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terça-feira, 21 de janeiro de 2025

CONHEÇA A MAIOR CAVERNA DO MUNDO EM IMAGENS SURPREENDENTES

 

A caverna é um uma verdadeira obra de arte da natureza. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

Escondida no coração do Vietnã, a Hang Son Doong não é apenas a maior caverna do mundo, mas um universo subterrâneo que desafia nossa imaginação. Descoberta por acaso em 1990 por Ho Khanh, um morador local, e oficialmente explorada em 2009, Son Doong não é fácil de encontrar — nem de esquecer. 

Cercada por selvas densas no Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang, a caverna parece algo saído de um filme de ficção científica: seu interior abriga florestas, rios, estalagmites colossais e passagens tão vastas que poderiam acomodar um Boeing 747 voando através delas.

Esculpida pela natureza

Formada há cerca de dois a três milhões de anos, a caverna se originou quando rios subterrâneos começaram a esculpir um túnel gigantesco através do calcário. Essa composição única permitiu que Son Doong desenvolvesse claraboias naturais — sumidouros gigantes que deixam a luz do sol penetrar e, com isso, criam um ecossistema único e autossuficiente. 
A caverna é um uma verdadeira obra de arte da natureza. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

Mas as florestas são apenas o começo. Algumas imagens de Son Doong revelam formações impressionantes, como estalagmites que se elevam a 80 metros de altura, parecendo pilares que sustentam o teto da caverna. Uma das mais famosas, a "Mão do Cachorro", é uma bela estalagmite com cerca de 60 metros de altura.
Homem em cima da estalagmite "Mão de Cachorro". (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

Em outros cantos, pérolas de caverna, formadas ao longo de milênios por gotas de água carregadas de carbonato de cálcio, decoram o chão como se fossem joias de um tesouro escondido.
As "pérolas" da caverna. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)
O rio subterrâneo que corre pela caverna é outra maravilha. Ele se origina em sistemas cavernosos vizinhos e serpenteia pela Hang Son Doong, criando pequenas cachoeiras e, em certas épocas do ano, enchendo lagos verde-jade que refletem as claraboias naturais. 
Belos rios que se formam na caverna. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

É nesses lagos que os visitantes podem flutuar sob a luz filtrada, cercados pelo silêncio impressionante do mundo subterrâneo.

Pontos famosos

Os sumidouros, conhecidos como Doline 1 e Doline 2, são dois dos pontos mais fotografados da caverna. Quando o sol alcança a Doline 1, os feixes de luz criam uma atmosfera surreal, iluminando a névoa do rio e as formações ao redor.
O brilho magnífico de uma das entradas. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

Já a Doline 2, apelidada de "Jardim de Edam" (uma brincadeira com outra caverna que recebeu o nome de "Jardim do Éden"), abriga uma floresta tropical em plena caverna, onde samambaias, begônias e até árvores altas florescem como se o mundo acima nem existisse.
O Jardim de Edam em todo o seu esplendor. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

E se isso não bastasse, a Grande Muralha do Vietnã, uma parede de calcita de 90 metros de altura, representa o limite final da exploração inicial da caverna. Foi apenas na segunda expedição que os exploradores conseguiram superá-la, revelando novas passagens e confirmando o status de Son Doong como a maior caverna já registrada.
A Grande Muralha do Vietnã. (Fonte: Oxalis/ Divulgação)

Ao longo dos anos, novas descobertas continuaram a expandir os limites do que sabemos sobre Son Doong. Em 2019, uma expedição revelou um túnel subaquático que conecta a caverna a outra, chamada Hang Thung, aumentando ainda mais seu já impressionante volume.

Visitar a Hang Son Doong não é uma tarefa simples — apenas um número limitado de pessoas é autorizado a explorar seu interior a cada ano, e a caminhada até sua entrada é desafiadora. Mas aqueles que se aventuram retornam com histórias de um mundo que parece suspenso no tempo, onde cada passo revela um novo detalhe deste universo subterrâneo.

Seja pelas florestas escondidas, as passagens que poderiam engolir arranha-céus inteiros ou os rios que somem no horizonte, Hang Son Doong continua a nos lembrar que, mesmo em um mundo tão explorado, ainda há mistérios que nos deixam sem palavras.

FONTE: MEGACURIOSO

CONHEÇA OS 5 MISTÉRIOS INEXPLICÁVEIS AO REDOR DO MUNDO

 

Fonte: Wikimedia Commons

1. Bola de Manteiga de Krishna

Fonte: Wikimedia Commons

Na encosta rochosa íngreme da cidade histórica de Mahabalipuram, na Índia, uma enorme rocha redonda chamada de "Bola de Manteiga de Krishna" se recusa a aceitar as leis da gravidade ou ceder aos empurrões de turistas. Inexplicavelmente, a pedra está na beira de uma encosta sem rolar até o chão.

Segundo a mitologia hindu, o deus Krishna era um impetuoso ladrão de manteiga em sua infância e teria deixado uma bola inteira do alimento cair dos céus naquela posição — sento mantida no lugar por forças divinas. De acordo com os historiadores, a rocha está parada na encosta de uma descida de 45º por mais de 1,3 mil anos.

2. Caldera del Diablo

(Fonte: Wikimedia Commons)

A Devil's Kettle Falls, ou Caldera del Diablo, localizada em Minnessota, nos Estados Unidos, é uma cascata que tem intrigado turistas e geólogos há muitas gerações. Ao longo das margens no norte do Lago Superior, um rio se bifurca em um afloramento rochoso e forma um curioso fluxo de água.

Enquanto um lado da catarata cai sobre um barranco de pedras de dois degraus e segue como uma cachoeira normal, o outro lado simplesmente desaparece em um buraco profundo. Há anos, pesquisadores tentam descobrir o destino da água, mas até então nenhuma solução plausível foi encontrada.

3. O zumbido no Novo México
(Fonte: Unsplash)

De acordo com estudos feitos pela Discover Magazine, cerca de 2 a 5% da população mundial escutam um som contínuo de baixo grau, muitas vezes descrito como um zumbido. A cidade de Taos, no Novo México, no entanto, parece ter uma concentração acima do normal dessas pessoas.

Os primeiros relatos começaram na década de 1990, quando muitas pessoas relataram estarem ouvindo um som esquisito e sem fonte iminente. Pesquisadores da Universidade do Novo México chegaram a levar equipamentos nas casas de quem havia se queixado para tentar encontrar o zumbido. Porém, nenhum dado relevante foi obtido.

4. A múmia de Lady Dai
(Fonte: Wikimedia Commons)

Apelidada de Lady Dai, a múmia de Xin Zhui foi apelidada dessa maneira por ter sido esposa do Marquês de Dai, um chanceler chinês. Esse exemplar, entretanto, é uma das múmias mais bizarras de todas. Enquanto seu rosto parece estar inchado e completamente deformado, sua pele permaneceu macia ao toque e não há sinais de rigidez em qualquer parte do corpo — visto que braços e pernas ainda podem dobrar.

Além disso, até os órgãos internos estão intactos e existem indícios de sangue em suas veias. Enquanto outras múmias tendem a desmoronar com qualquer tipo de movimento, Lady Dai está tão bem preservada que os médicos conseguiram fazer uma autopsia de sua morte 2,1 mil anos após sua morte, também determinando seu tipo sanguíneo. A maneira exata como esse corpo lutou conta a decomposição, porém, segue sendo um mistério.

5. Floresta Torta
(Fonte: Wikimedia Commons)

A Floresta Torta é um bosque de 400 pinheiros em formato muito peculiar localizada perto da cidade de Gryfino, na Polônia. Acredita-se que os pinheiros tenham sido plantados por volta de 1930, quando o território ainda fazia parte de uma província alemã.

Com uma curva acentuada de 90º para o norte a partir da base, as árvores se curvam para trás antes de crescer diretamente para o céu — quase como se fossem um ponto de interrogação ao contrário. Mesmo com essa curva acentuada, os pinheiros tendem a crescer saudáveis e sem qualquer tipo de problema. Existem muitas teorias sobre o mistério, embora haja pouca ou nenhuma evidência para apoiar qualquer uma delas.

FONTE: MEGACURIOSO

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

A "CARTA DO DIABO", ESCRITA POR UMA FREIRA POSSUÍDA HÁ QUASE 350 ANOS, FOI FINALMENTE TRADUZIDA

 

Em uma descoberta histórica fascinante, uma carta misteriosa escrita em 1676 tem intrigado pesquisadores e historiadores por séculos. 

O documento, conhecido como a “Carta do Diabo”, foi escrito pela irmã Maria Crocifissa della Concezione, uma freira de 31 anos que vivia no convento de Palma di Montechiaro, na Sicília.

Os eventos relacionados à criação dessa carta são particularmente intrigantes. Em 11 de agosto de 1676, outras freiras encontraram a irmã Maria caída no chão de sua cela, com o rosto manchado de tinta e segurando um documento peculiar, preenchido com símbolos enigmáticos em 14 linhas. O incidente gerou séculos de especulação sobre as origens e o significado do texto.

Análises científicas modernas começaram a desvendar os segredos desse texto misterioso. Daniele Abate, diretor do Centro de Ciências Ludum, na Itália, liderou uma investigação inovadora utilizando softwares avançados para analisar a escrita incomum. “A carta parecia ter sido escrita em taquigrafia”, explicou Abate à Live Science em 2017. A pesquisa revelou uma combinação intrincada de alfabetos antigos, incluindo caracteres gregos, latinos, rúnicos e árabes.

A história pessoal da irmã Maria também oferece um contexto importante para entender o documento. Ela ingressou no convento beneditino aos 15 anos, dedicando sua vida à religião desde muito jovem. Registros históricos indicam que ela sofria episódios noturnos recorrentes, durante os quais aparentemente travava lutas espirituais contra forças que acreditava serem malignas.
A freira vivia na Sicília, Itália.

Por meio de algoritmos sofisticados de decodificação, os pesquisadores examinaram a repetição de sílabas e símbolos para identificar vogais e estabelecer padrões no texto. Os resultados superaram as expectativas iniciais, revelando uma mensagem mais coerente do que se imaginava. O conteúdo decifrado incluía referências à Santíssima Trindade e passagens como: 

“Deus acha que pode libertar os mortais. O sistema não funciona para ninguém. Talvez agora, Styx esteja certo.” Styx, na mitologia grega e romana, é o rio que separa o mundo dos vivos do submundo, o que adiciona mais camadas de complexidade ao texto.
Uma carta supostamente escrita por uma freira possuída por Satanás foi decifrada (Daniele Abate).

A investigação histórica também considerou o estado psicológico da irmã Maria. De acordo com Abate, registros históricos documentaram seus episódios noturnos de angústia, sugerindo que ela poderia estar enfrentando problemas de saúde mental, algo comum para a época. “Ao trabalhar com decifrações históricas, você não pode ignorar o perfil psicológico do autor”, destacou Abate, enfatizando a importância de compreender a pessoa por trás do texto misterioso.

A metodologia da equipe de pesquisa combinou análise histórica com tecnologia moderna. Eles utilizaram softwares especializados para escanear e comparar os símbolos taquigráficos com diferentes idiomas, permitindo que reconstruíssem a combinação incomum de alfabetos antigos que a irmã Maria empregou em sua escrita. Essa abordagem sistemática para decifrar o texto forneceu insights valiosos tanto sobre o conteúdo do documento quanto sobre as habilidades linguísticas de sua autora.

FONTE: MISTÉRIOS DO MUNDO/ Lucas Rabello

ET's EXISTEM?, VEJA O QUE OS CIENTISTAS ACHAM SOBRE A EXISTÊNCIA DE VIDA EXTRATERRESTRE

 

Crença em alienígenas inteligentes é menor entre os cientistas Imagem: Getty Images

Notícias sobre a provável existência de vida extraterrestre e nossas chances de detectá-la tendem a ser positivas. Muitas vezes nos dizem que podemos descobri-la a qualquer momento. Encontrar vida além da Terra é "apenas uma questão de tempo", foi dito em setembro de 2023. "Estamos perto" era uma manchete de setembro de 2024.

É fácil entender o motivo. Manchetes como "Provavelmente não estamos perto" ou "Ninguém sabe" não são muito clicáveis. Mas o que a comunidade relevante de especialistas no assunto realmente pensa quando considerada como um todo? As previsões otimistas são comuns ou raras? Existe mesmo um consenso? Em nosso novo artigo, publicado na revista científica Nature Astronomy, descobrimos isso.

De fevereiro a junho de 2024, realizamos quatro pesquisas sobre a provável existência de vida extraterrestre básica, complexa e inteligente. Enviamos e-mails para astrobiólogos (cientistas que estudam a possível vida extraterrestre), bem como para cientistas de outras áreas, incluindo biólogos e físicos.

No total, 521 astrobiólogos responderam, e recebemos 534 respostas de não astrobiólogos. Os resultados revelam que 86,6% dos astrobiólogos pesquisados responderam "concordo" ou "concordo totalmente" que é provável que exista vida extraterrestre (pelo menos de um tipo básico) em algum lugar do Universo.

Menos de 2% discordaram, e 12% permaneceram neutros. Portanto, com base nisso, podemos dizer que há um consenso sólido de que a vida extraterrestre, de alguma forma, existe em algum lugar lá fora.

Os cientistas que não eram astrobiólogos concordaram essencialmente, com uma pontuação geral de concordância de 88,4%. Em outras palavras, não se pode dizer que os astrobiólogos são tendenciosos a acreditar na vida extraterrestre, em comparação com outros cientistas.

Quando nos voltamos para a vida extraterrestre "complexa" ou alienígenas "inteligentes", nossos resultados foram 67,4% de concordância e 58,2% de concordância, respectivamente, para astrobiólogos e outros cientistas. Portanto, os cientistas tendem a pensar que existe vida extraterrestre, mesmo em formas mais avançadas.

Esses resultados se tornam ainda mais significativos pelo fato de que a discordância em todas as categorias foi baixa. Por exemplo, apenas 10,2% dos astrobiólogos discordaram da afirmação de que é provável que existam alienígenas inteligentes.

Otimistas e pessimistas

Os cientistas estão apenas especulando? Normalmente, só devemos reconhecer um consenso científico quando ele se baseia em evidências (e muitas delas). Como não há evidências adequadas, os cientistas podem estar adivinhando. No entanto, os cientistas tinham a opção de votar "neutro", uma opção que foi escolhida por alguns cientistas que achavam que estariam especulando.

Apenas 12% escolheram essa opção. Na verdade, há muitas evidências "indiretas" ou "teóricas" da existência de vida extraterrestre. Por exemplo, sabemos agora que ambientes habitáveis para a vida como conhecemos são muito comuns no Universo.

Temos vários desses ambientes em nosso próprio Sistema Solar, incluindo os oceanos subsuperficiais das luas Europa e Encélado e, possivelmente, também o ambiente a alguns quilômetros abaixo da superfície de Marte. Também parece relevante que Marte costumava ser altamente habitável, com lagos e rios de água líquida em sua superfície e uma atmosfera substancial.

É razoável generalizar a partir daqui para um número verdadeiramente gigantesco de ambientes habitáveis em toda a galáxia e no Universo mais amplo. Também sabemos (já que estamos aqui) que a vida pode começar a partir da "não vida" — afinal, isso aconteceu na Terra. Embora a origem das primeiras formas simples de vida seja pouco compreendida, não há nenhuma razão convincente para pensar que ela exija condições astronomicamente raras. E mesmo que isso aconteça, a probabilidade de a vida ter começado (abiogênese) é claramente diferente de zero.

Isso pode nos ajudar a ver a concordância de 86,6% quanto à possibilidade de existência de vida extraterrestre sob uma nova perspectiva. Talvez não seja, de fato, um consenso surpreendentemente forte. Talvez seja um consenso surpreendentemente fraco. Considere os números: existem mais de 100 bilhões de galáxias. E sabemos que os ambientes habitáveis estão em toda parte.

Digamos que existam 100 bilhões de bilhões de mundos habitáveis (planetas ou luas) no Universo. Suponhamos que sejamos tão pessimistas que pensemos que as chances de a vida começar em qualquer mundo habitável é de uma em um bilhão de bilhões. Nesse caso, ainda assim responderíamos "concordo" à afirmação de que é provável que exista vida alienígena no Universo.

Assim, otimistas e pessimistas deveriam ter respondido "concordo" ou "concordo totalmente" à nossa pesquisa, sendo que apenas os pessimistas mais radicais sobre a origem da vida discordariam.

Tendo isso em mente, poderíamos apresentar nossos dados de outra forma. Suponhamos que desconsideremos os 60 votos neutros que recebemos. Talvez esses cientistas tenham achado que estariam especulando e não quiseram tomar uma posição. Nesse caso, faz sentido ignorar seus votos. Isso deixa 461 votos no total, dos quais 451 foram para concordar ou concordar totalmente. Agora, temos uma porcentagem geral de concordância de 97,8%.

Essa mudança não é tão ilegítima quanto parece. Os cientistas sabem que, se escolherem "neutro", não é possível que estejam errados. Portanto, essa é a escolha "segura". Na pesquisa, isso é frequentemente chamado de "satisficing" (algo como "se satisfazer").

Como o geofísico Edward Bullard escreveu em 1975 enquanto debatia se todos os continentes já foram unidos, em vez de fazer uma escolha, "é mais prudente ficar quieto, (?) sentar-se em cima do muro e esperar por mais dados em uma ambiguidade de estadista". Ficar quieto não é apenas uma escolha segura para os cientistas, mas significa que o cientista não precisa pensar muito —é a escolha fácil.
Vida extraterrestre faz parte do imaginário e de produções audiovisuais Imagem: Divulgação/ Disney

Obtendo o equilíbrio certo

O que provavelmente queremos é equilíbrio. De um lado, temos a falta de evidências empíricas diretas e a relutância de cientistas responsáveis em especular. Por outro lado, temos evidências de outros tipos, incluindo o número verdadeiramente gigantesco de ambientes habitáveis no Universo.

Sabemos que a probabilidade de a vida ter começado em algum lugar do Universo é diferente de zero. Talvez 86,6% de concordância, com 12% de neutralidade e menos de 2% de discordância, seja um compromisso sensato, considerando todos os aspectos.

Talvez —dado o problema da satisfação— sempre que apresentarmos esses resultados, devamos apresentar dois resultados para a concordância geral: um com votos neutros incluídos (86,6%) e outro com votos neutros desconsiderados (97,8%). Nenhum dos resultados é o único e correto.

Cada perspectiva atende a diferentes necessidades analíticas e ajuda a evitar a simplificação excessiva dos dados. Em última análise, informar os dois números --e ser transparente sobre seus contextos-- é a maneira mais honesta de representar a verdadeira complexidade das respostas.

* Peter Vickers, professor de filosofia da ciência na Universidade Durham; Henry Taylor, professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade de Birmingham, e Sean McMahon, pesquisador de astrobiologia da Universidade de Edimburgo

Este artigo é republicado de The Conversation sob a licença Creative Commons.

FONTE: UOL TILT

domingo, 19 de janeiro de 2025

VEJA COMO FOI CRIADA A PRIMEIRA BRIGADA DE INCÊNDIO DO MUNDO HÁ 200 ANOS; "ATÉ ENTÃO SÓ SE JOGAVA ÁGUA PELA JANELA"

 

Fiscal de construções James Braidwood (1800-1861) foi o primeiro chefe dos bombeiros da capital da Escócia, Edimburgo Museum of Scottish Fire Heritage

No século 19, o centro da capital da Escócia, Edimburgo, estava repleto de edificações, muitas delas construídas de madeira. A maior parte das casas e dos comércios dependia do fogo para se aquecer, cozinhar e para todo tipo de trabalho.

Mas quando o fogo saía de controle, ele inevitavelmente se espalhava com rapidez pelas ruas estreitas e becos do que hoje é conhecida como "cidade velha".

Algumas pessoas tinham seus próprios baldes de combate ao fogo. E quem tinha mais dinheiro pagava seguradoras, que mantinham vigilantes para soar o alarme e trazer equipes para apagar os incêndios.

Mas este era um sistema bastante fragmentado e, muitas vezes, ineficiente.

Preocupado com a manutenção da ordem na cidade, o comissário de polícia de Edimburgo denunciou que os bombeiros eram mal equipados, mal organizados e não recebiam treinamento e formação adequada.

Paralelamente, as seguradoras comerciais competiam pelos negócios. Às vezes, elas chegavam a brigar pelas fontes de água.

Seu papel principal era de salvamento. Quanto mais objetos elas pudessem salvar dos incêndios, menor seria o valor do pedido de seguro.
Dave Farries trabalhou como bombeiro por 55 anos

"Eles trabalhavam com a cara e a coragem, lançando água sobre a fumaça e torcendo pelo melhor", conta o historiador Dave Farries, do Museu do Patrimônio Escocês do Fogo, em Edimburgo.

"Quando a questão era o seguro, as brigadas que combatiam os incêndios às vezes acabavam disputando as fontes de água."

"Ninguém ia para um incêndio tentar combatê-lo, eles simplesmente tentavam despejar água pelas janelas com baldes, basicamente sem sucesso e a maior parte dos bens, na verdade, acabava destruída pelo fogo."

Farries foi bombeiro e voluntário por 55 anos. Hoje, ele é embaixador do museu.

Ele conta que, em 1824, uma série de grandes incêndios na "cidade velha" de Edimburgo alertou as autoridades municipais sobre a necessidade de criar uma forma melhor de organizar o combate a incêndios.

No outono daquele ano, ocorreu o Grande Incêndio de Edimburgo, que durou cinco dias. Foram 13 mortos e centenas de desabrigados, que tiveram suas superlotadas residências destruídas.

O Corpo de Bombeiros de Edimburgo foi a primeira brigada de incêndio do mundo a ser financiada pelo município. Ou seja, seus serviços eram gratuitos para os cidadãos.

O primeiro chefe dos bombeiros da cidade foi o fiscal de construções James Braidwood (1800-1861), de 23 anos. Hoje, ele é considerado o "pai do serviço de bombeiros moderno".
Corpo de bombeiros de Inverness, na Escócia, em 1910: brigadas contra incêndio de todo o Reino Unido copiaram o modelo de Edimburgo Museum of Scottish Fire Heritage

Braidwood organizou um serviço muito mais coordenado e eficiente, incluindo melhor treinamento, condicionamento físico e comunicação. Ele ajudou a projetar e desenvolver equipamento personalizado, como capacetes especiais com proteção para o pescoço e o primeiro carro de bombeiros da Escócia, puxado pelos próprios brigadistas.

Doze pessoas trabalhavam com o equipamento, bombeando a manivela 24 vezes por minuto. E os populares que ajudassem recebiam uma gratificação e cerveja de graça.

Os primeiros bombeiros foram recrutados entre os profissionais da cidade, como especialistas em telhados, pedreiros e carpinteiros, com idades entre 17 e 25 anos.

Estes profissionais sabiam como os edifícios foram construídos. "Eles entram mais rapidamente no espírito da profissão e são treinados com mais facilidade", escreveu Braidwood.

O chefe dos bombeiros elogiava seus subordinados quando cuidavam bem do equipamento, mas os multava em caso de negligência.

"Ele formou uma brigada de incêndio que se tornou conhecida mundialmente", conta Farries.

"Vinham pessoas de todas as partes das ilhas britânicas e do exterior para ver como ele fazia."
Bomba de água manual do ano de fundação do Corpo de Bombeiros de Edimburgo, exibida em 2012 no Museu do Serviço de Bombeiros e Resgate de Lothian and Borders (atualmente conhecido como Museu do Patrimônio Histórico dos Bombeiros da Escócia) Kim Traynor

"Em 1830, a pedido de muitas pessoas, ele escreveu um livro contando como realizou o processo e como treinou seus bombeiros com os aparelhos de incêndio. O livro realmente se tornou uma bíblia para os bombeiros."

Tania Dron, da operadora de turismo de Edimburgo Mercat Tours, afirma que "James Braidwood introduziu uma série de métodos, tanto em termos de como combater incêndios, quanto em termos de equipamento".

"Até aquele momento, nós realmente não entrávamos nos edifícios para apagar incêndios – nós estávamos molhando as construções pelo lado de fora. Ele foi quem treinou as pessoas para, de fato, entrarem nos prédios", explica ela.

"Ele desenvolveu novos equipamentos e também se assegurou de manter sua autoridade em Edimburgo, para que fosse reconhecido e, quando surgisse um incêndio, ele ficasse no comando."

"Hoje em dia, todos são muito agradecidos pelos nossos serviços de combate a incêndios e pelo seu trabalho, mas acho que é fácil esquecer de onde veio tudo isso", destaca Dron.

"Muito poucas pessoas sabem que veio daqui. Veio do centro da cidade de Edimburgo."

FONTE: BBC

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

SAIBA QUEM FOI FREI CANECA, O PADRE REVOLUCIONÁRIO FUZILADO HÁ 200 ANOS

A Execução de Frei Caneca, em obra de Murillo La Greca, de 1924 Domínio Público

Condenado à morte por uma comissão militar autorizada, com plenos poderes, pelo imperador d. Pedro 1º (1798-1834), o padre, jornalista, escritor e militante político Joaquim da Silva Rabelo (1779-1825) mais conhecido como Frei Caneca, foi fuzilado diante do Forte das Cinco Pontas, em Recife, no dia 13 de janeiro de 1825, há 200 anos.

Sua sentença havia sido proferida em 20 de dezembro, pelo "assassino tribunal", como ele mesmo classificou em um de seus últimos textos escritos na prisão.

Republicano e, principalmente, federalista, o religioso foi um dos principais participantes da Revolução Pernambucana de 1817 e um dos mentores da Confederação do Equador, movimento autonomista que pretendia criar um Estado independente no Nordeste, deflagrado em 1824.

A condenação à morte, assim como de outros 30 confederados, baseou-se nos crimes de sedição e rebelião contra "as imperiais ordens de sua Majestade Imperial".

A comissão militar, presidida por Francisco de Lima e Silva (1785-1853) era investida de poderes absolutos para julgar aqueles tidos como rebeldes e conferir sentenças sumárias.

"Na repressão, o imperador suspendeu as garantias constitucionais. A comissão militar foi encarregada de julgar de forma verbal e sumariíssima os cabeças do levante", diz à BBC News Brasil o historiador George Cabral, professor na Universidade Federal de Pernambuco.

"Fica muito evidente que d. Pedro 1º tinha pressa eliminar esses líderes, em eliminar radicalmente as lideranças revolucionárias. A comissão cumpriu apenas o trâmite. Na prática, fica claro que já havia interesse determinado de eliminar os líderes, como se a sentença já estivesse vindo pronta do Rio."

No momento da aplicação da pena capital, que era prevista para ocorrer por enforcamento, Frei Caneca foi despojado das vestes religiosas, em um simbolismo que indicava que ele deixava de ser visto como um padre. Foi excomungado e instalado no cadafalso.

Contudo, um a um, três carrascos incumbidos de enforcá-lo desistiram da atroz empreitada. A comissão militar, então, ordenou o fuzilamento.

Conforme explica à BBC News Brasil o historiador Marcus de Carvalho, também professor na Universidade Federal de Pernambuco, havia um entendimento na época de que "não se matava padre", justamente porque eles eram vistos como "enviados de Deus".

Frei Caneca acabou sendo transformado em uma espécie de "Tiradentes do Nordeste", como define à BBC News Brasil o historiador Paulo Henrique Martinez, professor na Universidade Estadual Paulista.

"Sua obra escrita, biografia e atuação política foram recuperadas posteriormente e realçadas em momentos de afirmação e de mobilização política em Pernambuco e na região Nordeste", diz ele.

"O 'mártir da liberdade' foi idealizado e teve a sua imagem construída, e de forma sistemática, a partir da segunda metade do século 19."

O historiador ressalta que o julgamento de Frei Caneca foi "tipicamente de exceção". "Comissões militares apreciaram as respectivas formas de participação, envolvimento e dedicação individual na rebelião.

Ditaram procedimentos e sentenças consideradas excessivas, dado a origem e a vinculação de inúmeros rebeldes com as elites sociais e econômicas regionais", contextualiza.

"As dissenções internas entre grupos e interesses específicos não desfrutaram de tolerância, conciliação, nem piedade, por parte dos vencedores identificados com a centralização e a autoridade política polarizada e sediada no Rio de Janeiro."

Frei Caneca incomodava o governo imperial não somente pela participação em movimentos revolucionários. Ele também fazia sermões com ideais republicanas e, como jornalista, escrevia artigos em que defendia um sistema de governo com maior participação popular e autonomias regionais.

Os textos eram publicados tanto em seu jornal, o Typhis Pernambucano, como em outros periódicos com os quais ele se correspondia, ecoando inclusive na corte sediada no Rio de Janeiro.

POBRE, ERUDITO E MILITANTE

De família humilde, desde criança demonstrava uma inteligência acima da média. Era filho de um tanoeiro português — daí a origem de seu apelido "caneca" — que vivia em um povoado no entorno do Recife. Provavelmente ingressou na ordem dos carmelitas para conseguir ter acesso aos estudos. Para isso, teria contado com a influência de um primo de sua mãe, também religioso da mesma congregação.

Entrou para o Convento de Nossa Senhor do Carmo em 1796, tornou-se frade no ano seguinte e foi ordenado padre em 1801, com apenas 22 anos. Como religioso, assumiu o nome de Joaquim do Amor Divino Caneca.

Sua erudição fez com que ele se destacasse. Logo seria professor de retórica, geometria e filosofia de seu convento.

"Caneca deve à Igreja, à ordem carmelita, a oportunidade de vida de poder ter estudado e ter tido acesso ao conhecimento que ele teve. Com exceção de uma curta viagem a Alagoas, ele nunca havia saído de Pernambuco. Todo o conhecimento que ele absorveu o fez de bibliotecas locais, sobretudo vinculadas à igreja", pontua Cabral.

Tornou-se maçom e passou a compartilhar com seus companheiros ideais liberais e republicanas, influenciado pelos ecos da Revolução Francesa (de 1789) e pelo movimento que tornou os Estados Unidos uma nação independente, de 1776. O modelo americano, de uma republica federalista, parecia-lhe o ideal.

Em 1817, Frei Caneca foi um dos participantes mais ativos da chamada Revolução Pernambucana, que proclamou uma república e criou um governo independente na região. Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello conta no seu livro A Outra Independência: Pernambuco, 1817-1824, ele não foi um militante de primeira hora — não há registros de sua atuação nos primeiros acontecimentos do movimento.

"Sua presença só se detecta nas últimas semanas de existência do regime, ao acompanhar o exército republicano que marchava para o sul da província a enfrentar as tropas do conde dos Arcos, ocasião em que, segundo a acusação, teria exercido de capitão de guerrilhas", escreve o historiador.

Caneca era visto como conselheiro do grupo republicano, além de prestar assistência espiritual aos combatentes.

Derrotado o movimento, o religioso foi preso e enviado para Salvador. Segundo relatos da época, quando acabou detido, estava descalço e vestia uma batina rasgada e muito suja. Nos quatro anos em que cumpriu pena escreveu, no cárcere, uma gramática da língua portuguesa.
Página do processo de julgamento dos líderes da Revolução Pernambucana Arquivo Nacional

REPUBLICAMO MESMO?

"Inegavelmente a autonomia regional foi o principal valor político manifestado em seu engajamento nos disputas e nos embates durante a conjuntura que resultou na emancipação do Brasil. A sua execução não permitiu que houvesse expressão e revisão das ideias que tinham animado a sua ação política", comenta Martinez.

Há uma discussão se Frei Caneca era essencialmente republicano ou não. O historiador George Cabral explica que a raiz desta controvérsia está no fato de que em 8 de dezembro de 1822, três meses após d. Pedro 1º ter proclamado a independência, ele fez um sermão saudando o imperador recém-coroado.

"No entanto, ele já havia participado da Revolução de 1817, que foi republicana, e ficado preso", ressalta Cabral. "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia." "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia."

Para Cabral, é importante lembrar que naquele momento histórico "era conveniente e sensato", nas publicações e manifestos, não empregar "abertamente a palavra república", para não ser enquadrado em "crime de lesa majestade". "Percebemos uma relutância, em geral, em fixar por escrito o termo […], e isso pode justificar o Caneca não ter usado de forma mais explícita em seus textos", analisa.

"O modelo de nação que ele propõe é um modelo no qual o cidadão tem de ter uma participação ativa, sendo conclamado a participar da vida política. É essencialmente um regime republicano, com espaço para a participação pública", comenta o historiador. "Então, mesmo que não se declarando abertamente republicano, na sua base de pensamento ele defende, sim, a república […] sobretudo olhando o modelo norte-americano."

"Ele tanto dialogava bastante com as ideias republicanas quanto também com o desejo de Pernambuco de ter uma independência", diz à BBC News Brasil o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Carvalho afirma que "não tem nenhuma dúvida" de que Frei Caneca fosse republicano. "Mas eram republicanos que aceitariam uma monarquia constitucional", ressalva. Por isso o estopim teria sido a dissolução da assembleia e a imposição da constituição de d. Pedro.

Para entender isto é preciso voltar ao fio da história.

ECOS DE PORTUGAL

O movimento de 1817 havia sido esmagado pelas tropas governamentais, mas não as ideias republicanas que pipocavam em diversas partes da então América portuguesa. Frei Caneca foi solto em 1821, voltou ao Recife e logo encontrou espaço para retomar sua militância política.

O contexto era outro. A Revolta Liberal do Porto, de 1820, que defendia transformar Portugal em uma monarquia constitucional ecoava do outro lado do Atlântico. Caneca e seus companheiros viam espaço para que suas ideias finalmente pudessem ser colocadas em prática.

Neste momento, o caminho que parecia natural seria uma adesão às cortes de Lisboa, em um xeque-mate emancipacionista frente à corte sediada no Rio. Era uma maneira de seguir atrelado a Portugal, contudo driblando a regência do então príncipe d. Pedro.

Pernambuco teve então duas juntas governativas no período. Até que, em 1823, com o Brasil já território proclamado independente e sob um governo imperial, foi criada a Confederação do Equador.

Frei Caneca demonstrava indignação com o fato de que "o Senado do Rio" ser "a bússola do Brasil", servindo de "guia a todas as demais províncias". Queria autonomia, buscando um modelo similar ao federalismo norte-americano.

Em 2 de julho de 1824 declararam criada a Confederação do Equador, um projeto de nação autônoma formada pelas então províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Não deu certo. Além de Pernambuco, apenas alguns povoados cearenses e paraibanos foram convencidos a integrar o plano.

Em seu livro, Mello ressalta que em nenhum momento a Confederação do Equador cravou ser republicana. Ele destaca que o movimento não pretendia "fazer uma revolução", tampouco "destruir a monarquia constitucional".

Era, na verdade, baseado na oposição ao projeto de d. Pedro 1º — principalmente depois que o mesmo, em novembro de 1823, dissolveu a assembleia constituinte para impor sua própria Carta Magna, conhecida como Constituição Outorgada.

IMPRENSA

A essa altura, as ideias de Frei Caneca já eram conhecidas pela elite intelectual e política do país. De dezembro de 1823 a agosto de 1824 ele editou um periódico, do qual foi fundador, chamado Typhis Pernambucano. Era uma publicação engajada, que se prestava a fazer crítica política e a defender a liberdade constitucional.

"Ele soube utilizar de modo muito intenso a imprensa, publicando em muitos periódicos, não só em seu jornal em Pernambuco mas também na corte, que reproduzia os textos saídos aqui. Havia um intercâmbio grande nesse momento", diz Cabral.

"Por isso as ideias de Caneca repercutiram em outras parte do Brasil. E foi exatamente essa repercussão que despertou um furor, um ódio, uma antipatia muito grande do imperador contra ele. Ficou evidente que ele era uma das pessoas mais visadas para a repressão", acrescenta.

Seu conteúdo acabou reeditado em 1972, quando a Assembleia Legislativa de Pernambuco publicou o conjunto facsimilar sob o título de Obras Políticas e Literárias. Doze anos mais tarde, o Senado Federal também reeditou em livro o conteúdo do Typhis.

Além da imprensa, Frei Caneca também tinha o púlpito da igreja a seu favor. "Ele teve uma vida eclesial ativa. Fica evidenciado que ele andava de hábito, inclusive, o tempo todo com seu hábito de carmelita. Somente no momento da luta ele deixou de usar o hábito e passou a usar o que os documentos descrevem como jaqueta de guerrilha", diz Cabral. "Mas essa vida eclesial também se reflete no fato de que ele fez sermões, pregou nas igrejas, escreveu textos de cunho religioso…"

"Mas ele mesmo disse que sua atuação extrapolava os muros do convento", lembra Ramirez.

Cabral comenta que Frei Caneca soube combinar "duas dimensões da vida", a de padre e a de militante, como também amalgamou "teoria e prática revolucionária". "Ele lutou com a pena e com o fuzil", afirma o historiador.
Julgamento de Frei Caneca, em obra de Antônio Parreiras, de 1918 Domínio Público

REPRESSÃO

A repressão à Confederação do Equador foi violenta porque o governo imperial temia que fagulhas separatistas se tornassem praxe incendiassem todo o território. Com dinheiro emprestado da Inglaterra, uma tropa de mercenários foi contratada para acabar com o projeto autonomista.

O grupo inicial, de 1,2 mil combatentes, acabou ganhando reforço no caminho do Rio até o Nordeste, chegando a contar com 3,5 mil homens. Houve cerco e ataques ao Recife. Segundo historiadores, a repressão à Confederação do Equador foi a mais rigorosa dentre todas as que buscaram conter motins e revoltas no período imperial brasileiro.

Frei Caneca e outros 30 foram condenados à morte, mas nove conseguiram fugir. Mais de 100 outros foram presos. Não há consenso sobre quantos acabaram mortos nos combates.

Para Martinez, a própria rapidez com que Caneca foi julgado e executado deixou uma lacuna: o próprio não teve a oportunidade de explicar o movimento do qual havia sido um dos líderes.

"Ao contrário do que aconteceu em 1817, a repressão aos líderes de 1824 foi sem prisão e sem anistia. A condenação à morte e a execução sumária impediram que a experiência política daquele movimento fosse avaliada e explicada pelos próprios protagonistas", avalia.

FONTE: BBC

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