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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

NA VENEZUELA: POR DENTRO DO NECROTÉRIO ONDE CADÁVERES EXPLODEM POR FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA

Lençóis e papelão são usados para cobrir alguns corpos no necrotério venezuelano; outros ficam expostos, sem qualquer proteção

Um cheiro de morte velha fica preso na garganta.

É o que o visitante sente no necrotério de um dos principais hospitais do Estado de Zulia, no noroeste da Venezuela - também um dos mais importantes do país, ao qual a BBC News Mundo teve acesso.

Localizado em um porão, para chegar lá é preciso descer as escadas que o separam do pátio onde os responsáveis pelo hospital organizavam uma festa infantil com balões, música e jogos naquele dia.
O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à maior crise de sua história

À medida que se aproxima o pavilhão lateral onde fica o necrotério, é possível começar a sentir um odor insuportável.

Nos arredores, macas danificadas e outros materiais inutilizados ​​se acumulam formando um imenso depósito a céu aberto.

Mas o que está ao final dessas escadas é pior.
Os cadáveres têm ficado semanas e até meses no necrotério onde não há condições mínimas de conservação

Separados do mundo dos vivos por uma cortina de borracha transparente, vários corpos sem vida estão sobre mesões de metal sujos.

As moscas voam sobre os cadáveres, que jazem à temperatura ambiente.

No sempre quente Estado de Zulia, isso significa temperaturas superiores a 30 graus.

Ali há homens, mulheres e também crianças.

Eles deveriam permanecer no local por apenas algumas horas e sempre no frio, mas a maioria passa dias ali, alguns até meses, se decompondo sob o calor sufocante porque ninguém assume a responsabilidade e os refrigeradores onde deveriam ser conservados não funcionam.

Zulia é um Estado rico em petróleo, pecuária e comércio, e a área mais populosa do país, com quatro milhões de habitantes.

É também uma das cinco regiões ocidentais prejudicadas por constantes apagões, racionamentos e oscilações de eletricidade.
'A carne está apodrecendo e os cadáveres estão se decompondo': Retratos do colapso da Venezuela

Os apagões são constantes em várias partes de Maracaibo, a principal cidade do Estado.
Um necrotério à temperatura ambiente

Caminhando pelo chão pegajoso e desviando de manchas de sangue, chega-se a refrigeradores que, há muito tempo, não refrigeraram nada.

As falhas constantes no fornecimento de eletricidade, um problema comum em Zulia, comprometeram os equipamentos e os tornaram inúteis.

"Estão apodrecendo 2 ou 3 cadáveres por semana", diz o responsável pelo necrotério.

Por questões de segurança, protegemos sua verdadeira identidade, bem como o nome do necrotério.

Arnold, como chamaremos o homem de estatura baixa, de aproximadamente 30 anos, faz o trabalho que ninguém mais quer fazer em troca de um salário mínimo: cerca de US$ 24 (R$ 88,70) por mês considerando o câmbio no mercado paralelo, o de referência para a população da Venezuela.

Na porta que fecha uma daquelas geladeiras danificadas, uma folha de papel informa: "25 fetos para enterrar por bolsa".
Em uma das geladeiras danificadas no necrotério venezuelano, uma folha de papel informa: 25 fetos para enterrar por bolsa

Neste hospital, contam os funcionários, cada vez mais crianças e recém-nascidos morrem.

Arnold nos mostra o interior das câmaras frigoríficas. Ele se mostra indignado e quer que o mundo saiba.

Em algumas delas, montes de papelão e panos envolvem o que já foi um ser humano.

Em outras, a morte aparece de cara, como no caso de uma mulher que morreu há mais de seis meses.

Seu crânio em parte consumido deixa os cabelos arrepiados.

O odor provoca náusea e é preciso tapar o nariz.
Crianças que ninguém quer

Arnold explica que esse cadáver explodiu dentro do porão, como acontece no necrotério com muitos outros que não são retirados a tempo para enterro ou cremação, nem recebem o tratamento adequado.
A demora na retirada dos cadáveres, por falta de pagamento à empresa que faz o serviço, tem piorado as condições no local

É a consequência do que os peritos chamam de fase enfisematosa da decomposição, quando os corpos já não podem conter os gases e fluidos pútridos acumulados em seu interior e estouram.

Isso deveria acontecer quando o corpo já estivesse enterrado, mas, de acordo com Arnold, atrasos na coleta dos cadáveres têm feito com que isso aconteça ainda no necrotério.

"A agência funerária não os leva porque diz que o governo não paga o que deve", diz ele.

"As famílias também não podem pagar, na situação atual, o custo de um enterro", acrescenta.

Mais uma consequência da grave crise econômica que o país da hiperinflação atravessa.

Entre os atuais ocupantes desse necrotério há uma menina que morreu há três dias de difteria.

"Nem o hospital, nem o governo, nem o gabinete do prefeito se pronunciam para ajudar os familiares", diz Arnold, que está praticamente sozinho com seus mortos.
O odor que os cadáveres exalam no local é quase insuportável e condições de conservação têm deixado familiares indignados

Cinquenta trabalhadores do Plano Chamba Juvenil, promovido pelo presidente Nicolás Maduro para dar emprego aos jovens venezuelanos, foram alocados para auxiliar no serviço, mas ele conta que quase todos já foram embora.

"Não há eletricidade, não há máscaras, não há cloro, não há desinfetantes, não há botas, não há equipamento para entrar nas câmeras, não há nada", denuncia Arnold.
Cadáveres pelas escadas

Como não há luvas, Arnold e os poucos trabalhadores que resistem precisam manipular os cadáveres diretamente com as mãos nuas.

Eles também têm de limpar as câmeras quando algum dos corpos explode no interior.

"Quando isso acontece, há vermes e sangue podre por todos os lados."

De acordo com Arnold, muitos morrem de HIV e outras doenças infecciosas, por isso, ele teme um dia ser infectado por não ter os equipamentos de proteção necessários.

Como os apagões também deixaram os elevadores do prédio fora de serviço, Arnold e sua equipe têm de carregar os corpos pelas escadas, sob o olhar de todo o público presente, com o risco de que a manipulação provoque algum arranhão ou ferida.

Às vezes, os parentes os agridem ou insultam ao verem o tratamento que seus entes queridos recém-falecidos recebem.

O necrotério deveria estar hermeticamente fechado, mas na ausência de ar condicionado, deixar as portas abertas é a única maneira de mantê-lo minimamente arejado, de modo que, apesar do acesso não ser permitido, os parentes às vezes entram livremente.

Arnold tenta dissuadi-los, mas nem sempre consegue.
Os moradores de Zulia se queixam dos problemas gerados por horas sem fornecimento de energia na região mais quente da Venezuela AFP

Não são poucos os que se enfurecem ou que desabam ao verem o corpo de um familiar abandonado em uma mesa ensanguentada.

Tudo isso pesa para Arnold, embora não seja o primeiro destino difícil que ele tem no hospital.

Antes, ele esteve na unidade de pediatria e as coisas não eram muito melhores por lá.

"Eu chorava muito, porque a unidade está contaminada e muitas crianças que entravam se complicavam ali com outras doenças."

Ele também passou pela unidade de queimados, onde se lembra de ter visto muitos morrerem por falta de medicamentos.

Um hospital cercado por lixo

Atrás do hospital, montes de lixo, muitos resíduos do próprio hospital, corroboram denúncias dos trabalhadores de que, como em toda a rede hospitalar do país, há ali um estado de abandono.

A BBC News Mundo tentou, sem sucesso, obter a versão das autoridades de Zulia sobre o estado do hospital e os cortes de energia.

O ministro da Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez, garantiu em setembro que os racionamentos haviam acabado e que as falhas no fornecimento se devem à sabotagem e ao roubo de material estratégico.

As coisas chegaram a tal ponto que Arnold frequentemente diz às famílias dos mortos que, se elas conseguirem formol, ele poderá tratar os corpos para que eles aguentem mais tempo.
Venezuelanos têm sofrido com constantes apagões, mas governo assegura que eles não são frutos de racionamento AFP

Na falta de uma resposta oficial, o esforço é para suprir as necessidades com boa vontade.

"Alguns (dos mortos) são recolhidos e acabam deixados em uma vala comum ou em uma vala que abrem em qualquer terreno."

Isso acontece especialmente com os Wayu, os povos indígenas da região, que por razões culturais são muito mais relutantes em abandonar os restos mortais de um membro da família.

Apesar de tudo, Arnold gosta do trabalho. Diz que o segredo é fazer o que pode para diminuir o sofrimento nas circunstâncias atuais.

"Quando ando na rua, ou quando estou em casa com a minha família, não consigo parar de pensar no que vejo lá."

"Aquilo é desumano."

AUTOR: BBC

domingo, 21 de outubro de 2018

SAIBA COMO MULHERES SÃO DESCRIMINADAS ANTES DE SEREM CONDENADAS À MORTE, PELO MUNDO

Brenda Andrew é uma das mais de 500 mulheres que estão no corredor da morte no mundo DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

Brenda Andrew está há 15 anos no corredor da morte em Oklahoma, nos Estados Unidos. Ela foi condenada à pena capital após ser considerada culpada de matar seu marido, Robert, em 2001.

Segundo a sentença, Brenda planejou o crime junto com seu amante, James Pavatt (também condenado à morte), para lucrar com a apólice do seguro de vida de Robert.

Baseando-se nas evidências, o júri considerou que não havia dúvidas sobre sua culpa, mas alguns dos argumentos usados contra ela durante o processo foram alvo de críticas de que não eram oportunos nem relevantes para julgar o crime.

Os jurados ouviram, por exemplo, sobre as supostas aventuras de Brenda fora de seu casamento anos antes do assassinato. Também souberam detalhes sobre o tipo de roupa que ela costumava vestir.

Ainda foi mostrada a lingerie encontrada em sua mala depois que ela fugiu para o México, o que, segundo o promotor, demonstrava que ela não vivia como uma "viúva aflita" após a morte do marido.

E esses detalhes, segundo juízes que revisaram o caso e reconheceram erros durante o processo, podem ter tido uma influência determinante na decisão do júri ao condená-la.
Além de Brenda Andrew, outros 46 condenados à morte aguardam sua execução em Oklahoma DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

"Esses erros, em sua forma mais atroz, incluem um padrão de apresentar evidências que não têm outro propósito a não ser dizer que Brenda Andrew é uma esposa, mãe e mulher ruim", afirmou Arlene Johnson, juíza do Tribunal de Apelações Criminais de Oklahoma.

E essa apresentação de "provas inapropriadas", destacou a juíza ao revisar o caso em 2007, violou "a regra fundamental de que um acusado deve ser condenado pelo delito imputado e não por ser uma pessoa ruim".

Johnson não duvidou do veredito sobre a culpa de Brenda, mas pediu que a sentença de morte fosse revista. Outro colega de tribunal recomendou inclusive repetir o julgamento, mas a maioria dos juízes determinou que a pena aplicada fosse mantida.

Brenda continua à espera de sua execução. Hoje, tem 54 anos.

'Preconceitos e discriminação'

Brenda Andrew é uma de ao menos 500 mulheres que estão no corredor da morte no mundo. O Organização das Nações Unidas (ONU) alerta, no entanto, que o número pode ser maior.

Apesar de mulheres serem não mais de 5% das pessoas que aguardam para serem executadas, a ONU aponta, neste mês de outubro, quando se comemora o Dia Mundial contra a Pena de Morte (10/10), que "sua invisibilidade mostra que suas necessidades estão em grande medida ocultas".
Apesar da falta de dados públicos, acredita-se que, no Irã, dezenas de mulheres esperam para serem executadas AFP

Por isso, 11 relatores da ONU pediram que países "revisem todas as sentenças de morte contra mulheres e meninas e que adotem políticas de gênero para abordar (...) os preconceitos e a discriminação que caracterizam suas investigações e julgamentos" em comparação com homens na mesma situação.

Um relatório publicado em setembro pelo Centro sobre a Pena de Morte da Faculdade de Direito da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, lançou uma luz sobre a situação dessas mulheres.

Não foi uma tarefa simples, por causa da falta de transparência de muitos países que aplicam a pena.

No caso da China, onde o percentual de mulheres no corredor da morte é estimado entre 1% e 5% do total de condenados nessa situação, o relatório considera que o número podem ser de "dezenas ou mesmo centenas" de presas à espera de uma execução.

É um caso similar ao do Irã, onde advogados especializados em direitos humanos calculam que haja dezenas de mulheres condenadas à pena de morte. Apenas no ano passado, ao menos dez foram executadas.

Também é desconhecido o número de condenadas à morte na Arábia Saudita, onde no mínimo nove foram executadas desde 2015.
O país onde o relatório aponta que há mais mulheres no corredor da morte é a Tailândia, com um total de 94 (ou 18% das pessoas à espera de uma execução no país).

Em seguida, estão os Estados Unidos, com 54, Bangladesh, com 37, Paquistão, com 33, e Nigéria, com 32.

Violência de gênero

O estudo também identificou os tipos de delitos mais comuns pelos quais mulheres costumam ser condenadas à pena de morte.

Dezenas delas respondem em países islâmicos por "crimes contra a moralidade", como adultério. Essa prática, alerta a ONU, vai contra os limites internacionais da aplicação da pena de morte unicamente em casos de homicídio doloso.

O segundo tipo de delito mais comum são aqueles relacionados a drogas.
As mulheres representam 30% das prisões por narcotráfico no mundo AFP

De fato, as mulheres - presas em suas maioria por vender drogas nas ruas ou atuar como "mulas" ao transportá-las para outro país - representam 30% das prisões por narcotráfico no mundo.

No entanto, a maioria das mulheres no corredor da morte foram condenadas por assassinato, com frequência de familiares próximos.

O relatório destaca que muitos destes crimes foram cometidos em um contexto de violência de gênero ainda que, uma vez mais, seja impossível saber quantos, por falta de dados.

"Em muitos casos de mulheres acusadas de matar o marido, por exemplo, não se questionou no julgamento se havia um contexto de violência doméstica, por isso não feitas alegações baseadas em violência de gênero e o tribunal quase nunca ouve algo sobre isso", diz Delphine Lourtau, diretora-executiva do Centro sobre a Pena de Morte de Cornell.

"E, quando isso ocorre, na maioria das vezes, o tribunal não considera isso uma prova relevante para entender as circunstâncias do crime."
A ONU concorda que é extremamente raro que um abuso doméstico seja levado em conta como atenuante nos processos que conduzem à pena capital.

"A imposição da pena de morte é sempre arbitrária e ilegal quando o tribunal ignora fatos essenciais que podem ter influenciado significativamente nas motivações, na situação ou na conduta de um acusado de um crime passível de pena de morte, inclusive a exposição à violência doméstica e a outros abusos", disseram os relatores.

A ONU também recorda que a execução de qualquer pessoa por crimes cometidos quando esta tinha menos de 18 anos é vetada por leis internacionais.

O relatório de Cornell reconhece a dificuldade de documentar estes casos, às vezes por conta da dificuldade de definir a idade das condenadas, mas todos os casos que detectou estavam relacionados com violência de gênero, casamento infantil e/ou abuso sexual, em países como Irã e Paquistão.

"Segundo as leis iranianas, meninas podem ser condenadas à morte a partir dos 9 anos de idade", destaca Lourtau.

Teoria da mulher diabólica

O Centro de Cornell aponta que algo que diferencia os casos de mulheres condenadas à morte em relação aos de homens é o fato de que a violação dos estereótipos de gênero tradicionalmente associados às mulheres é geralmente um fator adicional quando se trata de optar pela pena capital para puni-las.

"Em muitos casos, os tribunais julgam as mulheres não apenas por seus supostos delitos, mas também pelo que percebe como falhas morais, como esposas 'infiéis', mães 'indiferentes' ou filhas 'ingratas'", dizem os relatores da ONU.

Mas as estatísticas apontam que, em geral, os jurados tendem a impor a pena de morte com menos frequência a mulheres do que a homens.
Jurados tendem a impor a pena de morte com menos frequência a mulheres do que a homens GETTY IMAGES

Especialistas afirmam que os transtornos emocionais são considerados como atenuantes em muitos de seus casos e que o júri costuma relutar mais em deixar crianças vivendo sem a mãe do que sem o pai.

Para contrapor essa tendência, em muitos processos contra mulheres, é usada uma estratégia identificada em documentos de criminologia e gênero há décadas: a chamada "teoria da mulher diabólica".

Isso significa explorar os casos em que as mulheres rompem com estereótipos do comportamento feminino tradicional para que sejam submetidas a castigos frequentemente reservados a homens.

Segundo o advogado de Brenda Andrew, John Carlson, essa estratégia foi "habilmente" utilizada por promotores para apresentar sua cliente como uma mulher que, por seus atos, renunciava "à proteção que a condição feminina costuma oferecer sob a ótica do júri".
Brenda Andrew, que atualmente tem 54 anos, segue no corredor da morte junto a James Pavatt DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

"Representaram Andrew como malvada de uma forma unicamente feminina, como agressiva sexualmente, hostil a noções profundamente arraigadas de feminilidade e ansiosa por profanar as normas da sociedade sobre o matrimônio e a monogamia", diz.

"Para provar que era uma assassina apta a ser executada, demonstraram que era uma mulher adúltera que desfrutava e inclusive se deleitava com sua vida sexual enquanto traía o marido. Feito isso, foi fácil convencer o júri de condená-la à morte."

Questionado se o veredito teria sido também a pena de morte se sua cliente fosse homem, o advogado acha que não: "Os homens que são julgados por crimes capitais não têm por que serem apresentados como adequados para receber penas (consideradas) masculinas. As mulheres devem ser primeiro denegridas. Então, estão prontas para a morte".

AUTOR: BBC

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

CONHEÇA HYPERION, A MAIOR ESTRUTURA ESPACIAL JÁ DESCOBERTA

O Hyperion tem uma massa mais de um milhão de bilhões de vezes maior que a do Sol LUIS CALÇADA & OLGA CUCCIATI/ESO

Uma equipe internacional de astrônomos anunciou nesta quarta-feira a descoberta da maior estrutura já encontrada no espaço, um superaglomerado ancestral de galáxias com massa de mais de um milhão de bilhões de vezes a do Sol. Hyperion, como foi batizada, é a maior estrutura já vista nos primeiros 5 bilhões de anos do Universo.

Para compreender isto, precisamos lembrar que há um consenso no meio astronômico de que o Big Bang, ou seja, a explosão fundamental que deu origem ao Universo, ocorreu entre 13,3 bilhões e 13,9 bilhões de anos atrás.

Quando os cientistas miram telescópios para os confins do espaço, eles estão sempre observando o passado - afinal, a luz viaja a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo e, ao olhar para o céu, o que se vê é a luz emitida pelos astros, sempre com algum grau de "delay".

Por exemplo: a luz do nosso Sol, que está "perto" - em termos astronômicos -, chega a nós com um atraso de 8 minutos, que é o tempo que a luz demora para percorrer a distância.

No caso de Hyperion, ela está tão distante que a imagem obtida pelos cientistas é um retrato de mais de 11 bilhões de anos atrás - calcula-se que o superaglomerado ancestral de galáxias seja de quando o Universo era um jovem de 2,3 bilhões de anos.

Hyperion recebeu este nome por causa de suas dimensões colossais em referência a um dos titãs da mitologia grega. Em português, é também chamado de Hiperião, Hipérion ou Hiperíon.
A descoberta

Catorze instituição científicas europeias, americanas e asiáticas fizeram parte da pesquisa que culminou na descoberta. Os trabalhos foram liderados pela astrônoma Olga Cucciati, do Instituto Nacional de Astrofísica de Bolonha, Itália, e pelo astrofísico Brian Lemaux, da Universidade da Califórnia.

Eles utilizaram um instrumento chamado VIMOS, do Very Large Telescope do Observatório de Paranal, localizado em uma montanha de 2.635 metros de altura em pleno deserto do Atacama, no norte do Chile.
Observatório de Paranal, localizado no deserto do Atacama, norte do Chile G.GILLET/ESO

O Very Large Telescope é o maior telescópio em funcionamento do mundo. Seu espelho principal tem 8,2 metros de diâmetro. Ele é operado pelo European Southern Observatory (ESO), de um centro técnico-científico que fica em Munique, na Alemanha.

"Nosso levantamento teve como alvo cerca de 10 mil galáxias do início do Universo, para observações com o VIMOS. Esse instrumento é capaz de observar a luz visível de várias centenas de galáxias simultaneamente e dispersar essa luz em suas diferentes cores como um prisma, de modo que possamos estudar a intensidade da luz em cada cor", explicou à BBC News Brasil o astrofísico Lemaux.

A descoberta empolga os estudiosos do espaço porque permite compreender melhor os primeiros bilhões de anos pós-Big Bang.

"Como estruturas tão grandes e complexas nunca haviam sido verificadas antes a tais distâncias, não estava claro se o Universo era capaz de criar estruturas assim tão cedo em sua história", diz Lemaux.

"Como é uma distância em que a gravidade teve pouco tempo para agir - afinal, estamos falando de apenas 2 bilhões de anos do início do Universo -, ver uma estrutura deste tipo com toda a sua complexidade é algo muito surpreendente."

"Normalmente, estruturas desse tipo são conhecidos a distâncias mais recentes, indicando que o Universo precisou de muito mais tempo para evoluir e construir coisas tão grandes", completa Cucciati. "Foi uma surpresa ver que algo evoluiu assim quando o Universo era relativamente jovem."

Lemaux ressaltou que a quantidade de massa do Hyperion também é algo impressionante. "Ao somar todas as galáxias e inferir a quantidade de matéria escura dentro de Hyperion - sendo esta última a matéria que não podemos ver e que apenas age gravitacionalmente - descobrimos que a sua massa já estava próxima da dos superaglomerados atuais de galáxias", compara.

"Um dos objetivos de nossa pesquisa é agora usar Hyperion e outras estruturas semelhantes para confrontar teorias de como a estrutura da teia cósmica, nome dado à estrutura de grande escala do universo, se forma e evolui", comenta o cientista.
Para entender a 'teia cósmica'

Sendo um conceito relativamente novo, a teia cósmica seria uma rede formada por todas as galáxias existentes, composta por invisíveis filamentos. De acordo com essa ideia, essas conexões formam a maior parte da matéria sideral.

Já os superaglomerados foram descobertos pela primeira vez em 1953. Trata-se de um conjunto gigantesco de galáxias - o que, segundo os cientistas, comprova que a distribuição delas no espaço não ocorre de forma uniforme.

A maior parte da comunidade astronômica hoje concorda que as galáxias estão agrupadas em conjuntos de cerca de 50 e aglomeradas em grupos de milhares.

Os superaglomerados são, portanto, conjuntos impressionantemente maiores.

Como olhar para eles é olhar para o passado, os cientistas acreditam que Hyperion "é uma estrutura que provavelmente está destinada a se tornar das maiores e mais massivas do universo atualmente", define Lemaux.

"Em outras palavras, sistemas como ele semearam as maiores coleções de galáxias que podemos ver hoje nas proximidades da Terra, como o superaglomerado de Virgem, uma imensa estrutura que contém, entre muitos outros, o Grupo Local, o lar de nossa Via Láctea."

Mapeamento

Graças ao instrumento VIMOS, os cientistas conseguiram fazer uma mapeamento tridimensional de Hyperion. A equipe descobriu, por exemplo, que a estrutura tem pelo menos sete regiões de alta densidade, conectadas por filamentos de galáxias. E ele aparenta ser diferente dos superaglomerados mais próximos da Terra.

"Enquanto os mais próximos tendem a ter uma distribuição de massa mais concentrada, com características estruturais claras, Hyperion tem a massa distribuída de maneira muito mais uniforme, em uma série de bolhas conectadas, povoadas por associações de galáxias", afirma o astrofísico.

Os pesquisadores apontam que essa diferença se dá justamente porque os superaglomerados mais velhos tiveram bilhões e bilhões de anos para que a gravidade agisse, aproximando a matéria e, assim, criando regiões mais densas. Se este raciocínio estiver certo, Hyperion deve evoluir da mesma forma.

"Compreendê-lo e entender como ele se compara a estruturas semelhantes pode nos fornecer insights sobre como o Universo se desenvolveu no passado e evoluirá para o futuro", diz Cucciati.

"Desenterrar este titã cósmico ajuda a descobrir a história dessas estruturas de larga escala."

Ele conta que os cientistas também identificaram um grande reservatório de gás hidrogênio difuso "e relativamente frio" e uma região que parece conter sinais de um aglomerado de galáxias em formação.

"Essa imensa atividade e diversidade tem sido prevista a partir de alguns modelos de formação de galáxias e estruturas", comenta. "Mas, com Hyperion, é a primeira vez que conseguimos vê-la em um sistema."

"Embora o destino de toda estrutura seja incerto, estamos desenvolvendo modelos para prever a evolução das galáxias", acrescenta. "Nossa esperança é, no futuro, que tais conexões nos permitam entender como as galáxias crescem, amadurecem e, eventualmente, chegam ao fim de suas vidas."

AUTOR: BBC

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

SAIBA DA MULHER QUE TERÁ DE SE EXPLICAR APÓS GASTAR R$ 78,8 MILHÕES EM UMA LOJA DE LUXO

Zamira Hajiyeva gastou certa vez US$ 200 mil em um único dia na loja de luxo Harrods GETTY IMAGES

Uma nova lei anticorrupção do Reino Unido pretende evitar que pessoas muito ricas consigam omitir como obtiveram suas fortunas.

É o caso de Zamira Hajiyeva, uma mulher de 55 anos do Azerbaijão, que terá de explicar como enriqueceu, sob o risco de perder sua propriedade se não conseguir fazer isso.

Ela está lutando para manter sua casa de US$ 15 milhões (R$ 56,2 milhões) em Londres após se tornar o primeiro alvo da nova legislação, a Ordem de Riqueza Não Explicada (UWO, na sigla em inglês).

Hajiyeva já perdeu na Justiça o direito de permanecer anônima, após a imprensa argumentar que o público tinha direito de saber todos os detalhes do caso.

Ela é casada com um banqueiro do Azerbaijão e gastou US$ 21 milhões (R$ 78,8 milhões) na luxuosa loja de departamentos Harrods ao longo de uma década.

Ela também comprou uma casa nas cercanias da loja e um campo de golfe em Berkshire, no sudeste da Inglaterra.

O que é uma Ordem de Riqueza Não Explicada?

A UWO foi criada para identificar autoridades estrangeiras corruptas que podem ter lavado dinheiro no Reino Unido.

Ela determina que Hajiyeva deve informar à Agência Criminal Nacional Britânica (NCA, na sigla em inglês) como ela e seu marido, Jahangir Hajiyev, tinham dinheiro suficiente para comprar uma grande casa em Knightsbridge, um dos bairros mais nobres de Londres.

Seus advogados dizem que a UWO "não pressupõe e não deveria gerar suposições de que qualquer ato ilegal foi cometido" por ela ou seu marido e entraram com um recurso contra o pedido de explicação.

Investigadores acreditam que bilhões de libras de dinheiro sujo são investidos em propriedades no Reino Unido, mas, até agora, era quase impossível acusar seus donos de algum crime ou confiscar os imóveis por conta da falta de evidências.

A UWO é uma tentativa de forçar essas pessoas a informar e explicar suas fortunas. Se elas não conseguirem fazer isso, um pedido pode ser feito à Justiça para confiscar a propriedade.
Quem são os Hajiyev?

Jahangir Hajiyev é um ex-presidente do conselho do Banco Internacional do Azerbaijão - o governo do país detém 50% de suas ações e controla a instituição.

Em 2016, ele foi condenado a 15 anos de prisão por fraude e peculato, após dezenas de milhões de dólares terem desaparecido do banco. Ele ainda teve de devolver US$ 39 milhões.

Sete anos antes, uma empresa baseada nas Ilhas Virgens Britânicas pagou em seu nome US$ 15 milhões por uma grande casa próxima à Harrods.
Jahangir Hajiyev foi condenado a 15 anos de prisão por fraude e peculato GETTY IMAGES

Em 2013, outra companhia, controlada por sua mulher, gastou mais de 10 milhões de libras (R$ 49,6 milhões) na compra do clube de golfe Mill Ride.

O governo britânico concedeu a ela uma permissão para viver no Reino Unido por meio de um visto dado a grandes investidores.
Quanto dinheiro o casal levou para o Reino Unido?

Em uma audiência em julho, quando os nomes do casal ainda não tinham sido revelados, soube-se que Zamira Hajiyeva tinha uma renda enorme.

Outros gastos relatados no processo incluem mais de US$ 200 mil em uma única compra na Boucheron, uma loja de luxo, e quase US$ 2,4 mil em vinho.

Também fez uma compra de mais de US$ 130 mil em jóias e US$ 26 mil em produtos de luxo para homens.

Em suas compras, ela usou três cartões fidelidade e mais de 35 cartões de crédito diferentes, todos emitidos pelo banco de seu marido.
O casal do Azerbaijão também comprou uma enorme propriedade em Londres

"Concordo com a NCA que as evidências são significativas tendo em vista que as acusações contra ele incluem abusos cometidos tirando proveito de sua posição no banco, emitindo cartões em nome de familiares", disse o juiz Supperstone, que está à frente da ordem emitida com base na UWO.

Registros oficiais revelam que Zamira também comprou um jatinho por US$ 42 milhões e duas vagas no estacionamento da Harrods.

"Ordens com base na UWO devem ser usadas agora de forma mais ampla para averiguar uma fortuna suspeita da ordem de US$ 5,8 bilhões que identificamos no Reino Unido", afirmou Duncan Hames, diretor para políticas da Transparência Internacional no Reino Unido.

A organização celebrou o fato da UWO estar sendo aplicada e já ter obtido resultados.

Zamira Hajiyeva nega ter cometido qualquer crime

Zamira Hajieyva afirma que ela e seu marido são inocentes, vítimas de uma grande injustiça.

Ela disse à Justiça que seu marido é um empresário honesto e que ficou rico graças a uma série de negócios bem-sucedidos antes de se tornar presidente do conselho do banco.

Seus advogados emitiram um comunicado dizendo que "a decisão judicial de aplicar a UWO contra Zamira Hajiyeva não pressupõe nem deve levar a suposições do cometimento de qualquer crime por parte dela ou seu marido".

"A ordem emitida é parte de uma investigação, não de uma ação criminal, e não envolve a descoberta de nenhum crime."

Jahangir Hajiyev nega ter cometido fraude contra o banco, mas não conseguiu reverter sua condenação na Justiça.

Seus advogados afirmam que ele agiu contra a família que governa o país, que eles acusam de corrupção, e por isso pagou um preço. Ele agora pede à Corte Europeia de Direitos Humanos que intervenha no caso.

No entanto, a NCA disse à Justiça que Jahangir Hajiyev foi um funcionário do banco estatal entre 1993 e 2015 e que, neste posto, ele não teria como obter a fortuna identificada por investigadores.

AUTOR: BBC

sábado, 6 de outubro de 2018

CONHEÇA O ‘REBOTE GLACIAL’ E OUTROS 2 FENÔMENOS QUE FAZEM A TERRA BALANÇAR ENQUANTO GIRA

Vista da Terra pela tripulação Apollo 17 — Foto: NASA

Em imagens do espaço, a Terra parece 'flutuar' tranquila e de forma uniforme enquanto gira ao redor de si mesma e do Sol. A realidade, contudo, é bastante diferente.

"(O movimento de rotação) Está mais para uma pessoa bêbada", disse Surendra Adhikari à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC News. Ele é pesquisador do laboratório de propulsão da Nasa, a agência espacial americana.

A Terra é como uma bola gigante de baseball, que roda a 1.700 km/h, e gira em torno do Sol a aproximadamente 107.000 km/h. E isso não acontece de maneira suave. Gira como se fosse um pião.

O que é o fenômeno 'Terra estufa' e por que estamos caminhando para ele

Especialistas explicam que é como se uma pequena pedra batesse em uma bola e a fizesse balançar em seu eixo e girar com um movimento muito menos elegante e mais trepidante. Esse desvio é chamado de "movimento polar".

As medições feitas durante o século 20 mostram que, a cada ano, a Terra desvia cerca de 10 centímetros do eixo de rotação. Isso significa dizer que, em 100 anos, o desvio acumulado é de aproximadamente 100 metros.

Mas o que causa o movimento polar?

Surendra Adhikari e uma equipe de pesquisadores conseguiram identificar, pela primeira vez, três fatores que fazem a terra "balançar" enquanto gira.

O rebote glacial

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que o rebote glacial contribuiu para o movimento polar.

Durante a última era do gelo, geleiras comprimiram a superfície da Terra de maneira semelhante a quando alguém se senta sobre um colchão. Na medida em que o gelo derrete ou é eliminado, a superfície terrestre volta lentamente à sua posição original.

Essas mudanças afetam o movimento da Terra. Segundo os cientistas da Nasa, seriam responsáveis por um terço do movimento polar no século 20.

No estudo da Nasa, foram identificadas ainda outras duas causas.

Sopa quente

O segundo fator apontado pelos pesquisadores foi a chamada "convecção do manto terrestre", que é responsável pelo movimento das placas tectônicas.

Eric Ivins, co-autor do estudo, compara esse processo com uma panela de sopa quente num fogão aceso.

Assim como a panela, o manto da terra esquenta, e os componentes da sopa começam a subir e descer, formando um padrão de circulação vertical.

O mesmo ocorre quando as rochas se movem através do manto terrestre, o que contribui para que se produza o movimento polar.

Mudanças climáticas

Durante o século 20, por causa do aumento das temperaturas, cerca de 7,5 mil gigatoneladas de gelo derreteram na Groelândia. Isso equivale ao peso de mais de 20 milhões de um famoso prédio em Nova York, o Empire State.

Isso fez com que uma grande quantidade de água chegasse aos oceanos, elevando o nível do mar e, consequentemente, criando um desvio do eixo de rotação da Terra.

Dessa forma, os pesquisadores preveem que, se o degelo na Groenlândia se acelerar, o movimento polar também vai aumentar.

E quais são as consequências do movimento polar para os habitantes da Terra?

"Absolutamente nenhuma", disse Ivins à BBC Mundo.

Em todo o caso, identificar as causas do movimento polar vai permitir cientistas diferenciar mudanças no movimento polar causadas por processos sobre os quais não temos controle e aqueles causados pelas mudanças climáticas.

AUTOR: BBC

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

VOCÊ SABIA? HITLER REUNIU UM GRUPO DE GAROTAS PARA TEREM FILHOS, UMA DELAS FEZ UM RELATO CHOCANTE

Muitos sabem que os nazistas cometeram atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial, mas poucos conhecem as infindáveis histórias e ideias malucas que, naquela época, pensavam que eram boas. 

Uma dessas histórias foi vivenciada por Hildegard Trutz.
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É necessário entender, primeiro, que a Alemanha sofreu muito depois da Primeira Guerra Mundial, principalmente por causa das punições impostas pelos países que a derrotaram, entre eles Inglaterra, França e Estados Unidos. 

Por essa razão, o humor do povo alemão naquela época não era o melhor e a alternativa nazista apareceu em resposta a esse mal-estar.
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Por essa razão, Hildegard Trutz, uma garota de 18 anos, ficou encantada com toda a parafernália que os nazistas criaram. Em 1933 ela se juntou ao Bund Deutscher Mädel, o equivalente à juventude feminina de Hitler, e aos 18 anos uma de suas líderes se aproximou dela. “Se você não sabe o que fazer, por que não dar um filho ao Führer?”, disse.
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Fazia pouco tempo que havia sido criado o projeto Lebensborn, onde os nazistas procuravam criar uma “máquina perfeita” para a “produção” de bebês. Para isso, selecionavam mulheres que estivessem dentro dos parâmetros desejados (o que incluía não ter antepassados judeus). Essas mulheres deveriam ter relações sexuais com oficiais nazistas, que também cumpririam com os padrões do Führer. 

Quando estivessem grávidas, seriam enviadas para um castelo de luxo com todo o conforto para ter uma excelente gravidez.
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Hildegard cumpria todos os requisitos, e embarcou nesta missão em nome do Führer. Antes de começar, ela foi obrigada a assinar um contrato onde renunciava ao bebê, e o entregava para os cuidados do Estado.

Todos os oficiais ficavam em uma sala e elas podiam iniciar uma conversa com qualquer um que elas quisessem. “Todo mundo era muito alto e forte, com olhos azuis e cabelos loiros”, disse Trutz.
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Depois de escolher o homem, que elas nem sabiam o nome, o momento exato do período fértil de cada garota era esperado e o homem era mandado para o quarto.

“Como o pai do meu filho e eu acreditamos plenamente na importância do que estávamos fazendo, não tivemos nenhuma vergonha ou inibição de nenhum tipo”, comentou Hildegard.
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Ela dormiu com o rapaz por três noites seguidas, e depois disso ele teve que estar com outras mulheres.

Trutz engravidou e foi enviada para a maternidade. No dia do nascimento, ela recusou qualquer ajuda para ter o pequeno, já que “nenhuma boa alemã deveria querer injeções para amortecer a dor”, de acordo com os conceitos da época. Ela permaneceu com a criança por duas semanas e depois ele foi enviado para uma casa especial. Nunca mais voltou a ver seu filho, nem o pai.
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Pensou em ter mais filhos, mas se apaixonou com um jovem oficial e se casou. Ao contar o que havia feito, seu marido não gostou muito da ideia, mas como tudo foi feito pelo Führer, acabou aceitando.

Durante o III Reich nasceram 20 mil crianças a partir desta prática. Muitas foram adotadas depois da guerra, mas os arquivos foram destruídos
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AUTOR: Upsocl.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

CONHEÇA A MULHER QUE DORMIU COM 32 ANOS DE IDADE E ACORDOU COM 15

Busca pela própria história em meio à amnésia trouxe dor à Naomi, mas também mudou sua vida para melhor, diz ela ARQUIVO PESSOAL/NAOMI JACOBS

Da noite para o dia, Naomi Jacobs esqueceu quem era e teve de começar a procurar pistas sobre si mesma.

Ela se deu conta do que se passava ao acordar, numa quinta-feira de abril, dez anos atrás, na cidade britânica de Manchester, em uma pequena casa de tijolos marrons.

"Nos primeiros segundos eu pensei que ainda estava sonhando", diz ela.

"Mas era mais um pesadelo. Eu não conseguira reconhecer o quarto onde estava".

"Eu lembro que a primeira coisa que vi foram as cortinas, e não as reconheci, e depois aconteceu o mesmo com tudo no quarto... o guarda-roupas, a cama em que eu estava deitada...Eu olhei para o meu corpo e estava vestida com um pijama que eu nunca tinha visto. Tudo era estranho."
"Pulei da cama e me vi no espelho. Meu rosto havia mudado. Eu parecia pálida e percebi que tinha envelhecido. Quando falei em voz alta pela primeira vez, minha voz soou muito diferente."

Mas diferente do quê?

"Eu pensava que tinha 15 anos. Todos os meus sentidos, todas as minhas emoções eram as de uma garota dessa idade. E eu acreditava que estava em 1992."
A britânica acordou certo dia achando que tinha 15 anos, como se não tivesse vivido entre os anos 1992 e 2008 AFP

Mas não era 1992 e Naomi não tinha 15 anos. O ano era 2008 e ela tinha, na realidade, 32 anos de idade.

Ela havia perdido toda a memória da última década e meia de sua vida.
De volta para o futuro

Naomi teve que enfrentar o século 21 como a adolescente de 15 anos que havia sido.

Teve de se inteirar da vida moderna, da tecnologia, da cultura e das notícias.

Para ela, as redes sociais não existiam, nem a internet, iPods, iPads...enfim.

E não é só isso.
Redes sociais e outros aspectos da vida moderna eram novidade para Naomi. A sensação, segundo ela, era de ter viajado para o futuro GETTY IMAGES

Em sua realidade, na África do Sul o sistema político e social do apartheid ainda estava de pé e Nelson Mandela não havia terminado de percorrer seu longo caminho até a liberdade.

No Iraque, Saddam Hussein estava no poder. Na Inglaterra, a princesa Diana continuava acumulando admiradores e, nos Estados Unidos, a ideia de que um homem negro sequer pudesse querer chegar à Casa Branca ainda era um sonho para alguns, e um pesadelo para outros.

"Uau, isso foi incrível, eu simplesmente não conseguia assimilar. Eu realmente nunca tinha pensado que veria algo assim na minha vida. No começo achei que fosse uma pegadinha... 'Quem é esse Obama? É sério (que isso está acontecendo)?'", lembra ela.

Um menino chamado Leo

Mas o mais desafiador foi se adaptar ao fato de que ela era a mãe de um menino de 10 anos chamado Leo.

"Durante as primeiras 24 horas, eu realmente não conseguia compreender o fato de que eu tinha um filho. Embora tivessem me dito que sim, e de eu tê-lo visto, fiquei perplexa. Fiquei chocada ao ver aquela versão em miniatura de mim saindo de uma sala de aula, com um enorme sorriso, e tudo o que eu pude fazer foi ficar olhando pra ele", diz ela.
Naomi não conseguia acreditar que um homem negro, como Obama, pudesse imaginar ser candidato nos EUA, e ainda mais vencer GETTY IMAGES

Naomi não contou a Leo o que estava acontecendo porque não queria assustá-lo.

Com isso, fez o melhor que pôde para agir como pensava que uma mulher de 32 anos agiria, ainda que por fim tenha precisado perguntar a ele a que horas normalmente ele ia para a cama.

"Ele me olhou espantado e fingi que era uma brincadeira", lembra ela, sorrindo.

Mas Leo foi uma das poucas surpresas agradáveis que teve.

'Eu não queria estar naquela vida'

Quando tinha 15 anos, Naomi queria ser jornalista ou escritora, viajar pelo mundo e morar em uma casa grande.

Mas, em vez disso, ela descobriu que era mãe solteira, que dependia do Estado para pagar suas contas e manter uma casa, que estava desempregada e estudando Psicologia, uma área que quando era adolescente não lhe interessava de maneira alguma.
'Leo me apresentou ao Google, ao Yahoo e à internet. Eu tinha que fingir que sabia usar e dizia: 'Me mostre o quanto sabe'', diz Naomi GETTY IMAGES

"Eu era muito crítica com o meu eu adulta. Não entendia como havia terminado daquele jeito. Era em parte devastador e em parte confuso. Não queria estar naquela situação. Não queria estar naquela casa. Não queria estar naquela vida", disse.

Quanto mais descobria sobre sua vida, menos gostava dela.

Começou a considerar sua versão adulta como se fosse praticamente outra pessoa. Era a adolescente versus a adulta.

"Durante o período que sofri de amnésia, o meu eu adolescente estava no comando. A adulta era uma desconhecida que havia construído uma vida que me era muito estranha", expica Naomi.

No entanto, ela percebeu que, para poder sobreviver ao presente, precisava corrigir seu passado.

Debaixo de sua cama

Ela havia ido a um médico que não só não a ajudou, como nem sequer acreditou nela, então teve que descobrir sozinha como melhorar.

"Eu decidi que iria descobrir como recuperar minhas memórias, e a primeira coisa que teria que investigar era o que havia provocado aquilo, como havia terminado naquela situação", diz ela.
Sua memória estava 'guardada' debaixo da cama, em uma caixa de papelão repleta de diários que escreveu quando era mais jovem GETTY IMAGES

Sua irmã Simone e sua melhor amiga Katie, que a ajudaram desde o início, contaram-lhe que ela havia sido uma ávida escritora de diários desde que era adolescente... e que esses diários deveriam estar em algum lugar da casa.

Depois de uma busca frenética, elas encontraram uma caixa de papelão debaixo da cama, cheia de diários, de respostas a suas perguntas e de recordações daqueles 16 anos que lhe haviam roubado.
Fevereiro de 2006: não me lembro que data é, acho que 5 ou 6, mas quem se importa...

Estou cansada, farta, drogada e infeliz. Eu quero chorar por tudo e por nada, mas acima de tudo pelo fato de que estou presa.

Estou cansada desta vida. Estou comendo demais, como se a comida fosse acabar. Até me drogar está me irritando.

Estou muito atrasada com meu trabalho da universidade e, para completar, fui diagnosticada com transtorno bipolar! Será resultado do amor da minha mãe?
Havia muito o que tirar desses diários.

Ela descobriu que havia tido problemas de dependência de drogas.

"Eu fumava muita erva e depois, antes da amnésia, tive uma crise. Estava consumindo muita cocaína. Então, sim, definitivamente tive problemas de dependência", lembra ela.

"Foi humilhante. Nunca imaginei como adolescente que aquela seria a minha vida. Fiquei arrasada. Não podia acreditar que era daquele jeito que eu havia escolhido lidar com a realidade."
A Noami 'adolescente' ficou decepcionada ao descobrir que havia recorrido à maconha e à cocaína, já adulta, para escapar da realidade GETTY IMAGES

Além disso, ela descobriu que em certo momento chegou a ficar desabrigada.

"Eu tive um negócio bem-sucedido e minha própria casa e, em seguida, devido a certos problemas, acabei em um caminho muito autodestrutivo. Eu perdi o meu negócio. Perdi minha casa. Tive um problema com cocaína. Me mudei para a Grécia por um tempo. Mas isso não funcionou", diz ela.

"Quando voltei, estava sem-teto, falida, e fui diagnosticada naquele momento com transtorno bipolar. Então, sim, foi uma época devastadora."

Mas havia algo mais nos diários. Algo que fez a "adolescente" e crítica Naomi deixar de ser tão dura consigo mesma.

'Uma ferida profunda'

"O momento que mudou tudo foi quando descobri nos diários que havia sido abusada sexualmente quando era criança. E que mantive essa memória enterrada dos 6 aos 25 anos de idade.

"Quando cheguei nos trechos em que havia escrito isso comecei a entender que havia, na verdade, uma ferida profundamente arraigada."
Ela também entendeu por que nunca havia gostado de vestir roupas cor-de-rosa GETTY IMAGES

É difícil imaginar como foi, para a adolescente de 15 anos que estava em sua mente naquele momento, ler sobre aquele episódio amargo que registrou em seu próprio diário quando tinha 25 anos de idade.

"Eu não creio que haja palavras. Eu usei palavras como 'devastador', 'humilhante', 'horripilante'. Simplesmente não há como descrever uma mente adolescente que lê uma adulta escrevendo sobre o abuso que sofreu quando criança", explica Naomi.

"Acho que, no começo, fiquei paralisada e, depois, completamente destruída pelo impacto."

Nessa época, a Naomi adolescente começou a escrever para a Naomi adulta. Depois de saber o que aconteceu, ela lhe disse:
16 de setembro de 2005

Agora entendo por que nunca gostei de usar roupas cor-de-rosa. Estava com um vestido dessa cor quando o abuso sexual aconteceu. Associo rosa com vulnerabilidade.

Relembrar aquilo foi horrível - foi como viver tudo de novo - mas se não tivesse feito isso agora não entenderia o que houve.
Foi aí que ela começou a sentir mais compaixão por sua versão adulta.

Por que ela 'se tornou' adolescente?

Ainda restavam, porém, muitas perguntas sem resposta. Por que ela não se lembrava da sua vida entre 1992 e 2008? O que havia acontecido quando tinha 15 anos? Por que precisamente essa idade?

"Houve muito estresse. Minha família havia entrado em colapso. Meu padrasto tinha ido embora. Minha relação com minha mãe estava abalada", diz Naomi.

De acordo com os diários, por volta daquele período, Naomi e sua mãe, que era alcoólatra, tiveram uma discussão terrível.

"Uma briga bastante agressiva em que ela terminou bebendo e eu, tentando me matar", recorda.
O desajuste de tempo em sua mente ajudou a lhe dar respostas sobre como acontecimentos do passado influenciaram a sua vida GETTY IMAGES

"Só quando li isso nos diários me dei conta de que tudo começou comigo. Fui eu quem na verdade havia me dado por vencida. As decisões que tomei aos 15 anos direcionaram minha vida para o curso que a Naomi adulta tomou", diz ela.

Pela primeira vez desde que havia perdido a memória, Naomi foi capaz de enfrentar tudo o que havia acontecido com ela.

Lembranças voltando

Ela disse que os diários a deixavam triste, mas também impressionada com o fato de a Naomi adulta ter conseguido sobreviver a tudo o que havia passado.

Depois, muito lentamente, as coisas começaram a mudar. Um dia, ela ouviu uma música...

"...E tive esse flashback em que eu estava usando um vestido de grávida dançando em um clube. Eu contei a recordação a minha irmã e ela confirmou que realmente havíamos estado lá", lembra ela.
Sua primeira lembrança, sem a ajuda dos diários, foi dia um dia em que ela dançava GETTY IMAGES

"O que estava fazendo em um clube com três meses de gravidez?"

"O fato é que eu estava eufórica porque havia me lembrado de algo. E assim foi acontecendo depois disso. (Me lembrava de) pequenas coisas. Um sabor, um som, uma música, um perfume", diz ela.

E, em uma manhã de verão, cerca de três meses depois de perder suas memórias, em uma casa de tijolos marrons em Manchester, Naomi estava acordando e se sentindo diferente.

"Foi igual a quando acordei como uma adolescente no futuro. Sentia como se estivesse em um sonho".

Mas, desta vez, foi um bom sonho.

Suas memórias voltaram e ela sentiu e sabia que tinha 32 anos - e que o ano era 2008.
Cerca de três meses depois de perder suas memórias, ela acordou recuperada e se sentindo com a idade certa no ano 2008 GETTY IMAGES

A Naomi adulta estava de volta, com uma nova perspectiva depois de ter podido ver sua vida pelos olhos de seu eu de 15 anos.

E isso "mudou tudo, tudo".

Uma das maiores mudanças foi que ela se reconciliou com sua mãe, que agora é uma de suas amigas mais próximas.

O que havia acontecido com ela?

Se passaram outros três anos antes de Naomi conseguir que a diagnosticassem.

"Conheci um psiquiatra incrível e lhe contei tudo o que havia acontecido. Bom, quase toda a história da minha vida. Ele pesquisou muito sobre o caso, conversou com colegas e todos chegaram à conclusão de que eu tive algo chamado amnésia dissociativa."

Esse é um tipo muito raro de amnésia. Não é fisiológica - Naomi não perdeu a memória por ter sofrido uma pancada na cabeça, por exemplo - mas sim psicológica, causada por estresse severo.

Receber um diagnóstico lhe fez sentir "um alívio profundo".

"Caí no choro", conta ela.
4 de julho de 2013

Querida Naomi adolescente,

Sei que não lhe escrevo há quase quatro anos, mas queria dizer agora que entendo, entendo tudo.

A vida mudou para melhor...Imagine! Pela primeira vez na minha vida convidei a minha mãe e o meu pai para virem à minha casa e, no dia do Natal, com Leo, jantamos juntos.

O que mais? Leo tem um emprego. Toda vez que duvido de mim mesma, só preciso ver o quão maravilhoso ele é e sei que fiz algo certo. Eu tenho um filho com mais de 1,80m de altura, que adora skate e comédias, é brincalhão, artístico e diz: "Quando se trata de quem eu sou, mamãe, estou feliz sendo eu".

Hoje li que quando os japoneses quebram um objeto precioso, não o jogam fora; eles montam tudo de novo, preenchem as rachaduras com ouro e o veem como mais bonito do que era originalmente.

Agora entendo o que você tentava me dizer quando acordou no meu futuro.

Que eu sou ouro.

Obrigada.

Te amo sempre,

Naomi adulta
Naomi escreveu um livro sobre sua amnésia intitulado Forgotten Girl (Garota esquecida, em tradução literal).

AUTOR: BBC

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