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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

RELEMBRE 4 MOMENTOS EM QUE A VIOLÊNCIA CONTRA POLÍTICOS MARCOU OS RUMOS DO BRASIL

Posse de Costa e Silva, após eleições indiretas, pouco mais de dois meses depois do atentado ARQUIVO/AGÊNCIA SENADO

O ataque contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) não tem precedentes na história recente do país, mas a violência contra políticos marcou diversos períodos da História da República e influenciou os rumos de momentos marcantes da vida política.

Do crime passional que matou João Pessoa, candidato a vice-presidente de Getúlio Vargas, em 1930, e virou estopim para a Revolução de 1930, ao atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, em 1954, episódios de violência política têm e tiveram forte impacto sobre a opinião pública e em diferentes épocas ajudaram a fortalecer figuras e movimentos - ou a demolir reputações.
Bolsonaro sofre atentado durante evento de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais AFP/GETTY IMAGES

"Sobretudo em períodos eleitorais como o atual, a política mexe com a cabeça, mas também com a emoção", diz o historiador e professor Américo Freire, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDPC-FGV).

"Esses episódios ajudam a criar climas, modificar a imagem de pessoas, construir vítimas ou mártires. Todos esses elementos entram no imaginário da população e podem influenciar nas eleições", considera.

Prudente de Moraes assumiu a presidência quando a jovem República brasileira completava cinco anos, em 15 de novembro de 1894. Governou o país durante um período turbulento, que incluiu a Guerra de Canudos - que contrapôs o Exército e os integrantes do movimento popular de fundo religioso liderado por Antônio Conselheiro.

Após o massacre do arraial no sertão baiano e a proclamação de vitória da União, Prudente de Moraes participava de uma recepção a dois batalhões que retornavam de Canudos no Arsenal de Guerra, na atual Praça Mauá, quando sofreu um atentado.
Prudente de Moraes governou o país durante um período turbulento que incluiu a Guerra de Canudos PLANALTO

O soldado Marcelino Bispo de Melo falhou em acertar o presidente e acabou atingindo o então ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, que morreu esfaqueado em seu lugar.

O episódio levou o presidente a decretar estado de sítio, adquirindo amplos poderes para governar, e contribuiu para a ascensão da oligarquia cafeicultora na política nacional.
Assassinato de João Pessoa

Candidato à vice-presidência da República ao lado de Getúlio Vargas, o então presidente do Estado da Paraíba - cargo que equivalia ao de governador - foi morto a tiros pelo advogado João Duarte Dantas.

O crime tinha motivações pessoais com pano de fundo político. Opositor de João Pessoa, Dantas tivera seu escritório revirado pela polícia e seus documentos enviados para divulgação na imprensa local, com a anuência de João Pessoa. "O jornal A União, órgão oficial do governo estadual, publicou tudo na primeira página, inclusive cartas de amor, repletas de detalhes eróticos, trocadas entre Dantas e a jovem Anayde Beiriz, uma professora de 25 anos, bonita, solteira, poeta, fumante e feminista. O escândalo foi tremendo e Anayde, devastada, acabaria se suicidando", relatam Lilia Schwarcz e Heloisa Starling em "Brasil: Uma Biografia".

Para defender sua honra, Dantas invadiu a elegante confeitaria Glória, no centro de Recife, e interrompeu o chá de Pessoa com três tiros à queima-roupa. Pessoa era uma figura de prestígio político, sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa, e o assassinato chocou o país.
'Getúlio e sua campanha foram muito competentes em converter o assassinato em um crime político', diz cientista política PLANALTO

"O assassinato tinha a ver com assuntos do coração. Mas o Getúlio e sua campanha foram muito competentes em converter o assassinato em um crime político", diz Maria Celina D'Araújo, cientista política e professora da PUC-Rio, não descartando que algo parecido possa acontecer com o ataque a Jair Bolsonaro. "Temos um crime que muito provavelmente foi motivado por razões psiquiátricas, um fato isolado cometido por um lobo solitário, mas que pode ser reconvertido no imaginário popular como uma conspiração política", considera.

O corpo de Pessoa foi levado de navio para o Rio, gerando ampla comoção nacional. A Aliança Liberal de Vargas - que se apresentava como oposição a Júlio Prestes, candidato que tinha forte apoio do então-presidente Washington Luís e dos poderosos cafeicultores de São Paulo - definiu o crime como político, atribuindo a culpa a aliados do presidente. O crime foi combustível para a revolta civil e militar que depôs Washington Luís e colocou Getúlio Vargas no poder, na Revolução de 1930.
Atentado a Carlos Lacerda

Conhecido como o "atentado da rua Tonelero", referindo-se ao logradouro em Copacabana onde o jornalista Carlos Lacerda quase foi morto, no Rio, no dia 5 de agosto de 1954, a tentativa de assassinato desembocou em uma grave crise política e militar que culminou com a exigência da renúncia de Getúlio Vargas - e com o seu suicídio no dia 24 do mesmo mês.

Lacerda era inimigo frontal de Vargas. A tentativa de assassinato lhe custou um tiro no pé e tirou a vida do Major Rubens Vaz, seu segurança, agente da Aeronáutica. As investigações do episódio revelaram o envolvimento pessoal do chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato, que acabou confessando ser mandante do crime.

"Se a morte do João Pessoa teve uma repercussão direta na Revolução de 1930, o atentado ao Lacerda foi fundamental para fortes mudanças na política brasileira, com Vargas se matando pouco depois", diz Maria Celina D'Araujo.

Atentado do aeroporto dos Guararapes

No dia 25 de julho de 1966, ainda no período inicial da ditadura militar, o marechal Arthur da Costa e Silva chegou ao aeroporto do Recife, em Pernambuco, como parte da campanha presidencial que realizava à época.

Um atentado a bomba no saguão do aeroporto matou duas pessoas, feriu outras 14 e por pouco não machucou o candidato. A bomba foi colocada em uma mala abandonada no saguão, que explodiu ao ser removida por um guarda.
Posse de Costa e Silva, após eleições indiretas, pouco mais de dois meses depois do atentado ARQUIVO/AGÊNCIA SENADO

O jornalista Edson Régis e o vice-almirante Nelson Gomes Fernandes morreram com a explosão.

Por meio de eleições indiretas, Costa e Silva foi escolhido presidente pouco mais de dois meses após o atentado, presidindo o país de 1967 a 1969.

À época o episódio foi considerado um ataque de terroristas, mas historiadores contestam a versão oficial e consideram a possibilidade de o ataque ter sido orquestrado pelos militares para fomentar o medo entre população.

AUTOR: BBC NEWS BRASIL

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

DOENÇA DO SUPER-SONO, 'FUI DORMIR NA SEXTA-FEIRA E SÓ ACORDEI NO DOMINGO'

Para acordar, Lucy precisa de vários despertadores, medicamentos e ajuda de familiares

Muita gente sofre para acordar de manhã. Você acha que teve uma boa noite de sono, mas quando o despertador começa a tocar é muito difícil não desejar 'só mais cinco minutinhos' debaixo do edredom.

Mas para Lucy Taylor, do País de Gales, acordar é ainda mais difícil.

Aos 42 anos, ela precisa combinar medicação, vários despertadores em volume altíssimo e sacolejos de seus familiares para conseguir acordar. Lucy tem uma doença rara chamada hipersonia idiopática.
O que é a hipersonia idiopática?

Esta é uma doença rara que causa sonolência excessiva.

"A doença faz com que eu durma por períodos muito longos - esta é a parte da hipersonia", diz Lúcia. "Já o termo idiopática significa somente que a causa é desconhecida", diz ela.

"Eu costumo ficar muito cansada durante o dia. O sono simplesmente não é revigorante, e é extremamente difícil levantar depois que eu estou dormindo", diz.

"O período mais longo que eu dormi foi da tarde de sexta-feira até a tarde de domingo", diz ela.
Viver com a hipersonia idiopática é uma espécie de tortura, diz Lucy

"Naquele fim de semana não tinha ninguém em casa para me acordar. Cheguei em casa do trabalho na sexta-feira por volta das 17h, me deitei, e quando acordei já era tarde de domingo", detalha Lucy.

A britânica toma de 12 a 15 doses de medicamento por dia, apenas para conseguir acordar de manhã e manter-se de pé durante o dia.
Quais são os sintomas da hipersonia?

Segundo especialistas, esta é uma doença rara, que atinge duas a cada 100 mil pessoas. E sabe-se muito pouco a respeito do distúrbio.

Os sintomas da hipersonia incluem necessidade de cochilar durante o dia, sem sentir-se revigorado depois; pegar no sono com frequência enquanto come ou conversa com outras pessoas; e dormir durante muito tempo à noite mesmo quando você já dormiu durante o dia.

Lucy descreve sua doença como uma tortura.

"É quase como estar debaixo d'água tentando chegar à superfície. Quero ser deixada sozinha e dormir", diz. "É muito difícil lutar contra a necessidade de sono, é muito difícil permanecer acordada e ser uma pessoa funcional", diz ela.
Apoio da família

A doença também cria dificuldades para a família de Lucy.

A mãe dela, Sue, precisa dormir em casa com Lucy durante os dias de semana, para lhe dar a medicação e garantir que ela acorde para ir trabalhar.

"É triste ver Lucy desse jeito. Antes da doença, ela tinha uma boa vida", diz Sue.
A mãe de Lucy, Sue, precisa ficar com ela durante a semana para garantir que ela acorde a tempo de ir trabalhar

"Agora, ela às vezes planeja passar tempo com a filha mas não acorda a tempo. É frustrante para a filha", diz Sue.

"Se eu estiver aqui, consigo acordar ela a tempo para ela fazer as atividades com a filha. É maravilhoso, mas sem ajuda ela não consegue acordar", diz Sue.
'Não é preguiça'

"Ninguém realmente entende a doença. Eles acham que ela está sendo apenas preguiçosa, ou que ela não quer acordar. Não entendem o quanto a vida é uma luta para ela", diz Sue.

Sue admite que acordar sua filha é difícil. "Quando Lucy está dormindo, nada pode acordá-la", diz Sue.

Ela coloca vários despertadores para Lucy, mas eles nem sempre funcionam. Ela, então, precisa falar em voz alta com a filha e chacoalhar o corpo dela até que acorde.
A vontade de seguir em frente

"É muito difícil vê-la vivendo desta forma. É muito triste. Simplesmente não há pesquisa a respeito desta doença", diz a mãe de Lucy.

Apesar do cotidiano ser uma verdadeira batalha, Sue elogia a disposição de sua filha para seguir em frente.

"Ela é muito determinada. É só a força de vontade que mantém ela vivendo, porque é uma doença muito difícil de conviver. Ela também tem sorte de ter uma equipe médica fantástica para ajudá-la", diz a mãe.

AUTOR: BBC

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

SAIBA DA 'GUERRA CIVIL' NA IGREJA CATÓLICA QUE PODE ABALAR PONTIFICADO DO PAPA FRANCISCO

Mulher reza na Basílica de Santa Maria, em Roma; disputa entre alas da Igreja Católica extrapolou corredores do Vaticano para ser travada em público GETTY IMAGES

Uma guerra ideológica que há anos divide a Igreja Católica deixou os corredores do Vaticano nesta semana para ser travada em público.

De um lado, estão o papa Francisco e aqueles que apoiam sua visão de uma Igreja mais liberal em relação a temas como divórcio e homossexualidade. De outro, conservadores que criticam essa tentativa de abertura e temem um enfraquecimento da religião.

O embate ganhou manchetes com a divulgação, no domingo passado, de uma carta em que o ex-núncio apostólico na capital americana, Carlo Maria Viganò, acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, e pede a renúncia do papa.

O documento de 11 páginas, publicado por sites religiosos conservadores nos Estados Unidos, não oferece provas, mas chega em um momento em que fiéis do mundo inteiro estão abalados por sucessivas revelações de abusos sexuais contra crianças cometidos durante décadas por membros do clero em vários países.

A carta foi divulgada enquanto o papa visitava a Irlanda, um dos países afetados. Francisco se reuniu com vítimas e pediu perdão por abusos cometidos por membros da Igreja, ritual repetido em outras viagens. Mas muitos católicos lamentam a falta de medidas concretas e de uma resposta rápida aos escândalos, e alguns chegaram a abandonar a Igreja.

Nesse momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica.

"Essas acusações se tornaram parte de um embate ideológico muito maior. Um dos lados vê Francisco como o papa que finalmente abriu a Igreja a um entendimento mais realista sobre sexualidade, casamento, homossexualidade", disse à BBC News Brasil o professor de teologia e estudos religiosos Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Pensilvânia.
Acusações contra papa são parte de um embate ideológico dentro do Vaticano GETTY IMAGES

"O outro lado acredita que isso significa o fim da Igreja, e está disposto a fazer qualquer coisa para impedir isso. Mesmo que seja o maior tabu, que é pressionar um papa a renunciar, o que não acontece há seis séculos", ressalta, referindo-se à renúncia de Gregório 12, em 1415.
Oposição

Desde que foi eleito, em março de 2013, o papa é alvo de oposição por parte da ala conservadora da Igreja, tanto dentro do Vaticano quanto entre acadêmicos, que rejeitam o que consideram um afastamento da doutrina e tentam impedir reformas. No ano passado, dezenas de teólogos chegaram a assinar uma carta em que acusam Francisco de divulgar heresias na exortação apostólica sobre a família Amoris Laetitia, de 2016.

O documento, que é uma tentativa de abrir novas portas para católicos divorciados e tornar a Igreja mais tolerante com questões relacionadas à família, representa um sinal claro de dissidência, que reflete o descontentamento dos setores mais conservadores da instituição.

Apesar de não ter adotado mudanças concretas profundas nos ensinamentos da Igreja, o papa defende uma postura menos rígida e em sintonia com atitudes modernas em relação a fiéis que se afastaram da doutrina, demonstrando tolerância a homossexuais e permitindo que católicos divorciados ou casados novamente recebam a comunhão.

Francisco também deu destaque a questões sociais, incentivando os fiéis a cuidar dos pobres, acolher imigrantes e refugiados e combater mudanças climáticas, e rejeitou alguns privilégios do cargo, optando, por exemplo, por não morar no Palácio Apostólico.

Em sua carta, Viganò não apenas acusa Francisco de acobertamento, mas tenta conectar as críticas que conservadores fazem ao papa, especialmente à postura de aceitação de gays - em referência a uma entrevista dada após viagem ao Brasil, em 2013, quando o pontífice disse "Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar" -, aos escândalos de abusos sexuais, afirmando que "redes homossexuais" dentro da hierarquia da Igreja são cúmplices na "conspiração de silêncio" que permitiu que os abusos praticados por McCarrick e outros continuassem.

A sugestão de que homossexualidade e abusos estejam relacionados é amplamente rejeitada por especialistas, mas ainda persiste em algumas alas da Igreja. Apesar de muitos dos abusos terem ocorrido há várias décadas, durante os pontificados dos antecessores de Francisco, opositores ligam a crise à incapacidade do papa de manter sob controle a homossexualidade entre o clero.

McCarrick, que liderou a arquidiocese de Washington de 2001 a 2006, durante os pontificados de João Paulo 2º e Bento 16, renunciou ao posto de cardeal em julho, após acusações de que teria assediado seminaristas adultos e abusado de um menino durante anos. Ele diz que é inocente.

McCarrick havia deixado a arquidiocese ao completar 75 anos, idade em que os bispos católicos são obrigados a apresentar sua renúncia - que pode ser aceita pelo papa ou não -, mas permaneceu no Colégio dos Cardeais, que aconselha o pontífice.
Em momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica GETTY IMAGES

Viganò alega que vários membros do Vaticano sabiam da conduta imprópria do cardeal havia anos. Segundo a carta, depois que McCarrick deixou a arquidiocese em Washington, Bento 16 havia proibido que ele, que ainda era cardeal, oficiasse missas e vivesse em um seminário, entre outras restrições. Mas Francisco, apesar de saber das acusações, teria levantado essas restrições e até permitido que o cardeal ajudasse na escolha de bispos americanos

Os católicos americanos ainda tentam digerir as revelações divulgadas no início de agosto em um relatório da Suprema Corte do Estado na Pensilvânia. O documento acusa pelo menos 300 padres de terem abusado de mais de mil crianças ao longo de 70 anos e líderes da Igreja de terem acobertado os crimes.

Reações

Apoiadores do papa e alguns sobreviventes de abusos questionam a credibilidade das alegações, apresentadas sem evidências, e acusam Viganò de usar o sofrimento das vítimas para avançar sua agenda política e uma vingança pessoal contra Francisco.

Alguns observam que McCarrick apareceu em vários eventos, inclusive ao lado de Bento, no período em que supostamente estaria sob sanções, e lembram que foi Francisco, ao contrário de seus antecessores, que forçou o cardeal a renunciar.

Também ressaltam o fato de os principais nomes criticados na carta serem liberais e aliados do papa, o que levantaria suspeitas de que as acusações têm motivação ideológica.

"Esse documento não tem o objetivo de proteger crianças, e sim atacar o papa e qualquer um associado a ele", disse à BBC News Brasil o pesquisador de estudos católicos Michael Sean Winters, colunista do jornal National Catholic Reporter.

Mas alguns bispos conservadores defenderam o ex-núncio como um homem de princípios. Um deles, Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, orientou padres de sua diocese a ler durante a missa do último domingo uma declaração em que afirma acreditar nas alegações.

Um dos principais opositores do papa, o cardeal americano Raymond Burke, ex-arcebispo de St. Louis, disse em entrevista à imprensa italiana que, caso as alegações sejam comprovadas, "sanções apropriadas" devem ser aplicadas.
Carlo Maria Viganò acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington e pede a renúncia do papa REUTERS

Histórico de polêmicas

Viganò tem um histórico de polêmicas. O italiano de 77 anos trabalhou em missões do Vaticano no Iraque e no Reino Unido, foi núncio apostólico na Nigéria e ocupou altos cargos na Cúria Romana, mas nunca foi promovido a cardeal.

Ele próprio já foi acusado de tentar acabar com uma investigação sobre a conduta sexual de um ex-arcebispo em 2014, segundo documentos relacionados à arquidiocese de St. Paul-Minneapolis. Também foi personagem no escândalo "Vatileaks", em 2012, em que documentos do Vaticano foram vazados, entre ele cartas em que Viganò sugeria que sua transferência para Washington, em 2011, estaria relacionada aos seus esforços contra a corrupção na Santa Sé.

Em 2015, durante a visita de Francisco aos Estados Unidos, Viganò organizou um encontro surpresa entre o papa e uma funcionária pública que havia se recusado a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo alegando motivos religiosos. O encontro foi visto como um desafio à mensagem de inclusão do papa e obrigou o Vaticano a divulgar uma declaração se distanciando da funcionária. Pouco tempo depois, Francisco substituiu Viganò.

Em sua temporada em Washington, Viganò cultivou relações com setores católicos conservadores críticos do papa, um grupo que Winters descreve omo "pequeno, mas muito bem organizado e muito bem financiado".

Segundo Faggioli, desde o início do pontificado de Francisco, círculos conservadores do catolicismo americano deixaram claro que não gostavam do papa e de suas tentativas de reforma. Ele observa ainda que poucos bispos nos Estados Unidos defenderam o papa após a publicação da carta. "A maioria dos bispos está esperando (para de posicionar)", acredita.

Por enquanto, o papa tem mantido silêncio sobre as acusações de Viganò, limitando-se a dizer que o documento "fala por si próprio". Segundo analistas, o papa não quer dar mais visibilidade a seus críticos.

Mas no avião ao voltar da Irlanda, ao responder a uma pergunta sobre o que pais deveriam dizer a um filho ou filha que revela ser gay, o papa disse: "Não condene. Dialogue, entenda."

Faggioli diz acreditar que a carta de Viganò tem inconsistências e "buracos", mas mesmo assim considera fundamental que o papa e outros líderes católicos respondam a algumas questões, especialmente sobre McCarrick.

"Os católicos americanos, tanto liberais quanto conservadores, querem saber como foi possível que essa pessoa se tornasse um dos mais importantes líderes da Igreja enquanto outros sabiam (dos abusos). Como isso pode acontecer?"

AUTOR: BBC

domingo, 2 de setembro de 2018

ALERTA: AS BOMBAS ESQUECIDAS QUE MATAM MAIS CRIANÇAS DO QUE ADULTOS

A maioria dos civis mortos em 2017 pelas bombas de fragmentação não detonadas no mundo era criança LEGACIES OF WAR

Em março do ano passado, uma menina de dez anos estava a caminho da escola no Laos quando encontrou um objeto metálico redondo e brilhante no chão.

Ela carregou o artefato pelas ruas e levou para uma festa de família em uma pequena vila na província de Xiangkhouang, no norte do país.

O objeto, que ela confundiu com um brinquedo, era na verdade uma bomba lançada no Laos durante ataques aéreos dos EUA entre 1964 e 1973.

E explodiu durante o evento, matando a menina e ferindo 12 de seus parentes – incluindo uma criança de 2 anos e um adulto de 57.
As bombas de fragmentação se parecem com uma bola e são do tamanho de laranjas LEGACIES OF WAR

Longe de ser um caso isolado, o incidente foi um lembrete de quantos civis – grande parte, crianças – são mortos a cada ano por resquícios de bombas de fragmentação lançadas em zonas de guerra em todo o mundo.

Apesar do esforço internacional para proibi-los, esses artefatos ainda são usados em conflitos, como na Síria e no Iêmen, matando centenas de civis.
Erros mortais

As bombas de fragmentação carregam vários explosivos menores que, ao serem lançados, se espalham por uma vasta área, causando um estrago maior que uma bomba convencional.

Mas essa ação indiscriminada significa que 99% das vítimas são civis. E, como alguns artefatos não explodem, permanecendo intactos, acabam matando civis acidentalmente muito tempo depois que as bombas foram lançadas originalmente.
As crianças são especialmente vulneráveis às bombas de fragmentação, atraídas por sua aparência de brinquedo LEGACIES OF WAR

Assim como as minas terrestres, esses artefatos são particularmente perigosos para as crianças, que são naturalmente curiosas e as confundem com brinquedos.

No ano passado, 289 pessoas foram mortas por ataques com bombas de fragmentação e, na sequência, pelos explosivos que não haviam sido detonados, de acordo com o relatório anual do Cluster Munition Monitor.

A maioria das vítimas estava na Síria (187) e no Iêmen (54), onde esses explosivos estão sendo ativamente usados.

O número de mortos foi muito menor do que no ano anterior, quando 857 pessoas foram mortas na Síria, elevando o número total de vítimas para 971.

Segundo o relatório, as bombas "esquecidas" também tiraram vidas no Camboja, Iraque, Laos, Líbano, Sérvia, Síria, Vietnã e Iêmen, assim como nos territórios de Nagorno-Karabakh e no Saara Ocidental.

Mas enquanto as crianças correspondiam a 36% das vítimas em geral, elas representavam 62% dos mortos por dispositivos remanescentes.
Civis ainda são mortos por ataques a bombas de fragmentação, principalmente no Iêmen e na Síria EPA

'País mais bombardeado'

Titus Peachey faz parte de um grupo de estrangeiros que conversou com sobreviventes após a explosão de março de 2017 no Laos.

Ele preside o conselho da ONG Legacies of War ("legados da guerra", na tradução literal para o português), criada em 2004 para buscar uma solução para o problema dos explosivos não detonados após o bombardeio americano.

O Laos detém o título de país mais bombardeado do mundo per capita. Durante a Guerra do Vietnã, os EUA lançaram cerca de 260-270 milhões de bombas em uma "batalha secreta" para combater a insurgência comunista.
Os EUA lançaram cerca de 270 milhões de bombas de fragmentação no Laos TITUS PEACHEY/ LEGACIES OF WAR

Cerca de um terço dos artefatos não explodiu, e apenas uma fração foi removida.

Peachey diz que ainda existem de 75 a 80 milhões de bombas não detonadas espalhadas pelo Laos que precisam ser eliminadas.

Ele contou à BBC que, em sua última visita ao país, ele se encontrou com um homem que perdeu os dois filhos. Eles tinham saído para pegar o búfalo da família e encontraram um artefato intacto.

Apesar dos esforços para educar as crianças nas escolas sobre os riscos desses explosivos – por meio de campanhas, livros didáticos ilustrados e até teatro de marionetes –, ainda ocorrem incidentes fatais.

Área 'contaminada'
Crianças aprendem sobre bombas de fragmentação na escola no Laos LEGACIES OF WAR

O relatório Cluster Munition Monitor de 2018 mostra que 26 países e outros três territórios ainda estão contaminados por resquícios de bombas de fragmentação.

E há uma preocupação especial com os civis na Síria e no Iêmen, onde foi registrado o uso do explosivo recentemente.

Nos últimos cinco anos, 77% das vítimas de bombas de fragmentação em todo o mundo estavam na Síria, onde o governo continuou a utilizar essas bombas com o apoio da Rússia, de acordo com o relatório.

Mas tanto a Síria quanto a Rússia negam deter bombas de fragmentação.

No Iêmen, a coalizão liderada pela Arábia Saudita usou bombas fornecidas pelos EUA em 2017.
Mais de 75% das mortes por bombas de fragmentação nos últimos cinco anos foram registradas na Síria REUTERS

Mas a Cluster Munition Coalition afirma que novos ataques provavelmente não foram notificados.
Convenção da ONU

Dez anos após a convenção da ONU proibir o uso e armazenamento de bombas de fragmentação, 120 países assinaram o acordo – embora nem todos o tenham ratificado.

Juntos, esses países destruíram 99% de seus estoques de armas.

Mas esses esforços são limitados, já que países como os EUA, Rússia, Israel, Paquistão, Índia e Arábia Saudita não fazem parte do acordo.
Há campanhas para limpar as áreas onde há bombas não detonadas no norte do Laos LEGACIES OF WAR

As forças armadas são relutantes em abrir mão do armamento, pois com ele um piloto pode atingir uma instalação militar com apenas uma tentativa – minimizando assim os riscos para o piloto.

Mas, com um histórico que sugere pouca confiabilidade, é provável que essas bombas continuem representando uma ameaça para os civis anos após serem lançadas.

"As bombas de fragmentação representam um perigo extremo para os civis no momento do uso, como os conflitos na Síria e no Iêmen mostram, mas os dispositivos remanescentes também oferecem uma ameaça significativa para os civis muito tempo após o conflito ter terminado, como revelam os casos registrados no Laos e em outros países", diz Jeff Abramson, coordenador do relatório.

AUTOR: BBC

sábado, 1 de setembro de 2018

MARIA BONITA FOI UMA MULHER TRANSGRESSORA, MAS PASSOU LONGE DE SER FEMINISTA, DIZ BIÓGRAFA DA CANGACEIRA

Maria Bonita e o bando de Lampião : ela era considerada a "rainha" do cangaço BENJAMIN ABRAHÃO

Dona de uma "personalidade espevitada", Maria Bonita - que, em vida, era conhecida como Maria de Déa - era uma mulher empoderada, transgressora, bem-humorada e "um tipo meio canalha". Mas apesar de estar "à frente do seu tempo", não se incomodava com a opressão em que viviam suas colegas de cangaço e apoiava que mulheres adúlteras fossem assassinadas.

É assim que a jornalista Adriana Negreiros retrata a cangaceira, que acaba de biografar em Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço (Objetiva). O livro conta a história do cangaço dando destaque às mulheres e aos relatos que fizeram sobre como era a vida no bando de Lampião. "Fui percebendo em conversas com pesquisadores do tema como as histórias delas eram desqualificadas", diz Negreiros.

Maria Gomes de Oliveira (1910 - 1938) era uma dona de casa casada quando começou a namorar Lampião, em 1929, e decidiu juntar-se ao bando no ano seguinte, tornando-se a primeira mulher do grupo. Seria uma das poucas a tornar-se cangaceira por vontade própria - muitas foram raptadas.

Ela acabou morta junto com Lampião e outros membros do bando num ataque das forças de segurança a um acampamento onde pernoitavam. Foi decapitada e, assim como os demais, sua cabeça foi exposta diante da Prefeitura de Piranhas (AL).

O livro também se esforça para desfazer a imagem de Lampião como o "Robin Hood do sertão", disseminada na mídia e por movimentos de esquerda da época. "Ele era aliado dos grandes latifundiários do Nordeste e era amigo de um interventor. O fato de ter passado impune tantos anos se deve à relação que tinha com o poder. Os grandes prejudicados eram os mais pobres."
Livro de Adriana Negreiros quer desfazer a ideia de que Lampião era o 'Robin Hood do sertão' MARCOS VILAS BOAS

Adriana é jornalista e trabalhou nas revistas Veja, Cláudia e Playboy. A seguir, veja trechos da entrevista com a autora:

BBC News Brasil - Como surgiu a ideia de escrever uma biografia de Maria Bonita?

Adriana Negreiros - Sempre tive muito interesse no cangaço. Sou nordestina, do Ceará. Minha família é de Mossoró, a única cidade que conseguiu expulsar Lampião. Isso foi um marco na história do cangaço e é lembrado até hoje.

Assim como muitas mulheres, eu estava vivendo a onda feminista. Minha geração está muito acostumada a ver homens no poder. Muita coisa foi naturalizada e agora estamos questionando. Quis contar a história do cangaço da perspectiva das mulheres. Lampião é uma figura exuberante, mas tinha um monte de mulheres que participaram do cangaço e que foram totalmente ignoradas.

BBC News Brasil - A imagem que tinha dela antes de escrever o livro mudou?

Negreiros - Sim. Tinha uma visão muito mitificada. Quando pensamos nela, imaginamos uma mulher guerreira, que pega em armas. Não sabia que as cangaceiras não pegavam em armas. Havia uma diferença entre o espaço das mulheres e dos homens. Elas tinham uma função doméstica, ainda que não tivessem casa. Quem brilhava no espaço público eram os cangaceiros. Elas eram coadjuvantes. A maioria nem sabia atirar.
Maria Gomes de Oliveira entraria para a história como Maria Bonita BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - Em que sentido diria que ela foi uma mulher transgressora?

Negreiros - Diferentemente da maioria das cangaceiras, ela entrou para o bando porque quis. Era empoderada para seu tempo e para aquele lugar. Vivia no sertão, nos anos 1920. Era uma mulher casada, de quem se esperava obediência ao marido. O Código Civil da época previa isso - a mulher precisava de autorização do marido para trabalhar. No entanto, ela era muito infeliz no casamento. O marido era um fanfarrão, não era presente, nem muito viril. Ela se sentia sexualmente insatisfeita com ele. Há indícios de que ela tinha um amante.

Quando ficava de saco cheio do marido, não ia chorar pelos cantos, ia para o forró, dançar. Tinha uma personalidade mais espevitada mesmo. Ela era transgressora do ponto de vista do comportamento, era corajosa nesse aspecto. Era muito bem-humorada, não estava nem aí para o pensassem dela. Não se levava a sério. Se quisessem caçoar dela, ela estava pouco se lixando. (...) Ela falava alto, ria muito, era um tipo meio canalha, gosto disso nela.

Dadá (a cangaceira Sérgia Ribeiro da Silva) também é muito interessante. Foi raptada (pelo cangaceiro Corisco), mas mais tarde disse que o amava. Acho que era uma estratégia de sobrevivência. Se adaptou à situação. Isso deu a ela um papel de protagonismo. Os homens a obedeciam, mas não achavam aquilo muito certo. Mas ela foi uma sobrevivente.
Dadá e Corisco: A cangaceira foi raptada e estuprada por ele. Com o passar dos anos, foi adquirindo papel de liderança no grupo BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - Por um lado, Maria Bonita agiu a favor da própria liberdade. Por outro lado reproduzia o machismo violento dos homens. Dá para dizer que ela era feminista?

Negreiros - Não. Era transgressora, à frente do seu tempo, mas não tinha consciência política, de gênero. Não se mostrava incomodada com a situação de opressão contra as mulheres. O conceito de sororidade passava longe ali. As mulheres não protegiam umas às outras.

O código de conduta era totalmente machista. Uma mulher que cometesse um adultério era morta; o homem, não. As mulheres até incentivavam que as outras fossem punidas. Havia suspeita de que (a cangaceira) Cristina, por exemplo, tivesse um caso com outro cangaceiro. Maria foi uma das que mais apoiou que ela fosse morta, como ela de fato foi.
A cangaceira Cristina, que foi morta por suspeita de traição; Maria Bonita defendia que ela fosse executada BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - A imagem que se tem dela é que entrou para o cangaço por amor a Lampião. Acha que foi isso mesmo que a motivou?

Negreiros - Amor é demais. Nem conhecia bem ele. Mas ele era a grande celebridade naquela época. Era um astro, um machão, tinha dinheiro, era um valentão. Do lado dele ela se sentiria segura. Isso tudo a atraiu.

(O escritor) Ariano Suassuna fala que eram figuras extraordinárias, almas grandes. Ele tem admiração especialmente pela Maria. Ele fala que acha que ela se apaixonou por um cara que era um rei, um homem que iria salvar ela daquela vidinha pequena, de um marido que não dava conta do recado, que não dava atenção a ela. Uma vida à mercê de uma série de violências. Viu a possibilidade de segurança e notoriedade ao lado dele. Isso foi virando um sentimento que podemos chamar de amor. Era uma relação afetuosa.
Um raro caso de foto espontânea do casal: a imagem de Maria penteando os cabelos de Lampião foi registrada durante a filmagem de um documentário sobre o cangaço BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - Você diz no livro que, durante a pesquisa, viu que os relatos das mulheres sobre o cangaço eram constantemente questionados. Como era isso?

Negreiros - Isso me chocou muito. Fui percebendo em conversas com pesquisadores do tema que as histórias delas eram desqualificadas. Muitas delas entraram no cangaço não porque quiseram, mas porque foram obrigadas. Foram raptadas. Não foi uma opção. Eu comentava com as pessoas essas questões que muito me chocavam - de abandono dos filhos, por exemplo (após darem à luz, mulheres do cangaço eram obrigadas a entregar os filhos para outras famílias) - e ouvia as pessoas relativizando, dizendo "será que foi isso mesmo"?

Dadá, por exemplo, foi raptada pelo Corisco, mas as pessoas diziam que não era bem assim. Eu pensava "como uma menina de 12 anos vai escolher ser raptada, estuprada e ir morar no mato, passando fome e sede, sem nunca mais ver os pais?".

Quer dizer, mesmo quando elas têm voz (Dadá deu muitas entrevistas depois de deixar a prisão), a voz delas é silenciada, sobretudo quando diz respeito a violências que sofreram. Essa é uma lógica que persiste até hoje.

BBC News Brasil - E muitas delas eram ignoradas nas narrativas da época...

Negreiros - Sim. Li praticamente tudo que foi publicado sobre o cangaço. Tem muita coisa escrita por pessoas que viveram o cangaço. Nos relatos, as mulheres sempre são tratadas de uma forma meio escrota. Fui juntando tudo, um trabalho de garimpo, mesmo.

BBC News Brasil - Deve ter sido difícil juntar tudo e fazer um retrato da Maria. Fez uma interpretação própria?

Negreiros - Sim. As questões que me incomodaram acabaram conduzindo o trabalho, especialmente essa questão do descrédito. Resolvi assumir a versão delas.

BBC News Brasil - É isso que quer dizer quando fala que o livro é feminista?

Negreiros - Sim, quis olhar pelos olhos das mulheres, acreditar na versão delas. Também tentei deixar muito claro as estruturas de opressão que atuavam no cangaço.
As cangaceiras Nenê, Maria Jovina e Durvinha BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - No imaginário coletivo, cangaceiros são vistos como Robin Hoods do sertão. O livro faz questão de desmontar isso.

Negreiros - Movimentos sociais tentaram vê-los como revolucionários, como se tivessem consciência da distribuição equivocada da propriedade privada, mas não tinham. Lampião queria ser coronel. Ele falava nas entrevistas "quero ser fazendeiro, governador". Não queria organizar um movimento de camponeses oprimidos. Essa é uma ideia equivocada.

Os pobres ficavam no meio do fogo cruzado. Eram vítimas dos cangaceiros e das forças volantes (polícia). Não tinham para onde correr. Uma pessoa que tivesse sua casa visitada por cangaceiros tinha que obedecer e depois passaria a sofrer represália da polícia porque era "amiga de cangaceiro". Não tinha isso de que distribuíam dinheiro. Eventualmente, Lampião fazia agrados porque era um gênio das relações públicas, mas era para ter simpatia de determinada região e ser protegido.

Nos filmes há imagens deles entrando nas cidades e jogando coisas para o alto. Eles podiam até fazer isso, entrar tirando coisas do corpo, mas era pra se livrar de peso. Lampião não tinha a menor consciência de classe. Não tenho dúvida de que, se tivesse um aliado que fosse um grande latifundiário e que tivesse um problema com um pequeno produtor, ficaria do lado do latifundiário. Não diria (vou ficar do lado dos) "meus colegas pobres, oprimidos". Além disso, era um cara racista. Odiava negros.

BBC News Brasil - Por que a esquerda não via isso?

Negreiros - Não é tão preto no branco. Apesar de Lampião ser aliado dos latifundiários, de o cangaço ser um banditismo rural, é um movimento de insurreição.

Hoje, o sertão é região esquecida. Imagine naquela época. Ninguém tinha olhos para o sertão. A vida do sertanejo não era fácil. A perspectiva era ter uma plantação, torcer para que chovesse. Uma vida condenada àquilo. Ou (a pessoa) se conformava de que aquela era sua sina ou se rebelava contra isso. De alguma maneira, o cangaço tem na sua gênese certo componente de insurreição.

Frederico Pernambucano de Mello (pesquisador do cangaço) chama de "irredentismo". A coisa do "vou ser meu próprio rei, farei meu próprio destino". Isso não torna as coisas muito claras. Não é fácil perceber onde começa a questão social e termina a necessidade de ficar rico ou o desejo de ser maioral do sertão.
"Apesar de Lampião ser aliado dos latifundiários, é um movimento de insurreição", diz a biógrafa BENJAMIN ABRAHÃO

BBC News Brasil - No livro, você narra estupros, mulheres que eram marcadas como vacas só por usarem cabelos curtos, assassinatos por motivos fúteis, capação. O grau de violência que eles cometiam te surpreendeu?

Negreiros - Sim, surpreendeu. Era uma coisa patológica. A região é muito violenta e era uma coisa muito naturalizada. Em relação às mulheres, eram tratadas como propriedade, como se fossem vacas. Teve uma cangaceira que depois de morta teve a vagina arrancada. O cangaceiro ficou carregando aquilo na bolsa.

BBC News Brasil - Viu paralelos com o Brasil de hoje?

Negreiros - Me parece ter certa semelhança com tráfico de drogas no Rio. A política do terror inspira confiança por meio do medo. Ao mesmo tempo, espalha o terror. E na ostentação também. Não faziam questão de se esconder. Traficantes também estão sempre muito armados, com ouro. É um poder paralelo. E as pessoas recorriam aos cangaceiros para resolver conflitos, às vezes até antes de procurar a polícia. A corrupção policial - os policiais vendiam armas para cangaceiros.

AUTOR: BBC

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

NOS EUA, HOMEM QUE PASSOU 17 ANOS NA PRISÃO CONFUNDIDO COM SÓSIA PEDE INDENIZAÇÃO MILIONÁRIA

Richard Anthony Jones (à dir.) passou 17 anos na cadeia e sempre se disse inocente da acusação de roubo. Ele foi solto depois que descobriu ter um 'sósia', Ricky, que poderia ter cometido o crime (Foto: Kansas City Police Department)

Há quase duas décadas, Richard A. Jones foi condenado a 19 anos de prisão pelo roubo de um celular no estacionamento de um supermercado Walmart, no estado do Kansas, nos Estados Unidos.

Na época, ele foi identificado por testemunhas como o autor do crime. Mas Jones sempre se disse inocente e, enquanto cumpria a pena no Lansing Correctional Facility, ouviu de outros presos que se parecia muito com um homem chamado Ricky, que também cumpria pena.

Essa semelhança eventualmente garantiria a ele a liberdade. No ano passado, um juiz anulou a condenação de Jones depois que as fotos dos dois homens foram colocadas lado a lado. Ao ver as imagens, as testemunhas originais do caso disseram que não conseguiam ver diferença entre as duas pessoas.

Jones conseguiu sair da cadeia, mas só 17 anos depois de ter entrado pela primeira vez no presídio de Lansing. Por isso, ele quer reparação.

Nesta quarta-feira, o americano entrou com uma ação no Distrito Judicial de Kansas exigindo US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 4,6 milhões) em compensação do Estado - cerca de US$ 65.000 para cada um dos 17 anos que passou na prisão por um crime que diz não ter cometido.
As fotos dos dois homens foram mostradas às testemunhas, que disseram não conseguir diferenciar as duas pessoas (Foto: Kansas City Police Department)

Quando foi condenado, Jones tinha 25 anos e era pai de duas crianças pequenas. Hoje, ele tem mais de 40 anos e as filhas têm 24 e 19 anos.

"Uma boa parte da minha vida foi tirada de mim e eu nunca poderei voltar no tempo", afirmou ele, em entrevista na quinta.

"Naquela época, eu estava tentando ser responsável como pai. Eu não era perfeito, mas fazia parte da vida delas. Foi muito difícil ficar preso, porque eu estava acostumado a estar presente na vida das minhas filhas."

'Agulha no palheiro'

Na época em que descobriu o "sósia" e foi solto por decisão da Justiça, Jones declarou à imprensa que a descoberta foi como "achar uma agulha no palheiro".

"Eu não acredito em sorte. Acredito que fui abençoado", afirmou ao jornal local Kansas City Star.

O sósia nega que tenha cometido o crime de roubo pelo qual Jones foi condenado. Ao liberar Jones da prisão, o juiz não culpou Ricky pelo roubo, apenas disse que, com base na nova evidência, nenhum juri "sensato" o teria condenado.

Antes da descoberta do sósia, Jones havia recorrido sem sucesso da condenação pelo roubo de 1999. "Todos os meus recursos tinham sido negados", disse.
Richard Jones comemorou a soltura, no ano passado, com os familiares. As duas filhas dele eram crianças quando ele foi preso (Foto: Gofundme)

Em 2015, porém, ele contou sobre a semelhança com Ricky a pesquisadores do Midwest Innocence Project - um grupo que tenta ajudar pessoas que possam ter sido condenadas por engano. Advogados que atuam nessa ONG se interessaram pelo caso e ajudaram Jones.

'Tudo fez sentido'

"Quando eu vi a foto do meu sósia, tudo fez sentido para mim", ele diz. Jones havia sido condenado com base apenas em evidências de testemunhas.

Não havia DNA ou impressão digital que o ligasse ao crime. Os pesquisadores descobriram que outro homem não apenas era "igual" a Jones, mas também morava perto da cena do crime, no estado do Kansas, enquanto Jones morava no estado vizinho de Missouri.

Advogados de Jones também disseram que ele estava com a namorada e a família dela no mesmo momento em que ocorreu o roubo de celular. Eles argumentaram ainda que os métodos de identificação usados pela polícia há 17 anos eram falhos.

AUTOR: BBC

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

MICHAEL JACKSON, E AS SUAS DUAS MORTES


Los Angeles, USA - June 24, 2011: The Michael Jackson star on the Hollywood Walk of Fame. Located on Hollywood Boulevard and is one of 2000 celebrity stars made from marble and brass. (LPETTET/iStock)

Michael Jackson morreu pela primeira vez no meio dos anos 70. Ele mesmo conta: “Estava saindo do aeroporto quando uma mulher reconheceu meus irmãos. ‘Ai, meu Deus! O Jackson Five!! Cadê o Michael? Cadê o pequeno Michael?’ Aí alguém apontou: ‘Olha ele aí’. E ela: ‘Ugh… O que aconteceu?’ Quase morri ali…”

O maior astro mirim da história, o garoto de carisma magnético que colocou seus quatro primeiros singles no topo das paradas, o menino fofo não existia mais. No corpo que um dia foi da criança prodígio, insanamente precoce, assumiu um jovem precocemente insano, que, de certa forma, nunca conseguiu fazer a transição entre a infância e a vida adulta.

Mulher do aeroporto à parte, o rapaz era até bonito aos 15, 16 anos. E não tinha ficado menos famoso: começava a construir uma carreira como cantor adolescente e continuava frequentando o topo das paradas. Mas se achava horrível. Queria era se livrar das espinhas (tinha muitas mesmo), do nariz gordo e voltar a ser o pequeno Michael.

É impossível entender o que se passava na mente dele sem analisar esse momento de sua vida. Um momento que, se é difícil para qualquer um atravessar, foi uma muralha para Jackson.

Não existem diagnósticos prontos que expliquem por que o ídolo desfigurou o rosto, inventou mentiras absurdas (como insistir que só fez plásticas no nariz) e se envolveu naqueles escândalos todos.

Mas por trás de tudo isso há um ponto em comum bem claro: a obsessão por voltar a ser criança. O menino tão talentoso aos 11 anos, parecia um adulto baixinho de 20, acabou se transformando anos na maturidade em uma figura infantilizada, que dizia ser o próprio Peter Pan (o personagem que nunca cresce).

Não parecia fazer sentido. É que não muito tempo depois do episódio da mulher do aeroporto, Michael começou sua escalada rumo ao auge. Um auge que faria o garotinho do Jackson Five parecer realmente minúsculo.

Foi aos 21, em 1979, que lançou Off the Wall, seu primeiro disco solo realmente criativo. O álbum vendeu 10 milhões de cópias e garantiu a Jackson o Grammy de melhor cantor de rhythm and blues. Só que Michael achou pouco. “Ele jurou que seu disco seguinte faria com que todos reconhecessem sua genialidade”, registrou a revista Rolling Stone.

E fez mesmo. Em Thriller, de 1982, ele fundia rock, jazz, funk, rhythm and blues e mais alguma coisa que ninguém sabia. E o resultado foi uma revolução sonora que só tem paralelo em clássicos como Sgt. Pepper, dos Beatles.

O ponto mais alto dentro desse ponto mais alto veio em março de 1983, quatro meses depois do lançamento de Thriller. Michael se apresentou num especial de TV que celebrava os 25 anos da Motown, a gravadora do começo de sua carreira. Primeiro, subiu no palco com os Jackson Five. Cantou um medley de clássicos do grupo com a voz tão suave quanto a da infância, mas dançando bem melhor e interpretando a música com mais energia, mais confiante do que nunca.

Não tinha o que melhorar, pensavam as 47 milhões de pessoas que assistiam ao especial pela TV. Para Michael, porém, ainda faltava uma coisa: mudar o mundo.

Quando acaba a sessão retrô, com o público em êxtase, Michael cumprimenta os irmãos, diz que a história deles foi muito bonita, que tem um carinho enorme pelo passado, mas que a fila tem que andar. As coisas mudam. Então coloca um chapéu, vira de lado e, no lugar das baladinha dos Jackson Five, entra o pancadão do Jackson One: a bateria e o baixo pesados, quase heavy metal, que introduzem Billie Jean.

Sua dança agora não é mais perfeita. É de outro planeta: um balanço de Elvis Presley, com as pernas flutuantes de um Fred Astaire e mais alguma coisa que ninguém sabia o que era. Ninguém mesmo: era a primeira vez que ele fazia o moonwalk, o truque de andar para trás fazendo os movimentos de andar para a frente, numa junção de técnica de dança e de ilusionismo.

Ao emendar Jackson Five com uma das músicas mais sanguíneas de sua carreira, Michael Jackson mostrava que tinha transformado o menino prodígio não num adolescente desajeitado, mas num homem genial, capaz de compor tanto obras palatáveis quanto trabalhos à frente de seu tempo. 

Naquele momento, Michael chegava a um pico de estrelato onde só Frank Sinatra, Elvis Presley e os Beatles tinham estado antes – ou, quem sabe, que nem eles alcançaram.

Àquela altura, aos 24 anos, Michael não tinha mais nada do “adolescente feio”. As espinhas tinham ido embora havia tempo, ele já tinha passado a faca no nariz de que não gostava e dado mais uns tapas aqui e ali no rosto. Além do mais, estava feliz com o sucesso, com o dinheiro. Agora sim: se melhorasse, estragava. O problema é que melhorou.

Michael passou os anos após Thriller sendo premiado, adulado e ganhando os tubos. Mas isso lhe ensinou algo duro de engolir: que nem o topo do mundo podia livrá-lo de seus fantasmas.

A raiva por ter passado a infância praticamente em regime de trabalho forçado (e põe forçado nisso, já que inclui surras de corrente do pai tirânico) continuava lá. Sua vida sexual, como vamos ver depois, ainda não existia – qualquer coisa relacionada a isso continuava um mistério para ele.

Será que ele quis virar criança de novo para enterrar esse problema? Seja como for, a solução não estava no topo do mundo. Para piorar, sua paranoia com a aparência conti­nuava a mesma da época da mulher do aeroporto.

E agora, Michael? Bom, agora, com mais fama, recursos financeiros e mais admiradores que qualquer um poderia ter nesta vida e nas próximas mil, Michael resolveu solucionar seus problemas do mesmo jeito que obtinha qualquer coisa que quisesse naqueles dias: num estalar de dedos.

O problema era a falta de beleza? Beleza: tome uma plástica atrás da outra. Aí pobre do nariz de Michael. Se já tinha ficado mais fino, acabou talhado até a não existência.

O conjunto não ficou muito bom? Então bota uma covinha de Michael Douglas no queixo, emoldura com um maxilar de superman… Nada que o dinheiro não possa resolver.

E, para embalar tudo, uma pele nova. Michael mantinha em casa réplicas de quadros renascentistas, em que ele aparecia na forma de santo. Branco como leite. Ou melhor: como qualquer santo de pintura renascentista. Mesmo assim, ele negava que ostentar uma pele totalmente alva era seu ideal de beleza.

Essa mania de negar, aliás, é mais um dos aspectos que marcaram os mistérios da vida de Michael. Talvez por estar sempre cercado por aduladores prontos para concordar com qualquer coisa que dissesse, ele não respeitava os limites do bom senso na hora de se explicar para a imprensa (e para os fãs). E mentia, mentia e mentia.

Mesmo quando algumas verdades estavam, literalmente, na cara. A ver: Michael diz que só fez duas operações plásticas, no nariz. E que nem foi por beleza, mas para “respirar melhor e alcançar notas mais altas enquanto cantava”. Enquanto isso, cirurgiões estimam que ele tenha feito mais de 50 intervenções.

Com os filhos pode ter sido a mesma coisa. Todos desconfiaram quando viram que os dois mais velhos eram tão brancos quanto a família real da Suécia. Não que fosse impossível para um negro como Jackson ter filhos claros. Se ele tivesse 500 crianças com Debbie Rowie, duas ou três sairiam muito brancas e outro par com a pele bem escura. Mas a imensa maioria seria mestiça. É um princípio básico da genética. Como o casal só teve dois e ambos vieram leitosos, estávamos diante de um absurdo estatístico.

Michael disse até o fim que os dois eram dele e ponto final. Mas alguns dias após sua morte Debbie veio a público para dizer que não: O pai verdadeiro das crianças foi outro doador de esperma. O motivo para Jackson não ter usado suas próprias células reprodutoras para inseminar Debbie continua obscuro. E o que Michael menos fez ao longo da carreira foi responder.

Ainda em 1983 seu agente concluiu que ele não se comunicava bem com a imprensa. Não era uma imagem condizente à de líder de gangue com que aparecia nos clipes – e com a de semideus com que aparecia nos palcos. Então ele proibiu Michael de dar entrevistas.

Sem ter como falar com o ídolo, jornais e revistas se refestelaram com uma infinidade de absurdos: alguns, quase verdade; outros, pura mentira. Foi noticiado, por exemplo, que Michael tentou comprar do Museu Britânico os ossos, roupas e objetos de John Merrick, o infeliz e deformado Homem-Elefante. Que ele tem uma parte de seu nariz, extirpada nas cirurgias plásticas, depositada em uma jarra em seu banheiro. Que ofereceu US$ 50 mil pelo apêndice recém-removido do papa. Que tinha acima de sua cama uma pintura retratando suas 6 celebridades preferidas: Mona Lisa, George Washington, Abraham Lincoln, Albert Einstein, ele próprio e E.T., o extraterrestre. Que ele mantinha dois manequins vestidos de guarda à porta de seu quarto para impedir a entrada de fantasmas. E por aí vai.

O quanto disso faz parte do Michael real e pode ajudar a entender sua personalidade? Mais uma coisa que só ele poderia ter dito.

A face mais estranha do ídolo, no entanto, era mesmo parte do Michael real. Hora de voltar aos problemas sexuais do artista. Uma das poucas vezes em que entrou no assunto foi na entrevista ao repórter Martin Bashir, em 2003.

O inglês perguntou como foi a primeira vez em que Michael saiu com uma garota. E a resposta surpreendeu por não ser exatamente uma resposta. Michael contou que foi aos 17 anos, com a atriz Tatum O’Neal. Disse que a moça o chamou para o quarto, deitou-o na cama e começou a desabotoar a camisa dele devagarinho.

“Entrei em pânico”, disse Michael. E mandou a menina parar. Ela tinha só 12 anos e, depois, diria que de jeito nenhum teria tentado “estuprar” Michael, ainda mais porque era uma criança. Não foi o que ficou na cabeça de Jackson, uma cabeça que, pelo jeito, não sabia lidar com sexualidade. Ninguém sabe, por exemplo, quando ele teria perdido a virgindade. Uns dizem que foi só aos 32 anos. Outros, que nunca. Mas são só rumores.

Sua relação anormal com crianças, porém, era mais do que rumor. Michael sempre recebia crianças em Neverland, sua mansão/parque de diversões. E assumiu que dormia com garotos no mesmo quarto – sem sexo, mas dormia. Jackson chegou a defender que tinha todo o direito de fazer guerras de travesseiro de madrugada com meninos de 12 anos quando tinha mais de 40. “Todo mundo deveria fazer isso”, chegou a dizer. Nunca um astro tinha dito algo tão na contramão das regras básicas da sociedade. Mas Jackson bateu o pé.

Como isso pôde acontecer? O sociólogo britânico Chris Rojek, autor de uma pesquisa sobre celebridades, vai direto ao ponto: “Por serem venerados e aclamados como são, ídolos pop gra­dualmente param de sentir a necessidade de obedecer às regras dos homens e mulheres comuns”. O conceito básico para entender como isso acontece é o narcisismo. Narcisista é a pessoa que acredita ser a razão de existência do mundo. Todos passamos por isso. É um momento fundamental de nossa vida para que tenhamos noção de nós mesmos. Mas isso acontece quando temos entre 3 e 4 anos. Para a maioria, essa fase passa, mas deixa heranças: “Passamos a vida inteira administrando o desejo de voltar a ser o centro do mundo”, diz o psicanalista Sergio Wajman, da PUC-SP.

Mas como uma pessoa como Michael Jackson vai administrar esse desejo? Qual é o limite entre certo e errado para alguém com tanto poder e tantos fantasmas para matar? Para Wajman, pouco, ou nenhum: “O narcisismo é um fenômeno no qual o limite não existe. Um narcisista exacerbado não se considera uma pessoa comum. Para ele, vale mais a lei de seu desejo que a lei dos outros”.

Essa falta de limites que podia parecer normal para o antigo habitante da Terra do Nunca virava um exagero descabido no mundo real. Para os acusadores de Michael, o buraco de Neverland era mais embaixo. A tese deles é que Jackson montou o lugar para que fosse um harém. Ele agenciaria crianças que tentavam um lugar ao sol em Hollywood, convenceria os pais de que uma amizade com ele abriria portas e se aproveitaria entre uma e outra guerra de travesseiro. Quem defende Jackson diz que ele só queria mesmo a companhia das crianças. Que, no fundo, era uma delas. Mas só uma coisa é fato: Jackson foi absolvido pela Justiça. Nunca houve prova de que ele tenha abusado de algum menino.

Só que as acusações foram o suficiente para torná-lo mais recluso, mais dependente de remédios, mais distante da divindade que surpreendeu o mundo naquele show da Motown e em tantos outros. Muitos apostavam que, quando Michael morresse, seria lembrado não pela sua música, mas por suas bizarrices. Diziam que os escândalos apagariam seu legado. Mas o que aconteceu no mundo a partir do dia 25 de junho de 2009 provou que eles estavam errados. A obra de Michael Jackson venceu tudo. Inclusive as armadilhas de sua mente.

AUTOR: SUPERINTERESSANTE

terça-feira, 28 de agosto de 2018

NA RÚSSIA, CRIATURA BIZARRA SURGE EM PRAIA, E SUA IDENTIFICAÇÃO GERA DEBATES

Nos últimos dias na costa do Mar de Bering, ao lado do Pacífico da península de Kamchatka, uma aparição estranha causou polêmica: uma espécie de “monstro peludo” de mais de três vezes o tamanho de um homem.

O “objeto” curioso, se é que possa ser denominado assim, fede tanto que intrigou os habitantes locais que, inclusive, estão acostumados a ver coisas estranhas que o oceano traz à praia.

A criatura estranha tem coloração branca e marrom, como se estivesse suja, e parece ter uma longa cauda – ou tentáculo – mas não tem cabeça ou olhos definidos.

A testemunha Svetlana Dyadenko postou as imagens do achado dizendo: “Esta criatura não identificada e de aparência estranha foi encontrada na praia ao lado da aldeia de Pakhachi, ao lado nordeste da península de Kamchatka”


Ela completou: “O mais interessante para mim é que a criatura está coberta de pelos tubulares… Eu gostaria que os cientistas pudessem inspecionar esse enigma que o oceano jogou contra nós”. Veja só as imagens:

Muitas pessoas pensaram se tratar de um urso polar, mas o fato é que a criatura é muito maior do que um urso, sendo que os machos costumam medir entre 2 e 2,5 metros de altura, e as fêmeas entre 1,8 e 2 m. Fora o tentáculo peludo não é característico desses animais, eliminando essa possibilidade.

Pelo que parece, é a carcaça de alguma outra espécie, possivelmente trazida pelo Ártico, porém não se sabe qual.

É possível que o animal em questão se trate de um “globster” – termo cunhado pela primeira vez em 1962 para descrever uma misteriosa carcaça da Tasmânia, que se dizia “sem olhos visíveis, sem cabeça definida e sem estrutura óssea aparente”.

Esses globsters podem, a princípio, parecer um gigantesco polvo, enquanto outros podem ter alguns ossos, tentáculos ou nadadeiras – ou mesmo olhos, dizem especialistas. No entanto, geralmente eles não são tão peludos quanto este. Cientistas sugeriram que globsters são carcaças declaradas de grandes criaturas marinhas, como baleias ou tubarões, até mesmo pedaços de gordura de baleia expelidos de cadáveres em decomposição.

No entanto, este monstro de Kamchatka não parece se encaixar nessa descrição.

Mas o biólogo marinho de Kamchatka, Sergei Kornev, validou em parte a teoria: ele diz que o monstro faz parte de um mamífero marinho em decomposição.

Sob a influência do mar, do tempo e de vários animais, dos menores aos maiores, até mesmo uma baleia pode assumir formas bizarras, segundo Kornev.

Veja só o vídeo do achado:

AUTOR: Siberian Times

domingo, 26 de agosto de 2018

ESTUDANTES, CONFIRAM 7 TÉCNICAS DE ESTUDO INFALÍVEIS PARA QUALQUER PROVA

Na escola, tirar boas notas era relativamente fácil: bastava prestar atenção às aulas, ler atentamente as apostilas e resolver alguns exercícios na véspera da prova. Na vida adulta, porém, tudo vai ficando mais complicado.

Não adianta ligar o piloto-automático diante de concursos públicos, exames de proficiência em línguas ou provas de admissão em programas de pós-graduação, por exemplo. A preparação precisa ser mais estratégica, com base em métodos para garantir a fixação e acelerar o processo de aprendizado.

Na visão de Paulo Estrella, diretor pedagógico da Academia do Concurso, é possível estudar sem aplicar nenhuma metodologia — mas você gastará muito mais tempo do que quem aprende com o auxílio de alguma técnica.

"Sem perceber, vamos experimentando e consolidando nossas próprias táticas, mas é interessante conhecer e testar alguns métodos já comprovados", afirma.

Para Nestor Távora, professor da LFG Concursos, adotar procedimentos de estudo de forma consciente é essencial para garantir a melhor administração do tempo. Certas estratégias tornarão o seu trabalho mais rápido e, portanto, menos pesado e cansativo.

Com a ajuda dos dois professores, listamos a seguir 7 técnicas de estudo que podem ser úteis na preparação para as complicadas provas da vida adulta:

1. Mapa mental

Quer visualizar um conteúdo complexo e todo intrincado em ramificações? Experimente representá-lo num "mapa mental" — nome bonito para um diagrama composto por palavras, ícones e flechas. A principal vantagem de elaborar esses esquemas é a possibilidade de criar uma ordem lógica entre as informações, com destaque para interconexões e relações de hierarquia.

“Não é um método para fixar a disciplina, mas sim visualizá-la de forma sistêmica, isto é, compreender como os conceitos se distribuem dentro daquele campo de conhecimento”, explica Estrella. “É importante para saber que o conceito X aparece quando o tema Y é discutido, o que facilita a associação de ideias”.

Imagine que você está estudando ligações químicas por meio de um mapa mental, e uma das flechas aponta para a expressão “ponte de hidrogênio”. A organização visual das informações ajuda a fixar o fato de que, quando se fala em ponte de hidrogênio, o que se discute são ligações químicas.

2. Fichamento ou resumo

Ler atentamente o livro-texto é um passo obrigatório em qualquer preparação, mas o estudo não pode terminar por aí. Também é fundamental reorganizar as informações lidas com as suas próprias palavras.

Uma forma de fazer isso é elaborar fichamentos, isto é, sínteses esquemáticas de cada texto. “Um fichamento é uma cartela que contém as informações mais importantes sobre um livro ou capítulo de um livro, por exemplo”, diz Estrella. “É a melhor maneira de organizar a bibliografia". A ideia é elaborar um índice das suas leituras de acordo com a sistematização já elaborada no mapa mental, descrito no item anterior.

Outra possibilidade é redigir um resumo, isto é, reescrever com as suas próprias palavras o conteúdo estudado. “Aja como se você fosse o autor da sua própria apostila sobre o assunto”, explica o professor. Pode ser um texto corrido ou por tópicos: o importante é traduzir as ideias para a sua linguagem, incluindo suas interpretações e comentários sobre o tema.

3. Construção e reconstrução de tabelas

Outro método recomendado por Estrella é representar informações no formato de quadros. É uma boa opção para fixar conteúdos que têm uma determinada sistemática bastante específica por trás.

Imagine que você está estudando Direito penal, por exemplo. Experimente elaborar uma tabela em que haja colunas dedicadas ao que tipifica cada crime, qual é o tamanho da pena e qual é o prazo de resposta para cada tribunal, entre outras informações.

Na primeira vez, desenhe o quadro consultando livros e apostilas. Depois de algumas cópias, tente reconstruí-lo de memória. Esse procedimento é uma excelente forma de gravar os conteúdos sem perder de vista as interconexões entre eles. “Assim como os mapas mentais, é uma técnica muito útil para quem tem memória visual”, diz o especialista.

4. Gravações de áudio

Nem todo mundo tem facilidade para se lembrar do que viu: muita gente fixa melhor aquilo que escutou. Se esse é o seu caso, tente estudar com a ajuda de um celular ou qualquer outro dispositivo que funcione como gravador.

“Grave a sua própria exposição oral sobre o tema, como se você fosse um professor”, recomenda Estrella. Falar, por si só, já é uma excelente forma de se apropriar de uma ideia. Ouvir depois as suas próprias “aulas” várias vezes é melhor ainda.

Também é interessante escutar podcasts e aulas online sobre o assunto, muitas vezes disponíveis gratuitamente na internet. Para quem tem pouco tempo, vale aproveitar os deslocamentos entre a casa e o trabalho para ouvir os áudios.

5. Apresentações para o espelho
Se você vai enfrentar uma prova oral, é imprescindível simular o encontro com a banca avaliadora. O primeiro passo é fazer isso sozinho, munido de um espelho e uma boa dose de senso crítico.

Feitos os primeiros ensaios solitários, diz Távora, experimente se apresentar para amigos, parentes e professores. “Esse tipo de exercício é fundamental para desenvolver a lógica do seu raciocínio e, principalmente, para estimular a sua capacidade de improviso”, explica.

De acordo com o professor, muitos candidatos vão muito bem nas provas escritas, mas acabam reprovados nos testes orais — tudo porque não desenvolveram jogo de cintura para a ocasião. Falar para o espelho ou para outras pessoas é o único meio de simular a apresentação para a banca e desenvolver métodos para controlar o seu nervosismo.

6. Táticas mneumônicas

Todo mundo já teve um professor do ensino médio que cantava músicas ou elaborava frases engraçadas para facilitar a memorização da tabela periódica. Técnicas mneumônicas, isto é, que facilitam a fixação de palavras ou expressões, são usadas desde a Antiguidade e podem ser uma mão na roda diante de assuntos que simplesmente precisam ser decorados.

Uma opção é o acróstico, uma frase formada por palavras cuja primeira letra é a dica para o que precisa ser lembrado. Se você quer gravar, por exemplo, os nomes dos bairros paulistanos Mooca, Penha, Belém e Carrão, por exemplo, pode usar a frase “Meu Pai Bebe Café”. Outro instrumento é o acrônimo, uma palavra formada por letras que representam outras palavras, como a ferramenta de gestão CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude).

Seja qual for, diz Estrella, a tática mneumônica deve ser usada quando existe a necessidade de gravar conteúdos sequenciais e sem qualquer relação lógica entre si. É uma opção interessante para gravar nomes ou números de leis, por exemplo. Veja aqui mais dicas de táticas mneumônicas.

7. Simulações cronometradas

Para Távora, colocar os seus conhecimentos à prova é uma etapa indesviável na preparação para qualquer exame. No caso de um concurso público, por exemplo, é preciso recuperar provas de anos anteriores e resolvê-las com o cronômetro ao lado.

“O exame deve ser resolvido exatamente como seria na situação real”, explica o professor. Quanto mais você se familiarizar com as condições da prova, inclusive a duração dela, maiores as suas chances de aprovação.

Os simulados também são essenciais para se acostumar ao estilo das questões. “É a melhor forma de aprimorar a sua técnica de interpretação e não ter surpresas diante da linguagem da banca examinadora”, afirma o professor da LFG.

AUTOR: Exame/Por Claudia Gasparini

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

SAIBA QUEM É A ÚNICA MULHER CONDENADA À PRISÃO PERPÉTUA NA AMÉRICA LATINA, POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

Mirta Graciela Antón foi a primeira mulher da América Latina ser condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade

"Ela esticou as mãos como garras, pegou meus mamilos e apertou. Apertava e torcia; torcia e apertava", lembra uma das vítimas de Mirta Graciela Antón, também conhecida como "La Cuca".

Ela é a única mulher na América Latina condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

Outra vítima detalha os métodos de tortura da ex-policial: "Ela batia em meus testículos com tacos. Fazia o mesmo com pessoas que estavam ao meu lado. Eu escutava o barulho e pensava: lá vêm aqueles tacos de agulha".

Os testemunhos acima foram colhidos entre 2012 e 2016 pela Justiça da província argentina de Córdoba durante uma força-tarefa que investigou os crimes ocorridos dentro Departamento de Informações da Polícia de Córdoba, conhecido como D2, nas décadas de 70 e 80. A instituição foi um dos maiores centros de detenção e tortura da ditadura militar argentina.

As autoridades ouviram 900 testemunhas e identificaram 716 vítimas. Dos 43 acusados, 38 foram declarados culpados. Desses, 28 foram condenados à prisão perpétua.
Durante seu período na polícia, Mirta Graciela Antón sempre ficou cercada por homens, como nesta foto com representantes da repressão da ditadura IRMA MONTIEL

Nos julgamentos, Mirta Graciela Antón foi a única mulher condenada por crimes contra a humanidade. Ela foi considerada culpada por 12 homicídios, 16 privações ilegais de liberdade, 21 casos de tortura, cinco desaparecimentos e seis abusos.

Embora existam outros casos de mulheres condenadas por crimes contra humanidade na América Latina - no Chile há uma alemã que atuou na repressão da ditadura de Augusto Pinochet -, Antón é a única imputada com prisão perpétua.

Durante o processo, ela se declarou "total e absolutamente inocente". Está presa há oito anos na cadeia de Bouwer, em Córdoba.

Nos últimos anos, ela se encontrou cinco vezes com jornalista Ana Mariani, que recentemente publicou um livro sobre a torturadora.

Córdoba e a repressão

A província de Córdoba, a segunda maior da Argentina, sofreu com uma feroz perseguição a opositores do governo mesmo antes do golpe militar de 24 de março de 1976, que iniciou um dos mais sangrentos regimes da América Latina.

"A ditadura mostrou uma ferocidade especial nesse território (Córdoba)", diz Mariani.
Essa é a entrada do chamado D2, departamento policial Córdoba, onde ocorreram assassinatos e torturas; hoje, o espaço é um centro de memória da ditadura MECHI FERREYRA

Entre 1976 e 1983, quando a ditadura acabou, ao menos 30 mil pessoas desapareceram. Mas há quem diga que há pelo menos mais 9 mil casos não contabilizados de pessoas que sumiram durante o regime.

"Houve cumplicidade (com a ditadura) de civis, da Igreja, da Justiça e dos empresários. Não foi apenas um golpe militar, foi algo muito maior que isso", explicou Mariani à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC. "É uma cumplicidade que, de certa maneira, continua existindo até hoje."

'Amoral'

Mirta Graciela Antón tem 64 anos e entrou na polícia quando tinha 21. Sua família fez carreira na corporação: seus filhos, irmãos, pai, marido e sobrinhos eram policiais.

"Meu pai me disse que, se eu quisesse chegar à faculdade, teria de trabalhar para pagar os estudos", disse Antón à sua biógrafa. Durante a apuração, a jornalista se deparou algumas vezes com a informação de que o pai era violento com os filhos.

Vítimas e testemunhas que passaram pelos calabouços do departamento de polícia de Córdoba disseram que Antón dava risadas e dançava enquanto torturava os presos políticos. Também relataram que ela matou pessoas "a sangue frio".

"Cuca não era uma pessoa imoral, ela era amoral", disse Charlie Moore, uma das vítimas que esteve presa no local. "Ela não tinha nenhum tipo de sentimento. Podia despedaçar uma pessoa sem dar qualquer sinal de sentir alguma coisa. Aquilo (a tortura) a motivava", escreveu Moore em seu livro La Búsqueda (A busca, em tradução livre).

"Se você quisesse uma pessoa para conversar com um sujeito e depois matá-lo, Cuca Antón era a pessoa indicada", escreveu o ativista.

Por outro lado, Antón sempre negou os crimes atribuídos a ela. Diz que os delitos foram cometidos por pessoas próximas, como seu irmão e seu falecido marido.

"Minha tarefa era analisar cuidadosamente o material retirado dos presos em diferentes procedimentos para que eles fossem enviados a arquivos de detentos. Mas os presos eram, em sua maioria, criminosos terroristas, não subversivos", disse Antón à Justiça.
Mirta Graciela Antón ao lado Luciano Menéndez, outro repressor condenado por crimes conta a humanidade MECHI FERREYRA

Hoje, ela ocupa uma cela separada de outros presos porque corre risco de ser atacada por ter sido policial. "É como estar em uma prisão dentro de outra prisão", disse ela a Mariani.

"Se houvesse outros policiais, eu estaria com eles, mas sou a única, eu sou o único caso no país", diz ela no livro.

A jornalista Ana Mariani afirma que Antón se adaptou a um ambiente estritamente masculino, a polícia. "Acho que ela se comportou muito bem naquele mundo de homens que é a polícia. Algumas das vítimas dizem que ela até comandou outros policiais homens. Ela tinha uma atitude investida de autoridade e também, de alguma forma, machista", diz a biógrafa.

Segundo a jornalista, Cuca Antón mostrou ter uma personalidade violenta desde jovem. "Ela foi influenciada pelos mesmos transtornos culturais, políticos e psicológicos que podem levar os homens a cometer essas atrocidades", conclui Mariani. "A gente normalmente acredita que uma mulher não pode encarnar o mal. Mas isso não é verdade."
A jornalista Ana Mariani escreveu vários livros sobre a ditadura argentina BIBIANA FULCHIERI

AUTOR: BBC

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