Richard Anthony Jones (à dir.) passou 17 anos na cadeia e sempre se disse inocente da acusação de roubo. Ele foi solto depois que descobriu ter um 'sósia', Ricky, que poderia ter cometido o crime (Foto: Kansas City Police Department)
Há quase duas décadas, Richard A. Jones foi condenado a 19 anos de prisão pelo roubo de um celular no estacionamento de um supermercado Walmart, no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Na época, ele foi identificado por testemunhas como o autor do crime. Mas Jones sempre se disse inocente e, enquanto cumpria a pena no Lansing Correctional Facility, ouviu de outros presos que se parecia muito com um homem chamado Ricky, que também cumpria pena.
Essa semelhança eventualmente garantiria a ele a liberdade. No ano passado, um juiz anulou a condenação de Jones depois que as fotos dos dois homens foram colocadas lado a lado. Ao ver as imagens, as testemunhas originais do caso disseram que não conseguiam ver diferença entre as duas pessoas.
Jones conseguiu sair da cadeia, mas só 17 anos depois de ter entrado pela primeira vez no presídio de Lansing. Por isso, ele quer reparação.
Nesta quarta-feira, o americano entrou com uma ação no Distrito Judicial de Kansas exigindo US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 4,6 milhões) em compensação do Estado - cerca de US$ 65.000 para cada um dos 17 anos que passou na prisão por um crime que diz não ter cometido.
As fotos dos dois homens foram mostradas às testemunhas, que disseram não conseguir diferenciar as duas pessoas (Foto: Kansas City Police Department)
Quando foi condenado, Jones tinha 25 anos e era pai de duas crianças pequenas. Hoje, ele tem mais de 40 anos e as filhas têm 24 e 19 anos.
"Uma boa parte da minha vida foi tirada de mim e eu nunca poderei voltar no tempo", afirmou ele, em entrevista na quinta.
"Naquela época, eu estava tentando ser responsável como pai. Eu não era perfeito, mas fazia parte da vida delas. Foi muito difícil ficar preso, porque eu estava acostumado a estar presente na vida das minhas filhas."
'Agulha no palheiro'
Na época em que descobriu o "sósia" e foi solto por decisão da Justiça, Jones declarou à imprensa que a descoberta foi como "achar uma agulha no palheiro".
"Eu não acredito em sorte. Acredito que fui abençoado", afirmou ao jornal local Kansas City Star.
O sósia nega que tenha cometido o crime de roubo pelo qual Jones foi condenado. Ao liberar Jones da prisão, o juiz não culpou Ricky pelo roubo, apenas disse que, com base na nova evidência, nenhum juri "sensato" o teria condenado.
Antes da descoberta do sósia, Jones havia recorrido sem sucesso da condenação pelo roubo de 1999. "Todos os meus recursos tinham sido negados", disse.
Richard Jones comemorou a soltura, no ano passado, com os familiares. As duas filhas dele eram crianças quando ele foi preso (Foto: Gofundme)
Em 2015, porém, ele contou sobre a semelhança com Ricky a pesquisadores do Midwest Innocence Project - um grupo que tenta ajudar pessoas que possam ter sido condenadas por engano. Advogados que atuam nessa ONG se interessaram pelo caso e ajudaram Jones.
'Tudo fez sentido'
"Quando eu vi a foto do meu sósia, tudo fez sentido para mim", ele diz. Jones havia sido condenado com base apenas em evidências de testemunhas.
Não havia DNA ou impressão digital que o ligasse ao crime. Os pesquisadores descobriram que outro homem não apenas era "igual" a Jones, mas também morava perto da cena do crime, no estado do Kansas, enquanto Jones morava no estado vizinho de Missouri.
Advogados de Jones também disseram que ele estava com a namorada e a família dela no mesmo momento em que ocorreu o roubo de celular. Eles argumentaram ainda que os métodos de identificação usados pela polícia há 17 anos eram falhos.
Los Angeles, USA - June 24, 2011: The Michael Jackson star on the Hollywood Walk of Fame. Located on Hollywood Boulevard and is one of 2000 celebrity stars made from marble and brass. (LPETTET/iStock)
Michael Jackson morreu pela primeira vez no meio dos anos 70. Ele mesmo conta: “Estava saindo do aeroporto quando uma mulher reconheceu meus irmãos. ‘Ai, meu Deus! O Jackson Five!! Cadê o Michael? Cadê o pequeno Michael?’ Aí alguém apontou: ‘Olha ele aí’. E ela: ‘Ugh… O que aconteceu?’ Quase morri ali…”
O maior astro mirim da história, o garoto de carisma magnético que colocou seus quatro primeiros singles no topo das paradas, o menino fofo não existia mais. No corpo que um dia foi da criança prodígio, insanamente precoce, assumiu um jovem precocemente insano, que, de certa forma, nunca conseguiu fazer a transição entre a infância e a vida adulta.
Mulher do aeroporto à parte, o rapaz era até bonito aos 15, 16 anos. E não tinha ficado menos famoso: começava a construir uma carreira como cantor adolescente e continuava frequentando o topo das paradas. Mas se achava horrível. Queria era se livrar das espinhas (tinha muitas mesmo), do nariz gordo e voltar a ser o pequeno Michael.
É impossível entender o que se passava na mente dele sem analisar esse momento de sua vida. Um momento que, se é difícil para qualquer um atravessar, foi uma muralha para Jackson.
Não existem diagnósticos prontos que expliquem por que o ídolo desfigurou o rosto, inventou mentiras absurdas (como insistir que só fez plásticas no nariz) e se envolveu naqueles escândalos todos.
Mas por trás de tudo isso há um ponto em comum bem claro: a obsessão por voltar a ser criança. O menino tão talentoso aos 11 anos, parecia um adulto baixinho de 20, acabou se transformando anos na maturidade em uma figura infantilizada, que dizia ser o próprio Peter Pan (o personagem que nunca cresce).
Não parecia fazer sentido. É que não muito tempo depois do episódio da mulher do aeroporto, Michael começou sua escalada rumo ao auge. Um auge que faria o garotinho do Jackson Five parecer realmente minúsculo.
Foi aos 21, em 1979, que lançou Off the Wall, seu primeiro disco solo realmente criativo. O álbum vendeu 10 milhões de cópias e garantiu a Jackson o Grammy de melhor cantor de rhythm and blues. Só que Michael achou pouco. “Ele jurou que seu disco seguinte faria com que todos reconhecessem sua genialidade”, registrou a revista Rolling Stone.
E fez mesmo. Em Thriller, de 1982, ele fundia rock, jazz, funk, rhythm and blues e mais alguma coisa que ninguém sabia. E o resultado foi uma revolução sonora que só tem paralelo em clássicos como Sgt. Pepper, dos Beatles.
O ponto mais alto dentro desse ponto mais alto veio em março de 1983, quatro meses depois do lançamento de Thriller. Michael se apresentou num especial de TV que celebrava os 25 anos da Motown, a gravadora do começo de sua carreira. Primeiro, subiu no palco com os Jackson Five. Cantou um medley de clássicos do grupo com a voz tão suave quanto a da infância, mas dançando bem melhor e interpretando a música com mais energia, mais confiante do que nunca.
Não tinha o que melhorar, pensavam as 47 milhões de pessoas que assistiam ao especial pela TV. Para Michael, porém, ainda faltava uma coisa: mudar o mundo.
Quando acaba a sessão retrô, com o público em êxtase, Michael cumprimenta os irmãos, diz que a história deles foi muito bonita, que tem um carinho enorme pelo passado, mas que a fila tem que andar. As coisas mudam. Então coloca um chapéu, vira de lado e, no lugar das baladinha dos Jackson Five, entra o pancadão do Jackson One: a bateria e o baixo pesados, quase heavy metal, que introduzem Billie Jean.
Sua dança agora não é mais perfeita. É de outro planeta: um balanço de Elvis Presley, com as pernas flutuantes de um Fred Astaire e mais alguma coisa que ninguém sabia o que era. Ninguém mesmo: era a primeira vez que ele fazia o moonwalk, o truque de andar para trás fazendo os movimentos de andar para a frente, numa junção de técnica de dança e de ilusionismo.
Ao emendar Jackson Five com uma das músicas mais sanguíneas de sua carreira, Michael Jackson mostrava que tinha transformado o menino prodígio não num adolescente desajeitado, mas num homem genial, capaz de compor tanto obras palatáveis quanto trabalhos à frente de seu tempo.
Naquele momento, Michael chegava a um pico de estrelato onde só Frank Sinatra, Elvis Presley e os Beatles tinham estado antes – ou, quem sabe, que nem eles alcançaram.
Àquela altura, aos 24 anos, Michael não tinha mais nada do “adolescente feio”. As espinhas tinham ido embora havia tempo, ele já tinha passado a faca no nariz de que não gostava e dado mais uns tapas aqui e ali no rosto. Além do mais, estava feliz com o sucesso, com o dinheiro. Agora sim: se melhorasse, estragava. O problema é que melhorou.
Michael passou os anos após Thriller sendo premiado, adulado e ganhando os tubos. Mas isso lhe ensinou algo duro de engolir: que nem o topo do mundo podia livrá-lo de seus fantasmas.
A raiva por ter passado a infância praticamente em regime de trabalho forçado (e põe forçado nisso, já que inclui surras de corrente do pai tirânico) continuava lá. Sua vida sexual, como vamos ver depois, ainda não existia – qualquer coisa relacionada a isso continuava um mistério para ele.
Será que ele quis virar criança de novo para enterrar esse problema? Seja como for, a solução não estava no topo do mundo. Para piorar, sua paranoia com a aparência continuava a mesma da época da mulher do aeroporto.
E agora, Michael? Bom, agora, com mais fama, recursos financeiros e mais admiradores que qualquer um poderia ter nesta vida e nas próximas mil, Michael resolveu solucionar seus problemas do mesmo jeito que obtinha qualquer coisa que quisesse naqueles dias: num estalar de dedos.
O problema era a falta de beleza? Beleza: tome uma plástica atrás da outra. Aí pobre do nariz de Michael. Se já tinha ficado mais fino, acabou talhado até a não existência.
O conjunto não ficou muito bom? Então bota uma covinha de Michael Douglas no queixo, emoldura com um maxilar de superman… Nada que o dinheiro não possa resolver.
E, para embalar tudo, uma pele nova. Michael mantinha em casa réplicas de quadros renascentistas, em que ele aparecia na forma de santo. Branco como leite. Ou melhor: como qualquer santo de pintura renascentista. Mesmo assim, ele negava que ostentar uma pele totalmente alva era seu ideal de beleza.
Essa mania de negar, aliás, é mais um dos aspectos que marcaram os mistérios da vida de Michael. Talvez por estar sempre cercado por aduladores prontos para concordar com qualquer coisa que dissesse, ele não respeitava os limites do bom senso na hora de se explicar para a imprensa (e para os fãs). E mentia, mentia e mentia.
Mesmo quando algumas verdades estavam, literalmente, na cara. A ver: Michael diz que só fez duas operações plásticas, no nariz. E que nem foi por beleza, mas para “respirar melhor e alcançar notas mais altas enquanto cantava”. Enquanto isso, cirurgiões estimam que ele tenha feito mais de 50 intervenções.
Com os filhos pode ter sido a mesma coisa. Todos desconfiaram quando viram que os dois mais velhos eram tão brancos quanto a família real da Suécia. Não que fosse impossível para um negro como Jackson ter filhos claros. Se ele tivesse 500 crianças com Debbie Rowie, duas ou três sairiam muito brancas e outro par com a pele bem escura. Mas a imensa maioria seria mestiça. É um princípio básico da genética. Como o casal só teve dois e ambos vieram leitosos, estávamos diante de um absurdo estatístico.
Michael disse até o fim que os dois eram dele e ponto final. Mas alguns dias após sua morte Debbie veio a público para dizer que não: O pai verdadeiro das crianças foi outro doador de esperma. O motivo para Jackson não ter usado suas próprias células reprodutoras para inseminar Debbie continua obscuro. E o que Michael menos fez ao longo da carreira foi responder.
Ainda em 1983 seu agente concluiu que ele não se comunicava bem com a imprensa. Não era uma imagem condizente à de líder de gangue com que aparecia nos clipes – e com a de semideus com que aparecia nos palcos. Então ele proibiu Michael de dar entrevistas.
Sem ter como falar com o ídolo, jornais e revistas se refestelaram com uma infinidade de absurdos: alguns, quase verdade; outros, pura mentira. Foi noticiado, por exemplo, que Michael tentou comprar do Museu Britânico os ossos, roupas e objetos de John Merrick, o infeliz e deformado Homem-Elefante. Que ele tem uma parte de seu nariz, extirpada nas cirurgias plásticas, depositada em uma jarra em seu banheiro. Que ofereceu US$ 50 mil pelo apêndice recém-removido do papa. Que tinha acima de sua cama uma pintura retratando suas 6 celebridades preferidas: Mona Lisa, George Washington, Abraham Lincoln, Albert Einstein, ele próprio e E.T., o extraterrestre. Que ele mantinha dois manequins vestidos de guarda à porta de seu quarto para impedir a entrada de fantasmas. E por aí vai.
O quanto disso faz parte do Michael real e pode ajudar a entender sua personalidade? Mais uma coisa que só ele poderia ter dito.
A face mais estranha do ídolo, no entanto, era mesmo parte do Michael real. Hora de voltar aos problemas sexuais do artista. Uma das poucas vezes em que entrou no assunto foi na entrevista ao repórter Martin Bashir, em 2003.
O inglês perguntou como foi a primeira vez em que Michael saiu com uma garota. E a resposta surpreendeu por não ser exatamente uma resposta. Michael contou que foi aos 17 anos, com a atriz Tatum O’Neal. Disse que a moça o chamou para o quarto, deitou-o na cama e começou a desabotoar a camisa dele devagarinho.
“Entrei em pânico”, disse Michael. E mandou a menina parar. Ela tinha só 12 anos e, depois, diria que de jeito nenhum teria tentado “estuprar” Michael, ainda mais porque era uma criança. Não foi o que ficou na cabeça de Jackson, uma cabeça que, pelo jeito, não sabia lidar com sexualidade. Ninguém sabe, por exemplo, quando ele teria perdido a virgindade. Uns dizem que foi só aos 32 anos. Outros, que nunca. Mas são só rumores.
Sua relação anormal com crianças, porém, era mais do que rumor. Michael sempre recebia crianças em Neverland, sua mansão/parque de diversões. E assumiu que dormia com garotos no mesmo quarto – sem sexo, mas dormia. Jackson chegou a defender que tinha todo o direito de fazer guerras de travesseiro de madrugada com meninos de 12 anos quando tinha mais de 40. “Todo mundo deveria fazer isso”, chegou a dizer. Nunca um astro tinha dito algo tão na contramão das regras básicas da sociedade. Mas Jackson bateu o pé.
Como isso pôde acontecer? O sociólogo britânico Chris Rojek, autor de uma pesquisa sobre celebridades, vai direto ao ponto: “Por serem venerados e aclamados como são, ídolos pop gradualmente param de sentir a necessidade de obedecer às regras dos homens e mulheres comuns”. O conceito básico para entender como isso acontece é o narcisismo. Narcisista é a pessoa que acredita ser a razão de existência do mundo. Todos passamos por isso. É um momento fundamental de nossa vida para que tenhamos noção de nós mesmos. Mas isso acontece quando temos entre 3 e 4 anos. Para a maioria, essa fase passa, mas deixa heranças: “Passamos a vida inteira administrando o desejo de voltar a ser o centro do mundo”, diz o psicanalista Sergio Wajman, da PUC-SP.
Mas como uma pessoa como Michael Jackson vai administrar esse desejo? Qual é o limite entre certo e errado para alguém com tanto poder e tantos fantasmas para matar? Para Wajman, pouco, ou nenhum: “O narcisismo é um fenômeno no qual o limite não existe. Um narcisista exacerbado não se considera uma pessoa comum. Para ele, vale mais a lei de seu desejo que a lei dos outros”.
Essa falta de limites que podia parecer normal para o antigo habitante da Terra do Nunca virava um exagero descabido no mundo real. Para os acusadores de Michael, o buraco de Neverland era mais embaixo. A tese deles é que Jackson montou o lugar para que fosse um harém. Ele agenciaria crianças que tentavam um lugar ao sol em Hollywood, convenceria os pais de que uma amizade com ele abriria portas e se aproveitaria entre uma e outra guerra de travesseiro. Quem defende Jackson diz que ele só queria mesmo a companhia das crianças. Que, no fundo, era uma delas. Mas só uma coisa é fato: Jackson foi absolvido pela Justiça. Nunca houve prova de que ele tenha abusado de algum menino.
Só que as acusações foram o suficiente para torná-lo mais recluso, mais dependente de remédios, mais distante da divindade que surpreendeu o mundo naquele show da Motown e em tantos outros. Muitos apostavam que, quando Michael morresse, seria lembrado não pela sua música, mas por suas bizarrices. Diziam que os escândalos apagariam seu legado. Mas o que aconteceu no mundo a partir do dia 25 de junho de 2009 provou que eles estavam errados. A obra de Michael Jackson venceu tudo. Inclusive as armadilhas de sua mente.
Nos últimos dias na costa do Mar de Bering, ao lado do Pacífico da península de Kamchatka, uma aparição estranha causou polêmica: uma espécie de “monstro peludo” de mais de três vezes o tamanho de um homem.
O “objeto” curioso, se é que possa ser denominado assim, fede tanto que intrigou os habitantes locais que, inclusive, estão acostumados a ver coisas estranhas que o oceano traz à praia.
A criatura estranha tem coloração branca e marrom, como se estivesse suja, e parece ter uma longa cauda – ou tentáculo – mas não tem cabeça ou olhos definidos.
A testemunha Svetlana Dyadenko postou as imagens do achado dizendo: “Esta criatura não identificada e de aparência estranha foi encontrada na praia ao lado da aldeia de Pakhachi, ao lado nordeste da península de Kamchatka”
Ela completou: “O mais interessante para mim é que a criatura está coberta de pelos tubulares… Eu gostaria que os cientistas pudessem inspecionar esse enigma que o oceano jogou contra nós”. Veja só as imagens:
Muitas pessoas pensaram se tratar de um urso polar, mas o fato é que a criatura é muito maior do que um urso, sendo que os machos costumam medir entre 2 e 2,5 metros de altura, e as fêmeas entre 1,8 e 2 m. Fora o tentáculo peludo não é característico desses animais, eliminando essa possibilidade.
Pelo que parece, é a carcaça de alguma outra espécie, possivelmente trazida pelo Ártico, porém não se sabe qual.
É possível que o animal em questão se trate de um “globster” – termo cunhado pela primeira vez em 1962 para descrever uma misteriosa carcaça da Tasmânia, que se dizia “sem olhos visíveis, sem cabeça definida e sem estrutura óssea aparente”.
Esses globsters podem, a princípio, parecer um gigantesco polvo, enquanto outros podem ter alguns ossos, tentáculos ou nadadeiras – ou mesmo olhos, dizem especialistas. No entanto, geralmente eles não são tão peludos quanto este. Cientistas sugeriram que globsters são carcaças declaradas de grandes criaturas marinhas, como baleias ou tubarões, até mesmo pedaços de gordura de baleia expelidos de cadáveres em decomposição.
No entanto, este monstro de Kamchatka não parece se encaixar nessa descrição.
Mas o biólogo marinho de Kamchatka, Sergei Kornev, validou em parte a teoria: ele diz que o monstro faz parte de um mamífero marinho em decomposição.
Sob a influência do mar, do tempo e de vários animais, dos menores aos maiores, até mesmo uma baleia pode assumir formas bizarras, segundo Kornev.
Na escola, tirar boas notas era relativamente fácil: bastava prestar atenção às aulas, ler atentamente as apostilas e resolver alguns exercícios na véspera da prova. Na vida adulta, porém, tudo vai ficando mais complicado.
Não adianta ligar o piloto-automático diante de concursos públicos, exames de proficiência em línguas ou provas de admissão em programas de pós-graduação, por exemplo. A preparação precisa ser mais estratégica, com base em métodos para garantir a fixação e acelerar o processo de aprendizado.
Na visão de Paulo Estrella, diretor pedagógico da Academia do Concurso, é possível estudar sem aplicar nenhuma metodologia — mas você gastará muito mais tempo do que quem aprende com o auxílio de alguma técnica.
"Sem perceber, vamos experimentando e consolidando nossas próprias táticas, mas é interessante conhecer e testar alguns métodos já comprovados", afirma.
Para Nestor Távora, professor da LFG Concursos, adotar procedimentos de estudo de forma consciente é essencial para garantir a melhor administração do tempo. Certas estratégias tornarão o seu trabalho mais rápido e, portanto, menos pesado e cansativo.
Com a ajuda dos dois professores, listamos a seguir 7 técnicas de estudo que podem ser úteis na preparação para as complicadas provas da vida adulta:
1. Mapa mental
Quer visualizar um conteúdo complexo e todo intrincado em ramificações? Experimente representá-lo num "mapa mental" — nome bonito para um diagrama composto por palavras, ícones e flechas. A principal vantagem de elaborar esses esquemas é a possibilidade de criar uma ordem lógica entre as informações, com destaque para interconexões e relações de hierarquia.
“Não é um método para fixar a disciplina, mas sim visualizá-la de forma sistêmica, isto é, compreender como os conceitos se distribuem dentro daquele campo de conhecimento”, explica Estrella. “É importante para saber que o conceito X aparece quando o tema Y é discutido, o que facilita a associação de ideias”.
Imagine que você está estudando ligações químicas por meio de um mapa mental, e uma das flechas aponta para a expressão “ponte de hidrogênio”. A organização visual das informações ajuda a fixar o fato de que, quando se fala em ponte de hidrogênio, o que se discute são ligações químicas.
2. Fichamento ou resumo
Ler atentamente o livro-texto é um passo obrigatório em qualquer preparação, mas o estudo não pode terminar por aí. Também é fundamental reorganizar as informações lidas com as suas próprias palavras.
Uma forma de fazer isso é elaborar fichamentos, isto é, sínteses esquemáticas de cada texto. “Um fichamento é uma cartela que contém as informações mais importantes sobre um livro ou capítulo de um livro, por exemplo”, diz Estrella. “É a melhor maneira de organizar a bibliografia". A ideia é elaborar um índice das suas leituras de acordo com a sistematização já elaborada no mapa mental, descrito no item anterior.
Outra possibilidade é redigir um resumo, isto é, reescrever com as suas próprias palavras o conteúdo estudado. “Aja como se você fosse o autor da sua própria apostila sobre o assunto”, explica o professor. Pode ser um texto corrido ou por tópicos: o importante é traduzir as ideias para a sua linguagem, incluindo suas interpretações e comentários sobre o tema.
3. Construção e reconstrução de tabelas
Outro método recomendado por Estrella é representar informações no formato de quadros. É uma boa opção para fixar conteúdos que têm uma determinada sistemática bastante específica por trás.
Imagine que você está estudando Direito penal, por exemplo. Experimente elaborar uma tabela em que haja colunas dedicadas ao que tipifica cada crime, qual é o tamanho da pena e qual é o prazo de resposta para cada tribunal, entre outras informações.
Na primeira vez, desenhe o quadro consultando livros e apostilas. Depois de algumas cópias, tente reconstruí-lo de memória. Esse procedimento é uma excelente forma de gravar os conteúdos sem perder de vista as interconexões entre eles. “Assim como os mapas mentais, é uma técnica muito útil para quem tem memória visual”, diz o especialista.
4. Gravações de áudio
Nem todo mundo tem facilidade para se lembrar do que viu: muita gente fixa melhor aquilo que escutou. Se esse é o seu caso, tente estudar com a ajuda de um celular ou qualquer outro dispositivo que funcione como gravador.
“Grave a sua própria exposição oral sobre o tema, como se você fosse um professor”, recomenda Estrella. Falar, por si só, já é uma excelente forma de se apropriar de uma ideia. Ouvir depois as suas próprias “aulas” várias vezes é melhor ainda.
Também é interessante escutar podcasts e aulas online sobre o assunto, muitas vezes disponíveis gratuitamente na internet. Para quem tem pouco tempo, vale aproveitar os deslocamentos entre a casa e o trabalho para ouvir os áudios.
5. Apresentações para o espelho
Se você vai enfrentar uma prova oral, é imprescindível simular o encontro com a banca avaliadora. O primeiro passo é fazer isso sozinho, munido de um espelho e uma boa dose de senso crítico.
Feitos os primeiros ensaios solitários, diz Távora, experimente se apresentar para amigos, parentes e professores. “Esse tipo de exercício é fundamental para desenvolver a lógica do seu raciocínio e, principalmente, para estimular a sua capacidade de improviso”, explica.
De acordo com o professor, muitos candidatos vão muito bem nas provas escritas, mas acabam reprovados nos testes orais — tudo porque não desenvolveram jogo de cintura para a ocasião. Falar para o espelho ou para outras pessoas é o único meio de simular a apresentação para a banca e desenvolver métodos para controlar o seu nervosismo.
6. Táticas mneumônicas
Todo mundo já teve um professor do ensino médio que cantava músicas ou elaborava frases engraçadas para facilitar a memorização da tabela periódica. Técnicas mneumônicas, isto é, que facilitam a fixação de palavras ou expressões, são usadas desde a Antiguidade e podem ser uma mão na roda diante de assuntos que simplesmente precisam ser decorados.
Uma opção é o acróstico, uma frase formada por palavras cuja primeira letra é a dica para o que precisa ser lembrado. Se você quer gravar, por exemplo, os nomes dos bairros paulistanos Mooca, Penha, Belém e Carrão, por exemplo, pode usar a frase “Meu Pai Bebe Café”. Outro instrumento é o acrônimo, uma palavra formada por letras que representam outras palavras, como a ferramenta de gestão CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude).
Seja qual for, diz Estrella, a tática mneumônica deve ser usada quando existe a necessidade de gravar conteúdos sequenciais e sem qualquer relação lógica entre si. É uma opção interessante para gravar nomes ou números de leis, por exemplo. Veja aqui mais dicas de táticas mneumônicas.
7. Simulações cronometradas
Para Távora, colocar os seus conhecimentos à prova é uma etapa indesviável na preparação para qualquer exame. No caso de um concurso público, por exemplo, é preciso recuperar provas de anos anteriores e resolvê-las com o cronômetro ao lado.
“O exame deve ser resolvido exatamente como seria na situação real”, explica o professor. Quanto mais você se familiarizar com as condições da prova, inclusive a duração dela, maiores as suas chances de aprovação.
Os simulados também são essenciais para se acostumar ao estilo das questões. “É a melhor forma de aprimorar a sua técnica de interpretação e não ter surpresas diante da linguagem da banca examinadora”, afirma o professor da LFG.
Mirta Graciela Antón foi a primeira mulher da América Latina ser condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade
"Ela esticou as mãos como garras, pegou meus mamilos e apertou. Apertava e torcia; torcia e apertava", lembra uma das vítimas de Mirta Graciela Antón, também conhecida como "La Cuca".
Ela é a única mulher na América Latina condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade.
Outra vítima detalha os métodos de tortura da ex-policial: "Ela batia em meus testículos com tacos. Fazia o mesmo com pessoas que estavam ao meu lado. Eu escutava o barulho e pensava: lá vêm aqueles tacos de agulha".
Os testemunhos acima foram colhidos entre 2012 e 2016 pela Justiça da província argentina de Córdoba durante uma força-tarefa que investigou os crimes ocorridos dentro Departamento de Informações da Polícia de Córdoba, conhecido como D2, nas décadas de 70 e 80. A instituição foi um dos maiores centros de detenção e tortura da ditadura militar argentina.
As autoridades ouviram 900 testemunhas e identificaram 716 vítimas. Dos 43 acusados, 38 foram declarados culpados. Desses, 28 foram condenados à prisão perpétua.
Durante seu período na polícia, Mirta Graciela Antón sempre ficou cercada por homens, como nesta foto com representantes da repressão da ditadura IRMA MONTIEL
Nos julgamentos, Mirta Graciela Antón foi a única mulher condenada por crimes contra a humanidade. Ela foi considerada culpada por 12 homicídios, 16 privações ilegais de liberdade, 21 casos de tortura, cinco desaparecimentos e seis abusos.
Embora existam outros casos de mulheres condenadas por crimes contra humanidade na América Latina - no Chile há uma alemã que atuou na repressão da ditadura de Augusto Pinochet -, Antón é a única imputada com prisão perpétua.
Durante o processo, ela se declarou "total e absolutamente inocente". Está presa há oito anos na cadeia de Bouwer, em Córdoba.
Nos últimos anos, ela se encontrou cinco vezes com jornalista Ana Mariani, que recentemente publicou um livro sobre a torturadora.
Córdoba e a repressão
A província de Córdoba, a segunda maior da Argentina, sofreu com uma feroz perseguição a opositores do governo mesmo antes do golpe militar de 24 de março de 1976, que iniciou um dos mais sangrentos regimes da América Latina.
"A ditadura mostrou uma ferocidade especial nesse território (Córdoba)", diz Mariani.
Essa é a entrada do chamado D2, departamento policial Córdoba, onde ocorreram assassinatos e torturas; hoje, o espaço é um centro de memória da ditadura MECHI FERREYRA
Entre 1976 e 1983, quando a ditadura acabou, ao menos 30 mil pessoas desapareceram. Mas há quem diga que há pelo menos mais 9 mil casos não contabilizados de pessoas que sumiram durante o regime.
"Houve cumplicidade (com a ditadura) de civis, da Igreja, da Justiça e dos empresários. Não foi apenas um golpe militar, foi algo muito maior que isso", explicou Mariani à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC. "É uma cumplicidade que, de certa maneira, continua existindo até hoje."
'Amoral'
Mirta Graciela Antón tem 64 anos e entrou na polícia quando tinha 21. Sua família fez carreira na corporação: seus filhos, irmãos, pai, marido e sobrinhos eram policiais.
"Meu pai me disse que, se eu quisesse chegar à faculdade, teria de trabalhar para pagar os estudos", disse Antón à sua biógrafa. Durante a apuração, a jornalista se deparou algumas vezes com a informação de que o pai era violento com os filhos.
Vítimas e testemunhas que passaram pelos calabouços do departamento de polícia de Córdoba disseram que Antón dava risadas e dançava enquanto torturava os presos políticos. Também relataram que ela matou pessoas "a sangue frio".
"Cuca não era uma pessoa imoral, ela era amoral", disse Charlie Moore, uma das vítimas que esteve presa no local. "Ela não tinha nenhum tipo de sentimento. Podia despedaçar uma pessoa sem dar qualquer sinal de sentir alguma coisa. Aquilo (a tortura) a motivava", escreveu Moore em seu livro La Búsqueda (A busca, em tradução livre).
"Se você quisesse uma pessoa para conversar com um sujeito e depois matá-lo, Cuca Antón era a pessoa indicada", escreveu o ativista.
Por outro lado, Antón sempre negou os crimes atribuídos a ela. Diz que os delitos foram cometidos por pessoas próximas, como seu irmão e seu falecido marido.
"Minha tarefa era analisar cuidadosamente o material retirado dos presos em diferentes procedimentos para que eles fossem enviados a arquivos de detentos. Mas os presos eram, em sua maioria, criminosos terroristas, não subversivos", disse Antón à Justiça.
Mirta Graciela Antón ao lado Luciano Menéndez, outro repressor condenado por crimes conta a humanidade MECHI FERREYRA
Hoje, ela ocupa uma cela separada de outros presos porque corre risco de ser atacada por ter sido policial. "É como estar em uma prisão dentro de outra prisão", disse ela a Mariani.
"Se houvesse outros policiais, eu estaria com eles, mas sou a única, eu sou o único caso no país", diz ela no livro.
A jornalista Ana Mariani afirma que Antón se adaptou a um ambiente estritamente masculino, a polícia. "Acho que ela se comportou muito bem naquele mundo de homens que é a polícia. Algumas das vítimas dizem que ela até comandou outros policiais homens. Ela tinha uma atitude investida de autoridade e também, de alguma forma, machista", diz a biógrafa.
Segundo a jornalista, Cuca Antón mostrou ter uma personalidade violenta desde jovem. "Ela foi influenciada pelos mesmos transtornos culturais, políticos e psicológicos que podem levar os homens a cometer essas atrocidades", conclui Mariani. "A gente normalmente acredita que uma mulher não pode encarnar o mal. Mas isso não é verdade."
A jornalista Ana Mariani escreveu vários livros sobre a ditadura argentina BIBIANA FULCHIERI
Áurea Vázquez Rijos está presa em Porto Rico RAMÓN ‘TONITO’ ZAYAS / GFR MEDIA
O romance de Áurea Vázquez Rijos e Adam Joel Anhang foi breve e infeliz.
Quase 13 anos depois do assassinato de Anhang, um tribunal federal dos EUA vai finalmente decidir se condena a ex-miss Porto Rico, acusada de planejar a morte do marido - um magnata canadense da indústria de games online - seis meses após o casamento.
O julgamento, que começa nesta semana, acontece depois de uma longa batalha legal, em que Vázquez lutou contra sua extradição da Itália e da Espanha.
O pai de Anhang chegou a contratar detetives particulares para rastrear os passos da ex-miss na Itália, depois que um homem inocente foi preso, e logo liberado, pelo crime e uma nova testemunha disse ter visto o assassino do empresário conversar com Vázquez antes de golpeá-la "com força moderada". Roubo de fachada
"Foram necessários cinco anos, muito esforço e energia para localizá-la. E, assim que a encontramos, ela descobriu e continuou se deslocando", disse Abe Anhang à BBC em sua casa em Winnipeg, no Canadá.
Aos 32 anos, Anhang, multimilionário do setor de games e negócios imobiliários, foi brutalmente espancado e esfaqueado até a morte. O crime aconteceu em uma noite de setembro de 2005, em uma rua do bairro histórico de San Juan, capital de Porto Rico, território não incorporado dos Estados Unidos.
À primeira vista, o ataque parecia ser uma tentativa de roubo malsucedida, em que Vázquez Rijos também foi ferida pelo agressor.
Mas, de acordo com os promotores, Anhang foi levado a acreditar que encontraria a esposa em um restaurante de San Juan naquela noite para discutir os termos do divórcio, quando na verdade estava sendo atraído para uma armadilha.
A acusação argumenta que a ex-miss sabia que o divórcio a privaria de grande parte dos bens do marido, avaliados em US$ 24 milhões, devido a um acordo pré-nupcial que o casal havia assinado.
Casamento de Vázquez Rijos e Anhang durou apenas seis meses ARQUIVO PESSOAL
Dois anos depois, Jonathan Román Rivera, assistente de cozinha em um restaurante próximo, foi condenado por matar Anhang em uma tentativa de roubo.
A sentença foi anulada mais tarde, entretanto, quando uma nova testemunha se apresentou a um júri federal dos EUA, dizendo ter visto o assassino golpear Anhang com uma pedra da calçada e apunhalá-lo várias vezes e, depois, falar calmamente com Vázquez Rijos antes de atingi-la com força moderada.
Em 2008, um júri federal acusou a ex-miss de contratar um matador de aluguel, depois que um homem, suspeito de ser o assaltante, confessou o assassinato.
Em uma declaração lida perante o tribunal de San Juan, Alex "El Loco" Pabón Colón disse que Vázquez Rijos tinha concordado em pagar US$ 3 milhões pelo serviço, quando eles planejaram o assassinato de Anhang na boate Pink Skirt, empreendimento que o marido havia dado a ela como presente de casamento.
"Áurea se comunicou com Alex para dizer a ele para estacionar o carro na rua San Justo. Alex faria o que tinha que fazer", diz a confissão assinada.
Fuga para a Europa
A essa altura, porém, Vázquez não estava mais na jurisdição dos EUA. De acordo com os promotores, ela deixou Porto Rico em 2006 e foi morar na Itália, país cujas leis às vezes são usadas por fugitivos para impedir sua extradição.
Ela conheceu um taxista italiano em Florença, com quem teve gêmeas.
Quando ele leu no jornal Corriere della Sera que a mãe de suas filhas estava sendo procurada em Porto Rico, contudo, resolveu se separar. E acabou ganhando a guarda das crianças.
Enquanto isso, Vázquez Rijos tinha se aproximado da comunidade judaica de Florença, segundo informaram os detetives particulares contratados por Abend Anhang na Itália.
"Ela foi abraçada pela comunidade judaica como uma viúva com dois filhos."
Anhang tinha 32 anos quando foi brutalmente assassinado ARQUIVO PESSOAL
O pai de Anhang explica que o acordo pré-nupcial assinado por Vázquez Rijos e pelo filho incluía um compromisso dela de estudar e converter-se à fé judaica, da qual o marido era adepto, no prazo de dois anos. A fachada judaica
De acordo com os promotores americanos, a ex-miss foi ajudada pelo irmão, Charbel Vázquez Rijos, pela irmã, Marcia, e pela mãe, que providenciaram documentação falsa para enganar a organização judaica Firenzebraica, em Florença, atestando em junho de 2012 que Vázquez e as filhas tinham ascendência judaica, o que permitiria a elas se mudarem para Israel.
Mas, segundo Abe Anhang, ela circulou pela Europa usando "nomes falsos e várias carteiras de identidade". Os detetives particulares que ele contratou informaram que haviam rastreado os passos dela na Espanha, na França e na Inglaterra.
Em agosto de 2012, Charbel Vázquez Rijos registrou a empresa de turismo Glatt Kosher Traveller's Inc. em Porto Rico. Tudo indica, segundo os promotores, que o plano era dar à irmã um meio de ganhar dinheiro na Itália.
Mas a agência de viagens, destinada a turistas judeus, seria a ruína da ex-miss.
O FBI e as autoridades espanholas organizaram uma operação sigilosa, convidando Vázquez Rijos para trabalhar como guia de um grupo de turistas fictícios em Madri.
Presa ao desembarcar no aeroporto, a ex-miss iniciou uma nova luta contra a extradição nos tribunais espanhóis.
Ela engravidou enquanto estava presa e teve um filho. Fontes da polícia espanhola disseram à BBC que o pai da criança era um bandido italiano que cumpria pena na Espanha por um crime relacionado a drogas.
A ex-miss foi extraditada da Espanha para Porto Rico em 2015 RAMÓN ‘TONITO’ ZAYAS / GFR MEDIA
Ela foi autorizada a casar atrás das grades e pediu a um juiz de Madri que não a extraditasse por ser mãe de um cidadão espanhol.
Em 2015, ela finalmente cruzou o Atlântico em um avião particular do FBI, e seu bebê de um mês foi colocado sob os cuidados das autoridades assim que ela desembarcou em Porto Rico.
Vários atrasos legais, além do furacão Maria, adiaram por diversas vezes o julgamento no tribunal federal dos EUA em San Juan. O irmão de Vázquez, a irmã e o companheiro dela também serão julgados.
Os promotores assinaram uma declaração perante as autoridades espanholas se comprometendo a não solicitar pena de morte neste caso, uma condição do acordo final de extradição.
Abe Anhang está otimista de que finalmente justiça será feita, mas acha irônico que a recusa da nora em enfrentar o julgamento possa acabar contando a favor dela.
"Áurea vai receber provavelmente a pena mais branda de todos os acusados porque fugiu e esperou para ser extraditada de um país que impôs condições para sua transferência de volta aos EUA para enfrentar a justiça", disse à BBC.
"Em essência, ela será recompensada com a mesma pena que teria se tivesse sido presa e condenada na Espanha. Ao mesmo tempo, os demais acusados vão receber penas mais longas, apesar de terem muito menos envolvimento no crime."
A BBC entrou em contato com a advogada de Vázquez, Lydia Lizarribar, mas ela recusou o convite para comentar a estratégia de defesa de sua cliente antes do julgamento.
Mãos do suspeito ajudaram a provar que ele era culpado
Era uma manhã de sábado quando uma mulher ligou para a polícia da região de Grande Manchester, na Inglaterra, dizendo que havia encontrado imagens obscenas de uma criança de dois anos no computador do namorado.
O policial Colin Larkin contou à BBC que sentiu um arrepio no momento em que ouviu a ligação.
"Estava claro que aquela mulher tinha visto algo que não era para ninguém ter visto."
Ela foi até a delegacia de Cheadle Heath e, enquanto falava com os investigadores, recebeu um telefonema do namorado. Sem dizer onde estava, falou apenas que voltaria para casa em breve. Os policiais foram então atrás dele.
O homem, identificado como Jeremy Oketch, de 34 anos, foi preso em 19 de julho de 2014. Ele estava totalmente desprevenido em casa e ficou surpreso com a chegada da polícia.
"Ele claramente não tinha noção que a gente sabia", disse o agente Larkin.
As imagens
Jeremy Oketch foi condenado a 15 anos de prisão por abusar de uma criança de dois anos
"Em 27 anos de trabalho policial, essas foram as piores imagens que eu tive que ver."
"Ver as imagens [do vídeo] foi horrível, mas contar ao pai que a filha, a quem ele amava tanto, tinha sido violentada, foi uma das piores coisas que tive que fazer", relembra.
Larkin conta que tinha certeza de que Oketch era o homem que aparecia no vídeo abusando da criança, mas só havia um problema: o rosto dele estava escondido nas imagens e não havia, portanto, provas suficientes para assegurar uma condenação.
O interrogatório
- É você nesses vídeos?
- Nenhum comentário.
- Onde isso aconteceu?
- Nenhum comentário.
- Posso ver suas mãos?
- Nenhum comentário.
'Em 27 anos de trabalho policial, essas foram as piores imagens que eu tive que ver', diz o policial Colin Larkin
No interrogatório, os investigadores ficaram impressionados com a atitude fria e sem emoção de Oketch.
"Ele estava lá, sentado, quase entediado", lembra Larkin.
Mas, apesar das negativas do então suspeito e da falta de evidências contundentes para acusá-lo, os detetives tinham uma carta na manga: não conseguiam ver o rosto do agressor no vídeo, mas podiam ver suas mãos. Poderiam então comparar com as mãos de Oketch.
Para isso, Larkin pediu a ajuda da professora Sue Black, antropóloga forense do Centro de Anatomia Humana da Universidade de Dundee, na Escócia, especialista em identificação de características anatômicas, incluindo mãos.
A professora Sue Black explica que as articulações e os padrões das veias são únicos para cada pessoa
As marcas que incriminaram Oketch
"Se você vai roubar um banco, você não vai filmar a si mesmo roubando o banco. Se você vai matar alguém, tampouco. Mas se você está abusando de um menor, você vai se gravar cometendo o abuso. É uma forma de o agressor reviver a excitação das imagens", analisa a professora.
Ela está criando um algoritmo conectado a um banco mundial de imagens de mãos, porque atualmente o processo é manual.
"Nós nunca encontramos duas mãos que sejam perfeitamente iguais, mesmo em gêmeos idênticos", afirma.
"Todas as comparações são feitas visualmente. Trata-se de identificar as diferenças por comparação, como naquele jogo infantil. Eu tenho duas imagens. O que elas têm em comum e o que é diferente?", explica Black.
O trabalho consiste em identificar cicatrizes, padrões de cor de pele e veias superficiais. Segundo ela, durante todo o processo "você luta contra si mesmo para não ser imprudente e dizer logo 'sim, é ele, é ele'".
"Você não pode fazer isso. Você está praticamente procurando algo que diga 'não é ele'."
Antropóloga forense comparou as mãos do agressor do vídeo e do suspeito
Neste caso, Black extraiu imagens das mãos do agressor do vídeo e comparou com fotografias das mãos do suspeito.
Ela percebeu que as duas imagens tinham características comuns, como uma veia de pigmento marrom-escuro em volta das unhas e uma linha de cor ligeiramente avermelhada na unha do dedo anelar.
Concluiu, portanto, que o agressor e o suspeito eram a mesma pessoa: Jeremy Oketch.
"Foi brilhante, além das minhas expectativas. Ela provou, independentemente de qualquer dúvida razoável, que ele era culpado", diz Larkin.
Em 12 de março de 2015, Oketch foi condenado a 15 anos de prisão.
Mapa celeste mostra a constelação Perseu (Foto: Stellarium/ Cassio Barbosa)
Está chegando a hora de uma das chuvas de meteoros mais populares do ano, as Perseidas, com pico de atividades neste final de semana. Essa chuva, ou chuveiro como dizem os mais antigos, tem origem na constelação de Perseu, daí seu nome.
Mas o que são as chuvas de meteoros?
Se você for para um lugar bem escuro e prestar atenção no céu durante algum tempo, vai ver de vez em quando um traço brilhante bem rápido. Os traços são as famosas "estrelas cadentes", que de estrela não tem nada. Os rastros são partículas de poeira, ou pequenas rochas que são capturadas pela gravidade da Terra e ao mergulharem na atmosfera se esquentam tanto que acabam ficando incandescentes. Na grande maioria das vezes, o aquecimento é tamanho que a partícula acaba se vaporizando. Dependendo das condições do céu é até possível ver o rastro de fumaça. Algumas vezes um objeto não tão pequeno entra na atmosfera produzindo um clarão intenso e. por esse motivo, é chamado de "bola de fogo".
Esses são os meteoros. Se por acaso um deles sobreviver ao aquecimento na atmosfera e chegar ao solo, ele recebe o nome de meteorito.
Todos os dias, milhares de toneladas de material são capturados e se queimam na atmosfera, alguns sobrevivem e atingem o solo, mas a ideia é que são eventos aleatórios. Mas de vez em quando dá para perceber que tem mais eventos desses acontecendo. Mais ainda, uma observação cuidadosa vai mostrar que os meteoros parecem todos surgir de um mesmo ponto no céu. Essas são as chuvas de meteoros.
As chuvas estão sempre associadas a um cometa, apenas uma delas está associada a um asteroide que se acredita ser um cometa morto, o 3200 Phaethon que provoca outra chuva popular, as Geminídeas. Ocorre que enquanto os cometas viajam pelo Sistema Solar, vão se despadaçando, deixando um rastro de pequenos pedaços, mas principalmente poeira. Quando a Terra intercepta a órbita do cometa acaba cruzando a trilha que ele deixou e a incidência de meteoros aumenta bastante. Além disso, todos parecem surgir de um mesmo ponto do céu, chamado de radiante. Apesar da chuva estar associada a um cometa, a chuva é batizada de acordo com a constelação onde está o radiante.
Desde o dia 17 de julho a Terra está cruzando a trilha de destroços deixados pelo cometa Swfit-Tuttle que tem um período de 133 anos. A trilha deixada pelo cometa é bem larga, formando um nuvem no espaço e a Terra só deve sair dela dia 24 de agosto. Por esse motivo, a atividade de meteoros está aumentando e deve atingir um máximo entre os dias 11 e 13 de agosto, quando são esperados uma taxa máxima de 60 meteoros por hora. Esse período é o pico da chuva de meteoros.
Observar uma chuva de meteoros é tão interessante quanto fácil, pois não requer qualquer instrumento e é sempre legal saber que aquelas "estrelas cadentes" são pedacinhos de cometas. Especialmente quando é o Halley que gera a chuva de Eta Aquarídeos.
A chuva dos Perseidas é uma das mais populares, mas ela é mais favorável para observadores no hemisfério Norte. No hemisfério Sul, quanto mais ao norte você estiver localizado melhor. Isso porque o radiante da chuva está na constelação de Perseu, uma constelação do Norte, quanto mais ao Sul, mais baixa no céu ela fica.
Chuvas de meteoros são chamadas de estrelas cadentes (Foto: NASA/F. Bruenjes)
Para observar uma chuva de meteoros você precisa ir para um local escuro, mas sobretudo seguro! A maioria dos meteoros é muito fraca para se ver em cidades, apenas alguns poucos são brilhantes. Como você precisa olhar para o céu o tempo todo, é bom fazê-lo deitado ou com uma daquelas cadeiras de praia para evitar um torcicolo. Olhe para a direção nordeste, apesar dos meteoros cruzarem uma boa parte do céu, olhar para a direção do radiante facilita um pouco as coisas.
A carta celeste mostra o céu para São Paulo às 4 da manhã do dia 13 de agosto. Nesse horário o radiante já está mais alto no céu, mas desde às 2 da manhã a constelação de Perseu já está visível no céu. Quanto mais ao norte de São Paulo, mais alto Perseu vai estar. A janela de observação não deve durar muito, pois começa a ficar claro por volta das 5:30. A chuva de Perseidas é conhecida por ter muitos meteoros brihantes, com algumas bolas de fogo e como a noite será sem Lua, as condições ficam um pouco mais favoráveis.
Não é necessário esperar até às 4 da manhã para ver os Perseidas, mas nesse horário as chances aumentam. Além disso, há outras chuvas ativas, como você pode ver no mapa, de modo que se você estiver em um local escuro tenho certeza que algum meteoro você irá ver.
Marte é objeto de pesquisas para se tornar mais habitável (Foto: NASA)
Você sabe que a viagem e a colonização de Marte estão nos planos de muita gente, não é? Além da NASA, algumas iniciativas privadas, como a da SpaceX do Elon Musk, colocam um prazo de entre 20-30 anos para isso acontecer. Aliás, os primeiros seres humanos a pisar no planeta vermelho estão mais para colonizadores do que para astronautas. Assim como foram os primeiros colonizadores das Américas, será uma viagem só de ida.
De início, a ideia é estabelecer bases simples, com elementos modulares, como conteineres, enviados da Terra. Aos poucos, novos módulos mais sofisticados (e bonitos) serão montados para dar condições de sobrevivência aos colonizadores terrestres. Além de prover água, oxigênio e calor, os módulos precisam ter uma blindagem reforçada, pois Marte não tem campo magnético. O campo magnético ajuda a defletir partículas solares e raios cósmicos que podem causar danos ao DNA quando são absorvidos pelo corpo humano. A Terra possui um campo magnético que age neste sentido e apesar da blindagem não ser 100%, ela é eficiente o bastante para ter permitido o surgimento e desenvolvimento de vida.
Aos poucos, e com muita ajuda terrestre, as bases devem se tornar pequenas vilas, formadas por algumas centenas de pessoas. Mais para o futuro, podemos ter pequenas cidades protegidas por redomas que consigam manter condições de habitabilidade iguais às da Terra, aproveitando a luz solar com a proteção ao bombardeio de raios UV do Sol. Marte também não tem proteção contra eles, pois não possui uma camada de ozônio como a Terra.
Além dessa ideia, existe outra muito mais ambiociosa que parece um filme de ficção científica.
A ideia deve ter sido proposta nos fins da década de 1960 e tinha Carl Sagan por trás. O plano é transformar Marte de modo a deixá-lo com as mesmas condição de habitabilidade que a Terra. O nome deste processo é terraformação.
Mas, como fazer isso?
A terraformação de Marte começa com a criação de uma atmosfera densa. Isso é necessário para que a pressão atmosférica aumente a ponto de manter a água em estado líquido. Mesmo que a temperatura seja alta para a água descongelar, com a atual pressão atmosférica de Marte (menos de 1% da pressão atmosférica terrestre) o gelo nem derrete, ele passa direto de sólido para vapor em um processo chamado de sublimação.
Nessa etapa, o plano é liberar o gás carbônico preso sobretudo nas calotas polares sob a forma de gelo seco. Com a liberação do gás carbônico, não só a atmosfera aumenta de densidade (e pressão), como também dispara o processo de aquecimento global através do efeito estufa. Efeito estufa e aquecimento global ultimamente estão associados à degradação do meio ambiente, mas na verdade são elementos importantes para a manutenção da vida.
O grande problema é quando o efeito estufa está desregulado: em excesso provoca um aquecimento global exagerado como acontece com Vênus que tem uma temperatura estável de 450ºC. Já quando o efeito estufa é pequeno, as temperaturas globais são muito baixas, com em Marte que pode atingir 100ºC negativos.
Processo de terraformação quer deixar Marte mais habitável, como a Terra (Foto: Daein Ballard)
O gás carbônico é um ótimo gás do efeito estufa, ou seja, ele tem uma boa capacidade de reter calor, assim como o vapor d’água e o gás metano. Então, esquentando as calotas polares marcianas para evaporar o gás carbônico, a pressão atmosférica aumenta e o efeito estufa passa a atuar aumentando a temperatura global. Com água líquida, lagos e mares poderiam se formar e algas e bactérias poderiam converter o gás carbônico em oxigênio em um processo demorado, com foi na Terra. Eventualmente poderiam-se levar plantas que ajudariam na terraformação.
Mas a grande pergunta até agora era, há gás carbônico suficiente para promover esse processo todo? Na última semana, um trabalho publicado na revista "Nature Astronomy" mostra as contas direitinho e a resposta não é animadora.
De acordo com Bruce Jakosky e Cristopher Edwards, autores do trabalho, não há gelo seco suficiente nas calotas polares para fazer a atmosfera marciana atingir a pressão mínima para manter a água no estado líquido. Atualmente a pressão atmosféria em Marte é de apenas 0,6% do mínimo necessário. Se todo o gás carbônico congelado fosse sublimado, a pressão atmosférica dobraria, chegando a 1,2% do necessário. Muito pouco.
Jakosky e Edwards então calcularam a contribuição de qualquer coisa em Marte que poderia contribuir com gás carbônico.
Junto com o gelo dos polos existem estruturas cristalinas que podem aprisionar a moléculas de água e gás carbônico, chamadas claratos. Se ao vaporizar o gelo seco e os claratos puderem liberar o gás carbônico aprisionado, a contribuição total faria a atmosfera de Marte atingir 2,7% do mínimo necessário.
Os dois cientistas da Universidade do Colorado, noa Estados Unidos, resolveram então incluir rochas, minerais que estão um pouco abaixo da superfície além da areia que cobre Marte. Usando tudo isso a pressão conseguiria atingir apenas 4,6% do total. Sem condições.
De acordo com Jakosky e Edwards, apenas se as rochas profundas no subsolo do planeta todo liberarem o carbono aprisionado é que a pressão atingiria o valor necessário para impedir que a água se evapore ao descongelar. Esse valor é o equivalente ao valor da pressão atmosférica ao nível no mar na Terra. É verdade que um pouco menos que isso já seria suficiente, mas não muito menos.
Bom, esses são os números, como fazer para eles virarem realidade? Como fazer para o gás carbônico ir parar na atmosfera de Marte?
Com as calotas polares é "fácil". Basta esquentá-las um pouco que seja e elas vaporizam. Nesse processo, os claratos liberam também água e gás carbônico. Já o carbono aprisonado no subsolo não muito profundo é mais difícil de liberar. Seria necessário aquecer as rochas a uma temperatura de 300ºC para isso aconrtecer. Isso nunca vai acontecer naturalmente, ou seja, o gás carbônico atmosférico não conseguiria por si só fazer o efeito estufa aquecer a atmosfera do planeta a essa temperatura. Seria necessário investir grandes quantidades de energia para fazer isso e mesmo assim não chegaria nem perto.
No trabalho publicado, os autores propõem uma maneira de liberar o carbono aprisionado no solo, inclusive o de rochas profundas, de uma maneira interessante. Segundo eles, se pequenos asteroides fossem desviados de suas órbitas para colidir com Marte, a energia do impacto esquentaria as rochas a ponto de fazer o serviço. Mas precisa ser muitos impactos cobrindo toda a superfície do planeta.
Isso tudo faz com que a terraformação de Marte seja impraticável com a tecnologia atual. Durante muito tempo ainda, os colonizadores de Marte precisarão viver em confinados em módulos.
Ao longo do tempo, muitas coisas sem explicações acontecem, assassinatos sem culpados, navios que somem sem deixar pistas, pessoas que desaparecem, e muitos outros casos que nunca foram resolvidos.
Sempre fui curioso sobre esse tipo de assunto, sempre pesquisando sobre os grandes mistérios que nunca foram solucionados.
A lista é imensa, casos e mais casos que desafiam a polícia e as autoridades dos locais em que ocorrem.
Seriam acontecimentos sobrenaturais? Ninguém sabe, o que se sabe é que os casos abaixo estão longe de serem solucionados…
Jean Hilliard
Em dezembro de 1980, o vizinho de Jean Hilliard abriu a porta dos fundos da casa dele e viu uma cena um tanto assustadora, a garota de 19 anos estava totalmente congelada na neve em um canto do seu quintal. O corpo da moça que parecia mais um boneco de gelo, ficou a noite exposto a temperaturas de -20 ºC.
Jean foi levada ao hospital. A equipe que a atendeu ficou chocada ao ver a situação da garota, iria ser impossível que Jean sobrevivesse, caso voltasse a vida ela teria que amputar todos os membros do corpo por causa da gangrena.
Ela estava tão congelada, que nenhum dos seus membros puderam ser movidos e se encontrava tao rígida, que nenhum medicamento conseguiu ser ministrado.
Após horas enrolada em cobertores térmicos, Jean enfim acordou, para a surpresa de todas, sofrendo violentas convulsões. Os médicos que já se preparavam para amputar todos os membros congelados da garota, ficaram perplexos ao observar que ela não apresentava nenhum dano cerebral ou físico.
49 dias depois a senhorita Hilliard saiu pelas portas da frente do hospital, sem um arranhão sequer. Estranho né?
Faces de Bélmez
Na década de 70, na Espanha em um município chamado Bélmez de la Moraleda, María Gómez Cámara olhou algo estranho se formando no piso de sua cozinha, era uma pequena mancha. Não deu muita importância e decidiu que limparia outra hora.
Maria tentou limpar a mancha, sem obter sucesso, dias se passaram e a senhorita Gómez percebeu que a mancha estava aumentando de tamanho e e tomando uma forma de rosto humano. Assutada, Maria mostrou a mancha para os filhos e o marido, que depois de muito esforço, retiraram o piso e passaram concreto para tampar o lugar.
Porém dias se passaram e outra mancha apareceu no mesmo lugar, era como se fosse um rosto desenhado no chão, com aspecto triste e sombrio.
Imagina você: sai da cama a noite para beber água, acende a luz da cozinha e uma mancha que se assemelha a um rosto humano está lá, no chão e e ninguém consegue tirar ou limpa-lo, bizarro né?
A história chegou aos ouvidos do prefeito que pediu que examinassem um pedaço do piso. Então, um time de especialistas foi até a casa de Maria, e escavaram o piso. Encontraram algo mais bizarro ainda. Restos de esqueletos do século 13, estavam enterrados embaixo da casa da mulher.
Após retirar os esqueletos e enterra-los em outro lugar, a equipe fez outro piso, novo em folha. No entanto, duas semanas após o piso novo ser colocado, novas imagens surgiram, e ao longo dos anos muitas outras apareceram, na sua maioria mulheres e crianças.
O local se tornou uma espécie de museu, Maria e sua família cobravam a entrada dos curiosos e viajantes que vinham de longe observar o local. Alguns céticos dizem que foi tudo uma farsa de Maria que desenhava os rostos com fuligem e vinagre.
Porém após a morte de Maria em 2004 as imagens continuaram a aparecer…
O Caso Taman Shud
Na manhã do dia 1º de Dezembro de 1948 um homem foi encontrado morto na praia australiana de Somerton, em Adelaide, dentro da calça do homem havia um bolso costurado e dentro do bolso um papel escrito: “Tamám Shud”. Os termos fazem parte da coleção de poemas Rubaiyat, do escritor persa Omar Khayyam, e querem dizer “fim” ou “terminado”
Uma edição de Rubaiyat apareceu misteriosamente no banco do carro de um homem na noite de 30 de novembro. O carro estava estacionado destrancado em um estacionamento de Glenelg, um subúrbio a 400 metros da praia onde o corpo foi achado.
Exames comprovaram que o papel encontrado no corpo coincidia com o livro encontrado no carro, na parte de trás do livro havia um código secreto e o número de telefone de uma enfermeira que serviu na 2a Guerra e morava em Glenelg.
Ela admitiu que, no passado, dera o livro a um oficial do Exército chamado Alfred Boxall. A polícia procurou o homem e o encontrou vivo com uma cópia do livro.
Em janeiro de 1949, descobriram uma mala marrom na estação de trem de Adelaide, mala estava em um guarda-volumes. Ela pertencia ao homem e pela data, tinha sido colocada lá na véspera da morte dele. Dentro da mala havia uma linha da mesma cor que a utilizada para remendar o bolso falso, a etiqueta de identificação havia sido arrancada.
As autoridades não tinha ideia do que havia acontecido, então a polícia fez um molde em gesso da cabeça e do dorso do homem para possíveis identificações no futuro.
Várias teorias acercam o caso, a primeira é que a enfermeira que tinha uma filha, também tinha um filho com este morto. O filho que era bebe na época, morreu em 2009 alegando que o morto era seu pai.
A segunda teoria seria que o morto era um espião e como Alfred Boxall era um militar, o exercito poderia estar envolvido na morte.
Na terceira teoria em 2013, Kate Thomson, filha da enfermeira, foi a um programa de TV dizendo que sua mãe conhecera sim o homem e mentiu à polícia no passado. Segundo Kate, tanto o sujeito quanto a mãe eram espiões russos, e ela seria filha dos dois (assim como o menino). Apesar de seus pedidos, a justiça não concordou em exumar o cadáver e fazer exames de DNA
A identidade do morto de Tamám Shud permanece um mistério até os dias de hoje…
O caso das Máscaras de chumbo
O Brasil não está imune a mistério bizarros e sombrios…
Na década de 60, mais especificamente em 1966 no Rio de Janeiro, a morte de dois amigos deixou as autoridades e a população no geral bem confusas e curiosas.
No dia 20 de agosto de 1966, um menino subiu o Morro do Vintém para soltar pipa quando encontrou dois cadáveres em meio a vegetação, assustado correu para contar aos seus pais que informaram as autoridades.
Os policias encontraram os corpos de Manoel Pereira da Cruz e Miguel José Viana, um bilhete, uma garrafa de água vazia e duas toalhas. As vitimas estavam vestindo capas impermeáveis e mascaras de chumbo que eram utilizadas para proteger os olhos de radiação.
Reconstruindo a trajetória dos homens, os policiais descobriram que eles eram técnicos de eletrônica e gostavam bastante de ufologia e ritos sobrenaturais. No dia 17 de agosto, eles haviam saído de Campos dos Goytacazes com uma enorme quantia em dinheiro para comprar um carro novo e suprimentos para o trabalho deles. Porém a policia não encontrou nenhum dinheiro com eles.
No bilhete encontrado estavam as seguintes mensagens: “16:30 estar no local determinado”. “18:30 ingerir cápsulas, após efeito proteger metais aguardar sinal máscara”.
A perplexidade maior do caso fica por conta da falta de uma causa mortis. A perícia não encontrou marcas nos corpos que pudessem mostrar um possível assassinato e a análise toxicológica e a autópsia tampouco conseguiram identificar alguma substância que pudesse ter atentado contra a vida da dupla.
Ninguém sabe ao certo que cápsulas eram aquelas do bilhete, e tampouco as autoridades sabem o que aconteceu com Manoel e Miguel, a morte dos dois até hoje é um dos maiores mistérios brasileiros…
Os casos acima são apenas alguns de milhares de mistérios que nunca foram solucionados, as autoridades simplesmente decidiram que não tinham tempo e nem importância para prosseguir com investigações.
E o que você acha? são apenas acontecimentos sem solução ou há muito mais por trás?
Cena de Psicose - o filme mais conhecido de Alfred Hitchcock
Entre todos os seus filmes, o cineasta Alfred Hitchcock (1899 - 1980) é mais conhecido por Psicose (1960) e, em especial, pela cena em que - alerta de spoiler - um homem vestido com roupas de sua mãe morta esfaqueia uma mulher nua no chuveiro de um motel. Os telespectadores chocados e impressionados, na época.
Em um documentário recente sobre essa cena, Peter Bogdanovich relembra o grito prolongado que tomou o cinema quando o longa estreou em Nova York. Mas Hitchcock tinha um filme ainda mais chocante em mente, planejado alguns anos mais tarde. Seria chamado Caleidoscópio.
Determinado a se igualar aos diretores mais inovadores da Europa, Hitchcock queria aplicar seus métodos radicais em uma de suas narrativas tipicamente sombrias.
Se ele tivesse sido bem sucedido, poderíamos estar celebrando o aniversário de 50 anos de um trabalho de mestre que testou limites e quebrou tabus. Mas não foi assim.
Caleidoscópio foi considerado tão transgressor que nem mesmo o homem por trás de Psicose pôde produzi-lo.
Após dois fracassos, um projeto 'perturbador demais'
Hitchcock esperava que o filme começasse a ser feito em 1967. Ele já havia recebido um Oscar honorário, o prêmio Irving G. Thalberg, e o livro de entrevistas do cineasta francês François Truffaut (1932-1984) com ele havia sido recém publicado. Portanto, seu lugar no panteão dos grandes diretores estava garantido.
Por outro lado, seus últimos dois lançamentos, Marnie - Confissões de Uma Ladra (1964) e Cortina Rasgada (1966), haviam sido uma decepção.
Cortina Rasgada, o 50º filme de Hitchcock, foi excepcionalmente mal recebido. "Há um quê de distração no filme", escreveu Richard Schickel na revista Life, "como se o mestre não estivesse realmente prestando atenção no que estava fazendo."
Schickel continuou sua crítica dizendo que era um filme "mecânico", obra de um diretor "cansado" que repetia "triunfos passados". Algo deveria ser feito.
Em 1964, Hitchcock havia registrado um esboço de roteiro com o Writers' Guild, o sindicato americano de roteiristas. Inspirado por dois assassinos em série ingleses que foram enforcados na década de 1940, Neville Heath e John George Haigh, a ideia era fazer uma história a partir de A Sombra de Uma Dúvida (1943).
Nesse filme, Joseph Cotten interpreta o chamado Assassino de Viúvas. Não vemos ele assassinando nenhuma viúva, mas Hitchcok sentiu que poderia ser mais explícito nos permissivos anos 1960. Ele não apenas poderia mostrar um serial killer seduzindo e assassinando suas vítimas, mas fazer com que ele fosse o protagonista.
Alguns anos depois de 'Psicose' chocar o público, Hitchcock planejou fazer 'Caleidoscópio', que seria ainda mais transgressor ALAMY
O diretor pediu a Robert Bloch, autor de Psicose, para escrever um romance baseado na sua ideia, que ele então adaptaria para o cinema.
Bloch teria achado o material "perturbador demais" em 1964. Hitchcock pediu então ao seu antigo amigo Benn Levy para escrever um roteiro em 1966, e ele não fez objeções.
Suas primeiras anotações começam com o macabro comentário de que "a história de Neville Heath é um presente dos céus". Ele afirma que uma das sequências de sedução "deveria ser a cena mais horripilante já vista nas telas" e que a perseguição pela polícia deveria ser vista "mais do ponto de vista do perseguido do que dos perseguidores". Assassinatos, homossexualidade e nudez em cena
Mas Hitchcock foi mais longe. Ele escreveu seu próprio rascunho para o roteiro, a primeira vez que o fez desde Agonia de Amor (1947). Passada em Nova York, sua versão de Caleidoscópio reimaginou Heath como um filhinho de mamãe bonitão chamado Willie Cooper.
Seu lado homicida vem à tona com água, por isso as locações das três cenas principais do roteiro: uma cachoeira onde ele mata um funcionário da ONU, um navio de guerra enferrujado em um porto e em uma refinaria de petróleo onde sua vítima é uma detetive policial que arrisca sua vida para prendê-lo.
Anos antes de Halloween - A Noite do Terror (1978) e de O Massacre da Serra Elétrica (1974), essas cenas foram consideradas terrivelmente sangrentas. Diz o roteiro de Hitchcock: "A câmera chega no abdômen da garota, onde vemos rios de sangue".
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E isso não foi tudo. Willie tem revistas de musculação espalhadas por seu quarto, como sugestão de que era gay, e ele é pego por sua mãe masturbando-se.
Havia também nudez: cerca de uma hora de testes de filmagem foi feita em Nova York e boa parte dela mostrava modelos seminuas. Até Truffault ficou preocupado. "Parece claramente haver uma insistência em sexo e nudez", disse ele em uma carta a Hitchcock após ler o roteiro.
Mas ele estava disposto a dar o benefício da dúvida ao mestre. "Eu sei que você filmou essas cenas com uma grande carga dramática e que você nunca gasta muito tempo com detalhes desnecessários".
François Truffaut comentou com Hitchcock que havia 'uma insistência em sexo e nudez' ALAMY
Mas "Caleidoscópio" não estava destinado a ser uma produção típica de Hitchcock. O cineasta queria fazer filmar com um elenco desconhecido, câmeras na mão, luz natural e filmagem local - qualquer coisa para provar que não estava 'cansado' ou 'distraído'.
Ele contratou dois escritores, Hugh Wheeler e Howard Fast, para finalizar o roteiro, sendo que o último lembraria de seu revitalizado propósito na biografia de Patrick McGilligan chamada Alfred Hitchcock: A Life in Darkness and Light (2003, Alfred Hitchcock: Uma Vida Na Escuridão e na Luz).
"Meu Deus, Howard", disse Hitchcock a Fast. "Eu acabei de ver a explosão de Antonioni. Esses diretores italianos estão um século na minha frente em termos de técnica. O que eu fiz esse tempo todo?"
O filme mais Hitchcock de Hitchcock
No entanto, os executivos da Universal não compartilhavam desse entusiasmo. Hitchcock foi a uma reunião armado com fotos, filmagens e um roteiro detalhado que incluía 450 posições específicas de câmera.
Ele estava "mais avançado no desenvolvimento de seu projeto do que qualquer outra produção", escreve Dan Auiler em seu livro Hitchcock Lost (2013, Hitchcock Perdido). Mas foi tudo em vão. "Eles rejeitaram o roteiro em um segundo e disseram a Hitchcock que não permitiriam que ele filmasse", diz Fast.
Raymond Foery, autor de Alfred Hitchcock's Frenzy: The Last Masterpiece (2012, O Frenesi de Alfred Hitchcock: a Última Obra-Prima), bota a culpa em Lew Wasserman, dono do estúdio.
"Wasserman conhecia Hitchcock desde o fim dos anos 1940 e havia sido seu agente", diz Foery. "Mas ele queria que a Universal deixasse para trás sua antiga reputação como criadora de filmes de terror de mau gosto. Esse projeto parecia ser de muito mau gosto para ele e não era o que esperava que Hitchcock fizesse".
Qualquer que fosse a razão, Hitchcock ficou arrasado. "Eles fizeram pouco caso de sua tentativa de fazer exatamente o que eles o pressionavam a fazer", diz Fast, "tentar algo diferente, acompanhar os novos tempos".
Apesar de 'Caleidoscópio' ter sido vetado, muitos de seus temas acabaram sendo usados em 'Frenesi' ALAMY
Alguns desses conceitos acabaram indo parar em Frenesi (1972), mais uma vez sobre um assassino em série, com um elenco sem estrelas, alguma nudez e uma cena horripilante de estupro seguida de assassinato.
O filme, que se passa em Londres, foi comparado ao que Hitchcock havia imaginado para Caleidoscópio. Mas o cinema americano já havia adotado as inovações europeias em meados de 1970, então ele perdeu sua chance de mostrar a Hollywood quão avant-garde ele poderia ser.
"Se o filme de 1967 [Caleidoscópio] tivesse sido produzido", escreve Aulier, "sua brutalidade e estilo cinematográfico estariam muito à frente dos filmes desta época que romperam com a violência estilizada do estúdio: Bonnie e Clyde (1967) e até mesmo Sem Destino (1969)."
Muitos executivos viam Hitchcock como uma autoparódia do apresentador da série de TV Alfred Hitchcock Presents
John William Law, que fala sobre Caleidoscópio em seu novo livro, The Lost Hitchcocks (2018, Os Hitchcocks Perdidos), acredita que Wasserman não estava apenas preocupado com os efeitos do filme sobre a reputação da Universal, mas com a própria indústria que cresceu em torno de Hitchcock.
"Você precisa entender que ele era uma marca", diz Law, "com direitos televisivos, um catálogo de filmes valioso, livros, revistas e uma persona conhecida no mundo inteiro."
Talvez seja verdade, mas se Wasserman e outros executivos da Universal queriam proteger a marca Hitchcock, eles claramente não a entenderam.
Eles o viam, aparentemente, como uma versão de autoparódia do apresentador da série Alfred Hitchcock Presents TV, com suas antologias literárias.
Porém, ao longo de uma carreira de cinco décadas, ele sempre catalogou os impulsos mais misóginos e violentos da humanidade e brincou com novas e ousadas estratégias de cinema.
Se ele houvesse recebido permissão para fazer Caleidoscópio, teria sido o filme mais Hitchcock de Hitchcock.