaboradores nazistas locais.
Hannie Schaft virou ícone da resistência feminina Foto: BBC

"Mais do que os alemães, essas jovens executaram principalmente traidores holandeses, simplesmente porque costumavam ser uma ameaça ainda maior do que os nazistas", diz Truus Menger, filha de Truus Oversteegen.

Segundo o próprio relato de Truus, foi sua irmã Freddie quem primeiro atirou e matou alguém. "Foi trágico e muito difícil, e depois choramos por isso", disse.

"Não acreditávamos que nos adaptaríamos, ninguém nunca se adapta, a menos que você seja um verdadeiro criminoso ... Você perde tudo. Envenena as coisas bonitas da vida."

Remy Dekker, filho de Freddie, acredita que isso aconteceu quando sua mãe tinha 15 ou 16 anos.

"Ela executou uma mulher que, de acordo com a resistência, queria passar os nomes de todos os judeus de Haarlem para os serviços de inteligência nazistas", diz Dekker.

"Minha mãe se aproximou dessa mulher em um parque e pediu seu nome para confirmar sua identidade. Depois que ela o fez, ela atirou nela."

Talvez em sua ação mais ousada, as três adolescentes aproveitaram sua aparência jovem e inofensiva para atrair seus alvos em tabernas ou bares. Eles foram convidados a "dar um passeio" na floresta e, então, "executados".

"Tivemos que fazer isso", disse Truus Oversteegen a um entrevistador.
A célula em que os três adolescentes operavam se encarregava dos colaboradores nazistas holandeses Foto: BBC

"Era um mal necessário matar aqueles que traíam pessoas boas". Quando questionada sobre quantas pessoas ela havia matado ou ajudado a matar, se recusou a respondeu: "Ninguém perguntaria nada disso a um soldado".
"Levar os nazistas e traidores para a floresta foi uma coisa brilhante, porque eles pensavam que estavam flertando com as adolescentes", diz Dekker.

"Obviamente nada aconteceu na floresta. Antes que eles tentassem beijá-las, eram mortos."

No entanto, nem todas as execuções seguiram o mesmo esquema.

"Às vezes elas matavam suas vítimas enquanto andavam de bicicleta, para que pudessem fugir rapidamente", diz Martin Menger. "Essas execuções não envolviam flerte".

Ícones da resistência feminina
Captura de colaboradores nazistas na Holanda, em 1945 Foto: Getty Images via BBC

Schaft, cujos cabelos ruivos a tornavam reconhecível pelos nazistas, foi capturada e executada em 17 de abril de 1945. Ela tinha 24 anos.
Apenas 18 dias depois, a Holanda foi libertada.

Aproximadamente três quartos da população judia holandesa foi morta durante a ocupação.

"Quando era criança, com apenas 8 anos, tínhamos um livro de história na escola sobre uma garota ruiva Hannie Schaft", lembra Dekker.

"Enquanto eu lia, minha mãe começou a chorar. Ela me disse que tinha sido amiga dela durante a guerra e que havia sido morta pelos alemães."

"Ela mencionava a guerra e Hannie com frequência. Isso permaneceu com ela durante toda a vida, o fato de que ela sobreviveu à guerra e Hannie não."

As irmãs Oversteegen sobreviveram à guerra e tiveram uma vida longa.

Em 1996, elas criaram a Fundação Hannie Schaft , para promover o legado de sua amiga.

"Schaft se tornou o ícone nacional da resistência das mulheres", disse Pliester, diretora da Fundação.
Freddie Oversteegen atirou pela primeira vez em uma pessoa com 15 ou 16 anos Foto: Arquivo pessoal de Remy Dekker via BBC

Após a guerra, Truus Oversteegen trabalhou como artista, fazendo pinturas e esculturas inspiradas em seus anos de resistência e escreveu suas memórias. Ela morreu em 2016.

Sua irmã Freddie disse à Vice em 2016 que enfrentava os traumas da guerra "casando e tendo filhos". Ela morreu em 2018.

Nas entrevistas, Freddie Oversteegen costumava falar sobre a sensação física de matar, não a sensação de puxar o gatilho, mas a inevitável agonia que se seguia à morte de suas vítimas.

"Sim", disse ela a um entrevistador, de acordo com o jornal holandês IJmuider Courant, "eu mesma atirei com uma arma e os vi cair. E o que está dentro de nós naquele momento? Você quer ajudá-los a se levantar".

AUTOR: BBC/G1

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

CHINA E JAPÃO: O MASSACRE DE NANQUIM 30 DIAS DE TERROR

Não é nenhuma surpresa para as pessoas a rivalidade e o ódio interináveis que ainda prevalecem entre China e Japão. Mas de onde vêm e por qual motivo?

Ao longo de um extenso histórico de guerras, invasões e acontecimentos bárbaros nos quais ambas as nações se envolveram, a revolta do povo chinês é com o fato de que os japoneses preferiram fechar os olhos para tudo o que fizeram, chegando a passar uma borracha, queimar e atenuar os eventos de seus livros históricos só para preservarem a imagem que gostariam de apresentar para o mundo e para as gerações futuras.

De tudo o que já aconteceu, um dos episódios que representa o nível mais dantesco e perca de humanidade da História e que até hoje o Japão contesta e omite a sua veracidade ficou conhecido como O Massacre de Nanquim, também referido como O Estupro de Nanquim.

Antes da queda
(Fonte: Reconciliations of Nation/Reprodução)

Em 1937, o conflito entre soldados japoneses e chineses num dos acontecimentos denominado como O Incidente na Ponte de Marco Polo, foi o pretexto necessário para que o Japão colocasse em prática os seus projetos expansionistas. 

Valendo-se do estado de vulnerabilidade em que a China estava por conta da guerra civil das forças nacionalistas, o império do Sol Nascente deu início a uma invasão agressiva e em larga escala que foi fulminante.

Apesar de inferiores em equipamentos e treinamento, Xangai resistiu bastante durante os ataques até que tivesse a sua queda oficial decretada em novembro do mesmo ano, depois de um cerco sangrento realizado pelo Japão. 

Com o avanço mortal das tropas nipônicas, milhares de civis e soldados chineses recuaram para a cidade-capital de Nanquim, que também pereceu em poucos dias, incapaz de ser párea aos bombardeamentos e o apoio aéreo dos japoneses.

No dia 13 de dezembro de 1937, um horror imparável teve início.

A marcha da morte
(Fonte: This Day In History/Reprodução)

Naquela segunda-feira do dia 13 de dezembro, às 5h da madrugada, os 300 mil soldados que compunham o exército japonês comandado por Asaka Yasuhiko, avançaram contra 500 mil pessoas que não haviam conseguido escapar de Nanquim.

Não houve distinção de quem era do esquadrão chinês ou quem era apenas civil. Os japoneses foram fuzilando todos os que encontravam pelo caminho. Nas Montanhas Wudang, cerca de 57 mil pessoas foram executadas a queima roupa. Os soldados invadiram casas, arrastaram famílias para fora e as assassinaram indiscriminadamente.

Homens foram pendurados, degolados e estripados para que sangrassem até a morte em varais que lotaram as ruas da cidade-capital. Desesperados, muitos dos cidadãos que tentaram escapar pelas águas traiçoeiras do rio Yangtse, não venceram a correnteza e se afogaram, tendo os seus corpos empilhados às margens. Todos os cadáveres eram lavados com óleo ou querosene e incendiados, erguendo uma nuvem fétida e preta nos céus de Nanquim.

Haviam competições bárbaras de homicídio entre os guerrilheiros, como a exposta pelo Japan Adviser, que confirmou que os suboficiais Mukai e Noda, apostavam qual deles alcançaria a primeira centena de cabeças decepadas em apenas um dia de massacre. Um deles atingiu a margem de 106 e o outro de 105. 

Todas as vítimas eram civis.
(Fonte: The Nanking Massacre/Reprodução)

Ao longo de todo o massacre, milhares de soldados e civis chineses foram arrastados para grandes covas onde foram mortos, jogados lá e enterrados. A maior das sepulturas ficou conhecida como A Vala dos Dez Mil Cadáveres, embora estima-se que naquele buraco de cinco metros de largura e 300 metros de comprimentos, tenham sido colocados mais ou menos 12 mil corpos.

Em 10 minutos, batalhões de homens armados executavam 200 pessoas que faziam filas enormes à espera pela morte. Se não eram aniquiladas ali mesmo, os soldados simplesmente a forçavam a cavar as próprias sepulturas e depois as enterravam vivas.

O corrompimento das mulheres
(Fonte: Warfare History Network/Reprodução)

As mulheres chinesas foram submetidas aos piores horrores durante os 30 dias que sucederam a invasão à cidade. Estima-se que por volta de 80 mil delas foram estupradas pelas ruas, em suas casas ou dentro das bases montadas pelo exército. 

Antes de matar ou violentá-las, muitas delas tinham suas vaginas penetradas com baionetas, varas de bambu, facas e outros objetos. Milhares delas foram mantidas como escravas sexuais que serviam os japoneses dia e noite.

Numa espécie de campo de contenção para mulheres onde continham cerca de 200 a 300 soldados, eles as despiam, estimulavam as práticas de incesto quando estavam acompanhadas por suas filhas, e as estupravam em coletivo. 

Faziam o mesmo com crianças e jovens. As grávidas eram esfaqueadas na barriga, tinham os seios arrancados e milhares eram pregadas nas paredes como que crucificadas e deixadas para morrer, isso quando não eram fuziladas.

Os filhos de Nanquim
(Fonte: Timetoast/Reprodução)

A população chinesa foi forçada a testemunhar a total falta de humanidade e misericórdia quando nem mesmo as crianças foram poupadas. Os pelotões sanguinários de oficiais empilhavam os corpos de centenas de crianças e ateavam fogo nelas enquanto vivas. 

Muitos foram espancados até serem mutilados, perderem a visão e os movimentos físicos. Eram baleados, esfaqueados em frente de suas próprias mães. Gangues de japoneses arrancavam os bebês das mulheres, os jogavam para o ar e tentavam perfurá-los com as baionetas, numa espécie de esporte maligno e doentio.

Existem relatos de que garotos eram explodidos com granadas ou feitos de bomba-relógio e também lançados dentro de cubas com água ou óleo fervente diante de suas famílias antes de serem executadas.

Fogo, fumaça e escombros
(Fonte: Warmap/Reprodução)

Até o fim de fevereiro de 1938, a cidade de Naquim teve um terço de sua composição reduzida a cinzas. Milhares de casas, aldeias e prédios foram incendiados durante todos os dias de invasão. As estradas também tiveram o mesmo destino que quase todos os distritos comerciais mais importantes da cidade.

Uma vez um dos centros industriais mais prósperos e crescentes de toda a China, Nanquim levou décadas para se recuperar da destruição física causada pelos japoneses, enquanto socialmente jamais se reergueu. 

Por volta de 300 mil chineses foram brutalmente exterminados pelas tropas, entre soldados e civis. E, apesar de tudo, até hoje o Japão dá a outra face diante os eventos, alegando que os números e os fatos foram manipulados ou aumentados, sendo que nunca mostraram ao mundo a maioria de seus documentos da guerra.

Passados 83 anos do massacre, o ressentimento da China ainda permanece em seus elos políticos, tão vermelho quanto a sua bandeira.

AUTOR: MEGACURIOSO

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

VOCÊ SABIA? HITLER REUNIU UM GRUPO DE GAROTAS PARA TEREM FILHOS, UMA DELAS FEZ UM RELATO CHOCANTE

Muitos sabem que os nazistas cometeram atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial, mas poucos conhecem as infindáveis histórias e ideias malucas que, naquela época, pensavam que eram boas. 

Uma dessas histórias foi vivenciada por Hildegard Trutz.
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É necessário entender, primeiro, que a Alemanha sofreu muito depois da Primeira Guerra Mundial, principalmente por causa das punições impostas pelos países que a derrotaram, entre eles Inglaterra, França e Estados Unidos. 

Por essa razão, o humor do povo alemão naquela época não era o melhor e a alternativa nazista apareceu em resposta a esse mal-estar.
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Por essa razão, Hildegard Trutz, uma garota de 18 anos, ficou encantada com toda a parafernália que os nazistas criaram. Em 1933 ela se juntou ao Bund Deutscher Mädel, o equivalente à juventude feminina de Hitler, e aos 18 anos uma de suas líderes se aproximou dela. “Se você não sabe o que fazer, por que não dar um filho ao Führer?”, disse.
AP

Fazia pouco tempo que havia sido criado o projeto Lebensborn, onde os nazistas procuravam criar uma “máquina perfeita” para a “produção” de bebês. Para isso, selecionavam mulheres que estivessem dentro dos parâmetros desejados (o que incluía não ter antepassados judeus). Essas mulheres deveriam ter relações sexuais com oficiais nazistas, que também cumpririam com os padrões do Führer. 

Quando estivessem grávidas, seriam enviadas para um castelo de luxo com todo o conforto para ter uma excelente gravidez.
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Hildegard cumpria todos os requisitos, e embarcou nesta missão em nome do Führer. Antes de começar, ela foi obrigada a assinar um contrato onde renunciava ao bebê, e o entregava para os cuidados do Estado.

Todos os oficiais ficavam em uma sala e elas podiam iniciar uma conversa com qualquer um que elas quisessem. “Todo mundo era muito alto e forte, com olhos azuis e cabelos loiros”, disse Trutz.
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Depois de escolher o homem, que elas nem sabiam o nome, o momento exato do período fértil de cada garota era esperado e o homem era mandado para o quarto.

“Como o pai do meu filho e eu acreditamos plenamente na importância do que estávamos fazendo, não tivemos nenhuma vergonha ou inibição de nenhum tipo”, comentou Hildegard.
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Ela dormiu com o rapaz por três noites seguidas, e depois disso ele teve que estar com outras mulheres.

Trutz engravidou e foi enviada para a maternidade. No dia do nascimento, ela recusou qualquer ajuda para ter o pequeno, já que “nenhuma boa alemã deveria querer injeções para amortecer a dor”, de acordo com os conceitos da época. Ela permaneceu com a criança por duas semanas e depois ele foi enviado para uma casa especial. Nunca mais voltou a ver seu filho, nem o pai.
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Pensou em ter mais filhos, mas se apaixonou com um jovem oficial e se casou. Ao contar o que havia feito, seu marido não gostou muito da ideia, mas como tudo foi feito pelo Führer, acabou aceitando.

Durante o III Reich nasceram 20 mil crianças a partir desta prática. Muitas foram adotadas depois da guerra, mas os arquivos foram destruídos
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AUTOR: Upsocl.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

SAIBA DA 'GUERRA CIVIL' NA IGREJA CATÓLICA QUE PODE ABALAR PONTIFICADO DO PAPA FRANCISCO

Mulher reza na Basílica de Santa Maria, em Roma; disputa entre alas da Igreja Católica extrapolou corredores do Vaticano para ser travada em público GETTY IMAGES

Uma guerra ideológica que há anos divide a Igreja Católica deixou os corredores do Vaticano nesta semana para ser travada em público.

De um lado, estão o papa Francisco e aqueles que apoiam sua visão de uma Igreja mais liberal em relação a temas como divórcio e homossexualidade. De outro, conservadores que criticam essa tentativa de abertura e temem um enfraquecimento da religião.

O embate ganhou manchetes com a divulgação, no domingo passado, de uma carta em que o ex-núncio apostólico na capital americana, Carlo Maria Viganò, acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, e pede a renúncia do papa.

O documento de 11 páginas, publicado por sites religiosos conservadores nos Estados Unidos, não oferece provas, mas chega em um momento em que fiéis do mundo inteiro estão abalados por sucessivas revelações de abusos sexuais contra crianças cometidos durante décadas por membros do clero em vários países.

A carta foi divulgada enquanto o papa visitava a Irlanda, um dos países afetados. Francisco se reuniu com vítimas e pediu perdão por abusos cometidos por membros da Igreja, ritual repetido em outras viagens. Mas muitos católicos lamentam a falta de medidas concretas e de uma resposta rápida aos escândalos, e alguns chegaram a abandonar a Igreja.

Nesse momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica.

"Essas acusações se tornaram parte de um embate ideológico muito maior. Um dos lados vê Francisco como o papa que finalmente abriu a Igreja a um entendimento mais realista sobre sexualidade, casamento, homossexualidade", disse à BBC News Brasil o professor de teologia e estudos religiosos Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Pensilvânia.
Acusações contra papa são parte de um embate ideológico dentro do Vaticano GETTY IMAGES

"O outro lado acredita que isso significa o fim da Igreja, e está disposto a fazer qualquer coisa para impedir isso. Mesmo que seja o maior tabu, que é pressionar um papa a renunciar, o que não acontece há seis séculos", ressalta, referindo-se à renúncia de Gregório 12, em 1415.
Oposição

Desde que foi eleito, em março de 2013, o papa é alvo de oposição por parte da ala conservadora da Igreja, tanto dentro do Vaticano quanto entre acadêmicos, que rejeitam o que consideram um afastamento da doutrina e tentam impedir reformas. No ano passado, dezenas de teólogos chegaram a assinar uma carta em que acusam Francisco de divulgar heresias na exortação apostólica sobre a família Amoris Laetitia, de 2016.

O documento, que é uma tentativa de abrir novas portas para católicos divorciados e tornar a Igreja mais tolerante com questões relacionadas à família, representa um sinal claro de dissidência, que reflete o descontentamento dos setores mais conservadores da instituição.

Apesar de não ter adotado mudanças concretas profundas nos ensinamentos da Igreja, o papa defende uma postura menos rígida e em sintonia com atitudes modernas em relação a fiéis que se afastaram da doutrina, demonstrando tolerância a homossexuais e permitindo que católicos divorciados ou casados novamente recebam a comunhão.

Francisco também deu destaque a questões sociais, incentivando os fiéis a cuidar dos pobres, acolher imigrantes e refugiados e combater mudanças climáticas, e rejeitou alguns privilégios do cargo, optando, por exemplo, por não morar no Palácio Apostólico.

Em sua carta, Viganò não apenas acusa Francisco de acobertamento, mas tenta conectar as críticas que conservadores fazem ao papa, especialmente à postura de aceitação de gays - em referência a uma entrevista dada após viagem ao Brasil, em 2013, quando o pontífice disse "Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar" -, aos escândalos de abusos sexuais, afirmando que "redes homossexuais" dentro da hierarquia da Igreja são cúmplices na "conspiração de silêncio" que permitiu que os abusos praticados por McCarrick e outros continuassem.

A sugestão de que homossexualidade e abusos estejam relacionados é amplamente rejeitada por especialistas, mas ainda persiste em algumas alas da Igreja. Apesar de muitos dos abusos terem ocorrido há várias décadas, durante os pontificados dos antecessores de Francisco, opositores ligam a crise à incapacidade do papa de manter sob controle a homossexualidade entre o clero.

McCarrick, que liderou a arquidiocese de Washington de 2001 a 2006, durante os pontificados de João Paulo 2º e Bento 16, renunciou ao posto de cardeal em julho, após acusações de que teria assediado seminaristas adultos e abusado de um menino durante anos. Ele diz que é inocente.

McCarrick havia deixado a arquidiocese ao completar 75 anos, idade em que os bispos católicos são obrigados a apresentar sua renúncia - que pode ser aceita pelo papa ou não -, mas permaneceu no Colégio dos Cardeais, que aconselha o pontífice.
Em momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica GETTY IMAGES

Viganò alega que vários membros do Vaticano sabiam da conduta imprópria do cardeal havia anos. Segundo a carta, depois que McCarrick deixou a arquidiocese em Washington, Bento 16 havia proibido que ele, que ainda era cardeal, oficiasse missas e vivesse em um seminário, entre outras restrições. Mas Francisco, apesar de saber das acusações, teria levantado essas restrições e até permitido que o cardeal ajudasse na escolha de bispos americanos

Os católicos americanos ainda tentam digerir as revelações divulgadas no início de agosto em um relatório da Suprema Corte do Estado na Pensilvânia. O documento acusa pelo menos 300 padres de terem abusado de mais de mil crianças ao longo de 70 anos e líderes da Igreja de terem acobertado os crimes.

Reações

Apoiadores do papa e alguns sobreviventes de abusos questionam a credibilidade das alegações, apresentadas sem evidências, e acusam Viganò de usar o sofrimento das vítimas para avançar sua agenda política e uma vingança pessoal contra Francisco.

Alguns observam que McCarrick apareceu em vários eventos, inclusive ao lado de Bento, no período em que supostamente estaria sob sanções, e lembram que foi Francisco, ao contrário de seus antecessores, que forçou o cardeal a renunciar.

Também ressaltam o fato de os principais nomes criticados na carta serem liberais e aliados do papa, o que levantaria suspeitas de que as acusações têm motivação ideológica.

"Esse documento não tem o objetivo de proteger crianças, e sim atacar o papa e qualquer um associado a ele", disse à BBC News Brasil o pesquisador de estudos católicos Michael Sean Winters, colunista do jornal National Catholic Reporter.

Mas alguns bispos conservadores defenderam o ex-núncio como um homem de princípios. Um deles, Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, orientou padres de sua diocese a ler durante a missa do último domingo uma declaração em que afirma acreditar nas alegações.

Um dos principais opositores do papa, o cardeal americano Raymond Burke, ex-arcebispo de St. Louis, disse em entrevista à imprensa italiana que, caso as alegações sejam comprovadas, "sanções apropriadas" devem ser aplicadas.
Carlo Maria Viganò acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington e pede a renúncia do papa REUTERS

Histórico de polêmicas

Viganò tem um histórico de polêmicas. O italiano de 77 anos trabalhou em missões do Vaticano no Iraque e no Reino Unido, foi núncio apostólico na Nigéria e ocupou altos cargos na Cúria Romana, mas nunca foi promovido a cardeal.

Ele próprio já foi acusado de tentar acabar com uma investigação sobre a conduta sexual de um ex-arcebispo em 2014, segundo documentos relacionados à arquidiocese de St. Paul-Minneapolis. Também foi personagem no escândalo "Vatileaks", em 2012, em que documentos do Vaticano foram vazados, entre ele cartas em que Viganò sugeria que sua transferência para Washington, em 2011, estaria relacionada aos seus esforços contra a corrupção na Santa Sé.

Em 2015, durante a visita de Francisco aos Estados Unidos, Viganò organizou um encontro surpresa entre o papa e uma funcionária pública que havia se recusado a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo alegando motivos religiosos. O encontro foi visto como um desafio à mensagem de inclusão do papa e obrigou o Vaticano a divulgar uma declaração se distanciando da funcionária. Pouco tempo depois, Francisco substituiu Viganò.

Em sua temporada em Washington, Viganò cultivou relações com setores católicos conservadores críticos do papa, um grupo que Winters descreve omo "pequeno, mas muito bem organizado e muito bem financiado".

Segundo Faggioli, desde o início do pontificado de Francisco, círculos conservadores do catolicismo americano deixaram claro que não gostavam do papa e de suas tentativas de reforma. Ele observa ainda que poucos bispos nos Estados Unidos defenderam o papa após a publicação da carta. "A maioria dos bispos está esperando (para de posicionar)", acredita.

Por enquanto, o papa tem mantido silêncio sobre as acusações de Viganò, limitando-se a dizer que o documento "fala por si próprio". Segundo analistas, o papa não quer dar mais visibilidade a seus críticos.

Mas no avião ao voltar da Irlanda, ao responder a uma pergunta sobre o que pais deveriam dizer a um filho ou filha que revela ser gay, o papa disse: "Não condene. Dialogue, entenda."

Faggioli diz acreditar que a carta de Viganò tem inconsistências e "buracos", mas mesmo assim considera fundamental que o papa e outros líderes católicos respondam a algumas questões, especialmente sobre McCarrick.

"Os católicos americanos, tanto liberais quanto conservadores, querem saber como foi possível que essa pessoa se tornasse um dos mais importantes líderes da Igreja enquanto outros sabiam (dos abusos). Como isso pode acontecer?"

AUTOR: BBC

quarta-feira, 27 de junho de 2018

VIOLADORES E PSICOPATAS: A MACABRA E DESCONHECIDA TROPA QUE ADOLF HITLER CRIOU COM UMA SÓRDIDA MISSÃO

As guerras são sangrentas, e apesar de que às vezes nos queiram ensinar outra coisa, não há heróis nem vilãos. Se há algo que a história – e em particular o século XX – nos ensinou, é que ninguém termina vitorioso realmente durante estes conflitos, e são as vidas humanas a principal perda para a humanidade.

Mas hoje lhes falarei de um grupo de homens que seguramente são a maldade em pessoa, e talvez sejam até mesmo o próprio substantivo. Se trata da brigada SS-Sturmbrigade Dirlewanger, o esquadrão mais temido da Segunda Guerra Mundial.

O grupo nasceu no Parlamento Alemão, foi aprovado por Himmler e Hitler, e em um princípio seria conformado por criminosos, – que podiam trocar suas penas por anos de serviço durante a guerra – mas não qualquer um, se não que caçadores furtivos. A razão? Eram especialistas com armas e sabiam se esconder e rastrear na natureza. Seu objetivo? Lutas urbanas e anti-guerrilhas.

Mas com os caçadores não seria suficiente, por isso logo “rechearam” com outros criminosos de todo tipo: ladrões, assassinos, incendiários, estupradores e até mesmo psicopatas. E então, com 300 soldados, a coisa começou a sair de controle.

A brigada era dirigida por Oskar Dirlewanger, um ex militar condecorado da Primeira Guerra Mundial, com fortes nexos ao nazismo e antecedentes criminais: duas violações, uma delas a uma garota de 14 anos.

O esquadrão “salto para a fama” quando foi enviado para deter a Revolta de Varsóvia, na Polônia. E ali foi onde demonstraram todo o sadismo que levavam consigo, na Matança de Wola – a mais sangrenta da história da Polônia. Em apenas duas semanas massacraram 40 mil civis, entre os quais se encontravam 500 crianças que, por ordem de Dirlewanger, foram assassinadas a golpes para economizar munição.

Assassinaram pacientes nos hospitais, injetaram estricnina – um veneno para pássaros e roedores – em mulheres para vê-las convulsionando até a morte, estupravam sem piedade e reuniam as vítimas em edifícios abandonados para depois incendiá-los. Crueldade absoluta.

Apesar disso, tiveram grandes perdas. Chegaram a Varsóvia com 800 homens e perderam 2700, dos quais muitos chegaram como reforços. Por seu “heroísmo”, Dirlewanger recebeu uma Cruz de Ferro e seu batalhão foi ampliado a 4 mil homens. Mas o ódio que geraram fez com que o General a cargo da Polônia pedisse seu translado, então logo foram enviados a Bielorrússia. Em ocasiões, outras brigadas precisavam rodeá-los para que não seguissem perpetuando crimes nas regiões que assolavam.

Ali massacraram 30 mil civis, ainda que inclusive hajam cifras que apontam aos 120 mil. Mas o carma existe e é poderoso, e a brigada foi enviada – quando a guerra estava terminando – a linha de combate, para se enfrentarem com o Exército Russo.

E devido a sua inexperiência, foram aniquilados, e os 700 que ficaram se entregaram aos Aliados norte-americanos em maio de 1945. E Dirlewanger? Foi ferido em batalha, capturado pelos franceses e enviado a prisão militar de Altshausen, baixo a custódia de soldados polacos. Ali o reconheceram por suas atrocidades e o torturaram por vários dias, até a morte.
Aqui se faz, aqui se paga.
AUTOR: MISTÉRIOS DO MUNDO

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

SAIBA QUEM FOI JOSEF STALIN, O MONSTRO DE AÇO

(Bundesarchiv, Bild 183-R80329/Superinteressante)

Em 1944, Serguei Eisenstein já era um cineasta renomado quando recebeu de Josef Stalin uma difícil missão: escrever e dirigir um filme sobre Ivan IV, o tirano que inaugurou a era dos czares russos, no século 16. Amante do cinema, o secretário-geral do partido comunista soviético enxergava a si próprio como o sucessor de “Ivan, o Terrível” – algo um tanto quanto contraditório para um leninista.

Mas a vida de Stalin seria marcada por contradições. Por um lado, o líder máximo soviético comandou a resistência que mudou os rumos da 2ª Guerra Mundial ao botar os nazistas para correr da URSS. Por outro, fez escolhas políticas que levaram à morte de pelo menos 20 milhões de pessoas – número que pode chegar, dependendo da fonte, a 40 milhões.

A personalidade inconstante já havia sido identificada por Lenin. Em sua carta-testamento, escrita em dezembro de 1922, o líder bolchevique expunha o receio com o que poderia acontecer caso Stalin fosse seu sucessor: “O camarada Stalin, tendo se tornado secretário-geral, tem autoridade ilimitada concentrada em suas mãos, e não tenho certeza de que sempre irá utilizá-la com prudência”.

Depois da morte de Lenin, em 1924, Stalin escondeu a carta, que só reapareceu na década de 1950, em meio à desestalinização capitaneada por Nikita Kruschev. Para Lenin, o nome de Trotsky – com quem comungava o ideal de revolução permanente – era o mais adequado para sucedê-lo. Mas acabou sendo Stalin, adepto ao socialismo de um só país, quem se tornaria o novo líder máximo da URSS.

DE PADRE A ASSALTANTE

Nascido em Gori, na Geórgia, em 1878, Iosif Vissarionovich Djugashvili só adotaria o famoso pseudônimo em 1913. Stalin, em russo, remete a “feito de aço”. E era assim que o jovem bigodudo se via: como um homem de aço, a despeito de seus mirrados 1,62 de altura. 

Filho de um sapateiro beberrão e de uma faxineira, o futuro revolucionário teve uma infância sofrida. Vítima de varíola, carregou marcas no pescoço e no rosto pelo resto da vida, além de ter nascido com duas deficiências físicas: o braço esquerdo 5 cm mais curto e dois dedos do pé colados. Foram esses fatores, aliados ao espírito de agitador, que motivaram sua dispensa do Exército quando ele se alistou para combater na 1ª Guerra.

Adolescente, Stalin frequentou um seminário da Igreja Ortodoxa Russa em Tbilisi, capital da Geórgia. Foi lá que aprendeu o idioma russo e a pensar de maneira sistemática, lendo panfletos marxistas clandestinos e adquirindo consciência política. Tudo por conta do clima repressivo que o lugar impunha. Aos 20 anos, Koba, como era chamado pelos amigos, abandonou os estudos sacerdotais para abraçar a fé comunista – mais tarde, sua mãe confessou que preferia tê-lo visto padre. 

Seu plano, agora, era se empenhar pela revolução. Hierarquia, disciplina e luta de classes viraram expressões corriqueiras em seu dia a dia. Assim como incitar manifestações, espancar adversários e roubar bancos. Stalin chegou a ser preso e enviado para a Sibéria sete vezes. E foi no isolamento que desenvolveu algumas de suas características mais marcantes: a frieza e a autossuficiência.

O primeiro contato com Lenin aconteceu em 1905, e em pouco tempo cairia nas graças do líder bolchevique. Lenin se referia a ele como “o georgiano que nos consegue dinheiro”. Cabia a Stalin fazer o trabalho sujo em toda e qualquer ação revolucionária. Na posição de capataz de Lenin – e ainda que não fosse um intelectual como Trotsky -, Stalin ganhou respeito dentro do Partido Comunista.

TERROR VELADO

Após a morte de Lenin, a propaganda oficial e os órgãos de repressão atuaram duramente contra qualquer movimento de contrarrevolução. Agora comandada por Stalin, a URSS queria se consolidar como Estado unificado, combatendo o nacionalismo de todas as formas. Pouco afeito a longos discursos e fraco de oratória, Stalin costumava dizer que qualquer problema poderia ser resolvido com o uso da força. Era o que acontecia, por exemplo, com os camponeses, vistos como capitalistas rurais que freavam a revolução. A solução era expulsá-los de suas terras e enviá-los a fazendas coletivas, cidades industriais ou mesmo a campos de trabalho forçado, os Gulags.

Ao fim dos anos 1920, a prosperidade ucraniana, a autonomia cultural do país e a resistência de seus agricultores levaram Stalin a condenar pelo menos 5 milhões de pessoas à morte pela fome. Isso porque, entre 1932 e 1933, ele ordenou a proibição da compra, troca ou venda de alimentos, num evento que ficou conhecido como holocausto ucraniano.

Para industrializar a URSS, Stalin deu início, em 1928, a uma série de planos quinquenais. Com projetos grandiosos, como a construção de canais, represas, ferrovias e formação de grandes indústrias, a URSS logo entraria na era moderna. Enquanto o resto do mundo sofria com a recessão histórica da quebra da bolsa de Nova York, em 1929, a economia soviética cresceu 2.425% entre 1928 e 1937. Tamanha expansão só seria obtida pagando um alto preço: o trabalho escravo. 

Os Gulags abrigavam centenas de milhares de pessoas. Considerados criminosos e “inimigos do Estado”, os trabalhadores desses locais se resumiam a qualquer um que não agradava ao regime – camponeses, presos políticos, intelectuais e pessoas de outras etnias. A brutalidade stalinista também ganharia destaque com os expurgos, iniciados em 1934 com a finalidade de identificar membros do partido que não se mostravam suficientemente militantes ou leais.

Quem, em algum momento, tivesse discordado de Stalin poderia agora ser preso, julgado e fuzilado – mesmo que por uma trivialidade. O próprio ditador costumava deleitar-se assistindo aos chamados “julgamentos de fachada”, usados para convencer o povo de que havia inimigos por toda parte. 

Em muitos casos, antigos camaradas eram torturados e obrigados a confessar conspirações das quais nunca participaram. “Stalin exigia apoio incondicional e sem discussão, e muitas mudanças em suas posições políticas nunca seriam explicadas”, escreve o historiador Zhores Medvedev, autor de Um Stalin Desconhecido.

Estima-se que Stalin tenha assinado de próprio punho a execução de 41 mil pessoas. Além disso, autorizou o envio de pelo menos 8 milhões aos Gulags. Qualquer indivíduo era um suspeito em potencial: 

Oficiais das forças armadas, membros do comitê central, dirigentes empresariais, cientistas, escritores e até mesmo amigos próximos. Entre suas vítimas estiveram Grigori Zinoviev e Lev Kamenev, com quem Stalin compartilhou a Troika – o triunvirato que sucedeu Lenin. Não raro, o “Vojd” – líder, equivalente russo ao alemão “Führer” – era visto nos enterros daqueles que ele mesmo mandara executar.

CAMARADA “DE FAMÍLIA”

No dia 8 de novembro, em 1932, o Kremlin oferecia um banquete para celebrar os 15 anos da Revolução quando as recorrentes brigas entre Stalin e a esposa, Nadeja Alliluyeva, chegaram ao ápice. A discussão, na frente de todos, culminou com o suicídio da mulher na manhã seguinte. 

“Ela partiu como um inimigo”, teria dito Stalin. Filha de um revolucionário, Nadeja foi confidente de Lenin e não se conformava com a política conduzida pelo marido. Antes disso, Yakov, filho de Stalin com a primeira esposa, também havia tentado se matar depois de uma briga com o pai. Ao ver o jovem ferido, Stalin teria exclamado: “Não consegue sequer atirar direito!”. Anos depois, na 2ª Guerra, Yakov morreria nas mãos dos nazistas. Stalin deu de ombros.

Depois da morte de Nadeja, com quem teve outros dois filhos – Vasili e Svetlana, a sua predileta -, o tirano viveu recluso, passando a maior parte do tempo na dacha de Kuntsevo. A casa de veraneio, nos arredores de Moscou, tinha 20 aposentos e contava com biblioteca, jardim de inverno e solário. Insone, Stalin costumava ler documentos oficiais até altas horas da madrugada – especialmente durante a 2ª Guerra, quando trabalhava 15 horas por dia. 

Com o tempo, e ainda mais depois da guerra, a paranoia e a desconfiança em relação até mesmo aos mais íntimos só aumentariam. Como um déspota à moda antiga, exigia que sua comida fosse provada por outra pessoa para se certificar de que não estivesse envenenada.

Stalin envelheceu solitário e desolado, mas sempre temido. Em fevereiro de 1953, aos 73 anos, não resistiu a um derrame. A imagem de herói do povo alçou o ditador a duas indicações ao Nobel da Paz. E assim ele foi visto até 1956, quando Nikita Kruschev apresentou à cúpula do partido os arquivos secretos do stalinismo, expondo ao mundo a face desumana daquele que foi o mais contraditório estadista do século 20.

AUTOR: SUPERINTERESSANTE

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O QUE ACONTECEU COM OS NEGROS ALEMÃES DURANTE O NAZISMO

Adolf Hitler e Heinrich Himmler revistam tropas das SS (Foto: Associated Press)

A história das perseguições nazistas contra minorias étnicas, linguísticas, religiosas e políticas, bem como outras partes da população alemã, é bem conhecida, documentada e relembrada nos livros de história do mundo inteiro.

Entretanto, há uma categoria específica de vítimas cujo destino trágico foi pouco contado e muitas vezes não é incluído nos grupos perseguidos por Adolf Hitler.

É o caso dos cidadãos alemães negros que viviam na Alemanha antes da tomada de poder do Führer.
Comunidades históricas

Quando Hitler chegou até a Chancelaria do Reich, em 1933, havia milhares de negros que viviam na Alemanha, embora o exato número nunca tenha sido calculado por censos. As estimativas, portanto, variam muito, dependendo do historiador.

A comunidade alemã negra ainda estava se formando em 1933. Na maioria das vezes eram famílias de alemães de primeira geração, ou seja imigrantes africanos com crianças nascidas na Alemanha, mas que ainda não tinham atingido a maioridade.

Nesse sentido, a comunidade negra alemã da época era semelhante à da França e do Reino Unido – ou seja, formadas, principalmente, por famílias de homens e mulheres vindos das colônias africanas e asiáticas desses impérios.

O núcleo desta pequena comunidade era formado por um grupo de homens africanos e de suas esposas alemãs. Essas pessoas vieram principalmente das colônias africanas pertencentes à Alemanha entre 1884, o ano de fundação do império colonial alemão, e 1919, quando Berlim, no tratado de Versalhes que decretou o fim da Primeira Guerra Mundial, perdeu todos os seus territórios ultramarinos.

Além disso, havia entre 600 e 800 filhos nascidos de relacionamentos entre mulheres alemãs e soldados das tropas coloniais francesas. Batalhões constituídos, em sua maioria, embora não completamente, por africanos.

Essas unidades militares faziam parte das tropas de ocupação que Paris enviou à Renânia, uma área industrial no oeste da Alemanha, para impor a cumprimento do Tratado de Versalhes.

As tropas francesas se retiraram somente em 1930, e a região foi desmilitarizada, até que Hitler enviou tropas alemãs em 1936, violando o Tratado de Versalhes.

Esta comunidade negra alemã estava dispersa em toda a Alemanha e era ligada, em muitos casos, a associações e organizações comunistas e antirracistas.

Leis de Nuremberg
As leis raciais de Nuremberg de 1935, as chamadas "leis para a proteção do sangue e da honra alemãs" – que privaram os judeus alemães de sua nacionalidade e lhe proibiram de se casar ou de ter relações sexuais com pessoas do "sangue alemão" – também foram aplicadas à nascente comunidade negra na Alemanha.

Essas pessoas foram, de fato, consideradas de "sangue estrangeiro" e sujeitas às leis de Nuremberg.
A partir desse momento, apesar de os negros alemães terem nascido na Alemanha e serem filhos de cidadãos alemães, a concessão de cidadania a essas pessoas tornou-se impossível. Os nazistas chegaram a lhe entregar passaportes, chamando-os de "negros apátridas", negros sem pátria.

Isso deixou impossível para eles achar um emprego formal. Alguns foram usados como trabalhadores forçados e classificados como "trabalhadores estrangeiros" durante a Segunda Guerra Mundial.
Outros foram usados como figurantes e atores de filmes de propaganda nazista sobre as colônias africanas perdidas pela Alemanha. Estes tipos de empregos tornaram-se uma das poucas fontes de renda disponíveis para essas pessoas.

Em 1941, as crianças negras foram oficialmente excluídas das escolas públicas de toda a Alemanha, mas a maioria sofreu abusos raciais em suas salas de aula muito antes disso. Alguns foram forçados a sair da escola e nenhum foi autorizado a cursar universidades ou escolas profissionais.

Entrevistas e memórias escritas por homens e mulheres negros alemães, assim como reivindicações de compensações econômicas apresentadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial, testemunham essas experiências compartilhadas por muitos negros alemães.

Livros como "Black Germany – The Making and Unmaking of a Diaspora Community, 1884–1960" (Alemanhã negra – A criação e a destruição de uma comunidade da diáspora, 1884-1960, sem tradução para o português), dos professores Robbie Aitken, da Universidade Sheffield Hallam, e Eve Rosenhaft, da Universidade de Liverpool, contam essa história.

Nazistas preocupados
O medo nazista do risco de "poluição racial" levou a um dos principais crimes cometidos por Hitler contra esta comunidade: a esterilização.

Os casais chamados "mistos" foram obrigados a se separar. Quando uma mulher alemã branca solicitava uma licença-maternidade ou ficava grávida de um alemão nascido na África, o parceiro era imediatamente forçado a se esterilizar.

Em 1937, uma operação secreta nazista foi além: cerca de 400 crianças negras da Renânia foram esterilizadas contra a vontade de seus pais. Por causa dessas perseguições, muitos negros fugiram da Alemanha.

Entretanto, poucos alemães de origem africana foram realmente internados em campos de concentração. De acordo com as últimas pesquisas históricas, não mais de 20 membros da comunidade negra alemã foram levados em lager nazistas e somente uma pessoa morreu no programa de extermínio de pessoas com desabilidades, dentro do programa que os nazistas chamaram de “Aktion T4”.

O único alemão negro que foi enviado para um campo de concentração, não por razões políticas, foi Gert Schramm, internado em Buchenwald por causa da cor de sua pele aos 15 anos, em 1944. Ele escreveu um livro "Ein schwarzer Deutscher erzählt sein Leben" ("Um alemão negro conta de sua vida", sem tradução em portugês), relatando sua experiência dramática.

A maioria dos alemães negros foi preso por razões políticas ou pelo chamado “comportamento antissocial”, como a homossexualidade.

De acordo com os nazistas, a própria cor da pele identificava uma pessoa pertencente a esta comunidade como um sujeito "diferente" dos outros alemães. Por isso, uma vez presas, essas pessoas não eram mais liberadas.

Um comportamento que mostra como, mais do que vítimas de uma perseguição nazista, a comunidade negra alemã foi perseguida pelo racismo espalhado nas sociedades europeias da época.

AUTOR: G1

domingo, 13 de agosto de 2017

"ILHA DE CONDENADOS": A DESCONHECIDA GUERRA PSICOLÓGICA USADA PELOS BRITÂNICOS CONTRA A ARGENTINA NO CONFLITO DAS MALVINAS

Propaganda britânica durante a Guerra das Malvinas (Foto: BBC)

Em plena Guerra das Malvinas, um soldado argentino mal treinado e desprovido de armamentos, com frio e fome, faz a guarda de uma colina. O ano era 1982.

Ali, assim como no resto do arquipélago, o vento é constante e não há uma única árvore para se proteger da chuva - somente pedras.

O jovem está mais longe de casa do que nunca, quer fugir e ficar perto de sua família. Ele tem medo e poucas esperanças. A comida e os suprimentos são cada vez mais escassos e é improvável que o local seja reabastecido tão cedo.

Mas não há outro remédio senão esperar a hora fatal, quando lutará contra as forças britânicas, muito melhor preparadas e armadas do que ele.

De repente, cai em suas mãos um panfleto com os escritos: "Ilha de Condenados".

"Soldados das forças argentinas: vocês estão completamente sozinhos. Da sua pátria não há esperança ou ajuda. Vocês estão condenados à triste tarefa de defender uma ilha remota (...) Não é justo que paguem com suas vidas pelas ambições tortuosas desta louca aventura."

Poucos dias depois, o jovem soldado abandona seu posto e se entrega à unidade britânica mais próxima.

Guerra psicológica
Propaganda britânica durante a Guerra das Malvinas (Foto: BBC)

Assim, o governo do Reino Unido imaginava que poderia executar uma "guerra psicológica" (Psywar, na expressão em inglês), estratégia adotada no início do conflito no sul do Atlântico para atingir a moral dos soldados inexperientes que a Argentina havia enviado ao arquipélago.

O panfleto é real e faz parte de uma série de documentos secretos recém-revelados pelo Ministério da Defesa britânico - e aos quais a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, teve acesso.

Os arquivos revelam detalhes até então desconhecidos dessa missão secreta para tentar "manipular" as forças argentinas durante a guerra que matou 649 soldados argentinos e 255 britânicos, entre 2 de abril e 14 de julho de 1982.

"Esse material vem à tona só agora porque acabaram de transcorrer os 35 anos exigidos por lei para que pudéssemos divulgá-lo", explicou a autoridade dos Arquivos Nacionais, em Londres, onde os documentos podem ser consultados sob medidas de segurança restritas.

Trata-se de uma pasta que contém 189 páginas de documentos etiquetados como "ultrasecretos", sob a referência DEFE 24/2254.

Neles, são revelados os detalhes do plano, implementação, exemplos e lições aprendidas da guerra psicológica no arquipélago.

'Explorar o sentimento de isolamento'
Propaganda britânica durante a Guerra das Malvinas (Foto: BBC)

A missão de "Psywar" fazia parte da "Operação Corporate", o nome da maior ofensiva militar para recuperar as Ilhas Malvinas.

Nos documentos, é possível constatar que o governo britânico deu ao chamado Grupo Especial de Projetos (GEP) a missão de "enganar" as tropas argentinas no arquipélago em abril de 1982, quando a guerra havia acabado de começar.

O GEP é uma pequena unidade de oficiais especializados em guerra psicológica dentro do Ministério da Defesa britânico.

Em termos gerais, a missão deles era espalhar o medo diante de um contingente britânico com melhor preparo, contra o qual a derrota seria inevitável.

Seguindo essa "ideia de força", um dos documentos definia três metas específicas para o GEP.

A primeira era "reforçar a percepção argentina sobre a determinação do governo britânico (de recuperar as ilhas) e ressaltar também o poder da força-tarefa (a frota enviada ao arquipélago) mostrando a capacidade do arsenal do Reino Unido."

A segunda era "intensificar a percepção entre os argentinos de que seus líderes são irresponsáveis", ao enfatizar a "escassez de suprimentos nas ilhas".

O terceiro objetivo, o mais ambicioso da operação, era "a desmoralização da tropa argentina nas ilhas", apelando para emoções.

Isso implicava "explorar qualquer sentimento de isolamento nas tropas de ocupação (argentinas) para que a defesa argentina das Ilhas Falklands (denominação britânica para as Malvinas) pareça insignificante diante da força-tarefa britânica", diziam os documentos.

E quando nos arquivos se fala em isolamento, a referência feita não é apenas ao isolamento físico das ilhas, mas também ao desamparo psicológico: a ideia era também tirar proveito do afastamento dos soldados de seus familiares e amigos.

Guerra de panfletos
Propaganda britânica durante a Guerra das Malvinas (Foto: BBC)

Para levar a guerra psicológica ao arquipélago, o Grupo Especial de Projetos escolheu "duas armas", segundo os documentos secretos: a produção de panfletos e a instalação de uma emissora de rádio em espanhol.

A história da Rádio Atlântico Sul (RAdS) é bastante conhecida. Muito já foi escrito sobre ela, mas há aspectos menos conhecidos, como seu surgimento, operação e alcance - algo que os arquivos do Ministério da Defesa do Reino Unido revelam parcialmente.

Os panfletos produzidos em diferentes momentos do conflito - foram impressos 12 mil exemplares de cada um - são, talvez, o capítulo mais fascinante da guerra psicológica descrita nos documentos oficiais.

Um dos panfletos se inspira na rápida derrota da tropa argentina nas Ilhas Geórgia do Sul, também ocupadas pelo país sul-americano. Ali, o capitão-de-fragata Alfredo Astiz sucumbiu em 24 de abril de 1982 diante da superioridade das forças britânicas.

O panfleto, que inclui uma foto de Astiz se rendendo, explora em particular o sentimento de separação.

"Seus valorosos companheiros de armas que estavam há pouco tempo nas Ilhas Geórgia do Sul voltaram à terra natal. Fotografias deles recebendo honras militares e reunidos com seus entes queridos apareceram em todos os jornais", diz o documento.

"Eles tomaram uma decisão correta e honrada. Você deve agora fazer o mesmo. Pense no perigo em que você se encontra. Seus suprimentos de guerra e alimentos são muito escassos. Pense em seus familiares e em sua casa, todos esperando seu retorno."

Outro panfleto descreve uma situação ainda mais dramática: "Todos os rigores de um inverno cruel irão cair sobre vocês e o exército argentino não está em condições de enviar os suprimentos e reforços de que vocês tanto precisam".

E completa: "Seus familiares vivem sob terror, sob o medo de que nunca voltarão a vê-los."
Salvo-conduto e canhões
Propaganda britânica durante a Guerra das Malvinas (Foto: BBC)

Entre os panfletos impressos durante o conflito, um deles oferece aos soldados argentinos uma solução prática para "fugir" de sua "situação de desespero": um salvo-conduto assinado por ninguém menos do que o comandante das forças britânicas, o almirante John "Sandy" Woodward.

O documento, com objetivo claro de estimular a deserção, certifica: "O soldado que estiver portando este passe assinou seu desejo de não continuar na batalha. Ele será tratado estritamente de acordo com o estipulado pela Convenção de Genebra e deverá ser retirado da área de operações o mais rápido possível".

E ainda acrescenta, para tranquilizar o soldado: "Serão providenciados alimentos e tratamento médico e depois ele será internado em algum albergue, onde esperará sua repatriação com segurança".

O texto traz instruções precisas sobre como usar o salvo-conduto. Recomenda ao beneficiário: a) entregar sua arma; b) manter o documento de salvo-conduto em posição bem visível; c) aproximar-se do integrante das forças britânicas que estiver mais perto.

No entanto, a guerra psicológica com panfletos não terminou como havia planejado o GEP britânico, a unidade encarregada pela "ofensiva desmoralizadora". Por várias razões.

Em um dos documentos secretos, o GEP reclama das dificuldades causadas pela "falta de (informações de) inteligência" sobre as "características psicológicas do público" para tirar o maior proveito da estratégia com os panfletos.

Essa falta de inteligência, acrescenta, também impossibilitou comprovar se os panfletos tiveram alguma efetividade na região.

O que fica claro com os arquivos revelados é que os panfletos foram despachados para as Malvinas nos navios militares HMS Fearless e HMS Hermes e que houve relatos de que vários deles chegaram a ser distribuídos, ainda que em outros casos tenha sido impossível confirmar se eles efetivamente chegaram aos destinatários.

O GEP ressalta outro obstáculo que teve de enfrentar: as limitações técnicas para lançar os folhetos no "teatro de operações".

"Não foi desenvolvido nenhum projétil para lançar os panfletos como um canhão de 105mm", lamenta. "Também não houve qualquer dispositivo de uso oficial para lançar os panfletos dos aviões de guerra."

Na prática, tudo dependia da boa vontade dos militares britânicos no campo de batalha, que tinham outras prioridades na guerra.

Ondas de rádio
Nos documentos divulgados pelas autoridades britânicas, é possível ler que no fim de abril de 1982 o Ministério da Defesa do Reino Unido propôs a criação de uma emissora de rádio para "rebaixar a moral dos soldados argentinos" nas Malvinas.

A missão, que levava o nome secreto de "Operação Moonshine" ("Luz da Lua"), deu origem à Rádio Atlântico Sul (RAdS).

Seus programas, destinados a "intensificar o sentimento de isolamento das tropas argentinas e estimular sua rendição", seriam produzidos em Londres por uma equipe de 25 pessoas, majoritariamente militares.

Entre eles: um diretor, jornalistas, apresentadores, tradutores, engenheiros do rádio e "coletores" (membros do serviço de inteligência encarregados de obter informações relevantes de todas as fontes possíveis).

De acordo com um dos documentos divulgados, a equipe trabalhou de maneira secreta, em um local da capital britânica. Para evitar comprometer suas operações, os empregados precisavam usar uma senha secreta - "Pinóquio" - para se referir à rádio ou aos seus objetivos.

Essa senha sugere a ideia de engano, mas, paradoxalmente, o grupo encarregado da guerra psicológica insiste que "a RAdS se apresentava como uma emissora neutra e imparcial", que "informava os fatos" com fontes do governo britânico e da Argentina, "se este último fosse compatível com as metas".

A justificativa para esse tipo de orientação editorial pode ser encontrada em um dos documentos: "No decorrer da crise, as autoridades argentinas buscaram maneiras de justificar suas ações e provar, especialmente para seu próprio povo, que estavam sendo bem-sucedidos."

"Montaram uma campanha de propaganda em grande escala em que a verdade foi ignorada. Muitas declarações eram tão exageradas e absurdas que se desmentiam por si mesmas", completa.

'De iniciantes'
Segundo os arquivos secretos do Ministério da Defesa, a "Operação Moonshine" gerou resistência em outras áreas do governo britânico e na BBC, cujos serviços Mundial e Latino-Americano já faziam transmissões no arquipélago e no território argentino.

A BBC também se opôs à iniciativa do governo de assumir o controle de uma de suas antenas na Ilha Ascensão - no meio do Oceano Atlântico - para lançar sua "arma psicológica" pela frequência 9,71 MHz.

A RAdS fez transmissões em espanhol entre 19 de maio e 15 de junho durante quatro horas por dia. A programação incluía boletins de notícias, comunicados, reportagens, e, eventualmente, até músicas.
No entanto, conforme se constata no material divulgado, os líderes da "Operação Moonshine" acabaram frustrados.

Em um dos documentos, há uma pergunta ao então ministro da Defesa, John Nott, se ele acreditava que a RAdS havia contribuído de alguma maneira na captura dos soldados argentinos. "As transmissões eram muito boas...mas eu diria que não tiveram um efeito maior no resultado", respondeu.

Nott parecia julgar de maneira otimista a qualidade da programação da rádio. Porque os arquivos secretos detalham vários problemas nela - para começar, há uma citação à própria BBC dizendo que ela considerava que o conteúdo era "de principiantes" e denunciando que "comprometia" sua imparcialidade.

É possível identificar outros problemas por meio de uma comunicação do Exército argentino interceptada pela inteligência britânica, que é falha e cujas conclusões o governo do Reino Unido acabou aceitando.

"A linguagem usada era similar à da América Central e faltava conhecimento do espanhol falado na Argentina", dizia o documento.

Os britânicos reconhecem isso como um erro estratégico: como poderiam conseguir uma identificação emocional na guerra psicológica se usam expressões da língua que não são faladas ali?

Mas o documento em questão vai além: "Nenhum soldado tinha ideia do que era a RAdS (...) Os soldados argentinos nem estavam sabendo dessas transmissões, nem chegaram a escutá-la devido às circunstâncias."

"A maioria das tropas se encontrava no chão e, com exceção de alguns oficiais, nenhum deles tinha receptores" e que "quando surgia alguma oportunidade de escutar rádio, sintonizavam nas rádios da Argentina".

AUTOR: BBC

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