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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ESPAÇO: CIENTISTAS DESCOBREM PLANETA GIGANTE 'QUE NÃO DEVERIA EXISTIR'

Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais. Foto: University of Bern

Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais.

O planeta, semelhante a Júpiter, é extraordinariamente grande em comparação com sua estrela-mãe, contradizendo um conceito amplamente aceito sobre a forma como os planetas se formam.

A estrela, que fica a 284 trilhões de quilômetros de distância, é uma anã vermelha do tipo M – o mais comum em nossa galáxia.

Uma equipe internacional de astrônomos relatou suas descobertas na revista Science.

"É emocionante, porque há muito tempo nos perguntamos se planetas gigantes como Júpiter e Saturno podem se formar em torno de estrelas tão pequenas", diz Peter Wheatley, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, que não participou do estudo mais recente.

"Acho que a impressão geral foi de que esses planetas simplesmente não existiam, mas não podíamos ter certeza porque as estrelas pequenas são muito fracas, o que as torna difíceis de estudar, mesmo sendo muito mais comuns que estrelas como o Sol", disse Wheatley à BBC News.

Pesquisadores usaram telescópios na Espanha e nos Estados Unidos para rastrear as acelerações gravitacionais da estrela que podem ser estimuladas por planetas em órbita.

A anã vermelha tem uma massa maior que seu planeta em órbita – chamado GJ 3512b. Mas a diferença entre seus tamanhos é muito menor do que entre o Sol e Júpiter.

A estrela distante tem uma massa que é, no máximo, 270 vezes maior que o planeta. Para comparação, o Sol é cerca de 1.050 vezes mais massivo que Júpiter.
A estrela foi descoberta usando o observatório Calar Alto, na Espanha Foto: Calar Alto Observatory

Os astrônomos usam simulações de computador para testar suas teorias de como os planetas se formam a partir das nuvens, ou "discos", de gás e poeira orbitando estrelas jovens. Essas simulações preveem que muitos planetas pequenos devem se reunir em torno de pequenas estrelas-anãs do tipo M.
"Em torno dessas estrelas só deve haver planetas do tamanho da Terra ou super-Terras um pouco mais massivas", disse um dos coautores do estudo, Christoph Mordasini, professor da Universidade de Berna, na Suíça.

Um exemplo da vida real de um sistema planetário que está de acordo com a teoria é o de uma estrela conhecida como Trappist-1.

Esta estrela, situada a 369 trilhões de quilômetros (39 anos-luz) do Sol, abriga um sistema de sete planetas, todos com massas aproximadamente iguais à da Terra, ou ligeiramente menores.

"A GJ 3512b, no entanto, é um planeta gigante com uma massa cerca da metade do tamanho de Júpiter e, portanto, pelo menos uma ordem de magnitude mais massiva que os planetas previstos pelos modelos teóricos para essa estrela tão pequena", disse o professor Mordasini.

A descoberta desafia a ideia amplamente difundida de formação de planetas, conhecida como acreção.

Geralmente pensamos em planetas gigantes que começam a vida como um núcleo de gelo, orbitando um disco de gás ao redor da estrela jovem e depois crescendo rapidamente, atraindo gás para si", disse Wheatley.

"Mas os autores argumentam que os discos ao redor de pequenas estrelas não fornecem material suficiente para que isso aconteça. Em vez disso, consideram mais provável que o planeta tenha se formado repentinamente quando parte do disco entrou em colapso devido a sua própria gravidade".

Os autores do artigo da Science propõem que esse colapso pode ocorrer quando o disco de gás e poeira tem mais de um décimo da massa da estrela-mãe. Sob essas condições, o efeito gravitacional da estrela se torna insuficiente para manter o disco estável.

A matéria do disco é puxada para dentro para formar um aglomerado gravitacional, que se desenvolve ao longo do tempo em um planeta. A ideia prevê que esse colapso ocorra mais longe da estrela, enquanto os planetas podem se formar por acúmulo de núcleo muito mais próximo.

Wheatley foi coautor de um estudo em 2017 que descreveu um gigante de gás chamado NGTS-1b, encontrado em telescópios liderados pelo Reino Unido no Chile. O NGTS-1b também é muito grande comparado ao tamanho de sua estrela-mãe - outra anã vermelha do tipo M, que fica a 600 anos-luz (cinco quatrilhões de quilômetros) de distância da Terra.

"A estrela-mãe é pequena, mas não tão pequena quanto este novo exemplo (GJ 3512). Pode ser que a NGTS-1 represente a menor estrela que pode formar planetas próximos por meio de acreção por núcleo, e que estrelas menores apenas formam planetas gigantes mais distantes pelo modelo de colapso gravitacional", disse Wheatley.

"Esses tipos de previsões são inestimáveis ​​para direcionar futuras pesquisas, permitindo testar esses modelos".

De fato, os autores do estudo na Science sugerem que o GJ 3512b deve ter migrado por uma longa distância para sua posição atual abaixo de 1 unidade astronômica (150 milhões de quilômetros).

Com sua órbita oval de 204 dias em torno da estrela, a GJ 3512b passa a maior parte do tempo mais perto da anã vermelha do que a distância de Mercúrio ao Sol. A órbita excêntrica do gigante gasoso aponta para a presença de outros planetas gigantes que orbitam mais longe, o que poderia ter distorcido sua órbita.

Um dos coautores do estudo, Hubert Klahr, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, afirmou: "Até agora, os únicos planetas cuja formação era compatível com as instabilidades do disco eram um punhado de planetas jovens, quentes e muito massivos, longe de suas estrelas-mães.

"Com o GJ 3512b, agora temos um candidato extraordinário para um planeta que poderia ter surgido da instabilidade de um disco em torno de uma estrela com muito pouca massa. Essa descoberta nos leva a revisar nossos modelos", diz Klahr.

AUTOR: BBC

domingo, 29 de setembro de 2019

CONHEÇA 4 ARTEFATOS ANTIGOS QUE NOS DEIXAM INTRIGADOS ATÉ HOJE

O disco de Festos e o dodecaedro romano GETTY IMAGES

A ciência, a engenharia e os avanços da tecnologia são sempre capazes de nos surpreender com engenhocas que facilitam nossa vida ou acabam mudando a forma como nos relacionamos.

Mas há artefatos criados há milhares de anos que podem ter tido grande impacto sobre a vida das pessoas em sua época - sem que saibamos exatamente como.

São objetos desenhados e construídos por nossos antepassados, que permanecem bem conservados, mas cujo uso ou função se perdeu ao longo da História. Ninguém sabe dizer exatamente como foram feitos - e sua real utilidade permanece um mistério.

1. A pilastra de ferro que não corrói

A Índia abriga muitos mistérios e obras impressionantes. Uma delas é o Pilar de Ferro de Déli, uma coluna de ferro de sete metros de altura e que, segundo avaliações de especialistas, foi construída há 1,6 mil anos. Apesar do tempo, ela não oxidou.

O pilar pesa cerca de seis toneladas e é uma das curiosidades históricas que mais chamam atenção no campo da metalurgia. Ele faz parte de um templo hindu erguido durante a dinastia Máuria, o primeiro grande império que unificou a Índia. E é a única parte do templo que ainda permanece de pé.
Pilar de Ferro de Déli não oxida, apesar de ter sido construído há cerca de 1,6 mil anos GETTY IMAGES

Anos depois, no século 13, o ex-escravo Qutb-ud-din Aibak transformou-se no primeiro sultão de Déli. Aibak é fundador da dinastia dos mamelucos e primeiro governante muçulmano do sul da Ásia.

Nos quatro anos em que ficou no poder, mandou construir o Complexo de Qutb, um conjunto de edifícios que inclui a famosa torre Qutab Minar e a mesquita Quwwat-ul-Islam. No centro está a torre de ferro.

Acredita-se que, contudo, esta não é sua localização original e que seu propósito inicial era servir como um tributo ao deus Vishnu.

O pilar é feito de ferro forjado de alto grau de pureza e de composição baixa em enxofre e alta em fósforo. É considerado uma amostra do nível avançado da metalurgia da Índia daquela época.

2. O disco de Festos

Ao sul da ilha de Creta, estão as ruínas do palácio minoico de Festos. Em 1908, o arqueólogo italiano Luigi Pernier encontrou ali um disco de argila que até hoje intriga especialistas e gera polêmica.

O disco tem as duas faces com inscrições hieroglíficas dispostas em uma espiral e cujo significado não é totalmente conhecido.

Acredita-se que tenha sido fabricado no final da Idade do Bronze grega, entre os séculos 30 e 15 a.C. Mas há arqueólogos como Jerome M. Eisenberg que asseguram que se trata de uma fraude criada por Pernier.
O disco de Festos teria sido feito há pelo menos mais de 3,5 mil anos GETTY IMAGES

Outros especialistas, como Gareth Owens e John Coleman, afirmam que o disco pertence a cultural minoica e asseguram ter decifrado a inscrição, ao menos parcialmente.

A cultura minoica data dos anos 2.200 e 1.450 a.C e é considerada a primeira civilização avançada da Europa durante a Idade do Bronze. Festos era uma das cidades mais importantes daquela época.

O disco, contudo, permanece sendo um enigma porque contém 61 hieróglifos que não foram identificados e não constam em nenhuma outra amostra de escritura minoica. Owens, que diz ter decodificado pelo menos 50% da mensagem, afirma que o disco fala sobre uma deusa grávida.

3. O dodecaedro romano

Em vários pontos do continente europeu foram encontrados exemplares desse objeto, formado por 12 faces pentagonais planas com cavidades circular no centro e pequenos botões nos ângulos. A versão mais comum é feita de bronze, embora também existam algumas feitas de pedra.

Foram encontrados em países como Espanha, Itália, Hungria, França e Alemanha. Acredita-se que tenham sido fabricados entre os séculos 2 e 3 d.C, durante o Império Romano. Nenhum desses objetos encontrados tinha mais de 11 centímetros de diâmetro.
Dodecaedro romano: não se sabe para que sevia, apesar de ter sido encontrado em diferentes países GETTY IMAGES

Apesar de terem sido encontrados em diferentes lugares, a função desse objeto segue desconhecida. Há uma ampla variedade de hipóteses para o uso do artefato, entre elas, a de que pode ter sido uma arma, um brinquedo de criança, um molde ou até um calendário agrícola.

A única coisa que se sabe com certeza é o nome do artefato: dodecaedro romano.

4. Esferas de pedra da Costa Rica

Em 1939, trabalhadores da empresa americana Standard Fruit Company estavam limpando uma floresta ao sul da Costa Rica para plantar bananas quando descobriram algumas esferas de pedras.

Desde então, foram encontradas outras esferas desse tipo no país. Mas, até hoje, arqueólogos questionam a utilidade de tais objetos e como foram feitos.

Acredita-se que tenham sido feitas por volta do ano 600, pelo povo diquí, que desapareceu após a Conquista espanhola.

As esferas têm tamanhos distintos. Algumas apresentam diâmetros de sete centímetros e outras, de mais de dois metros. Podem pesar até 16 toneladas.
Há quem acredite que essas esferas podiam simbolizar prestígio, a depender do tamanho GETTY IMAGES

Em entrevista concedida no ano passado ao jornal colombiano El Tiempo, o arqueólogo Francisco Corrales, do Museu Nacional de Costa Rica, disse que a equipe dele acredita serem um símbolo de "hierarquia, cargo e distinção".

O especialista explicou que as esferas eram feitas com grandes blocos de pedras e esculpidas usando ferramentas também feitas de pedra, como martelos, e depois passavam por um processo de polimento.

AUTOR: BBC

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

VÍDEO: SATÉLITE DA NASA REGISTRA PELA PRIMEIRA VEZ O MOMENTO QUE ESTRELA É 'DEVORADA' POR BURACO NEGRO SUPERMASSIVO

Ilustração mostra o momento em que o buraco negro "captura" a estrela, modelo é feito a partir de dados captados por satélites e são transformados em desenho Ilustração: Robin Dienel/Carnegie Institution for Science

A agência espacial norte-americana (Nasa) observou pela primeira vez o momento em que uma estrela é "engolida" por um buraco negro supermassivo. No estudo publicado nesta quinta-feira (25) pela revista "The Astrophysical Journal", cientistas defendem que descoberta é um marco para entender mais sobre este fenômeno.

Segundo os astrônomos, o que o satélite capturou foi a destruição de uma estrela por meio de efeitos gravitacionais – as chamadas "perturbações de maré", ou da sigla em inglês TDE. O fenômeno ocorre quando as forças do buraco negro supermassivo dominam a gravidade do corpo celeste o despedaçam.

De acordo com a pesquisa, a interação que recebeu o nome de ASASSN-19bt, emitiu uma luz que pôde ser identificada pelo TESS. Os cientistas explicam que em uma destruição como esta, parte do material da estrela que é "engolido" pelo buraco negro emite um disco de gás quente e brilhante.

Fenômeno é paradigma

“Apenas alguns TDE foram descobertos antes de atingirem o pico de brilho, e este foi encontrado apenas alguns dias depois que começou a clarear", celebrou em nota o astrônomo Thomas Holoien, um dos autores do estudo.


Este pesquisador destacou que, por estar dentro da zona de visualização contínua do satélite TESS, o fenômeno pôde ser acompanhado com atualizações quase em tempo real, a cada 30 minutos.

Além disso, explicou que há dados dos últimos meses que podem identificar toda a trajetória do fenômeno e não só o momento de luz, algo que nunca foi feito antes e o que torna a perturbação ASASSN-19bt um paradigma nas pesquisas sobre TDE.

Composição da estrela

O cientista norte-americano comentou que observava o céu da Califórnia, na noite da descoberta, com um equipamento de espectrometria. Com os resultados captados pelo dispositivo, ele conseguirá identificar quais são os materiais que formavam a estrela destroçada.


Equipamentos utilizados pelo astrônomo separam os espectros da luz de um objeto ou evento celeste, com isso, há o registro dos comprimentos de onda emitidos pela estrela.

Parecido com um código de barras, o desenho da radiação eletromagnética traz informações sobre o material e a velocidade em que a estrela se deslocavam. Ele é formado assim como um arco-iris, que decompõe a luz do sol por meio de um prisma.

O que é um buraco negro?

Os buracos negros são uma enorme quantidade de massa concentrada em um espaço muito reduzido. Seu campo gravitacional é tão forte que ele atrai para si tudo o que se aproxima dele, inclusive a luz.

Astrônomos apresentam a primeira imagem de um buraco negro já registrada

Como surgem os buracos negros?

Além da colisão entre dois buracos pré-existentes, outra forma de produzir um buraco negro é quando uma estrela muito massiva (tem grande massa) deixa de emitir luz no final da sua vida. O centro dessa estrela entra em colapso e ocorre a chamada explosão supernova. Isso pode produzir um buraco negro "estelar".


De acordo com a Nasa, a maioria dos buracos negros é desse tipo, ou seja, uma espécie de “objeto em colapso congelado”. Os detalhes de por que isso acontece ainda são um mistério para os cientistas.

Qual é o tamanho de um buraco negro?

Ainda há muito o que se descobrir sobre os buracos negros, mas sabemos que eles podem ter tamanhos diversos. Os buracos negros estelares, que podem ter tamanho dezenas de vezes maiores do que o nosso Sol, costumam ser menores que os supermassivos.

Um buraco negro supermassivo, por exemplo, pode ser milhões de vezes maior que o Sol. Ao mesmo tempo, essa massa gigantesca é muito compacta, e pode ocupar, por exemplo, um espaço consideravelmente menor do que o de um planeta pequeno do Sistema Solar.

AUTOR: G1

domingo, 22 de setembro de 2019

NOVAS DESCOBERTAS REACENDEM DEBATE SOBRE COMO MORREU LAMPIÃO, 8 DÉCADAS DEPOIS

Perícia pedida por historiador deu mais detalhes sobre morte de Lampião (terceiro da esq. para a dir.)  Foto: Divulgação/ GESP/BBC
Mais de oito décadas se passaram, e a história ainda não chegou à conclusão de como Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi morto. O debate ainda rende entre pesquisadores do cangaço e segue longe de um consenso sobre como se deram os últimos suspiros de Lampião. Há até mesmo quem duvide de sua morte.

Uma novidade trouxe mais elementos a um debate que parece não ter fim. Trata-se de uma perícia feita nas roupas e objetos que estavam com Lampião no dia da emboscada policial na grota do Angico, sertão de Sergipe, em 27 de julho de 1938. Após as mortes, as cabeças de Lampião, sua esposa Maria Bonita e outros cangaceiros foram cortadas e expostas ao público como troféu no Recife.

As peças estavam guardadas intocáveis até então no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – como a operação que caçou o cangaceiro na caatinga foi feita pela Polícia Militar do Estado, Alagoas herdou o material e o guarda como relíquia até hoje.


A análise foi feita pelo perito Victor Portela, do Instituto de Criminalística de Alagoas. A BBC News Brasil teve acesso ao documento inédito, datado de 19 de julho de 2019, que atesta que Lampião teria recebido três tiros.

Mas a morte do rei do cangaço apresenta teses e mais teses. Uma delas é que Lampião e o bando foram envenenados antes do tiroteio, e que a polícia disparou contra o grupo já morto. Há quem defenda que o rei do cangaço não morreu em Angico, mas, sim, um sósia – o verdadeiro cangaceiro teria morrido com 100 anos em Minas Gerais.

"Se quiser, conto as duas mil teses que existem sobre a morte", brinca o historiador e jornalista João Marcos Carvalho, autor do documentário ainda inédito Os Últimos Dias do Rei do Cangaço. Foi ele quem pediu ao perito alagoano uma análise das peças, que deve reabrir um debate que parecia ter encontrado seu fim no ano passado, quando o escritor Frederico Pernambucano de Mello publicou livro Apagando Lampião.
Segundo perícia, tiro acertou o punhal usado por Lampião e foi desviado para a região umbilical  Foto: Ingryd Alves/BBC

Na publicação, o pesquisador do cangaço afirma que Lampião morreu com um único tiro disparado a oito metros de distância pelo cabo Sebastião Vieira Sandes. A versão ainda diz que o tiro certeiro foi dado de fuzil, conforme relatado pelo próprio policial alagoano autor do disparo – que o procurou quando estava com doença terminal em 2003 para revelar o que seria o maior segredo.

Debate

Para Carvalho, a tese de Frederico está errada. Ele diz que Lampião foi morto pela polícia em uma emboscada e estava com outros integrantes do grupo quando foi surpreendido.

Em busca de mais detalhes sobre o enigma da morte do cangaceiro, Carvalho pediu um laudo ao perito alagoano. "Procurei o perito Victor Portela e solicitei a análise daqueles objetos que estavam guardados e nunca tinham sido mexidos", explicou.

À BBC News Brasil, o perito disse que de imediato aceitou a missão. Ainda em 2018, ele iniciou a análise no punhal, nas cartucheiras e nos bornais (tipo de bolsas usadas pelo cangaço) de Lampião. Segundo ele, foram percebidos pontos de impacto e perfurações nos materiais utilizados.

O laudo de Portela diz que foram três tiros. O primeiro deles acertou o punhal, e a bala acabou desviada para a região umbilical; outro atravessou a cartucheira – que era utilizada no ombro – e atingiu o coração; e o terceiro atingiu cabeça.
Perito Victor Portela, que fez análise das roupas e objetos que lampião estava usando na hora de sua morte Foto: Ingryd Alves/BBC

Para o perito, é impossível saber qual dos tiros – ou se a combinação deles – matou Lampião. Mas ele destaca que sua experiência como perito aponta um dado controverso das teorias até então: os disparos no peito e na barriga não matariam o cangaceiro instantaneamente.

"Ele poderia morrer alguns minutos depois pelo sangramento. Só o tiro na cabeça o mataria rápido, mas não temos como dizer a cronologia dos disparos", explicou.

Um dos pontos novos apresentados no laudo veio da análise dos bornais feitos por Dadá (famosa cangaceira do grupo), que tinham duas marcas de tiros. João Marcos crê que Lampião não teve tempo de vesti-los no momento do tiroteio. "Quando o bando chegou à grota, o local não estava em um silêncio de catedral. Lampião estava vestindo a cartucheira, o punhal e tomou os tiros ali. Não deu tempo de ele vestir os bornais", explicou.

Portela concorda com o jornalista e historiador, revelando que a perícia mostrou que os tiros foram dados de cima pra baixo, e que os bornais não tinham marca de sangue. "Ficou uma incógnita com relação aos bornais, mas quando fiz a sobreposição das cartucheiras com os bornais, vi que não há compatibilidade com nenhum dos disparos", afirmou.
Historiador revela a identidade do assassino de Lampião

Neta rechaça ideia de um tiro

Vera Ferreira, neta de Lampião, disse à BBC News Brasil acreditar que a perícia recente sustenta a teoria mais correta a respeito da morte do avô.

Ferreira não acredita na versão de tiro único, nem de envenenamento, muito menos de que seu avô sobreviveu e morreu em Minas Gerais. "Quando o corpo do meu avô foi periciado, apontou-se três tiros", disse.

Questionada sobre a versão de que o cabo Sandes ter matado o avô, Vera afirmou que não é possível saber quem matou Lampião. "Quem deu o tiro de misericórdia? Imagine várias pessoas atirando ao mesmo tempo, o mesmo alvo, ninguém sabe", completou.

O 'julgamento' de Lampião

Além da polêmica da forma da morte, a história de Lampião também levanta o questionamento: herói ou bandido? Matar Lampião era um desejo das autoridades brasileiras desde a segunda metade da década de 1930. A ordem foi dada pelo então presidente Getúlio Vargas. Atendendo a pedidos de políticos nordestinos, ele impôs uma longa caçada ao bando.
Perícia também analisou bornais (bolsas usadas pelo cangaço) de Lampião Foto: Ingryd Alves/BBC

Um seminário marcado para 2020, em Piranhas, sertão de Alagoas, vai levar as teses da morte e "julgar" se Lampião era herói ou bandido. "Existem aqueles que defendem que Lampião era bandido, mas alguns dizem que o cangaceiro era uma vítima da sociedade. Vamos analisar isso".

O júri será composto por promotores, juízes, advogados e os historiadores, aos quais serão apresentadas as versões, casos e opiniões.

O perito Victor Portela também contou que na ocasião será apresentado o laudo. "Vamos utilizar a perícia para excluir teorias que não são compatíveis com os fatos que foram levantados. Vamos filtrar e excluir teorias que realmente não batem", disse. "Além do julgamento queremos posteriormente fazer uma análise no local com reprodução simulada para ver os pontos de impacto no local", disse.
Os 80 anos da morte de Lampião

AUTOR: BBC

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

CONHEÇA 5 CASOS DE CRIMES BIZARROS QUE AINDA NÃO FORAM SOLUCIONADOS

Casos de investigação criminal são altamente explorados pelo entretenimento e dão origem a livros, filmes, séries de TV e podcasts. 

Em alguns deles, os acontecimentos são acompanhados em todas as etapas, desde simulações dos momentos que precederam o crime até a prisão dos responsáveis; em outros, porém, os culpados nunca foram encontrados e o mistério permanece. 

Inspirados pelo terrível caso de triplo homicídio não resolvido nas montanhas do livro A essência do mal, montei uma lista com cinco crimes reais que permanecem um mistério até hoje.

Confira:

O remédio envenenado

Em 1982, na cidade de Chicago, sete pessoas morreram após ingerirem pílulas envenenadas. 

Entre as vítimas, três eram da mesma família. 

Durante a investigação, os detetives perceberam que as embalagens dos remédios de todas as vítimas eram do mesmo lote e cheiravam a amêndoas (um possível sinal de cianeto), embora tenham sido compradas em lojas diferentes. 

O resultado da autópsia comprovou a presença de altas doses de cianeto, e as autoridades chegaram à conclusão de que as mortes foram provocadas por envenenamento intencional.
Uma onda de pânico varreu os Estados Unidos e muitas pessoas lotaram os hospitais, preocupadas e com medo. Surgiram muitos casos de criminosos tentando imitar o envenenamento original, usando veneno de rato e até ácido clorídrico.

Apesar de terem surgido três suspeitos ao longo da investigação, a polícia não conseguiu comprovar ou descobrir quem realmente foi o responsável pelos crimes.

Uma curiosidade: o lacre de alumínio presente em todos os medicamentos que encontramos à venda hoje em dia foi criado por causa desse crime.


Michelle Von Emster

Michelle Von Emster foi encontrada morta por dois surfistas na praia de Sunset Cliff, em San Diego, nos Estados Unidos, em 1994. A princípio, acreditou-se que a causa da morte fosse ataque de tubarão. 

Após uma segunda análise, contudo, um especialista em tubarões-brancos contestou o resultado, alegando que a fratura na perna de Michelle não lembrava em nada o resultado da mordida de um desses animais.
Com isso, começaram a surgir diversas teorias sobre o que realmente teria acontecido com a vítima. Uma delas seria a de que ela foi nadar e se afogou sozinha, enquanto outra diz que ela pode ter caído de um pequeno precipício que existe na beira da praia. 

Existe ainda uma terceira teoria que fala sobre um possível assassinato. No fim, nunca se descobriu o que de fato aconteceu com ela.

O assassinato nas montanhas

Em 1959, nove esquiadores foram encontrados mortos em um acampamento perto da montanha Otorten, na Rússia. Primeiro, encontraram cinco corpos. Apesar do frio, dois deles estavam vestindo somente roupas de baixo. 

Segundo a autópsia, as mortes foram causadas por hipotermia, embora umas das vítimas apresentasse uma fratura no crânio.
Dois meses depois, outros quatro corpos foram achados: crânios fraturados, costelas quebradas e até uma língua decepada! E o mais estranho de tudo: eles estavam vestindo as roupas das primeiras vítimas. 

Para deixar a situação ainda mais esquisita, foram encontrados sinais de radiação nas roupas e no acampamento. Além disso, não havia indícios de que a barraca tinha sido invadida, mas de que tinha sido rasgada de dentro para fora.

Surgiram algumas teorias: uma possível avalanche, um teste de míssil soviético, um ataque do Yeti e até aliens! Por fim, o caso nunca teve solução…

A Dália Negra

Um dos casos de assassinato mais conhecidos da história dos Estados Unidos, Dália Negra foi a forma como passaram a chamar a jovem de 23 anos Elizabeth Short, encontrada morta em um terreno baldio em Los Angeles em 1947. Seu corpo estava repartido em dois – na altura da cintura –, possuía diversas escoriações, fraturas no crânio, um corte à lâmina na altura dos lábios e o sangue fora totalmente drenado. 

As únicas pistas eram marcas de pneu saindo do local, pegadas de botas e um saco de cimento com sangue dentro.
Apesar dos esforços da polícia, a limitada tecnologia forense da época dificultou a identificação do assassino. Cerca de 60 pessoas confessaram o crime em busca de atenção da mídia, mas apenas 25 foram interrogadas e ninguém foi condenado. A história deu origem a filmes, livros e apareceu em diversos programas de TV, porém, mais de setenta anos depois, permanece sem solução.

O mistério Paulette Gebara

Paulette Gebara era uma menina de quatro anos que sofria com limitações físicas e de fala. Ela desapareceu em 2010 em Huixquilucan, no México, e toda a família e o departamento de polícia se mobilizaram nas buscas pelo apartamento e nos arredores. Não havia vestígio de entrada forçada ou roubo e não havia testemunhas. 

Os pais da menina utilizaram os meios de comunicação para fazer apelos aos supostos sequestradores para que a devolvessem.
O caso começou a ficar estranho quando a polícia fez uma segunda busca na casa. Após uma queda de luz que durou alguns minutos, o corpo da menina foi finalmente encontrado enrolado em um lençol no vão entre a cama e o colchão. 

A causa da morte foi definida como acidental, em decorrência de uma asfixia mecânica, porém algumas controvérsias fizeram com que a hipótese não fosse amplamente aceita: 

As babás da menina afirmaram que o corpo não estava no local no momento da primeira busca; em uma gravação, a mãe de Paulette pedia à filha mais velha que não comentasse o caso do desaparecimento para evitar que elas fossem consideradas culpadas; e o pijama que a menina usava no momento em que o corpo foi encontrado era o mesmo que apareceu na cama da mãe em uma entrevista que ela deu para a TV falando sobre o desaparecimento.

Diante desses fatos, a opinião pública se voltou contra a mãe, Lizette; todos estavam certos do envolvimento da família na morte da criança. Contudo, o caso permaneceu encerrado como acidente.

No thriller A essência do mal, um crime terrível acontece na região dos Alpes italianos e o caso é encerrado sem que o responsável seja encontrado.

Anos depois, um documentarista americano se muda para o local e fica obcecado pela história, determinado a descobrir o que aconteceu nas montanhas naquele fatídico 28 de abril de 1985.

AUTOR: intriNseca.com

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

SAIBA COMO OS BRITÂNICOS USARAM O HUMOR PARA DESAFIAR HITLER NA ALEMANHA

Adolf Hitler Foto: Getty Images via BBC

Era tarde da noite em Londres, em 1940, e o exilado austríaco Robert Lucas estava escrevendo em sua mesa. Bombas caíam na cidade todas as noites, o Exército liderado por Hitler avançava pela Europa e a invasão da Inglaterra tinha se tornado uma possibilidade factível.

Apesar de as sirenes de ataques aéreos e, como ele disse, "o barulho do inferno das máquinas de guerra" disparando ao seu redor, Lucas estava focado no trabalho: "lutar pelas almas dos alemães". Ele estava compondo uma mensagem de rádio destinada aos cidadãos do Terceiro Reich. Mas ela não era um apelo apaixonado para que eles desistissem do Führer: era uma tentativa de fazê-los rir.

Lucas trabalhava para o Serviço Alemão da BBC desde setembro de 1938. No início, o objetivo do Serviço Alemão era quebrar o monopólio nazista na transmissão de notícias do Terceiro Reich.

Os nazistas não conseguiram impedir que ondas de rádio estrangeiras cruzassem a Alemanha, mas podiam criminalizar quem ouvisse "emissoras inimigas". Eles fizeram isso assim que a guerra eclodiu. Muitas pessoas foram presas e sentenciadas à morte. Os alemães corajosos o suficiente para desrespeitar a lei tinham que tomar cuidado com os delatores, que podiam ser simples bisbilhoteiros ou até vizinhos mal intencionados. Assim, muitos ouviam a BBC embaixo de cobertores.
Mas por que você escolheria transmitir mensagens engraçadas nas terríveis circunstâncias de uma guerra? Fazer piadas para manter o moral em alta dos soldados e da população da Grã-Bretanha era uma estratégia bem-sucedida e foi implementada particularmente bem na BBC em tempos de guerra. Mas fazer isso para os inimigos? E, de qualquer forma, quem arriscaria a vida ouvindo esse tipo de coisa?

De fato, quando Lucas começou a escrever o programa de piadas e sátiras, chamado de Die Briefe des Gefreiten Adolf Hirnschal, "não fazia ideia se haveria pelo menos 50 pessoas na Alemanha ouvindo". Ele falou "no escuro sem eco", como mais tarde descreveu. O fato de seu programa - juntamente com outras duas séries de sátiras, chamadas Frau Wernicke e Kurt und Willi - terem sido encomendados em 1940, revela a ousada abordagem experimental adotada pelo Serviço Alemão da BBC em seu início.

Faltava ao serviço a equipe, o equipamento e a organização necessários para abordar adequadamente a tarefa diária de contra-propaganda. Além disso, este era um território desconhecido. O rádio ainda era relativamente novo e transmitir ao inimigo era uma completa novidade. Isso trouxe um espírito de criatividade e aventura às realizadores. Também era verdade que, em 1940, havia um sentimento de desespero generalizado. "Tudo bem, é melhor tentarmos", disse Lucas à BBC, na época.

Os programas satíricos contavam com uma coalizão improvável entre a BBC, oficiais de propaganda britânicos e exilados alemães - ou falantes da língua. Por um lado, as autoridades britânicas insistiram que a mensagem do Serviço Alemão deveria soar "tão inglesa quanto o pudim de Yorkshire (condado no norte da Inglaterra)". Mas também precisava demonstrar um conhecimento íntimo da psique alemã - por isso, a contribuição dos exilados. Porém, o relacionamento nem sempre foi fácil: como um "estrangeiro inimigo", Lucas e seus companheiros exilados eram frequentemente vistos com suspeita.

Perdido na tradução

O conteúdo peculiar dos programas deve ser entendido no contexto dessa curiosa aliança. Adolf Hirnschal é uma série de cartas fictícias escritas por um cabo alemão a sua esposa enquanto está na linha de frente na guerra. O protagonista lê as cartas ao seu companheiro de luta antes de serem postadas.

Na superfície, Adolf Hirnschal é dedicado ao seu "amado Führer". No entanto, são tão exageradas suas exclamações de lealdade que a intenção é clara: expor a superficialidade e a mentira do discurso nazista. Em sua primeira carta após a guerra ser declarada na Rússia, em 1941, ele conta à esposa como recebeu as notícias de seu tenente de que eles estão sendo transferidas para a fronteira russa:

"Eu pulo de alegria e digo: 'Senhor tenente, solicitando permissão para expressar que estou tremendamente satisfeito por estarmos agora confraternizando com os russos. Nosso amado Führer já não disse em 1939 que nossa amizade com os russos é irrevogável e irreversível? '

Assim, Hirnschal expõe a hipocrisia da política de Hitler em relação à Rússia, tudo coberto pela "lealdade absoluta". Esse foi um método que Bruno Adler - um historiador e escritor alemão que havia fugido para a Inglaterra em 1936 - usou para compor outra personagem, a Frau Wernicke.

A protagonista é uma dona-de-casa de Berlim, uma mulher de bom coração e tagarelada, que, por meio de loucos monólogos, reclama de injustiças, racionamentos e contradições da vida cotidiana durante a guerra, o tempo todo exibindo um forte senso comum.

Ao justapor seu apoio pseudo-ingênuo ao nazismo e as duras realidades da vida em guerra que ela descreve, as intenções subversivas de Adler são claras. Em um caso, Frau Wernicke pergunta à amiga por que ela está tão chateada, mas logo responde à própria pergunta:

"Só porque seu marido teve que fechar seus negócios e porque seu filho agora está na Wehrmacht (forças armadas alemãs). E porque sua filha, Elsbeth, tem que fazer um segundo ano obrigatório de trabalho estatal. E porque você não tem mais uma vida familiar? Por isso você não está feliz".
Comediante Tommy Handley, que estrelou It’s That Man Again Foto: BBC

Kurt und Willi também foi roteirizado por Bruno Adler. O programa é uma série de diálogos entre dois amigos: o antigo professor e o segundo oficial do Ministério da Propaganda alemão. Enquanto discutem os eventos da guerra bebendo cerveja em um bar de Berlim, Kurt assume o papel do ingênuo alemão médio. Willi é um oportunista cínico e imoral, vazando para o amigo os mais recentes subterfúgios, truques e tolices inventados pelo Ministério da Propaganda.

Esses programas tinham um senso de humor que provavelmente não façam tanto sentido quando traduzidos do alemão - e também quando transpostos do rádio para a escrita comum. E, é claro, há a influência do tempo. Mas eles levantam questões que, já naquela época, eram objeto de intenso debate.

As atrações poderiam realmente ter algum efeito? A sátira poderia ser usada como uma arma que converteria os alemães para o lado britânico da guerra? Teriam o poder de fazer alguém desejar o fim da guerra? Eles foram mesmo apropriados para o momento? O diretor de transmissões europeias da BBC, Noel Newsome, tinha suas dúvidas. Referindo-se a uma transmissão de Kurt und Willi em 1944, ele escreveu:

"Se isso fosse engraçado e divertido, só poderia ter servido ao propósito lamentável de aliviar a tensão na Alemanha... Se Kurt und Willi não era realmente engraçado, o recurso era uma perda de tempo precioso em qualquer caso. No rádio local, os alemães [...] não devem fazer piadas quando sintonizam Londres."

Havia dúvidas sobre as virtudes da propaganda satírica desde o início. O primeiro experimento com humor no Serviço Alemão foi transmitido no dia da mentira em 1940. Os produtores tiveram que tranquilizar os oficiais de propaganda da Electra House, onde funcionava um dos comandos de guerra, de que a transmissão de Der Führer Spricht, uma paródia de Hitler escrita e executada pelo exilado austríaco Martin Miller, permaneceria uma exceção. O que, como sabemos, não aconteceu.

Outros programas de humor se seguiram, e logo os russos entraram em cena. A Rádio Moskau experimentou formatos semelhantes, um dos quais - Frau Künnecke Will Jarnischt Gesagt Haben - era uma quase uma cópia de Frau Wernicke. Mas nenhum desses programas foi transmitido com tanta regularidade como Hirnschal, Frau Wernicke e Kurt und Willi. Eles foram transmitidos - semanalmente ou quinzenalmente - durante a maior parte da guerra, do verão de 1940 até 1945.

Mas quem estava ouvindo o Serviço Alemão e o que eles acharam dele? Segundo Robert Lucas, uma "enxurrada de cartas de agradecimento" chegou dos ouvintes do Serviço Alemão assim que a guerra terminou. "As transmissões de Londres me salvaram do suicídio durante os dias mais negros da guerra de Hitler", afirma uma carta dos arquivos da BBC. Outra pessoa diz: "É graças à BBC e somente à BBC que eu tive força moral para não ser cúmplice".

Muitas das cartas destacavam os programas de sátiras: "Vocês também nos trouxeram um humor que tornou o insuportável suportável para nós", escreveu um ouvinte, enquanto outro expressou admiração por "quão bem vocês entendem a alma do povo".

Talvez essas cartas forneçam uma justificativa suficientemente boa caso você se questione se Charlie Chaplin agiu certo ao produzir o filme O Grande Ditador depois que soube das atrocidades empreendidas pelos nazistas. Há diversas obras do tipo. Neste domingo (15/9), uma sátira sobre o período nazista, Jojo Rabbit, venceu o Festival de Toronto, considerado uma prévia do Oscar.

O filósofo alemão Theodor Adorno insistia que a sátira antifascista falhava em compreender ou descrever a realidade e, pior ainda, ignorava ou banalizava a gravidade do nacional-socialismo. Porém, há quem diga que o riso nos lembra do que significa ser humano. A mera existência dos programas satíricos não mostrava fé no intelecto e, acima de tudo, na humanidade da platéia?

"Como qualquer outra tirania, o nazismo não tinha humor", escreve Robert Lucas. Olhando para trás agora, talvez esse tenha sido o principal sucesso dos programas pioneiros de sátira do Serviço Alemão. Pois essa era uma área em que os nazistas não tinham nada a oferecer e não podiam competir.

E mesmo que os monólogos absurdos de Frau Wernicke ou Adolf Hirnschal fossem ouvidos por um número relativamente pequeno de alemães, mesmo que nem sempre fossem tremendamente engraçados, que eles proporcionavam conforto e talvez iluminação a alguém era a prova de que a missão de Lucas de "lutar por as almas dos alemães" não foi completamente em vão.

AUTOR: BBC

domingo, 15 de setembro de 2019

NO YOUTUBE, PROMESSAS FALSAS DE CURA DO CÂNCER GERAM MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES E LUCRO

BBC encontrou mais de 80 vídeos com desinformação relacionada a saúde em 10 línguas diferentes no YouTube CECILIA TOMBESI/BBC

"Oi, estou com um parente com metástase óssea, você pode me receitar esse remédio?", pede Reginaldo, comentando em um vídeo no YouTube.

Sua irmã, de 44 anos, foi diagnosticada com câncer de mama há três e está em seu terceiro tratamento de quimioterapia depois que o câncer se espalhou. Reginaldo dos Santos, um vendedor de Vitória da Conquista, na Bahia, procura a solução em um vídeo intitulado "Remédio Caseiro Contra o câncer, tumores e outros". E o remédio receitado é o melão-de-são-caetano, planta de origem asiática.

O autor do vídeo, um homem do interior do Estado do Espírito Santo, é dono do canal "Elizeu Artes e Criação". Em um vídeo, publicado em 2016, ele olha para câmera e diz que a planta "combate tumores e câncer". "De 80% a 90% das células de câncer são desfeitas com melão-de-são-caetano", afirma.

O vídeo, que contém anúncios, tem 142 mil visualizações e se mistura a outros de seu canal: "Sal e vinagre tira ou não queimados de panela?", "Como fazer letras 3D", "Como tirar manchas do rosto e limpar a pele com menos de R$ 5". A promessa de curar câncer com melão-de-são-caetano, uma afirmação sem comprovação científica, está entre vídeos de "receitas, artes, experimentos e dicas domésticas".

O vídeo é apenas um entre vários em português carregados de desinformação sobre saúde disponíveis na plataforma.

Uma investigação exclusiva da BBC Brasil e do BBC Monitoring, braço da BBC que noticia e analisa informações do mundo todo, encontrou vídeos monetizados com desinformação e curas falsas para o câncer em 10 idiomas, incluindo português. Um vídeo "monetizado" significa que é acompanhado por anúncios que podem gerar dinheiro, tanto para os criadores quanto para o YouTube.

Em nota, o YouTube disse que "a desinformação é um desafio difícil" e que a empresa toma "diversas medidas para endereçar isso" (leia a resposta completa do YouTube no fim desta reportagem).
YouTuber brasileiro diz que melão-de-são-caetano cura câncer, mas não há comprovação científica disso; procurado pela BBC, ele colocou o vídeo em modo privado YOUTUBE

Procurando no YouTube por "tratamento para o câncer" e "cura para o câncer" em português, inglês, russo, ucraniano, árabe, persa, hindi, alemão, francês e italiano, a BBC encontrou mais de 80 vídeos com desinformação sobre saúde. Dez dos vídeos encontrados tinham mais de um milhão de visualizações. Um vídeo brasileiro cujo título diz que aranto, uma planta de origem africana, cura câncer, tem mais de 3 milhões de visualizações. Não é uma afirmação verdadeira — não há estudos científicos que a comprovem.

Mas milhares de brasileiros procuram por respostas no YouTube. "É muito assustador quando você ou alguém que você ama recebe um diagnóstico de câncer", diz o cardiologista Haider Warraich. "Isso nos faz tomar decisões mais com a emoção do que com a razão."

Isso pode ser perigoso porque, como Warraich escreveu no jornal americano New York Times, a "desinformação médica pode provocar um número de corpos ainda maior" que outros tipos de desinformação. Uma pesquisa da Universidade Yale de 2017 concluiu que pacientes que optam por tratamentos alternativos para cânceres curáveis no lugar dos tratamentos convencionais têm maior risco de morte.

A ciência, diz Warraich, "é incerta por natureza", enquanto alguns vídeos no YouTube oferecem respostas absolutas, algo que é muito mais atrativo para quem está fazendo justamente isso — procurando soluções.

'Acredito em parte'

Para Reginaldo, o YouTube oferece outras soluções que ele não vê na medicina. "Remédio caseiro é sempre melhor que remédio de farmácia." Ele diz que tentou ajudar preparando garrafas de babosa e mel para a irmã consumir paralelamente ao tratamento convencional. "Se os médicos falarem que funciona, eles param de ganhar dinheiro. Eu acredito neles em parte. É que, quando a pessoa está boa, a quimioterapia parece matar mais que a própria doença", lamenta.

Outras "curas" sem respaldo científico encontradas pela BBC envolvem o consumo de substâncias específicas, como cúrcuma ou bicabornato de sódio. Ou então: dietas de sucos, jejum, leite de burra ou apenas água fervente.

No Brasil, a maior parte das "curas" envolve frutas e plantas exóticas. Alguns dos vídeos incluem ressalvas como "procure o seu médico antes de adotar essa prática", embora divulguem no título e outras partes do vídeo que a receita divulgada de fato oferece uma cura.

Para Yasodara Córdova, pesquisadora-sênior sobre desinformação e dados na Digital Harvard Kennedy School, em Cambridge, EUA, o Brasil tem uma cultura de "sabedoria secular e confiança nos recursos naturais", em outras palavras, um potencial científico que "não foi aproveitado de maneira estruturada". "O que não está sendo devidamente transformado em ciência, muitas vezes por falta de recursos, está sendo colocado no YouTube como fake news."

Algumas das plantas ou frutas divulgadas nos vídeos como soluções milagrosas de fato são objetos de pesquisas para investigar se podem contribuir para o tratamento de diferentes doenças. Mas são estudos preliminares, que requerem mais pesquisas. Outras, pelo contrário, são objetos de pesquisas que apontam contraindicações, algo ignorado nos vídeos.
É preciso 'triagens clínicas por muitos anos antes de um produto ser considerado efetivo e seguro para dar a pacientes', diz Justin Stebbing, professor da medicina do câncer e oncologia da Imperial College of London; é o caso do melão-de-são-caetano GETTY IMAGES

No caso do melão-de-são-caetano, há pesquisas que apontam que a fruta tem potencial para fornecer compostos anticancerígenos, mas, apesar de diversos links e vídeos apresentando a fruta com a segurança de que se trata de um remédio absoluto contra o câncer, os próprios estudos dizem que mais pesquisas e testes são necessários para concluir algo nessa direção.

Justin Stebbing, professor da medicina do câncer e oncologia da Imperial College of London, explica que algumas plantas são de fato usadas para o desenvolvimento de remédios e contêm químicos anticancerígenos, mas muitas vezes "não estão nas concentrações ou quantidades corretas e não estão purificadas para ter efeitos anticancerígenos".

Um suco ou chá de uma planta, por exemplo, não tem a concentração dos extratos feitos em laboratório. "O processo de extrair esses químicos e purificá-los levam anos", assim como a escolha das "concentrações precisas", que passam por "triagens clínicas por muitos anos antes de um produto ser considerado efetivo e seguro para dar a pacientes".

As plantas, em geral, "são seguras para tomar com tratamentos convencionais, mas sozinhas não vão ter um efeito significativo contra o câncer ou prolongar a qualidade ou quantidade de vida, que é o que oncologistas estão tentando fazer".

"Não estou dizendo que a medicina tem todas as respostas, porque não tem. Mas é preciso tomar cuidado com remédios alternativos na internet sem filtro que são objetos de afirmações como de que curam o câncer, baseado em sentimentos ou porque alguém ouviu dizer, porque precisamos de muito mais hoje em dia para fazer uma afirmação como essa."

Pesquisador de câncer na Universidade Oxford, no Reino Unido, o médico David Robert Grimes explica que, diferentemente das curas falsas divulgadas no YouTube, "a medicina é cuidadosamente regulada, rigorosa e objetiva". "Fazemos pesquisas científicas para verificar se algo funciona. Se funciona, pode virar um remédio, e isso é testado de novo e de novo e de novo", afirma. "Sua eficácia pode ser medida. A ciência é um processo aberto e todo mundo pode testar a ideia de todo mundo."

"Isso não acontece no campo da chamada medicina alternativa. Você tem que simplesmente acreditar no que alguém está dizendo", observa. "Quem oferece uma 'cura mágica' para o câncer está mentindo. Quando as pessoas oferecem soluções fáceis para questões complicadas, devemos desconfiar."
Questionado em comentários no vídeo, YouTuber recomenda 'remédio natural' YOUTUBE

A BBC News Brasil entrou em contato com Elizeu Correia, o criador do vídeo que diz que melão-de-são-caetano cura câncer. Por email, ele afirmou que o vídeo não fala sobre "um chazinho perigoso ou venenoso" e que não estaria mais aberto a visualizações — de fato, depois de ser abordado, ele mudou o vídeo para modo privado.
Desinformação 'contagiosa'

Por que a desinformação dá certo no YouTube? Para a professora de Ciência de Antropologia, Risco e Decisão da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Heidi Larson, os vídeos "mexem" com as pessoas. "Evocam diferentes tipos de emoção e isso pode ser muito contagioso", afirma ela, que também dirige um projeto de confiança na vacinação.

Além disso, o sistema de recomendação do YouTube já foi acusado de levar usuários a buracos negros de teorias da conspiração e radicalização, já que, para manter o usuário no site, reproduz vídeos automaticamente depois que o primeiro vídeo acaba.

E, muitas vezes, o algoritmo escolhe vídeos com temas semelhantes — e isso também vale para a desinformação. Na prática, significa que se um usuário cai em um vídeo que desinforma, pode acabar assistindo a vários outros vídeos que também desinformam.

A BBC pediu uma entrevista com algum representante do YouTube. Em vez disso, a empresa divulgou uma nota: "A desinformação é um desafio difícil, e nós tomamos diversas medidas para endereçar isso, incluindo mostrar mais conteúdo confiável sobre questões médicas, exibindo painéis de informação com fontes confiáveis e removendo anúncios de vídeos que promovam afirmações danosas. Nossos sistemas não são perfeitos, mas estamos constantemente fazendo melhorias e permanecemos comprometidos para progredir nesse espaço".

A empresa anunciou em janeiro que iria "reduzir recomendações de conteúdo borderline (no limite do aceitável) e conteúdo que poderia desinformar usuários de forma danosa — como vídeos promovendo uma falsa cura milagrosa para uma doença séria". Mas isso, até agora, apenas em inglês.

Mudanças em outras línguas ainda não foram anunciadas.

Além disso, a empresa já afirmou que, nos esforços para combater a desinformação, esse sistema de recomendação vai mudar, com recomendação de vídeos que são confiáveis a pessoas que estão assistindo a vídeos que talvez não sejam.
O YouTube planeja mudar seu sistema de recomendação REUTERS

Lucrando com desinformação

Os vídeos encontrados pela BBC tinham uma série de anúncios no começo ou no meio. Havia anúncios de universidades respeitadas, empresas de turismo e filmes. Isso significa que tanto o YouTube quanto os criadores dos vídeos podem lucrar com o conteúdo.

Mas as "diretrizes para conteúdo adequado para publicidade" do YouTube estabelecem que vídeos que promovam ou defendam "declarações ou práticas médicas ou de saúde prejudiciais", como "tratamentos não médicos que prometam curar doenças incuráveis" não podem ter publicidade. A plataforma tem o poder de desmonetizar certos tipos de conteúdo e remover as receitas para os criadores dos vídeos. E essa política é global.

Os vídeos monetizados encontrados pela BBC News Brasil, porém, estavam no ar desde 2016. A política da plataforma em relação a desinformação sobre saúde, portanto, não é clara ou não é aplicada corretamente.

A BBC enviou as informações sobre os vídeos com curas falsas encontradas no YouTube nas dez línguas pesquisadas. Depois da publicação da reportagem, a empresa informou ter desmonetizado mais de 70 dos vídeos por violarem suas políticas de monetização.
Vídeos prometendo curas - com tratamentos à base de leite de burra e bicarbonato de sódio, por exemplo - encontrados pela BBC eram apresentados em árabe, russo, hindi e português  REPRODUÇÃO YOUTUBE

Erin McAweeney, uma pesquisadora do instituto Data & Society que trabalhou com saúde e dados, levanta um problema: mesmo que o YouTube desmonetize esses vídeos, "não há evidências que mostrem que desmonetizar resolve o problema do tamanho da audiência e de seu alcance".

"Há muitas motivações por trás do compartilhamento de desinformação. Dinheiro é só uma delas. Não temos evidências que confirmam que desmonetização leva a 'despriorização'. E, em muitos casos, receber atenção e visualização em um vídeo é algo mais valioso para seus criadores do que o dinheiro que gera", afirma.

E há uma questão final: quem, afinal, determina o que é desinformação? "Estamos pedindo que corporações com pessoas que não são especialistas em saúde pública façam esse julgamento por nós, todos os cidadãos. Há linhas tênues, gradientes da verdade. O desafio é como estabeleceremos essa linha e quem será a pessoa ou as pessoas que a estabelecerão", diz Isaac Chun-Hai Fung, um professor de epidemiologia da Georgia Southern University, nos Estados Unidos.
Escutar os pacientes

Mas os especialistas apontam para outro impasse, menos relacionado à plataforma. Profissionais de saúde, eles dizem, também tem um pouco de responsabilidade.

Com uma equipe de alunos, Fung e pesquisadores da William Paterson University analisaram informações sobre saúde em inglês no YouTube. Descobriram que, não importasse qual fosse o tópico de saúde, a maioria dos 100 vídeos mais populares no YouTube era criada por amadores, pessoas que não são profissionais de saúde ou ciência.

"A comunidade de saúde pública e de ciência tem hesitado em se engajar nas redes sociais. Precisamos nos engajar", diz Larson, da Escola de Higiene & Medicina Tropical.
Especialistas defendem que médicos devam se engajar nas redes sociais GETTY IMAGES

Fung defende que a solução para a desinformação relacionada a saúde também deve considerar a produção de vídeos sobre ciência e medicina moderna. "Deve haver vídeos de alta qualidade que eduquem sobre o tema em várias línguas e com linguagem acessível. Profissionais de saúde devem trabalhar com profissionais de mídia para fazer isso. Não acho que haja investimento."

Outra conclusão de seu estudo é que vídeos que atraem visualizações normalmente são aqueles que contam experiências pessoais. "Para comunicar os benefícios da medicina moderna, temos que adotar estratégias similares aos vídeos com maior quantidade de visualizações no YouTube. Será que alguém que se beneficiou da medicina moderna pode contar sua história, por exemplo?", pergunta.

McAweeney declara que, se conteúdo com conspirações e desinformação sobre câncer está mais disponível que conteúdo científico, então "as instituições confiáveis são as responsáveis por produzir conteúdo para preencher os vazios de dados".

Warraich, o cardiologista, diz achar que médicos devem criar "maneiras pelas quais pacientes podem entrar em contato com eles". "Se os pacientes pudessem acessar seus médicos, adivinhem quem seria sua fonte?"

A comunicação é chave, de acordo com Larson. Mas especialmente a parte de "escutar", que, trabalhando com pessoas que hesitam em serem vacinadas, ela aprendeu a defender. A comunidade científica "não tem sido boa o suficiente em escutar" pessoas que têm dúvidas, ela diz. "Não é um ambiente de informações fácil de navegar. Temos que ter empatia."

*Colaboraram Flora Carmichael, do Beyond Fake News, e BBC Monitoring

AUTOR: BBC

sábado, 14 de setembro de 2019

EX-PRESIDENTE LULA: ENTENDA TODAS AS ACUSAÇÕES E PROCESSOS CONTRA ELE QUE FOI DENUNCIADO NOVAMENTE

Lula e um dos irmãos dele, conhecido como Frei Chico, foram denunciados por corrupção passiva. EPA/FERNANDO BIZERRA JR.

A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou nesta segunda-feira (9) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um dos irmãos dele, Frei Chico, por corrupção passiva.

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) diz que Frei Chico recebeu R$ 1.131.333,12 por meio do pagamento de "mesadas" de R$ 3 mil a R$ 5 mil, como parte de vantagens indevidas oferecidas a Lula em troca de benefícios obtidos pela Odebrecht.

A defesa de Lula diz que as acusações são "descabidas" e que o ex-presidente jamais ofereceu ao grupo Odebrecht qualquer "pacote de vantagens indevidas".

Além deste caso, há outros processos contra o ex-presidente. A BBC News Brasil explica a seguir as duas denúncias, os sete processos em que Lula é réu, as duas condenações, e o caso em que ele foi absolvido após ser acusado de crime de obstrução de Justiça.

1. Denunciado: mesada para Frei Chico

O MPF denunciou Lula e um dos irmãos dele, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, por corrupção passiva.

Também foram denunciados, por corrupção ativa, o delator e ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, o ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e seu pai, Emílio Odebrecht.

Segundo o MPF, Frei Chico recebeu R$ 1.131.333,12, por meio de pagamento da "mesada". Ainda de acordo com a denúncia, isso era parte de um pacote de vantagens indevidas oferecidas a Lula em troca de benefícios para a empreiteira no âmbito do governo federal.

A defesa de Lula afirmou que a denúncia "repete as mesmas e descabidas acusações já apresentadas em outras ações penais contra o ex-presidente" e que "Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer 'pacote de vantagens indevidas'".

Segundo a nota, "a denúncia não descreve e muito menos comprova qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente".
Cristiano Zanin Martins, responsável pela defesa do ex-presidente, disse que Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer 'pacote de vantagens indevidas'. ROVENA ROSA/ AGÊNCIA BRASIL

2. Denunciado: nomeação para Casa Civil

Em 2017, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff por obstrução de justiça.

A denúncia se refere à nomeação de Lula, no ano anterior, para ministro da Casa Civil do governo Dilma. Segundo Janot, a decisão teria sido tomada para garantir foro privilegiado ao ex-presidente. Na época, Lula já era alvo de investigações da Lava Jato.

A defesa de Lula nega irregularidades.

3. Réu: empréstimos do BNDES para Angola (Operação Janus)

Para o MPF, Lula cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência ao, supostamente, pressionar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a liberar empréstimos para obras da Odebrecht em Angola. A ação de Lula teria se dado entre os anos de 2008 e 2015, segundo a denúncia apresentada em 2016.

O ex-presidente nega e diz que jamais interferiu na concessão de qualquer benefício do BNDES.
Para o MPF, Lula pressionou o BNDES a liberar empréstimos que financiaram obras da Odebrecht em Angola REUTERS/ SERGIO MORAES

4. Réu: terreno para o Instituto Lula

Neste caso, o MPF acusa Lula de receber propina da Odebrecht, inclusive por meio da compra de um terreno em São Paulo no valor de R$ 12 milhões, que seria usado para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula.

A empreiteira também teria comprado o apartamento nº 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), no mesmo andar e no mesmo prédio onde Lula vivia antes de ser preso.

A defesa de Lula nega que ele "tenha praticado qualquer crime ou recebido qualquer benefício em troca de atos praticados na condição de Chefe de Estado e Chefe de Governo".
5. Réu: compra de caças (Operação Zelotes)

Lula se tornou réu por de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, no âmbito da Operação Zelotes. O ex-presidente é suspeito de interferir na compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro, produzidos pela fabricante sueca Saab, e na prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627 de 2013.

Em ambos os fatos Lula já não era mais presidente. Ele nega irregularidades.

6. Réu: MP das montadoras (Operação Zelotes)

Também no âmbito da Operação Zelotes, a Justiça Federal aceitou denúncia contra Lula por corrupção passiva. Nesse caso, a denúncia se refere ao recebimento de propina para aprovar uma medida provisória (MP 471 de 2009) que prorrogou incentivos fiscais para montadoras.

A defesa diz que Lula jamais praticou qualquer ato ilícito e que é alvo de perseguição política.
Defesa do ex-presidente alega perseguição política em acusações e denúncias REUTERS/LEONARDOBENASSATTO

7. Réu: 'Quadrilhão do PT'

No fim de 2018, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, em Brasília, aceitou denúncia do MPF contra Lula, Dilma Rousseff, os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, por formação de organização criminosa. O caso ficou conhecido como "quadrilhão do PT".

Segundo a denúncia, do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a cúpula do PT recebeu R$ 1,48 bilhão de propina em dinheiro desviado dos cofres públicos.

O advogado Cristiano Zanin, da defesa de Lula, afirmou em nota que a ação é "manifestamente descabida" e que o ex-presidente não cometeu nenhum crime no exercício da Presidência.

8. Réu: Guiné Equatorial e Instituto Lula

Neste caso, o ex-presidente é acusado de receber propina de R$ 1 milhão – paga por empresários brasileiros – em troca de intermediar negócios destes empresários com o líder da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang. O pagamento teria sido feito de forma dissimulada, por meio de uma doação ao Instituto Lula.

O ex-presidente nega irregularidades – ele admite ter recebido a doação, mas nega ter feito qualquer favor em troca.

Na época, sua defesa disse que a acusação "pretendeu, de forma absurda e injurídica, a transformação uma doação recebida de empresa privada pelo Instituto Lula, devidamente contabilizada e declarada às autoridades, em tráfico internacional de influência".

9. Réu: propina da Odebrecht

Em junho de 2019, o juiz Vallisney de Oliveira aceitou denúncia por corrupção contra Lula, o empresário Marcelo Odebrecht e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo.

O caso envolve suposto pagamento de propina da Odebrecht em troca de favorecimento do governo federal.

Em nota, a defesa de Lula afirmou que o ex-presidente "jamais solicitou ou recebeu qualquer vantagem indevida antes, durante ou após exercer o cargo de presidente da República". Disse, ainda, que o nome de Lula "somente foi incluído na ação com base em mentirosa narrativa apresentada pelo delator que recebeu generosos benefícios para acusar Lula".

10. Condenado: tríplex do Guarujá

No caso conhecido como "Tríplex do Guarujá", o petista é acusado de receber propina da empreiteira OAS na forma da reserva e reforma de um apartamento no balneário paulista.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo então juiz Sergio Moro. Depois, a condenação foi confirmada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em janeiro de 2018, que aumentou a pena para 12 anos e um mês de prisão.

Em abril de 2019, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter a condenação, mas reduziu a pena imposta a Lula para 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.

Na ocasião, a defesa do ex-presidente Lula criticou a decisão dos ministros. Para a defesa do ex-presidente, "o único desfecho possível é a absolvição do ex-presidente Lula, porque ele não praticou qualquer crime".
Sítio de Atibaia: sentença da juíza federal Gabriela Hardt condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão REPRODUÇÃO/ AJUFE

11. Condenado: sítio de Atibaia

No caso do sítio de Atibaia, Lula é acusado de receber propinas das construtoras OAS e Odebrecht por meio de reformas, em 2010, num sítio no município do interior paulista.

O imóvel pertence formalmente ao empresário Fernando Bittar, mas o MPF alega que Lula é o verdadeiro dono do sítio e era o principal usuário do local.

A juíza federal Gabriela Hardt condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Além de Lula, outras dez pessoas foram condenadas na sentença proferida pela juíza , entre elas os ex-presidentes da OAS, Léo Pinheiro, e da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O ex-presidente Lula nega irregularidades, enquanto os dois empresários são hoje colaboradores da Lava Jato, e confessaram os crimes.

Em nota, a defesa de Lula acusou a Justiça Federal de Curitiba de fazer "uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política".

A defesa destacou que o ex-presidente nunca foi o dono do sítio, e que a decisão se baseia num suposto "caixa geral" de propinas das empreiteiras porque não há, segundo a defesa, provas materiais de que o dinheiro desviado de contratos da Petrobras foi usado nas reformas.
Imóvel em Atibaia pertence formalmente ao empresário Fernando Bittar, mas MPF alega que Lula é seu verdadeiro dono REPRODUÇÃO/GOOGLE EARTH

12. Absolvido: obstrução de justiça

Em julho de 2018, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, absolveu Lula e outros seis réus no processo em que o ex-presidente era acusado de crime de obstrução de Justiça.

A acusação era a de que ele tinha atrapalhado as investigações da Lava Jato, ao supostamente se envolver em uma tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato.

O juiz Ricardo Leite considerou que as provas eram insuficientes e que a acusação estava baseada somente em relatos de delatores. Na ocasião, a defesa de Lula disse que o juiz agiu de maneira imparcial.

AUTOR: BBC

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

NOVA IMAGEM BRILHANTE DOS ANÉIS DE SATURNO É CAPTADA PELA NASA

Imagem captada pelo telescópio Hubble mostra Saturno com anéis brilhantes Foto: Nasa / ESA/ A. Simon (GSFC), M.H. Wong (Universidade da California, Berkeley) e OPAL

O mais recente registro de Saturno, feito pelo telescópio Hubble, da Agência Espacial Americana (Nasa), mostra um brilho excepcional nos anéis do planeta e detalhes atmosféricos que antes só podiam ser percebidos por naves espaciais.

A imagem foi captada em 20 de junho deste ano pela Wide Field Camera 3, quando o planeta estava a cerca de 845 milhões de quilômetros de distância.

Ela revela que uma grande tempestade captada na região do pólo norte em 2018 já se dissipou. Outro detalhe que chama a atenção é a cor do planeta. Segundo a Nasa, a coloração âmbar vêm de neblinas produzidas em reações fotoquímicas causadas pela radiação ultravioleta solar.

Também é possível de observar na imagem um misterioso padrão hexagonal, perceptível no polo norte. Segundo a Nasa, este padrão é causado por um jato de alta velocidade, e foi descoberto em 1981 pela sonda Voyager 1.

De acordo com a Nasa, esta é a segunda imagem captada em uma série anual de instantâneos feitos no projeto Legacy Atmospherees Outer Planets (OPAL).

O projeto ajuda cientistas a entender a dinâmica atmosférica dos planetas gigantes de gás do Sistema Solar.

Confira abaixo a imagem registrada em 2018

Imagem de Saturno captada pela Nasa em 2018 mostra tempestade atmosférica no pólo norte Foto: NASA / ESA /Amy Simon e time OPAL / J. DePasquale (STScI)

AUTOR: G1

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

PESQUISA DA IPSOS APONTA QUE BRASILEIROS ESTÃO MENOS FELIZES EM 2019

O índice de felicidade caiu 12% do passado para esse ano Reuters

Os brasileiros estão menos felizes neste ano em comparação com o ano passado, segundo uma pesquisa do instituto Ipsos que avaliou a felicidade da população de 28 países.


No Brasil, 61% dos entrevistados consideram-se muito felizes ou felizes – uma queda de 12 pontos percentuais em relação à última edição, feita em 2018, quando o resultado foi de 73%. No mundo, o índice de felicidade também caiu de 70% para 64%.

"Toda vez que há uma eleição presidencial, vemos uma renovação dos ânimos, então 2019 começou com expectativas e depois houve uma frustração.", explica Sandra Pessini, diretora da Ipsos. "Existe uma correlação bem forte entre a confiança na economia e a percepção de felicidade. E a demora na retomada econômica impacta muito a vida e o dia a dia das pessoas."

"Mas há frustração não só com o governo e com a economia em si. Sabemos que tragédias e a polarização política também impactam essa percepção."

A pesquisa, chamada Global Happiness Study ou Estudo Global da Felicidade, foi divulgada nesta quarta. Foi feita online com 20,3 mil entrevistados em 28 países, entre 24 de maio e 7 de junho de 2019. Foram mais de 1.000 entrevistados no Brasil e a margem de erro no país é de 3,5 pontos para mais ou para menos.

Por se tratar de uma pesquisa online, o estudo da Ipsos é representativo da população conectada, que no Brasil é 70% do total.

Felicidade no mundo

A Austrália e o Canadá são as nações com o melhor índice, onde 86% dos entrevistados se consideram felizes.

Em seguida vêm a China e o Reino Unido, onde o índice de felicidade é 83% – no caso britânico, o número parece estar desconectado do contexto político conturbado, em meio às negociações sobre a saída da União Europeia, o chamado Brexit.

Pessini explica que peso da questão política para os britânicos é menor para a felicidade pessoal (52%) do que para os brasileiros (67%). A pesquisa foi feita entre meio e junho deste ano, antes de Boris Johnson assumir o cargo de primeiro-ministro.

Quase todos os países da América registraram queda na felicidade Getty Images

O país analisado com o menor índice de felicidade é a Argentina, com 34%. Por lá, o índice caiu 22 pontos desde o ano passado.

Quase todos os países estudados nas Américas registraram queda na porcentagem de adultos felizes. Além dos brasileiros e argentinos, também estão mais infelizes os chilenos, os americanos e os mexicanos. Somente as pessoas no Canadá e no Peru estão mais felizes – o aumento foi de 5 e 4 pontos, respectivamente.

O que faz as pessoas felizes?

A saúde e o bem-estar físico são considerados muito importantes como fonte de felicidade para 65% dos brasileiros, ocupando o primeiro lugar entre as 29 fontes de felicidade citadas na pesquisa.

Em segundo lugar está ter um emprego que faça sentido (62%), seguido por sentir que a vida faça sentido (59%).

Depois estão segurança pessoal, sentir que estou no controle da minha vida, minha condição de vida, ter mais dinheiro, minha situação financeira pessoal, e meu bem-estar religioso ou espiritual, todos empatados com 57%.

Esse ranking brasileiro é um pouco diferente do global, onde filhos (48%) e a relação com o parceiro (48)% aparecem entre entre as cinco principais fontes de felicidade para a maioria dos entrevistados.

A saúde é o fator principal de felicidade no mundo todo, explica Pessini. Ela afirma que, entre as diferenças no ranking de fontes de felicidade apontadas pelos brasileiros, se destaca o fato de "ter um emprego que faça sentido" estar em segundo lugar entre as fontes mais importantes.

"No resto do mundo essa fonte só aparece em sexta ou décima posição. No momento atual, em que sabemos que desemprego é alto, em que muitas pessoas aceitaram um emprego que não era o que sonhavam ou com condições que não eram as ideais, é bem significativo que os brasileiros coloquem esse fator como tão importante."

AUTOR: BBC NEWS

terça-feira, 10 de setembro de 2019

O PIOR DIA DA TERRA: O DIA EM QUE O MUNDO DOS DINOSSAUROS VEIO ABAIXO

Ilustração mostra o impacto do asteroide, que deve ter desencadeado ondas gigantescas Foto: Barcroft Productions/ BBC

Cientistas têm um registro do pior dia da Terra ou, pelo menos, o pior nos últimos 66 milhões de anos.

Ele está num trecho de 130 metros de uma rocha retirada do Golfo do México.

Esses são sedimentos depositados logo após um imenso meteoro se chocar com o planeta.

Você deve saber do que estamos falando: Do evento que cientistas consideram ter causado a extinção dos dinossauros e a ascensão dos mamíferos.

A rocha que conta essa história foi resgatada por uma equipe liderada por americanos e britânicos, que passaram várias semanas em 2016 cavando na cratera aberta pelo impacto.

Hoje, essa estrutura com 200 km de diâmetro fica embaixo sob a península de Yucatán, no México. Suas partes mais preservadas estão bem próximas ao porto de Chicxulub.

A equipe retirou várias porções da rocha, mas é esta seção com 130 metros que documenta o primeiro dia do que geólogos conhecem por Era Cenozóica, também chamada por outros de Idade dos Mamíferos.

O impacto que mudou a vida na Terra

Um objeto com 12 km de diâmetro abriu um buraco de 100 km de largura e 30 km de profundidade na superfície da Terra.

Essa fenda então colapsou, deixando uma cratera de 200 km de largura e alguns quilômetros de profundidade. Houve um novo desabamento no centro da cratera, formando um anel interno.

Hoje, boa parte da cratera está sob o solo do mar, abaixo de 600 metros de sedimentos. A parte em terra está hoje coberta por rochas calcárias, e sua borda é marcada por um arco de cavernas.

O trecho da rocha é um combinado de materiais estilhaçados, mas seu conteúdo está disposto de tal forma que cientistas dizem ser capazes de perceber uma narrativa clara.

Os últimos 20 metros são dominados por destroços que lembram vidro. Essa é a rocha que foi derretida pelo calor e pela pressão do impacto. Ela escorreu pela base da cratera segundos e minutos após o choque.

Em seguida, há um trecho de rocha derretida fragmentada - formado por explosões conforme a água jorrava pelo material quente.

A água vinha do mar raso que cobria a área naquela época. Ela foi expulsa temporariamente pelo impacto, mas, quando voltou e entrou em contato com a rocha incandescente, gerou violentos fenômenos. Algo similar ocorre em vulcões, quando o magma interage com a água do mar.

Essa fase transcorreu durante uma hora. Conforme a água continuava a fluir para a cratera, e um monte se formou no centro do buraco com destroços carregados pela água. Grandes fragmentos foram acompanhados por materiais mais e mais finos.

Esse processo transcorreu nas primeiras horas depois do impacto.

Depois, bem no topo da seção retirada da cratera, há sinais de um tsunami. Os sedimentos afundaram numa só direção, e sua organização indica que eles foram depositados por um evento de grande energia.

Cientistas dizem que o impacto gerou uma onda gigantesca que deve ter avançado centenas de quilômetros terra adentro. Essa onda acabou por voltar - e os destroços carregados por ela cobrem o topo da rocha extraída do fundo do mar pelos pesquisadores.

Explosão de enxofre

"Isso tudo foi no dia 1", diz o professor Sean Gulick, da Universidade do Texas em Austin. "Tsunamis se moveram na velocidade de um jatinho. Vinte e quatro horas são uma quantidade suficiente de tempo para que as ondas tenham entrado e saído repetidamente", ele disse à BBC News.

A equipe de Gulick acredita na explicação sobre o tsunami porque, misturado com os depósitos extraídos, há sinais de solo e carvão - evidências dos grandes incêndios que teriam surgido pelo calor gerado pelo impacto –, tudo transportado para a cratera pelas ondas.

Estranhamente, o que os cientistas não encontraram em nenhum ponto da rocha extraída foi a presença de enxofre. É uma surpresa, porque o asteroide teria se chocado com um fundo do mar composto por até metade de minerais que contêm enxofre.

Por algum motivo, o enxofre deve ter sido ejetado ou vaporizado. Mas isso apenas reforça a teoria atual sobre como os dinossauros tiveram um fim.

O enxofre misturado à água e despejado na atmosfera pode ter reduzido dramaticamente a temperatura, tornando a vida difícil para todos os tipos de plantas e animais.

A injeção de bilhões de toneladas de enxofre no ar causou uma queda de 25 graus Celsius na temperatura por pelo menos 15 anos, fazendo com que a maior parte do planeta congelasse, diz Gulick.

A emissão de enxofre foi muitas vezes superior ao que um vulcão como o Krakatoa é capaz de fazer, também gerando uma diminuição periódica da temperatura.

Os mamíferos emergiram a partir dessa calamidade. Os dinossauros ficaram para trás.

AUTOR: BBC
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