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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

SAIBA QUEM FOI FREI CANECA, O PADRE REVOLUCIONÁRIO FUZILADO HÁ 200 ANOS

A Execução de Frei Caneca, em obra de Murillo La Greca, de 1924 Domínio Público

Condenado à morte por uma comissão militar autorizada, com plenos poderes, pelo imperador d. Pedro 1º (1798-1834), o padre, jornalista, escritor e militante político Joaquim da Silva Rabelo (1779-1825) mais conhecido como Frei Caneca, foi fuzilado diante do Forte das Cinco Pontas, em Recife, no dia 13 de janeiro de 1825, há 200 anos.

Sua sentença havia sido proferida em 20 de dezembro, pelo "assassino tribunal", como ele mesmo classificou em um de seus últimos textos escritos na prisão.

Republicano e, principalmente, federalista, o religioso foi um dos principais participantes da Revolução Pernambucana de 1817 e um dos mentores da Confederação do Equador, movimento autonomista que pretendia criar um Estado independente no Nordeste, deflagrado em 1824.

A condenação à morte, assim como de outros 30 confederados, baseou-se nos crimes de sedição e rebelião contra "as imperiais ordens de sua Majestade Imperial".

A comissão militar, presidida por Francisco de Lima e Silva (1785-1853) era investida de poderes absolutos para julgar aqueles tidos como rebeldes e conferir sentenças sumárias.

"Na repressão, o imperador suspendeu as garantias constitucionais. A comissão militar foi encarregada de julgar de forma verbal e sumariíssima os cabeças do levante", diz à BBC News Brasil o historiador George Cabral, professor na Universidade Federal de Pernambuco.

"Fica muito evidente que d. Pedro 1º tinha pressa eliminar esses líderes, em eliminar radicalmente as lideranças revolucionárias. A comissão cumpriu apenas o trâmite. Na prática, fica claro que já havia interesse determinado de eliminar os líderes, como se a sentença já estivesse vindo pronta do Rio."

No momento da aplicação da pena capital, que era prevista para ocorrer por enforcamento, Frei Caneca foi despojado das vestes religiosas, em um simbolismo que indicava que ele deixava de ser visto como um padre. Foi excomungado e instalado no cadafalso.

Contudo, um a um, três carrascos incumbidos de enforcá-lo desistiram da atroz empreitada. A comissão militar, então, ordenou o fuzilamento.

Conforme explica à BBC News Brasil o historiador Marcus de Carvalho, também professor na Universidade Federal de Pernambuco, havia um entendimento na época de que "não se matava padre", justamente porque eles eram vistos como "enviados de Deus".

Frei Caneca acabou sendo transformado em uma espécie de "Tiradentes do Nordeste", como define à BBC News Brasil o historiador Paulo Henrique Martinez, professor na Universidade Estadual Paulista.

"Sua obra escrita, biografia e atuação política foram recuperadas posteriormente e realçadas em momentos de afirmação e de mobilização política em Pernambuco e na região Nordeste", diz ele.

"O 'mártir da liberdade' foi idealizado e teve a sua imagem construída, e de forma sistemática, a partir da segunda metade do século 19."

O historiador ressalta que o julgamento de Frei Caneca foi "tipicamente de exceção". "Comissões militares apreciaram as respectivas formas de participação, envolvimento e dedicação individual na rebelião.

Ditaram procedimentos e sentenças consideradas excessivas, dado a origem e a vinculação de inúmeros rebeldes com as elites sociais e econômicas regionais", contextualiza.

"As dissenções internas entre grupos e interesses específicos não desfrutaram de tolerância, conciliação, nem piedade, por parte dos vencedores identificados com a centralização e a autoridade política polarizada e sediada no Rio de Janeiro."

Frei Caneca incomodava o governo imperial não somente pela participação em movimentos revolucionários. Ele também fazia sermões com ideais republicanas e, como jornalista, escrevia artigos em que defendia um sistema de governo com maior participação popular e autonomias regionais.

Os textos eram publicados tanto em seu jornal, o Typhis Pernambucano, como em outros periódicos com os quais ele se correspondia, ecoando inclusive na corte sediada no Rio de Janeiro.

POBRE, ERUDITO E MILITANTE

De família humilde, desde criança demonstrava uma inteligência acima da média. Era filho de um tanoeiro português — daí a origem de seu apelido "caneca" — que vivia em um povoado no entorno do Recife. Provavelmente ingressou na ordem dos carmelitas para conseguir ter acesso aos estudos. Para isso, teria contado com a influência de um primo de sua mãe, também religioso da mesma congregação.

Entrou para o Convento de Nossa Senhor do Carmo em 1796, tornou-se frade no ano seguinte e foi ordenado padre em 1801, com apenas 22 anos. Como religioso, assumiu o nome de Joaquim do Amor Divino Caneca.

Sua erudição fez com que ele se destacasse. Logo seria professor de retórica, geometria e filosofia de seu convento.

"Caneca deve à Igreja, à ordem carmelita, a oportunidade de vida de poder ter estudado e ter tido acesso ao conhecimento que ele teve. Com exceção de uma curta viagem a Alagoas, ele nunca havia saído de Pernambuco. Todo o conhecimento que ele absorveu o fez de bibliotecas locais, sobretudo vinculadas à igreja", pontua Cabral.

Tornou-se maçom e passou a compartilhar com seus companheiros ideais liberais e republicanas, influenciado pelos ecos da Revolução Francesa (de 1789) e pelo movimento que tornou os Estados Unidos uma nação independente, de 1776. O modelo americano, de uma republica federalista, parecia-lhe o ideal.

Em 1817, Frei Caneca foi um dos participantes mais ativos da chamada Revolução Pernambucana, que proclamou uma república e criou um governo independente na região. Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello conta no seu livro A Outra Independência: Pernambuco, 1817-1824, ele não foi um militante de primeira hora — não há registros de sua atuação nos primeiros acontecimentos do movimento.

"Sua presença só se detecta nas últimas semanas de existência do regime, ao acompanhar o exército republicano que marchava para o sul da província a enfrentar as tropas do conde dos Arcos, ocasião em que, segundo a acusação, teria exercido de capitão de guerrilhas", escreve o historiador.

Caneca era visto como conselheiro do grupo republicano, além de prestar assistência espiritual aos combatentes.

Derrotado o movimento, o religioso foi preso e enviado para Salvador. Segundo relatos da época, quando acabou detido, estava descalço e vestia uma batina rasgada e muito suja. Nos quatro anos em que cumpriu pena escreveu, no cárcere, uma gramática da língua portuguesa.
Página do processo de julgamento dos líderes da Revolução Pernambucana Arquivo Nacional

REPUBLICAMO MESMO?

"Inegavelmente a autonomia regional foi o principal valor político manifestado em seu engajamento nos disputas e nos embates durante a conjuntura que resultou na emancipação do Brasil. A sua execução não permitiu que houvesse expressão e revisão das ideias que tinham animado a sua ação política", comenta Martinez.

Há uma discussão se Frei Caneca era essencialmente republicano ou não. O historiador George Cabral explica que a raiz desta controvérsia está no fato de que em 8 de dezembro de 1822, três meses após d. Pedro 1º ter proclamado a independência, ele fez um sermão saudando o imperador recém-coroado.

"No entanto, ele já havia participado da Revolução de 1817, que foi republicana, e ficado preso", ressalta Cabral. "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia." "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia."

Para Cabral, é importante lembrar que naquele momento histórico "era conveniente e sensato", nas publicações e manifestos, não empregar "abertamente a palavra república", para não ser enquadrado em "crime de lesa majestade". "Percebemos uma relutância, em geral, em fixar por escrito o termo […], e isso pode justificar o Caneca não ter usado de forma mais explícita em seus textos", analisa.

"O modelo de nação que ele propõe é um modelo no qual o cidadão tem de ter uma participação ativa, sendo conclamado a participar da vida política. É essencialmente um regime republicano, com espaço para a participação pública", comenta o historiador. "Então, mesmo que não se declarando abertamente republicano, na sua base de pensamento ele defende, sim, a república […] sobretudo olhando o modelo norte-americano."

"Ele tanto dialogava bastante com as ideias republicanas quanto também com o desejo de Pernambuco de ter uma independência", diz à BBC News Brasil o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Carvalho afirma que "não tem nenhuma dúvida" de que Frei Caneca fosse republicano. "Mas eram republicanos que aceitariam uma monarquia constitucional", ressalva. Por isso o estopim teria sido a dissolução da assembleia e a imposição da constituição de d. Pedro.

Para entender isto é preciso voltar ao fio da história.

ECOS DE PORTUGAL

O movimento de 1817 havia sido esmagado pelas tropas governamentais, mas não as ideias republicanas que pipocavam em diversas partes da então América portuguesa. Frei Caneca foi solto em 1821, voltou ao Recife e logo encontrou espaço para retomar sua militância política.

O contexto era outro. A Revolta Liberal do Porto, de 1820, que defendia transformar Portugal em uma monarquia constitucional ecoava do outro lado do Atlântico. Caneca e seus companheiros viam espaço para que suas ideias finalmente pudessem ser colocadas em prática.

Neste momento, o caminho que parecia natural seria uma adesão às cortes de Lisboa, em um xeque-mate emancipacionista frente à corte sediada no Rio. Era uma maneira de seguir atrelado a Portugal, contudo driblando a regência do então príncipe d. Pedro.

Pernambuco teve então duas juntas governativas no período. Até que, em 1823, com o Brasil já território proclamado independente e sob um governo imperial, foi criada a Confederação do Equador.

Frei Caneca demonstrava indignação com o fato de que "o Senado do Rio" ser "a bússola do Brasil", servindo de "guia a todas as demais províncias". Queria autonomia, buscando um modelo similar ao federalismo norte-americano.

Em 2 de julho de 1824 declararam criada a Confederação do Equador, um projeto de nação autônoma formada pelas então províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Não deu certo. Além de Pernambuco, apenas alguns povoados cearenses e paraibanos foram convencidos a integrar o plano.

Em seu livro, Mello ressalta que em nenhum momento a Confederação do Equador cravou ser republicana. Ele destaca que o movimento não pretendia "fazer uma revolução", tampouco "destruir a monarquia constitucional".

Era, na verdade, baseado na oposição ao projeto de d. Pedro 1º — principalmente depois que o mesmo, em novembro de 1823, dissolveu a assembleia constituinte para impor sua própria Carta Magna, conhecida como Constituição Outorgada.

IMPRENSA

A essa altura, as ideias de Frei Caneca já eram conhecidas pela elite intelectual e política do país. De dezembro de 1823 a agosto de 1824 ele editou um periódico, do qual foi fundador, chamado Typhis Pernambucano. Era uma publicação engajada, que se prestava a fazer crítica política e a defender a liberdade constitucional.

"Ele soube utilizar de modo muito intenso a imprensa, publicando em muitos periódicos, não só em seu jornal em Pernambuco mas também na corte, que reproduzia os textos saídos aqui. Havia um intercâmbio grande nesse momento", diz Cabral.

"Por isso as ideias de Caneca repercutiram em outras parte do Brasil. E foi exatamente essa repercussão que despertou um furor, um ódio, uma antipatia muito grande do imperador contra ele. Ficou evidente que ele era uma das pessoas mais visadas para a repressão", acrescenta.

Seu conteúdo acabou reeditado em 1972, quando a Assembleia Legislativa de Pernambuco publicou o conjunto facsimilar sob o título de Obras Políticas e Literárias. Doze anos mais tarde, o Senado Federal também reeditou em livro o conteúdo do Typhis.

Além da imprensa, Frei Caneca também tinha o púlpito da igreja a seu favor. "Ele teve uma vida eclesial ativa. Fica evidenciado que ele andava de hábito, inclusive, o tempo todo com seu hábito de carmelita. Somente no momento da luta ele deixou de usar o hábito e passou a usar o que os documentos descrevem como jaqueta de guerrilha", diz Cabral. "Mas essa vida eclesial também se reflete no fato de que ele fez sermões, pregou nas igrejas, escreveu textos de cunho religioso…"

"Mas ele mesmo disse que sua atuação extrapolava os muros do convento", lembra Ramirez.

Cabral comenta que Frei Caneca soube combinar "duas dimensões da vida", a de padre e a de militante, como também amalgamou "teoria e prática revolucionária". "Ele lutou com a pena e com o fuzil", afirma o historiador.
Julgamento de Frei Caneca, em obra de Antônio Parreiras, de 1918 Domínio Público

REPRESSÃO

A repressão à Confederação do Equador foi violenta porque o governo imperial temia que fagulhas separatistas se tornassem praxe incendiassem todo o território. Com dinheiro emprestado da Inglaterra, uma tropa de mercenários foi contratada para acabar com o projeto autonomista.

O grupo inicial, de 1,2 mil combatentes, acabou ganhando reforço no caminho do Rio até o Nordeste, chegando a contar com 3,5 mil homens. Houve cerco e ataques ao Recife. Segundo historiadores, a repressão à Confederação do Equador foi a mais rigorosa dentre todas as que buscaram conter motins e revoltas no período imperial brasileiro.

Frei Caneca e outros 30 foram condenados à morte, mas nove conseguiram fugir. Mais de 100 outros foram presos. Não há consenso sobre quantos acabaram mortos nos combates.

Para Martinez, a própria rapidez com que Caneca foi julgado e executado deixou uma lacuna: o próprio não teve a oportunidade de explicar o movimento do qual havia sido um dos líderes.

"Ao contrário do que aconteceu em 1817, a repressão aos líderes de 1824 foi sem prisão e sem anistia. A condenação à morte e a execução sumária impediram que a experiência política daquele movimento fosse avaliada e explicada pelos próprios protagonistas", avalia.

FONTE: BBC

SAIBA O ERRO QUE DEU INÍCIO À INTERNET

 

A primeira mensagem enviada pela Arpanet não foi um início tão auspicioso para a rede que cresceria até se tornar a internet Getty Images

O dia era 29 de outubro de 1969. Dois cientistas a cerca de 560 km de distância conectaram seus computadores e começaram a digitar uma mensagem.

O mundo vivia o auge da Guerra Fria. Charley Kline e Bill Duvall eram dois engenheiros brilhantes na linha de frente de um dos experimentos mais ambiciosos da tecnologia.

Kline tinha 21 anos de idade e era estudante de graduação da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Duvall tinha 29 anos e era programador de sistemas do Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI, na sigla em inglês), ambos nos Estados Unidos.

Eles trabalhavam em um sistema chamado Arpanet – a sigla em inglês para Rede da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada.

Financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o projeto pretendia criar uma rede que pudesse compartilhar dados diretamente, sem a necessidade de linhas telefônicas. No seu lugar, o sistema usava um método de fornecimento de dados chamado "comutação de pacotes", que, anos mais tarde, formaria a base da internet moderna.

Aquele foi o primeiro teste de uma tecnologia que mudaria quase todas as características da vida humana. Mas, antes que ela pudesse funcionar, era preciso se logar no sistema.

Kline se sentou com seu teclado, entre as paredes verde-limão da sala 3420 do UCLA Boelter Hall, em Los Angeles. Ele estava preparado para se conectar com Duvall, que operava outro um computador, em outro ponto da Califórnia.

Mas Kline nem chegou a completar a palavra "L-O-G-I-N", quando Duvall contou ao telefone que seu sistema havia caído. E, graças àquele erro, a primeira "mensagem" enviada por Kline para Duvall, naquele dia de outono de 1969, foi simplesmente "L-O".
Charley Kline (sorrindo para a câmera, no centro da imagem) foi a primeira pessoa a enviar uma mensagem pela rede que, anos depois, passaria a ser conhecida como internet Charley Kline

Após alguns ajustes, eles conseguiram restabelecer a conexão cerca de uma hora depois. O acidente inicial foi apenas um pequeno obstáculo para um feito monumental. Mas nenhum dos dois percebeu o significado daquele momento.

"Com certeza, não percebi na época", relembra Kline. "Estávamos apenas tentando fazer aquilo funcionar."

A BBC conversou com Kline e Duvall no 55º aniversário daquele feito histórico.

Meio século depois, a internet colocou o mundo dentro de uma pequena caixa preta que cabe no nosso bolso, domina a nossa atenção e atinge os pontos mais distantes da nossa experiência de vida.

Mas tudo começou com dois homens, que vivenciaram pela primeira vez a frustração de não conseguirem se conectar à rede.

Confira abaixo a entrevista, que foi editada para melhor clareza e resumo.

Charley Kline - Eram computadores pequenos – para os padrões da época – mais ou menos do tamanho de uma geladeira. Eram meio barulhentos, devido às ventoinhas de resfriamento, mas silenciosos em comparação com os ruídos de todos aqueles ventiladores do nosso computador Sigma 7.

Havia luzes que piscavam na parte frontal, chaves que podiam controlar o IMP [Processador de Mensagens de Interface] e um leitor de fitas de papel que podia ser usado para carregar o software.

Bill Duvall - Eles ficavam em uma prateleira com tamanho suficiente para abrigar um equipamento de som completo para um grande show hoje em dia. E eram milhares, talvez milhões ou bilhões de vezes menos potentes que o processador de um Apple Watch. Eram os velhos tempos!

BBC - Contem sobre o momento da transmissão das letras L-O.

Kline - Ao contrário dos websites e outros sistemas de hoje em dia, quando você conectava um terminal ao sistema do SRI, nada acontecia até que você digitasse alguma coisa.

Se você quisesse executar um programa, você precisava primeiro se logar – digitando a palavra "login" – e o sistema iria pedir seu nome de usuário e sua senha.

Assim que eu digitava um caractere no meu terminal – um teletipo modelo 33 – ele seria enviado para o programa que escrevi para o computador SDS Sigma 7. Aquele programa recebia o caractere, formatava em uma mensagem e o enviava para o Processador de Mensagens de Interface.

Quando ele chegava ao sistema do SRI, o sistema tratava [a mensagem] como se viesse de um terminal local e a processava. Ele "ecoava" o caractere [reproduzia no terminal]. Neste caso, o código de Bill pegaria aquele caractere para formatá-lo em uma mensagem e enviá-lo para o IMP, de volta para a UCLA. E, quando eu o recebesse, imprimiria no meu terminal.
O Processador de Mensagens de Interface (IMP, na sigla em inglês) foi o primeiro roteador de internet do mundo UCLA

Eu estava ao telefone com Bill quando tentamos fazer isso. Eu disse a ele que havia digitado a letra L. Ele me respondeu que recebeu a letra L e a enviou de volta. E eu disse que ela havia sido impressa.

Em seguida, digitei a letra O. Novamente, funcionou bem. Digitei então a letra G. Bill me disse que seu sistema havia travado e ele me ligaria de volta.

Duvall - O sistema da UCLA não previu que iria receber G-I-N depois que Charlie digitou L-O. Por isso, ele enviou uma mensagem de erro para o computador do SRI.

Não lembro exatamente qual era a mensagem, mas aquilo aconteceu porque a conexão da rede era muito mais rápida do que tudo o que se conhecia até então. A velocidade de conexão normal era de 10 caracteres por segundo, mas a Arpanet podia transmitir até 5 mil caracteres por segundo.

O resultado foi que o envio daquela mensagem da UCLA para o computador do SRI sobrecarregou o buffer de entrada, que esperava apenas 10 caracteres por segundo. Era como encher um copo com uma mangueira de incêndio.

Descobri rapidamente o que havia acontecido, aumentei o tamanho do buffer e restabeleci o sistema, o que levou cerca de uma hora.
A primeira mensagem enviada pela rede consistiu de apenas duas letras: L e O Getty Images

BBC - Vocês perceberam que aquele poderia ser um momento histórico?

Kline - Não, com certeza não percebi na época.

Duvall - Na verdade, não. Aquilo foi mais uma etapa vencida no contexto maior do trabalho que desenvolvíamos no SRI, que realmente acreditávamos que teria grande repercussão.

BBC - Quando Samuel Morse enviou a primeira mensagem por telégrafo, em 1844, ele teve um impulso dramático e teclou "O que Deus fez" em uma linha, de Washington DC para Baltimore, no Estado americano de Maryland. Se vocês pudessem voltar atrás, teriam criado alguma frase memorável?

Kline - Claro que sim, se eu tivesse percebido a importância. Mas estávamos apenas tentando fazer aquilo funcionar.

Duvall - Não. Aquele foi o primeiro teste de um sistema muito complicado, com muitas peças em movimento. Ter aquele trabalho complexo justamente no primeiro teste, por si só, já foi dramático.

BBC - Qual foi a sensação depois de enviar a mensagem?

Duvall - Estávamos sozinhos nos nossos respectivos laboratórios, à noite. Nós dois estávamos felizes depois de termos um primeiro teste tão bem sucedido, coroando tanto trabalho. Fui até um bar local e pedi um hambúrguer e uma cerveja.

Kline - Fiquei feliz porque funcionou e fui para casa dormir um pouco.

BBC - O que vocês esperavam que a Arpanet se tornasse?

Duvall - Eu considerava o trabalho que estávamos fazendo no SRI como uma parte fundamental de uma visão maior, com os profissionais da informação conectados entre si e compartilhando problemas, observações, documentos e soluções.

O que nós não víamos era a adoção comercial, nem previmos o fenômeno das redes sociais e o flagelo decorrente da desinformação.

Mas é preciso observar que, no tratado de 1962 [do cientista da computação do SRI] Douglas Engelbart [1925-2013], descrevendo sua visão geral do projeto, ele indica que as capacidades que estávamos criando trariam profundas mudanças para a nossa sociedade. E que seria preciso usar e adaptar simultaneamente as ferramentas que estávamos criando para combater os problemas decorrentes do seu uso em sociedade.

BBC - Quais aspectos da internet de hoje fazem vocês se recordarem da Arpanet?

Duvall - Com referência à visão maior que estava sendo criada no grupo de Engelbart (o mouse, edição total na tela, links etc.), a internet de hoje em dia é uma evolução lógica daquelas ideias, amplificada, é claro, pela contribuição de muitas pessoas e organizações brilhantes e inovadoras.

Kline - A capacidade de usar recursos de outras pessoas. É isso o que fazemos quando usamos um website. Estamos usando as possibilidades oferecidas pelo site, seus programas, funções etc. E, é claro, o e-mail.

A Arpanet praticamente criou o conceito de roteamento e os diversos caminhos de um local para outro. Aquilo ofereceu confiabilidade para o caso de falhas nas linhas de comunicação.

E também permitiu o aumento da velocidade de comunicação, utilizando diversos caminhos simultâneos. Todos estes conceitos foram transferidos para a internet.
Atualmente, o local onde ocorreu a primeira transmissão via internet – a sala 3420 do UCLA Boelter Hall – é um monumento à história da tecnologia. UCLA

Enquanto desenvolvíamos os protocolos de comunicação para a Arpanet, encontramos problemas, reprojetamos e aprimoramos os protocolos, aprendendo muitas lições que foram levadas para a internet.

O TCP/IP [o padrão básico de conexão à internet] foi desenvolvido para interconectar redes, particularmente a Arpanet com outras redes, e também para melhorar o desempenho, a confiabilidade e muito mais.

BBC - Como vocês se sentem neste aniversário?

Kline - É uma mistura de sentimentos. Pessoalmente, acho importante, mas um pouco exagerado.

A Arpanet e tudo o que ela gerou é muito significativo. Para mim, este aniversário específico é apenas mais um dentre muitos eventos.

Acho que um pouco mais importante do que este aniversário foi a decisão da Arpa de construir a rede e continuar apoiando o seu desenvolvimento.

Duvall - É bom lembrar a origem de algo como a internet, mas o mais importante é o enorme trabalho desenvolvido desde aquela época para transformá-la em uma parte importante das sociedades em todo o mundo.

BBC - A web moderna é dominada não pelo governo, nem por pesquisadores acadêmicos, mas por algumas das maiores empresas do mundo. Qual é a sua impressão sobre o que a internet se tornou? Quais são as suas maiores preocupações?

Kline - Nós a usamos no nosso dia a dia e ela é muito importante. É difícil imaginar como seria se não tivéssemos novamente a internet.

Um dos benefícios de uma internet tão aberta e não controlada por um governo é a possibilidade de desenvolver novas ideias, como as compras online, serviços bancários, streamings de vídeo, sites jornalísticos, redes sociais e muito mais. Mas, por ter se tornado tão importante nas nossas vidas, ela é alvo de atividades nocivas.

Ouvimos constantemente como certas atividades são prejudicadas. Existe uma imensa falta de privacidade.

E as grandes empresas (Google, Meta, Amazon e provedores de serviços de internet, como a Comcast e a AT&T) detêm poder demais, na minha opinião. Mas não sei ao certo qual seria a solução correta.
Em dezembro de 1969, a Arpanet conectou alguns poucos centros de informática espalhados pelos Estados Unidos – uma amostra minúscula, em comparação com os cerca de 50 bilhões de pontos que compõem a internet hoje em dia UCLA

Duvall - Acho que o domínio por qualquer entidade isolada é um grande risco.

Temos visto o poder da desinformação para orientar a política e as eleições. Também vimos o poder das empresas de influenciar os rumos das normas sociais e a formação de jovens e adultos.

Kline - Um dos meus maiores temores tem sido a difusão de informações falsas. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer "vi na internet"?

As pessoas sempre conseguiram espalhar informações falsas, mas custava dinheiro enviar pelo correio, instalar um outdoor ou fazer um anúncio na TV.

Agora, é fácil e barato. E, como atinge milhões de pessoas, aquilo é repetido e tratado como fato.

Outro temor é que, quanto mais os sistemas básicos se mudarem para a internet, mais fácil fica causar prejuízos sérios se estes sistemas forem derrubados ou comprometidos. Por exemplo, não só os sistemas de comunicação, mas os bancos, serviços públicos, transporte etc.

Duvall - A internet tem grande poder, mas, por não termos dado atenção ao alerta de Engelbart em 1962, não usamos o poder da internet eficientemente para administrar os seus impactos sociais.

BBC - Existe alguma lição do seu tempo na Arpanet que poderia fazer da internet um lugar melhor para todos?

Kline - A abertura da internet permite a experimentação e novos usos, mas a falta de controle pode gerar riscos.

A Arpa manteve algum controle da Arpanet. Com isso, eles conseguiam ter certeza de que tudo iria funcionar, podiam tomar decisões sobre os protocolos necessários e lidar com questões como nomes de sites e outros problemas.

A Icann [Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, na sigla em inglês] ainda administra uma parte, mas têm surgido divergências internacionais sobre como seguir adiante, se os Estados Unidos detêm controle demais etc.

Ainda precisamos de alguns controles para manter a rede funcional. E, como a Arpanet era relativamente pequena, podíamos experimentar mudanças importantes de projeto, protocolo e outras. Agora, isso seria extremamente difícil.

Duvall - Estamos frente a um precipício com a inteligência artificial e seu consequente acesso para todos os que fazem uso da internet.

A internet cresceu e se desenvolveu de forma explosiva nos seus primeiros dias – e parte disso trouxe prejuízos à sociedade. Agora, a IA ocupa a mesma posição e é inseparável da internet.

Não é fora de propósito considerar a IA como uma ameaça existencial. E este é o momento de reconhecer os seus riscos e seu potencial.

FONTE: BBC

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

EM PERÍODO PRÉ-HISTÓRICO, PESQUISA DESCOBRE QUE MULHERES É QUE TINHAM PODER EM COMUNIDADES NA INGLATERRA

 

Pesquisa mostra que mulheres lideravam comunidade pré-histórica — Foto: Reprodução/Universidade de Bournemouth

Pesquisadores descobriram que laços familiares femininos estavam no centro das redes sociais na sociedade celta na Grã-Bretanha antes da invasão romana. Segundo os indícios, as mulheres administravam terras e propriedades, enquanto os maridos dependiam delas para a subsistência e não o contrário.

A descoberta foi feita a partir de análises em um cemitério localizado em Dorset, a cerca de 200 quilômetros de Londres. No local, foram encontradas sepulturas de famílias da tribo Durotriges, um grupo celta que viveu na região há mais de dois mil anos.

➡️ Os pesquisadores analisaram os genomas de 57 indivíduos da tribo e descobriram que dois terços deles descendiam de uma única linhagem materna.

A análise revelou uma conexão clara com uma linha matriarcal, incluindo uma mulher adulta, sua filha, suas netas adultas e um provável bisneto. Além disso, oito dos dez membros da família que não faziam parte dessa linhagem eram homens, provavelmente casados com mulheres da comunidade.

➡️ Ou seja, a maior parte da população local era descendente da família da mulher, o que demonstra que não eram elas que deixavam suas comunidades para viver ao lado do marido, mas o contrário.

Esse achado sugere que as mulheres permaneciam nos mesmos círculos sociais ao longo da vida, mantendo redes de relacionamento e provavelmente herdando ou administrando terras e propriedades. O marido, por sua vez, chegava como estrangeiro e se tornava dependente da fonte de renda da mulher para a subsistência.
Análise de DNA mostrou que mulheres eram maior linhagem, o que sugere que homens se mudavam para sua comunidade e não o contrário — Foto: Bournemouth University

A pesquisa, considerada revolucionária, foi publicada na revista Nature, uma das mais renomadas publicações científicas, nesta quarta-feira (16).

“Isso foi realmente de cair o queixo – nunca tinha sido observado antes na pré-história europeia”, comenta Lara Cassidy, geneticista do Trinity College Dublin e que participou do estudo.

A equipe também buscou marcadores genéticos de matrilocalidade – onde a descendência local é definida pela mulher – em restos mortais de mais de 150 sítios arqueológicos ao longo de seis mil anos. Eles identificaram diversos grupos com padrões semelhantes de descendência feminina.

Arqueólogos já tinham evidências de que o papel das mulheres na Grã-Bretanha da Idade do Ferro era singular. Antes da invasão romana em 43 d.C., um mosaico de tribos com línguas e estilos artísticos interligados – frequentemente referidos como celtas – habitava a Inglaterra. Nas pesquisas, itens valiosos, como joias e espelhos, foram encontrados enterrados com mulheres celtas. Escritores romanos, incluindo Júlio César, registraram com desdém a independência e destreza dessas mulheres, inclusive em batalhas.

“Se você observar o que os escritores clássicos estavam falando e se você observar o contexto arqueológico, há muitas dicas de que as mulheres foram capazes de atingir alto status nessas sociedades”, comentou Cassidy.

As liberdades das mulheres celtas têm sido um tema de debate por séculos. Escritores romanos ficaram escandalizados com relatos sobre sua liberdade sexual, que incluía ter vários maridos. Figuras como Cartimandua e Boudica, as primeiras líderes femininas registradas na Grã-Bretanha, demonstraram que as mulheres celtas podiam atingir os mais altos níveis de poder, liderando tribos e comandando exércitos.

FONTE: G1

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

CONFIRA AGORA 6 LIVROS DE SUSPENSE E MISTÉRIO PARA QUEM GOSTOU DE ¨NOSFERATU¨

 

Novo filme do Nosferatu teve estreia em janeiro deste ano Foto: Imagens/Divulgação e Colagem/Beatriz Rabelo

A nova produção do icônico "Nosferatu" chegou aos cinemas brasileiros no dia 2 de janeiro. Com uma atmosfera carregada de mistério, a história é marcada por enigmas, buscando manter a qualidade que garantiu grande sucesso à sua versão original, de 1922. Para quem gosta de uma narrativa cheia de suspense, o Diário do Nordeste organizou uma lista com seis livros que vão capturar sua atenção do início ao fim.

O filme que se tornou um marco do expressionismo alemão possui uma estética perturbadora, sendo livremente inspirado no clássico de Bram Stoker, o "Drácula". Na época do lançamento, a versão original chegou a enfrentar processos judiciais por ser uma adaptação não autorizada. No entanto, pela repercussão do filme e por sua capacidade de abalar o público, essa história reverbera até hoje. 

Assim, seja no cinema ou na literatura, esse clássico tem a capacidade de transportar o público para outros mundos. Quem saiu das salas de cinema com um gostinho de quero mais, certamente vai encontrar boas opções para seguir nesse universo de sombras. 

Confira lista com seis livros de suspense e mistério

1- Nosferatu: Sinfonia das Sombras

Com inspiração no filme de mesmo nome, o livro "Nosferatu: Sinfonia das Sombras" aborda a figura do Conde Orlok com mais profundidade. No livro, a história é apresentada com mais detalhes, explorando os segredos e as motivações do vilão. A obra busca celebrar o horror clássico e capturar os amantes de literatura gótica. 
Edição especial do livro "Nosferatu" Foto: Divulgação/Editora Darkside

Escrita por Kevin Jackson, o livro se configura como um estudo sobre a produção e a recepção do filme. Nele, são abordados alguns causos, como: as tentativas da viúva de Stoker de impedir a circulação do filme e a própria evolução do mito do vampiro na cultura. Ao longo da obra, o leitor se depara com uma análise detalhada dos bastidores e do impacto dessa obra, que continua com seu impacto belo e assustador. 

Quantidade de páginas: 240 páginas
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2- Drácula: Dark Edition

Sendo o livro que inspirou "Nosferatu", o "Drácula", de Bram Stoker, abriu caminho para uma ampla ficção envolvendo vampiros. A obra se apresenta como um clássico não apenas por resistir ao tempo, mas também por continuar inspirando adaptações e debates.
Drácula chegou a ter adaptações ao cinema e inspirou diversos livros de vampiro
Foto: Divulgação

O romance epistolar — ou seja, construído a partir principalmente de trocas de cartas — acompanha a história de humanos lutando para sobreviver às investidas do Drácula. O grupo é formado por Jonathan Harker, Mina Harker, dr. Van Helsing e dr. Seward, que tentam impedir que a criatura se alimente de sangue humano. 

Ambientando na Inglaterra vitoriana, do final do século XIX, a obra é construída por meio de fragmentos de cartas, diários e notícias de jornais. Os detalhes tornam a leitura imersiva. Nesta edição especial, o clássico ganha ilustrações, notas de rodapé e um prefácio que explora as influências culturais do romance. 

Quantidade de páginas: 580 páginas
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3- O Médico e o Monstro

Quem assistiu ao filme "A Substância", que rendeu um Globo de Ouro para Demi Moore, provavelmente vai perceber algumas semelhanças com o livro "O Médico e o Monstro" (“Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde”). Publicado por Robert Louis Stevenson, em 1886, a história foca na dualidade da natureza humana. 
 "O Médico e o Monstro" é um livro que aborda a figura do duplo na literatura
Foto: Divulgação

Sendo um suspense psicológico, os leitores acompanham o Dr. Jekyll, um cientista respeitável que cria uma poção capaz de transformá-lo em Mr. Hyde, uma versão sombria e violenta de si mesmo. 

A obra levanta debates sobre os conflitos internos e as escolhas morais. Essas discussões, inclusive, surgem de diferentes maneiras em "A Substância". No filme produzido quase 140 anos depois do livro, as personagens lidam com os conflitos gerados entre as duas identidades. 

Quantidade de páginas: 151 páginas
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4- Rebecca

"Rebecca", de Daphne du Maurier, é um romance de suspense psicológico que, assim como Nosferatu, é carregado de mistério. Nessa trama, uma jovem de família simples se casa com o conhecido aristocrata Maxim de Winter. Após se mudar para a mansão Manderley, ela vai descobrindo segredos envolvendo o passado da primeira esposa de Maxim, a enigmática Rebecca. 
Livro "Rebecca" ganhou uma adaptação da Netflix
Foto: Divulgação/Darkside

A figura ainda assombra a casa e seus habitantes. Quanto mais escava aquilo que estava escondido, mais descobre os segredos do esposo, passando por diversas reviravoltas ao longo da trama. O livro é um clássico indispensável. 

Quantidade de páginas: 448 páginas
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5- Frankenstein

Publicado originalmente em 1818, "Frankenstein" é um clássico gótico escrito por Mary Shelley. No romance, os leitores acompanham a história de Victor Frankenstein, um cientista obcecado em criar algo com vida. Em meio aos experimentos, ele deu origem a uma criatura aterrorizante.
Livro "Frankenstein" se tornou um dos grandes marcos da literatura gótica
Foto: Divulgação

O "monstro", que se torna rejeitado pela sociedade e pelo próprio criador, começa uma busca por vingança. Na narrativa, Shelley explora questões profundas sobre a humanidade e as consequências de grandes ambições. 

Na edição da Antofágica, os leitores contam com ilustrações de Iuri Casaes e posfácio de Cristhiano Aguiar, autor do livro "Gótico nordestino".

Quantidade de páginas: 328 páginas
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6- O Morro dos Ventos Uivantes

"O Morro dos Ventos Uivantes" é um clássico escrito pela escritora britânica Emily Brontë (1818 - 1848), marcado por mistério, paixão e vingança. Sendo o único romance de Emily, retrata a tumultuosa relação entre a geniosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. O amor entre eles é intenso, obsessivo e destrutivo, marcado por altos e baixos. 
"O Morro dos Ventos Uivantes" conquistou corações com a trama envolta por encontros e desencontros
Foto: Divulgação

Apesar disso, a atmosfera gótica e desenvolvimento dos personagens profundos ajudam a criar uma obra fascinante, que conquista leitores de diferentes partes do mundo. Ao longo dos capítulos, é quase impossível não ser capturado pelo romance entre os dois. Heathcliff é grosseiro e guarda um certo sentimento de rejeição, mas ama Catherine, que o ama de volta, apesar de todos os desencontros entre eles.

Quantidade de páginas: 376 páginas
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FONTE: DN

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O QUE PENSAMOS E SENTIMOS NA HORA DA MORTE?, LUZ NO FIM DO TÚNEL É REAL?

Imagem: BBC/Getty Images

O momento da morte sempre foi um mistério. Embora não possamos saber exatamente o que acontece nesse momento, a ciência começou a revelar alguns detalhes sobre o que acontece em nossos cérebros durante os últimos momentos da vida.

Atividade cerebral

Ao contrário da crença popular, o cérebro não se desliga imediatamente quando o coração para de bater. Em 2013, um estudo com ratos de laboratório demonstrou que seus cérebros experimentaram um aumento da atividade após a parada cardíaca.

Mais recentemente, um grupo de cientistas registrou a atividade cerebral de uma pessoa no momento da morte. Eles observaram que, nos 30 segundos após o último batimento cardíaco, houve um aumento em
um determinado tipo de onda cerebral chamado oscilações gama.

As ondas gama estão associadas a funções cognitivas sofisticadas, como o sonho, a meditação, a concentração, a recuperação da memória e o processamento de informações. Seus resultados sugerem que nossos cérebros podem permanecer ativos e coordenados na transição para a morte.

Experiências de quase morte

Muitas pessoas que estiveram à beira da morte e foram ressuscitadas afirmam ter vivenciado experiências semelhantes, conhecidas como “experiências de quase morte”, ou EQM. Um estudo recente descobriu que até 20% das pessoas que sobrevivem a uma parada cardíaca passam por algum tipo de EQM.

Entre as EQM mais comuns estão a sensação de separação do corpo físico, a visão de uma luz brilhante no fim de um túnel, sensações de paz e tranquilidade, encontros com entes queridos falecidos e a revisão de momentos importantes da vida.

Os cientistas acreditam que essas experiências podem ser o produto da atividade cerebral nos momentos finais: a falta de oxigênio e as alterações químicas no no cérebro poderiam explicar muitas delas.

As descobertas sobre a atividade das ondas gama no cérebro pouco antes da morte podem ser fundamentais para a compreensão das EQM. As oscilações gama, ligadas à consciência e à recuperação de memórias, podem estar envolvidas na geração das sensações que os sobreviventes de parada cardíaca experimentaram, como a revisão de momentos importantes da vida ou a percepção de paz e tranquilidade.

Isso sugere que as EQM não são apenas fenômenos subjetivos, mas podem ser explicadas pelo que está acontecendo biologicamente em nossos cérebros nesses momentos exatos.

O córtex somatossensorial

Para descobrir isso, um estudo realizado na Universidade de Michigan (EUA) registrou a atividade cerebral de quatro pacientes no momento de sua morte. Eles descobriram que em dois deles, logo após a retirada do suporte de vida, o número de batimentos cardíacos por minuto aumentou e a atividade da onda gama aumentou em uma área específica do cérebro: o córtex somatossensorial.

Essa área, chamada de “ponto quente dos correlatos neurais da consciência”, está localizada no início da parte posterior do cérebro e tem sido associada a sonhos, alucinações visuais e estados alterados de consciência. As descobertas sugerem que o cérebro pode estar reproduzindo uma última “memória da vida” pouco antes da morte. Em outras palavras, algo semelhante ao que as pessoas que têm experiências de quase morte relatam.

Sentimos dor na morte?

De acordo com especialistas, é improvável que sintamos dor no momento da morte. Isso se deve a vários fatores fisiológicos e neurológicos que ocorrem nos estágios finais da vida.

As pesquisas confirmam isso. Especificamente, um estudo que, embora não aborde diretamente o processo de morte, fornece informações sobre como o sistema nervoso processa a dor e como certas mudanças fisiológicas podem alterar essa experiência.

Primeiro, nosso cérebro libera substâncias químicas que nos ajudam a nos sentirmos em paz. Essas substâncias incluem a noradrenalina e a serotonina, moléculas que são hormônios e neurotransmissores. Quando liberadas pelo cérebro, elas podem evocar emoções positivas e alucinações, reduzir a percepção da dor e promover sentimentos de calma e tranquilidade.

Além disso, quando a morte se aproxima, as pessoas geralmente ficam muito indiferentes. Isso ocorre porque o corpo começa a se desligar gradualmente e, com isso, a capacidade de sentir dor diminui. Os sentidos são perdidos, e isso parece ocorrer em uma ordem específica: primeiro a fome e a sede, depois a fala e a visão. O tato e a audição são os últimos a desaparecer, o que pode explicar por que muitas pessoas conseguem ouvir e sentir seus entes queridos em seus momentos finais, mesmo quando eles parecem estar inconscientes.

Morrer com dignidade

Além do interesse científico, essas descobertas têm importantes implicações éticas e médicas. Uma melhor compreensão do que acontece no cérebro nos últimos momentos da vida poderia ajudar a melhorar os cuidados paliativos, garantindo que o processo seja mais pacífico e digno.

Além disso, as descobertas que apresentamos levantam questões fundamentais sobre como definir o momento exato da morte, uma questão crucial nas decisões relacionadas ao suporte à vida e à doação de órgãos.

Todos esses estudos, embora preliminares, oferecem uma visão interessante sobre o que podemos sentir no final da vida e nos lembram da incrível capacidade do cérebro humano. Ainda há muito a ser descoberto.

Talvez a lição mais importante que podemos aprender é valorizar cada momento, pois nunca sabemos quando será a hora de partir. E talvez, nesse momento, sejamos presenteados com uma viagem por nossas memórias.

Francisco José Esteban Ruiz, professor titular de biologia celular, Universidade de Jaén

Este artigo foi republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.

FONTE: VIVA BEM/UOL

domingo, 5 de janeiro de 2025

SAIBA PORQUE A BELEZA DE NEFERTITI AINDA INSPIRA A HUMANIDADE APÓS 3.000 ANOS

 NEFERTITI FOTO WORDPRESS

Tendo seu busto exibido publicamente pela primeira vez há 100 anos, a rainha egípcia Nefertiti continua relevante, inspirando moda, beleza e debates culturais, mesmo três milênios após sua morte.

O que aconteceu

A descoberta do busto de Nefertiti em 1912 por arqueólogos alemães marcou um evento significativo para a compreensão da história egípcia. A peça foi exibida pela primeira vez ao público em 1924, no Neues Museum em Berlim, onde permanece até hoje. Sua descoberta e subsequente exposição mundial despertaram interesse global, como conta a CNN Internacional.

As características faciais representadas no busto de Nefertiti estabeleceram um padrão estético que persiste na atualidade. Seu maxilar definido, as maçãs do rosto altas e os olhos delineados a tornaram uma figura reconhecida.

Olhar da rainha expressa confiança e autossuficiência segundo especialista. A Dra. Cheryl Finley, professora de história da arte no Spelman College em Atlanta, disse: "o busto de Nefertiti é tão perfeito; ela é tão autossuficiente. É isso que realmente chama a atenção e a imaginação. É a confiança dela e o olhar, é claro. É algo que nos atrai a todos".

A exposição do busto influenciou a moda e a indústria da beleza. Sua imagem foi utilizada em publicidade e suas características serviram de inspiração para criações de estilistas como Paul Poiret, Lilly Daché e, posteriormente, John Galliano para Dior e Christian Louboutin. O "visual egípcio" tornou-se uma referência.

A influência de Nefertiti se manifesta na cultura contemporânea em diversas áreas. Sua presença é notada nas redes sociais, na cultura pop e em produtos variados, de tutoriais de maquiagem a peças de alta costura. Marcas de beleza e procedimentos estéticos, como o "Nefertiti Lift", fazem referência à rainha.

Apropriação e branqueamento… 

A representação de Nefertiti foi objeto de apropriação e de tentativas de branqueamento ao longo da história, sob perspectivas ocidentais. Tentativas de minimizar sua ancestralidade africana geraram críticas, como a reconstrução 3D de 2018 com tom de pele mais claro.

Nefertiti desafiou padrões ocidentais de beleza, por sua ascendência e cor de pele. Como aponta a professora Charmaine A. Nelson, da Universidade de Massachusetts Amherst, Nefertiti desafiou "grande parte da história da percepção ocidental de mulheres negras , (que) é como 'outro', como 'grotesco', como 'corpo não estético'". Ela acrescenta que "É realmente impressionante e provavelmente funciona a favor do olhar branco que seu cabelo esteja coberto", sugerindo que cabelos texturizados historicamente desafiaram os padrões eurocêntricos.

Nefertiti se tornou um símbolo de poder e resistência na cultura negra. Artistas como Beyoncé e Rihanna incorporam elementos de sua imagem em suas obras, reforçando esse simbolismo. Rihanna, inclusive, possui uma tatuagem do busto de Nefertiti.

A imagem de Nefertiti desperta interesse e identificação em diferentes públicos. Ela transcende o tempo e representa uma conexão com a história e a ancestralidade. "E por que você não quereria se parecer com ela? Tire a coroa, coloque-a em qualquer sociedade e ela pode se encaixar", diz a Dra. Elka Stevens, professora associada da Howard University.

As mulheres conseguem se ver projetadas no busto da rainha. Stevens acrescenta: "Vejo minha família quando olho para ela, e posso ver sua família. Por esta razão, vamos ser presenteados com contos de sua beleza até o fim dos tempos. Ela não vai a lugar nenhum — ela vai viver por meio de cada um de nós, e isso é a coisa mais emocionante."

A vida de Nefertiti, porém, apresenta lacunas e aspectos ainda não totalmente compreendidos pela historiografia. Sua trajetória política ao lado do faraó Akhenaton e seu desaparecimento dos registros históricos intrigam estudiosos. Seu legado, no entanto, permanece presente.

A presença do busto em Berlim gera discussões sobre sua repatriação para o Egito. Egiptólogos e autoridades egípcias defendem a devolução da peça, argumentando que sua remoção foi injustificada, conta a CNN. Uma petição recente liderada pelo egiptólogo Zahi Hawass reacendeu os apelos pela repatriação.

FONTE: UNIVERSA UOL

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