O vulcão Anak Krakatau tem ficado em atividade por anos EPA
Ninguém fazia ideia e certamente não houve aviso de que um tsunami estava se aproximando do Estreito de Sunda, na Indonésia. Pelo menos 281 pessoas morreram e 1.016 ficaram feridas quando a onda atingiu a costa do país neste sábado.
É claro que todo mundo na região tinha conhecimento do Anak Krakatau, o vulcão que emergiu no canal marítimo há menos de 100 anos. Porém, as erupções do vulcão são descritas por especialistas como de baixa escala ou semicontínuas.
Vulcões têm a capacidade de gerar grandes ondas marítimas. O mecanismo que permite o fenômeno, como sempre, é um deslocamento de água de grandes proporções.
No entanto, diferentemente de um tsunami gerado por um terremoto, no qual o fundo do mar se desloca para cima e para baixo, aparentemente o que provocou o evento na Indonésia foi uma espécie de deslizamento de terra durante a erupção do Krakatau.
Não está claro se parte da lateral do vulcão entrou em colapso e o material caiu no mar, empurrando a água à frente, ou se o movimento no flanco provocou uma rápida queda de sedimentos já embaixo d'água.
Ninguém fazia ideia e certamente não houve aviso de que um tsunami estava se aproximando do Estreito de Sunda, na Indonésia. Pelo menos 281 pessoas morreram e 1.016 ficaram feridas quando a onda atingiu a costa do país neste sábado.
É claro que todo mundo na região tinha conhecimento do Anak Krakatau, o vulcão que emergiu no canal marítimo há menos de 100 anos. Porém, as erupções do vulcão são descritas por especialistas como de baixa escala ou semicontínuas.
Vulcões têm a capacidade de gerar grandes ondas marítimas. O mecanismo que permite o fenômeno, como sempre, é um deslocamento de água de grandes proporções.
No entanto, diferentemente de um tsunami gerado por um terremoto, no qual o fundo do mar se desloca para cima e para baixo, aparentemente o que provocou o evento na Indonésia foi uma espécie de deslizamento de terra durante a erupção do Krakatau.
Não está claro se parte da lateral do vulcão entrou em colapso e o material caiu no mar, empurrando a água à frente, ou se o movimento no flanco provocou uma rápida queda de sedimentos já embaixo d'água.
O vulcão Anak Krakatoa fica no meio do oceano, a noroeste da ilha de Java GETTY IMAGES
A segunda opção parece ser a mais provável, segundo especialistas ouvidos pela BBC. Mas o efeito é o mesmo nos dois casos: a coluna de água se movimenta e as ondas se propagam em direção à costa.
Medidores de maré no Estreito de Sunda indicaram água alta cerca de meia hora após a última atividade eruptiva do Anak Krakatau, aproximadamente às 21h de sábado, em horário local.
O professor Dan Parson, da Universidade de Hull, no Reino Unido, afirmou que as laterais dos vulcões, os flancos, são instáveis e podem desmoronar. "Os flancos são notoriamente instáveis. Me parece que, nesse caso, o deslizamento para dentro ou já no fundo do mar gerou um tsunami significativo", explicou à BBC.
Imagem área mostra destruição na praia de Carita, em Pandeglang, na Indonésia AFP
"O Krakatoa original explodiu e se destruiu em 1883 e, desde então, ele tem se formado novamente bem devagar. À medida que os vulcões se formam, os seus flancos podem se tornar instáveis e entrar em colapso mesmo sem nenhuma atividade vulcânica", diz.
Após o fenômeno de sábado, cientistas começaram a estudar o que pode ter causado o tsunami. Resultados preliminares sugerem que algo aconteceu no flanco sul do Krakatau. Nos próximos dias, essa área passará por intenso escrutínio de especialistas.
Deslizamentos ou desmoronamentos podem causar tsunamis gigantescos, como foi o caso do evento ocorrido na Indonésia. Na história geológica, eles foram responsáveis por grandes desastres.
Em 2017, por exemplo, um deslizamento de rochas causou ondas gigantescas que atingiram o oeste da Groenlândia. Há ainda suspeita de que um tsunami de setembro deste ano, que afetou a ilha de Sulawesi, também na Indonésia, tenha sido, pelo menos em parte, fortalecido pelo movimento em massa de sedimentos, seja entrando na água da costa ou escorregando em encostas submersas na Baía de Palu.
Testemunhas contaram que, neste sábado, as ondas que atingiram o estreito de Sunda tinham cerca de cinco metros de altura. Mesmo grandes, essas ondas podem se dissipar rapidamente depois que se afastam de sua fonte.
Uma das coisas mais desesperadoras em ocasiões como essa é ver vídeos em que pessoas são flagradas sob total desconhecimento do que está por vir. Ou seja, no caso da Indonésia, as pessoas não tinham como saber que um tsunami estava chegando porque não foram "avisadas" por um terremoto anterior. Em outras ocasiões, tremores de terra funcionam como avisos de que uma onda gigante pode atingir a costa - e, assim, muitas vezes há tempo para a evacuação.
Testemunhas contaram que, neste sábado, as ondas que atingiram o estreito de Sunda tinham cerca de cinco metros de altura. Mesmo grandes, essas ondas podem se dissipar rapidamente depois que se afastam de sua fonte.
Uma das coisas mais desesperadoras em ocasiões como essa é ver vídeos em que pessoas são flagradas sob total desconhecimento do que está por vir. Ou seja, no caso da Indonésia, as pessoas não tinham como saber que um tsunami estava chegando porque não foram "avisadas" por um terremoto anterior. Em outras ocasiões, tremores de terra funcionam como avisos de que uma onda gigante pode atingir a costa - e, assim, muitas vezes há tempo para a evacuação.
Parentes tentam encontrar parentes em lista de vítimas do tsunami REUTERS
Mas, embora houvesse sismicidade (movimento da terra) relatada por instrumentos, ela não foi tão grande a ponto de mudar o comportamento das pessoas - daí a surpresa quando a onda chegou.
"Boias de alerta estão posicionadas para avisar sobre tsunamis originados por terremotos em limites de placas tectônicas submarinas. Mesmo se houvesse uma bóia ao lado do Anak Krakatau, ele é tão próximo da costa que o tempo para evacuação teria sido mínimo diante da alta velocidade em que as ondas do tsunami viajam", observou o professor Dave Rothery, da Universidade Aberta do Reino Unido.
Segundo os especialistas, o que um evento como este (e da Baía de Palu, que também pegou a população desprevenida) nos ensina é que é preciso muito mais pesquisas sobre os perigos que existem longe do que normalmente já é esperado.
Depois do tsunami de 2004, quando mais 200 mil pessoas morreram na região do Oceano Índico, houve um enorme esforço de pesquisa para entender o que são chamados de terremotos e tsunamis de subducção, área de convergência entre placas tectônicas. A ciência agora precisa estudar profundamente os problemas mais amplos da região, como o caso dos vulcões.
Esse alerta foi tornado público durante o Encontro da União Geofísica dos Estados Unidos, neste mês, a maior reunião anual de cientistas do mundo.
"O foco é sempre onde está a luz", disse o professor Hermann Fritz, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos. "O foco tem sido em Sumatra e Java, nas grandes trincheiras de subducção. Os centros de alerta também se concentraram nisso, porque tivemos grandes eventos, como o do Japão em 2011, do Chile em 2010 e de Sumatra em 2004. Estes são todos os eventos clássicos da zona de subducção, então tudo foi voltado para eles", disse.
AUTOR: BBC