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domingo, 21 de outubro de 2018

SAIBA COMO MULHERES SÃO DESCRIMINADAS ANTES DE SEREM CONDENADAS À MORTE, PELO MUNDO

Brenda Andrew é uma das mais de 500 mulheres que estão no corredor da morte no mundo DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

Brenda Andrew está há 15 anos no corredor da morte em Oklahoma, nos Estados Unidos. Ela foi condenada à pena capital após ser considerada culpada de matar seu marido, Robert, em 2001.

Segundo a sentença, Brenda planejou o crime junto com seu amante, James Pavatt (também condenado à morte), para lucrar com a apólice do seguro de vida de Robert.

Baseando-se nas evidências, o júri considerou que não havia dúvidas sobre sua culpa, mas alguns dos argumentos usados contra ela durante o processo foram alvo de críticas de que não eram oportunos nem relevantes para julgar o crime.

Os jurados ouviram, por exemplo, sobre as supostas aventuras de Brenda fora de seu casamento anos antes do assassinato. Também souberam detalhes sobre o tipo de roupa que ela costumava vestir.

Ainda foi mostrada a lingerie encontrada em sua mala depois que ela fugiu para o México, o que, segundo o promotor, demonstrava que ela não vivia como uma "viúva aflita" após a morte do marido.

E esses detalhes, segundo juízes que revisaram o caso e reconheceram erros durante o processo, podem ter tido uma influência determinante na decisão do júri ao condená-la.
Além de Brenda Andrew, outros 46 condenados à morte aguardam sua execução em Oklahoma DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

"Esses erros, em sua forma mais atroz, incluem um padrão de apresentar evidências que não têm outro propósito a não ser dizer que Brenda Andrew é uma esposa, mãe e mulher ruim", afirmou Arlene Johnson, juíza do Tribunal de Apelações Criminais de Oklahoma.

E essa apresentação de "provas inapropriadas", destacou a juíza ao revisar o caso em 2007, violou "a regra fundamental de que um acusado deve ser condenado pelo delito imputado e não por ser uma pessoa ruim".

Johnson não duvidou do veredito sobre a culpa de Brenda, mas pediu que a sentença de morte fosse revista. Outro colega de tribunal recomendou inclusive repetir o julgamento, mas a maioria dos juízes determinou que a pena aplicada fosse mantida.

Brenda continua à espera de sua execução. Hoje, tem 54 anos.

'Preconceitos e discriminação'

Brenda Andrew é uma de ao menos 500 mulheres que estão no corredor da morte no mundo. O Organização das Nações Unidas (ONU) alerta, no entanto, que o número pode ser maior.

Apesar de mulheres serem não mais de 5% das pessoas que aguardam para serem executadas, a ONU aponta, neste mês de outubro, quando se comemora o Dia Mundial contra a Pena de Morte (10/10), que "sua invisibilidade mostra que suas necessidades estão em grande medida ocultas".
Apesar da falta de dados públicos, acredita-se que, no Irã, dezenas de mulheres esperam para serem executadas AFP

Por isso, 11 relatores da ONU pediram que países "revisem todas as sentenças de morte contra mulheres e meninas e que adotem políticas de gênero para abordar (...) os preconceitos e a discriminação que caracterizam suas investigações e julgamentos" em comparação com homens na mesma situação.

Um relatório publicado em setembro pelo Centro sobre a Pena de Morte da Faculdade de Direito da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, lançou uma luz sobre a situação dessas mulheres.

Não foi uma tarefa simples, por causa da falta de transparência de muitos países que aplicam a pena.

No caso da China, onde o percentual de mulheres no corredor da morte é estimado entre 1% e 5% do total de condenados nessa situação, o relatório considera que o número podem ser de "dezenas ou mesmo centenas" de presas à espera de uma execução.

É um caso similar ao do Irã, onde advogados especializados em direitos humanos calculam que haja dezenas de mulheres condenadas à pena de morte. Apenas no ano passado, ao menos dez foram executadas.

Também é desconhecido o número de condenadas à morte na Arábia Saudita, onde no mínimo nove foram executadas desde 2015.
O país onde o relatório aponta que há mais mulheres no corredor da morte é a Tailândia, com um total de 94 (ou 18% das pessoas à espera de uma execução no país).

Em seguida, estão os Estados Unidos, com 54, Bangladesh, com 37, Paquistão, com 33, e Nigéria, com 32.

Violência de gênero

O estudo também identificou os tipos de delitos mais comuns pelos quais mulheres costumam ser condenadas à pena de morte.

Dezenas delas respondem em países islâmicos por "crimes contra a moralidade", como adultério. Essa prática, alerta a ONU, vai contra os limites internacionais da aplicação da pena de morte unicamente em casos de homicídio doloso.

O segundo tipo de delito mais comum são aqueles relacionados a drogas.
As mulheres representam 30% das prisões por narcotráfico no mundo AFP

De fato, as mulheres - presas em suas maioria por vender drogas nas ruas ou atuar como "mulas" ao transportá-las para outro país - representam 30% das prisões por narcotráfico no mundo.

No entanto, a maioria das mulheres no corredor da morte foram condenadas por assassinato, com frequência de familiares próximos.

O relatório destaca que muitos destes crimes foram cometidos em um contexto de violência de gênero ainda que, uma vez mais, seja impossível saber quantos, por falta de dados.

"Em muitos casos de mulheres acusadas de matar o marido, por exemplo, não se questionou no julgamento se havia um contexto de violência doméstica, por isso não feitas alegações baseadas em violência de gênero e o tribunal quase nunca ouve algo sobre isso", diz Delphine Lourtau, diretora-executiva do Centro sobre a Pena de Morte de Cornell.

"E, quando isso ocorre, na maioria das vezes, o tribunal não considera isso uma prova relevante para entender as circunstâncias do crime."
A ONU concorda que é extremamente raro que um abuso doméstico seja levado em conta como atenuante nos processos que conduzem à pena capital.

"A imposição da pena de morte é sempre arbitrária e ilegal quando o tribunal ignora fatos essenciais que podem ter influenciado significativamente nas motivações, na situação ou na conduta de um acusado de um crime passível de pena de morte, inclusive a exposição à violência doméstica e a outros abusos", disseram os relatores.

A ONU também recorda que a execução de qualquer pessoa por crimes cometidos quando esta tinha menos de 18 anos é vetada por leis internacionais.

O relatório de Cornell reconhece a dificuldade de documentar estes casos, às vezes por conta da dificuldade de definir a idade das condenadas, mas todos os casos que detectou estavam relacionados com violência de gênero, casamento infantil e/ou abuso sexual, em países como Irã e Paquistão.

"Segundo as leis iranianas, meninas podem ser condenadas à morte a partir dos 9 anos de idade", destaca Lourtau.

Teoria da mulher diabólica

O Centro de Cornell aponta que algo que diferencia os casos de mulheres condenadas à morte em relação aos de homens é o fato de que a violação dos estereótipos de gênero tradicionalmente associados às mulheres é geralmente um fator adicional quando se trata de optar pela pena capital para puni-las.

"Em muitos casos, os tribunais julgam as mulheres não apenas por seus supostos delitos, mas também pelo que percebe como falhas morais, como esposas 'infiéis', mães 'indiferentes' ou filhas 'ingratas'", dizem os relatores da ONU.

Mas as estatísticas apontam que, em geral, os jurados tendem a impor a pena de morte com menos frequência a mulheres do que a homens.
Jurados tendem a impor a pena de morte com menos frequência a mulheres do que a homens GETTY IMAGES

Especialistas afirmam que os transtornos emocionais são considerados como atenuantes em muitos de seus casos e que o júri costuma relutar mais em deixar crianças vivendo sem a mãe do que sem o pai.

Para contrapor essa tendência, em muitos processos contra mulheres, é usada uma estratégia identificada em documentos de criminologia e gênero há décadas: a chamada "teoria da mulher diabólica".

Isso significa explorar os casos em que as mulheres rompem com estereótipos do comportamento feminino tradicional para que sejam submetidas a castigos frequentemente reservados a homens.

Segundo o advogado de Brenda Andrew, John Carlson, essa estratégia foi "habilmente" utilizada por promotores para apresentar sua cliente como uma mulher que, por seus atos, renunciava "à proteção que a condição feminina costuma oferecer sob a ótica do júri".
Brenda Andrew, que atualmente tem 54 anos, segue no corredor da morte junto a James Pavatt DEPARTAMENTO DE CORREÇÕES DE OKLAHOMA

"Representaram Andrew como malvada de uma forma unicamente feminina, como agressiva sexualmente, hostil a noções profundamente arraigadas de feminilidade e ansiosa por profanar as normas da sociedade sobre o matrimônio e a monogamia", diz.

"Para provar que era uma assassina apta a ser executada, demonstraram que era uma mulher adúltera que desfrutava e inclusive se deleitava com sua vida sexual enquanto traía o marido. Feito isso, foi fácil convencer o júri de condená-la à morte."

Questionado se o veredito teria sido também a pena de morte se sua cliente fosse homem, o advogado acha que não: "Os homens que são julgados por crimes capitais não têm por que serem apresentados como adequados para receber penas (consideradas) masculinas. As mulheres devem ser primeiro denegridas. Então, estão prontas para a morte".

AUTOR: BBC

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

CONHEÇA HYPERION, A MAIOR ESTRUTURA ESPACIAL JÁ DESCOBERTA

O Hyperion tem uma massa mais de um milhão de bilhões de vezes maior que a do Sol LUIS CALÇADA & OLGA CUCCIATI/ESO

Uma equipe internacional de astrônomos anunciou nesta quarta-feira a descoberta da maior estrutura já encontrada no espaço, um superaglomerado ancestral de galáxias com massa de mais de um milhão de bilhões de vezes a do Sol. Hyperion, como foi batizada, é a maior estrutura já vista nos primeiros 5 bilhões de anos do Universo.

Para compreender isto, precisamos lembrar que há um consenso no meio astronômico de que o Big Bang, ou seja, a explosão fundamental que deu origem ao Universo, ocorreu entre 13,3 bilhões e 13,9 bilhões de anos atrás.

Quando os cientistas miram telescópios para os confins do espaço, eles estão sempre observando o passado - afinal, a luz viaja a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo e, ao olhar para o céu, o que se vê é a luz emitida pelos astros, sempre com algum grau de "delay".

Por exemplo: a luz do nosso Sol, que está "perto" - em termos astronômicos -, chega a nós com um atraso de 8 minutos, que é o tempo que a luz demora para percorrer a distância.

No caso de Hyperion, ela está tão distante que a imagem obtida pelos cientistas é um retrato de mais de 11 bilhões de anos atrás - calcula-se que o superaglomerado ancestral de galáxias seja de quando o Universo era um jovem de 2,3 bilhões de anos.

Hyperion recebeu este nome por causa de suas dimensões colossais em referência a um dos titãs da mitologia grega. Em português, é também chamado de Hiperião, Hipérion ou Hiperíon.
A descoberta

Catorze instituição científicas europeias, americanas e asiáticas fizeram parte da pesquisa que culminou na descoberta. Os trabalhos foram liderados pela astrônoma Olga Cucciati, do Instituto Nacional de Astrofísica de Bolonha, Itália, e pelo astrofísico Brian Lemaux, da Universidade da Califórnia.

Eles utilizaram um instrumento chamado VIMOS, do Very Large Telescope do Observatório de Paranal, localizado em uma montanha de 2.635 metros de altura em pleno deserto do Atacama, no norte do Chile.
Observatório de Paranal, localizado no deserto do Atacama, norte do Chile G.GILLET/ESO

O Very Large Telescope é o maior telescópio em funcionamento do mundo. Seu espelho principal tem 8,2 metros de diâmetro. Ele é operado pelo European Southern Observatory (ESO), de um centro técnico-científico que fica em Munique, na Alemanha.

"Nosso levantamento teve como alvo cerca de 10 mil galáxias do início do Universo, para observações com o VIMOS. Esse instrumento é capaz de observar a luz visível de várias centenas de galáxias simultaneamente e dispersar essa luz em suas diferentes cores como um prisma, de modo que possamos estudar a intensidade da luz em cada cor", explicou à BBC News Brasil o astrofísico Lemaux.

A descoberta empolga os estudiosos do espaço porque permite compreender melhor os primeiros bilhões de anos pós-Big Bang.

"Como estruturas tão grandes e complexas nunca haviam sido verificadas antes a tais distâncias, não estava claro se o Universo era capaz de criar estruturas assim tão cedo em sua história", diz Lemaux.

"Como é uma distância em que a gravidade teve pouco tempo para agir - afinal, estamos falando de apenas 2 bilhões de anos do início do Universo -, ver uma estrutura deste tipo com toda a sua complexidade é algo muito surpreendente."

"Normalmente, estruturas desse tipo são conhecidos a distâncias mais recentes, indicando que o Universo precisou de muito mais tempo para evoluir e construir coisas tão grandes", completa Cucciati. "Foi uma surpresa ver que algo evoluiu assim quando o Universo era relativamente jovem."

Lemaux ressaltou que a quantidade de massa do Hyperion também é algo impressionante. "Ao somar todas as galáxias e inferir a quantidade de matéria escura dentro de Hyperion - sendo esta última a matéria que não podemos ver e que apenas age gravitacionalmente - descobrimos que a sua massa já estava próxima da dos superaglomerados atuais de galáxias", compara.

"Um dos objetivos de nossa pesquisa é agora usar Hyperion e outras estruturas semelhantes para confrontar teorias de como a estrutura da teia cósmica, nome dado à estrutura de grande escala do universo, se forma e evolui", comenta o cientista.
Para entender a 'teia cósmica'

Sendo um conceito relativamente novo, a teia cósmica seria uma rede formada por todas as galáxias existentes, composta por invisíveis filamentos. De acordo com essa ideia, essas conexões formam a maior parte da matéria sideral.

Já os superaglomerados foram descobertos pela primeira vez em 1953. Trata-se de um conjunto gigantesco de galáxias - o que, segundo os cientistas, comprova que a distribuição delas no espaço não ocorre de forma uniforme.

A maior parte da comunidade astronômica hoje concorda que as galáxias estão agrupadas em conjuntos de cerca de 50 e aglomeradas em grupos de milhares.

Os superaglomerados são, portanto, conjuntos impressionantemente maiores.

Como olhar para eles é olhar para o passado, os cientistas acreditam que Hyperion "é uma estrutura que provavelmente está destinada a se tornar das maiores e mais massivas do universo atualmente", define Lemaux.

"Em outras palavras, sistemas como ele semearam as maiores coleções de galáxias que podemos ver hoje nas proximidades da Terra, como o superaglomerado de Virgem, uma imensa estrutura que contém, entre muitos outros, o Grupo Local, o lar de nossa Via Láctea."

Mapeamento

Graças ao instrumento VIMOS, os cientistas conseguiram fazer uma mapeamento tridimensional de Hyperion. A equipe descobriu, por exemplo, que a estrutura tem pelo menos sete regiões de alta densidade, conectadas por filamentos de galáxias. E ele aparenta ser diferente dos superaglomerados mais próximos da Terra.

"Enquanto os mais próximos tendem a ter uma distribuição de massa mais concentrada, com características estruturais claras, Hyperion tem a massa distribuída de maneira muito mais uniforme, em uma série de bolhas conectadas, povoadas por associações de galáxias", afirma o astrofísico.

Os pesquisadores apontam que essa diferença se dá justamente porque os superaglomerados mais velhos tiveram bilhões e bilhões de anos para que a gravidade agisse, aproximando a matéria e, assim, criando regiões mais densas. Se este raciocínio estiver certo, Hyperion deve evoluir da mesma forma.

"Compreendê-lo e entender como ele se compara a estruturas semelhantes pode nos fornecer insights sobre como o Universo se desenvolveu no passado e evoluirá para o futuro", diz Cucciati.

"Desenterrar este titã cósmico ajuda a descobrir a história dessas estruturas de larga escala."

Ele conta que os cientistas também identificaram um grande reservatório de gás hidrogênio difuso "e relativamente frio" e uma região que parece conter sinais de um aglomerado de galáxias em formação.

"Essa imensa atividade e diversidade tem sido prevista a partir de alguns modelos de formação de galáxias e estruturas", comenta. "Mas, com Hyperion, é a primeira vez que conseguimos vê-la em um sistema."

"Embora o destino de toda estrutura seja incerto, estamos desenvolvendo modelos para prever a evolução das galáxias", acrescenta. "Nossa esperança é, no futuro, que tais conexões nos permitam entender como as galáxias crescem, amadurecem e, eventualmente, chegam ao fim de suas vidas."

AUTOR: BBC

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

SAIBA DA MULHER QUE TERÁ DE SE EXPLICAR APÓS GASTAR R$ 78,8 MILHÕES EM UMA LOJA DE LUXO

Zamira Hajiyeva gastou certa vez US$ 200 mil em um único dia na loja de luxo Harrods GETTY IMAGES

Uma nova lei anticorrupção do Reino Unido pretende evitar que pessoas muito ricas consigam omitir como obtiveram suas fortunas.

É o caso de Zamira Hajiyeva, uma mulher de 55 anos do Azerbaijão, que terá de explicar como enriqueceu, sob o risco de perder sua propriedade se não conseguir fazer isso.

Ela está lutando para manter sua casa de US$ 15 milhões (R$ 56,2 milhões) em Londres após se tornar o primeiro alvo da nova legislação, a Ordem de Riqueza Não Explicada (UWO, na sigla em inglês).

Hajiyeva já perdeu na Justiça o direito de permanecer anônima, após a imprensa argumentar que o público tinha direito de saber todos os detalhes do caso.

Ela é casada com um banqueiro do Azerbaijão e gastou US$ 21 milhões (R$ 78,8 milhões) na luxuosa loja de departamentos Harrods ao longo de uma década.

Ela também comprou uma casa nas cercanias da loja e um campo de golfe em Berkshire, no sudeste da Inglaterra.

O que é uma Ordem de Riqueza Não Explicada?

A UWO foi criada para identificar autoridades estrangeiras corruptas que podem ter lavado dinheiro no Reino Unido.

Ela determina que Hajiyeva deve informar à Agência Criminal Nacional Britânica (NCA, na sigla em inglês) como ela e seu marido, Jahangir Hajiyev, tinham dinheiro suficiente para comprar uma grande casa em Knightsbridge, um dos bairros mais nobres de Londres.

Seus advogados dizem que a UWO "não pressupõe e não deveria gerar suposições de que qualquer ato ilegal foi cometido" por ela ou seu marido e entraram com um recurso contra o pedido de explicação.

Investigadores acreditam que bilhões de libras de dinheiro sujo são investidos em propriedades no Reino Unido, mas, até agora, era quase impossível acusar seus donos de algum crime ou confiscar os imóveis por conta da falta de evidências.

A UWO é uma tentativa de forçar essas pessoas a informar e explicar suas fortunas. Se elas não conseguirem fazer isso, um pedido pode ser feito à Justiça para confiscar a propriedade.
Quem são os Hajiyev?

Jahangir Hajiyev é um ex-presidente do conselho do Banco Internacional do Azerbaijão - o governo do país detém 50% de suas ações e controla a instituição.

Em 2016, ele foi condenado a 15 anos de prisão por fraude e peculato, após dezenas de milhões de dólares terem desaparecido do banco. Ele ainda teve de devolver US$ 39 milhões.

Sete anos antes, uma empresa baseada nas Ilhas Virgens Britânicas pagou em seu nome US$ 15 milhões por uma grande casa próxima à Harrods.
Jahangir Hajiyev foi condenado a 15 anos de prisão por fraude e peculato GETTY IMAGES

Em 2013, outra companhia, controlada por sua mulher, gastou mais de 10 milhões de libras (R$ 49,6 milhões) na compra do clube de golfe Mill Ride.

O governo britânico concedeu a ela uma permissão para viver no Reino Unido por meio de um visto dado a grandes investidores.
Quanto dinheiro o casal levou para o Reino Unido?

Em uma audiência em julho, quando os nomes do casal ainda não tinham sido revelados, soube-se que Zamira Hajiyeva tinha uma renda enorme.

Outros gastos relatados no processo incluem mais de US$ 200 mil em uma única compra na Boucheron, uma loja de luxo, e quase US$ 2,4 mil em vinho.

Também fez uma compra de mais de US$ 130 mil em jóias e US$ 26 mil em produtos de luxo para homens.

Em suas compras, ela usou três cartões fidelidade e mais de 35 cartões de crédito diferentes, todos emitidos pelo banco de seu marido.
O casal do Azerbaijão também comprou uma enorme propriedade em Londres

"Concordo com a NCA que as evidências são significativas tendo em vista que as acusações contra ele incluem abusos cometidos tirando proveito de sua posição no banco, emitindo cartões em nome de familiares", disse o juiz Supperstone, que está à frente da ordem emitida com base na UWO.

Registros oficiais revelam que Zamira também comprou um jatinho por US$ 42 milhões e duas vagas no estacionamento da Harrods.

"Ordens com base na UWO devem ser usadas agora de forma mais ampla para averiguar uma fortuna suspeita da ordem de US$ 5,8 bilhões que identificamos no Reino Unido", afirmou Duncan Hames, diretor para políticas da Transparência Internacional no Reino Unido.

A organização celebrou o fato da UWO estar sendo aplicada e já ter obtido resultados.

Zamira Hajiyeva nega ter cometido qualquer crime

Zamira Hajieyva afirma que ela e seu marido são inocentes, vítimas de uma grande injustiça.

Ela disse à Justiça que seu marido é um empresário honesto e que ficou rico graças a uma série de negócios bem-sucedidos antes de se tornar presidente do conselho do banco.

Seus advogados emitiram um comunicado dizendo que "a decisão judicial de aplicar a UWO contra Zamira Hajiyeva não pressupõe nem deve levar a suposições do cometimento de qualquer crime por parte dela ou seu marido".

"A ordem emitida é parte de uma investigação, não de uma ação criminal, e não envolve a descoberta de nenhum crime."

Jahangir Hajiyev nega ter cometido fraude contra o banco, mas não conseguiu reverter sua condenação na Justiça.

Seus advogados afirmam que ele agiu contra a família que governa o país, que eles acusam de corrupção, e por isso pagou um preço. Ele agora pede à Corte Europeia de Direitos Humanos que intervenha no caso.

No entanto, a NCA disse à Justiça que Jahangir Hajiyev foi um funcionário do banco estatal entre 1993 e 2015 e que, neste posto, ele não teria como obter a fortuna identificada por investigadores.

AUTOR: BBC

sábado, 6 de outubro de 2018

CONHEÇA O ‘REBOTE GLACIAL’ E OUTROS 2 FENÔMENOS QUE FAZEM A TERRA BALANÇAR ENQUANTO GIRA

Vista da Terra pela tripulação Apollo 17 — Foto: NASA

Em imagens do espaço, a Terra parece 'flutuar' tranquila e de forma uniforme enquanto gira ao redor de si mesma e do Sol. A realidade, contudo, é bastante diferente.

"(O movimento de rotação) Está mais para uma pessoa bêbada", disse Surendra Adhikari à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC News. Ele é pesquisador do laboratório de propulsão da Nasa, a agência espacial americana.

A Terra é como uma bola gigante de baseball, que roda a 1.700 km/h, e gira em torno do Sol a aproximadamente 107.000 km/h. E isso não acontece de maneira suave. Gira como se fosse um pião.

O que é o fenômeno 'Terra estufa' e por que estamos caminhando para ele

Especialistas explicam que é como se uma pequena pedra batesse em uma bola e a fizesse balançar em seu eixo e girar com um movimento muito menos elegante e mais trepidante. Esse desvio é chamado de "movimento polar".

As medições feitas durante o século 20 mostram que, a cada ano, a Terra desvia cerca de 10 centímetros do eixo de rotação. Isso significa dizer que, em 100 anos, o desvio acumulado é de aproximadamente 100 metros.

Mas o que causa o movimento polar?

Surendra Adhikari e uma equipe de pesquisadores conseguiram identificar, pela primeira vez, três fatores que fazem a terra "balançar" enquanto gira.

O rebote glacial

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que o rebote glacial contribuiu para o movimento polar.

Durante a última era do gelo, geleiras comprimiram a superfície da Terra de maneira semelhante a quando alguém se senta sobre um colchão. Na medida em que o gelo derrete ou é eliminado, a superfície terrestre volta lentamente à sua posição original.

Essas mudanças afetam o movimento da Terra. Segundo os cientistas da Nasa, seriam responsáveis por um terço do movimento polar no século 20.

No estudo da Nasa, foram identificadas ainda outras duas causas.

Sopa quente

O segundo fator apontado pelos pesquisadores foi a chamada "convecção do manto terrestre", que é responsável pelo movimento das placas tectônicas.

Eric Ivins, co-autor do estudo, compara esse processo com uma panela de sopa quente num fogão aceso.

Assim como a panela, o manto da terra esquenta, e os componentes da sopa começam a subir e descer, formando um padrão de circulação vertical.

O mesmo ocorre quando as rochas se movem através do manto terrestre, o que contribui para que se produza o movimento polar.

Mudanças climáticas

Durante o século 20, por causa do aumento das temperaturas, cerca de 7,5 mil gigatoneladas de gelo derreteram na Groelândia. Isso equivale ao peso de mais de 20 milhões de um famoso prédio em Nova York, o Empire State.

Isso fez com que uma grande quantidade de água chegasse aos oceanos, elevando o nível do mar e, consequentemente, criando um desvio do eixo de rotação da Terra.

Dessa forma, os pesquisadores preveem que, se o degelo na Groenlândia se acelerar, o movimento polar também vai aumentar.

E quais são as consequências do movimento polar para os habitantes da Terra?

"Absolutamente nenhuma", disse Ivins à BBC Mundo.

Em todo o caso, identificar as causas do movimento polar vai permitir cientistas diferenciar mudanças no movimento polar causadas por processos sobre os quais não temos controle e aqueles causados pelas mudanças climáticas.

AUTOR: BBC

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

VOCÊ SABIA? HITLER REUNIU UM GRUPO DE GAROTAS PARA TEREM FILHOS, UMA DELAS FEZ UM RELATO CHOCANTE

Muitos sabem que os nazistas cometeram atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial, mas poucos conhecem as infindáveis histórias e ideias malucas que, naquela época, pensavam que eram boas. 

Uma dessas histórias foi vivenciada por Hildegard Trutz.
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É necessário entender, primeiro, que a Alemanha sofreu muito depois da Primeira Guerra Mundial, principalmente por causa das punições impostas pelos países que a derrotaram, entre eles Inglaterra, França e Estados Unidos. 

Por essa razão, o humor do povo alemão naquela época não era o melhor e a alternativa nazista apareceu em resposta a esse mal-estar.
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Por essa razão, Hildegard Trutz, uma garota de 18 anos, ficou encantada com toda a parafernália que os nazistas criaram. Em 1933 ela se juntou ao Bund Deutscher Mädel, o equivalente à juventude feminina de Hitler, e aos 18 anos uma de suas líderes se aproximou dela. “Se você não sabe o que fazer, por que não dar um filho ao Führer?”, disse.
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Fazia pouco tempo que havia sido criado o projeto Lebensborn, onde os nazistas procuravam criar uma “máquina perfeita” para a “produção” de bebês. Para isso, selecionavam mulheres que estivessem dentro dos parâmetros desejados (o que incluía não ter antepassados judeus). Essas mulheres deveriam ter relações sexuais com oficiais nazistas, que também cumpririam com os padrões do Führer. 

Quando estivessem grávidas, seriam enviadas para um castelo de luxo com todo o conforto para ter uma excelente gravidez.
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Hildegard cumpria todos os requisitos, e embarcou nesta missão em nome do Führer. Antes de começar, ela foi obrigada a assinar um contrato onde renunciava ao bebê, e o entregava para os cuidados do Estado.

Todos os oficiais ficavam em uma sala e elas podiam iniciar uma conversa com qualquer um que elas quisessem. “Todo mundo era muito alto e forte, com olhos azuis e cabelos loiros”, disse Trutz.
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Depois de escolher o homem, que elas nem sabiam o nome, o momento exato do período fértil de cada garota era esperado e o homem era mandado para o quarto.

“Como o pai do meu filho e eu acreditamos plenamente na importância do que estávamos fazendo, não tivemos nenhuma vergonha ou inibição de nenhum tipo”, comentou Hildegard.
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Ela dormiu com o rapaz por três noites seguidas, e depois disso ele teve que estar com outras mulheres.

Trutz engravidou e foi enviada para a maternidade. No dia do nascimento, ela recusou qualquer ajuda para ter o pequeno, já que “nenhuma boa alemã deveria querer injeções para amortecer a dor”, de acordo com os conceitos da época. Ela permaneceu com a criança por duas semanas e depois ele foi enviado para uma casa especial. Nunca mais voltou a ver seu filho, nem o pai.
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Pensou em ter mais filhos, mas se apaixonou com um jovem oficial e se casou. Ao contar o que havia feito, seu marido não gostou muito da ideia, mas como tudo foi feito pelo Führer, acabou aceitando.

Durante o III Reich nasceram 20 mil crianças a partir desta prática. Muitas foram adotadas depois da guerra, mas os arquivos foram destruídos
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AUTOR: Upsocl.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

CONHEÇA A MULHER QUE DORMIU COM 32 ANOS DE IDADE E ACORDOU COM 15

Busca pela própria história em meio à amnésia trouxe dor à Naomi, mas também mudou sua vida para melhor, diz ela ARQUIVO PESSOAL/NAOMI JACOBS

Da noite para o dia, Naomi Jacobs esqueceu quem era e teve de começar a procurar pistas sobre si mesma.

Ela se deu conta do que se passava ao acordar, numa quinta-feira de abril, dez anos atrás, na cidade britânica de Manchester, em uma pequena casa de tijolos marrons.

"Nos primeiros segundos eu pensei que ainda estava sonhando", diz ela.

"Mas era mais um pesadelo. Eu não conseguira reconhecer o quarto onde estava".

"Eu lembro que a primeira coisa que vi foram as cortinas, e não as reconheci, e depois aconteceu o mesmo com tudo no quarto... o guarda-roupas, a cama em que eu estava deitada...Eu olhei para o meu corpo e estava vestida com um pijama que eu nunca tinha visto. Tudo era estranho."
"Pulei da cama e me vi no espelho. Meu rosto havia mudado. Eu parecia pálida e percebi que tinha envelhecido. Quando falei em voz alta pela primeira vez, minha voz soou muito diferente."

Mas diferente do quê?

"Eu pensava que tinha 15 anos. Todos os meus sentidos, todas as minhas emoções eram as de uma garota dessa idade. E eu acreditava que estava em 1992."
A britânica acordou certo dia achando que tinha 15 anos, como se não tivesse vivido entre os anos 1992 e 2008 AFP

Mas não era 1992 e Naomi não tinha 15 anos. O ano era 2008 e ela tinha, na realidade, 32 anos de idade.

Ela havia perdido toda a memória da última década e meia de sua vida.
De volta para o futuro

Naomi teve que enfrentar o século 21 como a adolescente de 15 anos que havia sido.

Teve de se inteirar da vida moderna, da tecnologia, da cultura e das notícias.

Para ela, as redes sociais não existiam, nem a internet, iPods, iPads...enfim.

E não é só isso.
Redes sociais e outros aspectos da vida moderna eram novidade para Naomi. A sensação, segundo ela, era de ter viajado para o futuro GETTY IMAGES

Em sua realidade, na África do Sul o sistema político e social do apartheid ainda estava de pé e Nelson Mandela não havia terminado de percorrer seu longo caminho até a liberdade.

No Iraque, Saddam Hussein estava no poder. Na Inglaterra, a princesa Diana continuava acumulando admiradores e, nos Estados Unidos, a ideia de que um homem negro sequer pudesse querer chegar à Casa Branca ainda era um sonho para alguns, e um pesadelo para outros.

"Uau, isso foi incrível, eu simplesmente não conseguia assimilar. Eu realmente nunca tinha pensado que veria algo assim na minha vida. No começo achei que fosse uma pegadinha... 'Quem é esse Obama? É sério (que isso está acontecendo)?'", lembra ela.

Um menino chamado Leo

Mas o mais desafiador foi se adaptar ao fato de que ela era a mãe de um menino de 10 anos chamado Leo.

"Durante as primeiras 24 horas, eu realmente não conseguia compreender o fato de que eu tinha um filho. Embora tivessem me dito que sim, e de eu tê-lo visto, fiquei perplexa. Fiquei chocada ao ver aquela versão em miniatura de mim saindo de uma sala de aula, com um enorme sorriso, e tudo o que eu pude fazer foi ficar olhando pra ele", diz ela.
Naomi não conseguia acreditar que um homem negro, como Obama, pudesse imaginar ser candidato nos EUA, e ainda mais vencer GETTY IMAGES

Naomi não contou a Leo o que estava acontecendo porque não queria assustá-lo.

Com isso, fez o melhor que pôde para agir como pensava que uma mulher de 32 anos agiria, ainda que por fim tenha precisado perguntar a ele a que horas normalmente ele ia para a cama.

"Ele me olhou espantado e fingi que era uma brincadeira", lembra ela, sorrindo.

Mas Leo foi uma das poucas surpresas agradáveis que teve.

'Eu não queria estar naquela vida'

Quando tinha 15 anos, Naomi queria ser jornalista ou escritora, viajar pelo mundo e morar em uma casa grande.

Mas, em vez disso, ela descobriu que era mãe solteira, que dependia do Estado para pagar suas contas e manter uma casa, que estava desempregada e estudando Psicologia, uma área que quando era adolescente não lhe interessava de maneira alguma.
'Leo me apresentou ao Google, ao Yahoo e à internet. Eu tinha que fingir que sabia usar e dizia: 'Me mostre o quanto sabe'', diz Naomi GETTY IMAGES

"Eu era muito crítica com o meu eu adulta. Não entendia como havia terminado daquele jeito. Era em parte devastador e em parte confuso. Não queria estar naquela situação. Não queria estar naquela casa. Não queria estar naquela vida", disse.

Quanto mais descobria sobre sua vida, menos gostava dela.

Começou a considerar sua versão adulta como se fosse praticamente outra pessoa. Era a adolescente versus a adulta.

"Durante o período que sofri de amnésia, o meu eu adolescente estava no comando. A adulta era uma desconhecida que havia construído uma vida que me era muito estranha", expica Naomi.

No entanto, ela percebeu que, para poder sobreviver ao presente, precisava corrigir seu passado.

Debaixo de sua cama

Ela havia ido a um médico que não só não a ajudou, como nem sequer acreditou nela, então teve que descobrir sozinha como melhorar.

"Eu decidi que iria descobrir como recuperar minhas memórias, e a primeira coisa que teria que investigar era o que havia provocado aquilo, como havia terminado naquela situação", diz ela.
Sua memória estava 'guardada' debaixo da cama, em uma caixa de papelão repleta de diários que escreveu quando era mais jovem GETTY IMAGES

Sua irmã Simone e sua melhor amiga Katie, que a ajudaram desde o início, contaram-lhe que ela havia sido uma ávida escritora de diários desde que era adolescente... e que esses diários deveriam estar em algum lugar da casa.

Depois de uma busca frenética, elas encontraram uma caixa de papelão debaixo da cama, cheia de diários, de respostas a suas perguntas e de recordações daqueles 16 anos que lhe haviam roubado.
Fevereiro de 2006: não me lembro que data é, acho que 5 ou 6, mas quem se importa...

Estou cansada, farta, drogada e infeliz. Eu quero chorar por tudo e por nada, mas acima de tudo pelo fato de que estou presa.

Estou cansada desta vida. Estou comendo demais, como se a comida fosse acabar. Até me drogar está me irritando.

Estou muito atrasada com meu trabalho da universidade e, para completar, fui diagnosticada com transtorno bipolar! Será resultado do amor da minha mãe?
Havia muito o que tirar desses diários.

Ela descobriu que havia tido problemas de dependência de drogas.

"Eu fumava muita erva e depois, antes da amnésia, tive uma crise. Estava consumindo muita cocaína. Então, sim, definitivamente tive problemas de dependência", lembra ela.

"Foi humilhante. Nunca imaginei como adolescente que aquela seria a minha vida. Fiquei arrasada. Não podia acreditar que era daquele jeito que eu havia escolhido lidar com a realidade."
A Noami 'adolescente' ficou decepcionada ao descobrir que havia recorrido à maconha e à cocaína, já adulta, para escapar da realidade GETTY IMAGES

Além disso, ela descobriu que em certo momento chegou a ficar desabrigada.

"Eu tive um negócio bem-sucedido e minha própria casa e, em seguida, devido a certos problemas, acabei em um caminho muito autodestrutivo. Eu perdi o meu negócio. Perdi minha casa. Tive um problema com cocaína. Me mudei para a Grécia por um tempo. Mas isso não funcionou", diz ela.

"Quando voltei, estava sem-teto, falida, e fui diagnosticada naquele momento com transtorno bipolar. Então, sim, foi uma época devastadora."

Mas havia algo mais nos diários. Algo que fez a "adolescente" e crítica Naomi deixar de ser tão dura consigo mesma.

'Uma ferida profunda'

"O momento que mudou tudo foi quando descobri nos diários que havia sido abusada sexualmente quando era criança. E que mantive essa memória enterrada dos 6 aos 25 anos de idade.

"Quando cheguei nos trechos em que havia escrito isso comecei a entender que havia, na verdade, uma ferida profundamente arraigada."
Ela também entendeu por que nunca havia gostado de vestir roupas cor-de-rosa GETTY IMAGES

É difícil imaginar como foi, para a adolescente de 15 anos que estava em sua mente naquele momento, ler sobre aquele episódio amargo que registrou em seu próprio diário quando tinha 25 anos de idade.

"Eu não creio que haja palavras. Eu usei palavras como 'devastador', 'humilhante', 'horripilante'. Simplesmente não há como descrever uma mente adolescente que lê uma adulta escrevendo sobre o abuso que sofreu quando criança", explica Naomi.

"Acho que, no começo, fiquei paralisada e, depois, completamente destruída pelo impacto."

Nessa época, a Naomi adolescente começou a escrever para a Naomi adulta. Depois de saber o que aconteceu, ela lhe disse:
16 de setembro de 2005

Agora entendo por que nunca gostei de usar roupas cor-de-rosa. Estava com um vestido dessa cor quando o abuso sexual aconteceu. Associo rosa com vulnerabilidade.

Relembrar aquilo foi horrível - foi como viver tudo de novo - mas se não tivesse feito isso agora não entenderia o que houve.
Foi aí que ela começou a sentir mais compaixão por sua versão adulta.

Por que ela 'se tornou' adolescente?

Ainda restavam, porém, muitas perguntas sem resposta. Por que ela não se lembrava da sua vida entre 1992 e 2008? O que havia acontecido quando tinha 15 anos? Por que precisamente essa idade?

"Houve muito estresse. Minha família havia entrado em colapso. Meu padrasto tinha ido embora. Minha relação com minha mãe estava abalada", diz Naomi.

De acordo com os diários, por volta daquele período, Naomi e sua mãe, que era alcoólatra, tiveram uma discussão terrível.

"Uma briga bastante agressiva em que ela terminou bebendo e eu, tentando me matar", recorda.
O desajuste de tempo em sua mente ajudou a lhe dar respostas sobre como acontecimentos do passado influenciaram a sua vida GETTY IMAGES

"Só quando li isso nos diários me dei conta de que tudo começou comigo. Fui eu quem na verdade havia me dado por vencida. As decisões que tomei aos 15 anos direcionaram minha vida para o curso que a Naomi adulta tomou", diz ela.

Pela primeira vez desde que havia perdido a memória, Naomi foi capaz de enfrentar tudo o que havia acontecido com ela.

Lembranças voltando

Ela disse que os diários a deixavam triste, mas também impressionada com o fato de a Naomi adulta ter conseguido sobreviver a tudo o que havia passado.

Depois, muito lentamente, as coisas começaram a mudar. Um dia, ela ouviu uma música...

"...E tive esse flashback em que eu estava usando um vestido de grávida dançando em um clube. Eu contei a recordação a minha irmã e ela confirmou que realmente havíamos estado lá", lembra ela.
Sua primeira lembrança, sem a ajuda dos diários, foi dia um dia em que ela dançava GETTY IMAGES

"O que estava fazendo em um clube com três meses de gravidez?"

"O fato é que eu estava eufórica porque havia me lembrado de algo. E assim foi acontecendo depois disso. (Me lembrava de) pequenas coisas. Um sabor, um som, uma música, um perfume", diz ela.

E, em uma manhã de verão, cerca de três meses depois de perder suas memórias, em uma casa de tijolos marrons em Manchester, Naomi estava acordando e se sentindo diferente.

"Foi igual a quando acordei como uma adolescente no futuro. Sentia como se estivesse em um sonho".

Mas, desta vez, foi um bom sonho.

Suas memórias voltaram e ela sentiu e sabia que tinha 32 anos - e que o ano era 2008.
Cerca de três meses depois de perder suas memórias, ela acordou recuperada e se sentindo com a idade certa no ano 2008 GETTY IMAGES

A Naomi adulta estava de volta, com uma nova perspectiva depois de ter podido ver sua vida pelos olhos de seu eu de 15 anos.

E isso "mudou tudo, tudo".

Uma das maiores mudanças foi que ela se reconciliou com sua mãe, que agora é uma de suas amigas mais próximas.

O que havia acontecido com ela?

Se passaram outros três anos antes de Naomi conseguir que a diagnosticassem.

"Conheci um psiquiatra incrível e lhe contei tudo o que havia acontecido. Bom, quase toda a história da minha vida. Ele pesquisou muito sobre o caso, conversou com colegas e todos chegaram à conclusão de que eu tive algo chamado amnésia dissociativa."

Esse é um tipo muito raro de amnésia. Não é fisiológica - Naomi não perdeu a memória por ter sofrido uma pancada na cabeça, por exemplo - mas sim psicológica, causada por estresse severo.

Receber um diagnóstico lhe fez sentir "um alívio profundo".

"Caí no choro", conta ela.
4 de julho de 2013

Querida Naomi adolescente,

Sei que não lhe escrevo há quase quatro anos, mas queria dizer agora que entendo, entendo tudo.

A vida mudou para melhor...Imagine! Pela primeira vez na minha vida convidei a minha mãe e o meu pai para virem à minha casa e, no dia do Natal, com Leo, jantamos juntos.

O que mais? Leo tem um emprego. Toda vez que duvido de mim mesma, só preciso ver o quão maravilhoso ele é e sei que fiz algo certo. Eu tenho um filho com mais de 1,80m de altura, que adora skate e comédias, é brincalhão, artístico e diz: "Quando se trata de quem eu sou, mamãe, estou feliz sendo eu".

Hoje li que quando os japoneses quebram um objeto precioso, não o jogam fora; eles montam tudo de novo, preenchem as rachaduras com ouro e o veem como mais bonito do que era originalmente.

Agora entendo o que você tentava me dizer quando acordou no meu futuro.

Que eu sou ouro.

Obrigada.

Te amo sempre,

Naomi adulta
Naomi escreveu um livro sobre sua amnésia intitulado Forgotten Girl (Garota esquecida, em tradução literal).

AUTOR: BBC

sábado, 22 de setembro de 2018

NOS EUA, 4 TIROTEIOS EM MASSA EM MENOS DE 24 HORAS, 2 MIRAVAM COLEGAS DE TRABALHO

Mulher matou três pessoas e depois se suicidou em Maryland GETTY IMAGES

Quatro atiradores abriram fogo contra aglomerações de pessoas nas últimas 24 horas nos Estados Unidos.

O episódio mais recente foi registrado nesta quinta-feira, em Maryland, após uma funcionária temporária do depósito de uma rede de farmácias matar três pessoas e ferir outras três. Ela se suicidou com um tiro na cabeça antes de ser capturada pela polícia.

Na manhã do dia anterior, um funcionário de uma empresa de tecnologia de Wisconsin feriu a tiros quatro colegas de trabalho, causando ferimentos graves em três deles. O atirador foi morto pela polícia, segundo autoridades locais.

Horas depois, na Pensylvania, um homem feriu quatro pessoas e foi morto pela polícia na entrada do gabinete de um juíz, minutos antes de se apresentar em uma audiência do processo em que era acusado de agressão contra a esposa.
O quarto tiroteio aconteceu em Chicago, quando um homem abriu fogo contra um carro em uma briga de trânsito e atingiu quatro dos cinco passageiros - entre eles um bebê de seis meses e um garoto de 13 anos, ambos em levados em estado crítico para um hospital local, enquanto o atirador fugiu.

Os homicídios promovidos em locais de trabalho não são exceção nos EUA. Segundo os dados mais recentes do Departamento de Trabalho do governo americano, 500 homicídios do tipo aconteceram no país em 2016 - uma alta de 83 casos em relação ao ano anterior

Oito a cada dez destas mortes foi provocada por armas de fogo - as demais foram frutos de esfaqueamentos ou perfurações e agressões físicas.

Os principais alvos de homicídios no ambiente de trabalho são, também segundo o governo dos EUA, operadores de caixa (54 mortes), supervisores de vendas (50) e policiais (50).
Diversidade

As características de cada episódio ilustram a diversidade de tiroteios em massa nos Estados Unidos, que não se concentram apenas em escolas ou grandes eventos públicos.

"Episódios como Las Vegas ou Parkland, com quantidades impressionantes de mortos, acontecem de tempos em tempos, não toda hora", diz à BBC News Brasil o estatístico Mark Bryant, diretor executivo da associação Gun Violence Archive (GVA - ou Arquivo da Violência Armada, em tradução livre), que registra mortes por armas de fogo desde 2013 a partir de dados do governo e das forças de segurança dos EUA.

Bryant se refere ao dois tiroteios de grandes proporções. Em fevereiro deste ano, em uma escola Parkland, na Florida, um ex-aluno armado com um rifle AR-15 matou 17 pessoas e feriu 14. Em outubro do ano passado, em Las Vegas, um aposentado matou 58 e deixou 851 feridos em um festival de música na principal avenida da cidade.

"Há duas grandes categorias de tiroteios em massa - os que ocorrem entre membros gangues de rua e os cometidos por cidadãos considerados 'comuns'", diz Bryant. "Estes últimos se dividem em inúmeras subcategorias e são os difíceis de prever, porque estatisticamente são cometidos por pessoas que passariam em qualquer análise de antecedentes e não tem problemas diagnosticados de saúde mental."
Em Chicago, homem abriu fogo contra um carro; há quatro vítimas, duas delas crianças em estado crítico GETTY IMAGES

A GVA classifica como tiroteios em massa episódios em que quatro ou mais pessoas são baleadas ou mortas em um único incidente, sem contar o atirador. O banco de dados entidade conta 262 tiroteios em massa nos Estados Unidos só em 2018. No ano passado, até 20 de setembro, foram 259.

O governo americano não tem uma definição oficial para "tiroteios em massa". O FBI conta apenas episódios com mortes, classificados "assassinatos em massa" quando três ou mais pessoas morrem no mesmo local público. A polícia federal americana qualifica ainda como "assassino em massa" quem mata quatro ou mais pessoas em uma determinada situação.
Comparação com Brasil e outros países

Mais de 11 mil pessoas foram assassinadas a tiros nos Estados Unidos em 2016, segundo o FBI.

O número impressiona, mas equivale a um quarto das mortes por tiros registradas no mesmo ano no Brasil - mais de 44 mil, segundo o Mapa da Violência 2016, estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSP).

Enquanto as mortes por armas de fogo respondem por 64% do total de homicídios registrados nos EUA, no Brasil, onde o porte de armas é proibido pelo Estatuto do Desarmamento, a fatia é mais ampla e chega a 71,6%.

Os EUA perdem na comparação com outros países desenvolvidos. No Canadá, o percentual de homicídios por armas de fogo é de 30,5%. Na Austrália, o mesmo indicador gira em torno de 13%, enquanto, no Reino Unido, ele não passa de 5%.

O porte de armas é um dos temas mais discutidos por candidatos à presidência nas eleições brasileiras. Os candidatos Álvaro Dias (Podemos), Jair Bolsonaro (PSL) e João Amoedo (Novo) defendem revisões no Estatuto do Desarmamento e autonomia para o armamento da população em determinadas situações. Geraldo Alckmin (PSDB) já se pronunciou a favor do armamento em zonas rurais. Os demais candidatos defendem a manutenção da lei como está.

Pilar da Constituição
'A história se repete sempre que há um caso com grande repercussão: um grupo de congressistas defende regras mais rígidas para a venda de armas, enquanto outro tenta ampliar o acesso', diz Mark Bryant

O tiroteio desta quinta-feira em Maryland responde a uma exceção nas estatísticas: mulheres são responsáveis por menos de 5% dos tiroteios em massa ons Estados Unidos.

Segundo a polícia local, ela tinha porte e registro de arma e tinha "vários cartuchos de munição". Outras mil pessoas trabalham no depósito da rede farmacêutica Rite Aid, onde os tiros foram disparados.

Nos últimos sete dias, oito tiroteios em massa por registrados no país. A enorme incidência faz com que a maior parte dos casos ganhe pouca repercussão nacional ou internacional.

"Pouca coisa mudou legalmente desde os últimos grandes tiroteios", diz o diretor-executivo da GVA. "A história se repete sempre que há um caso com grande repercussão: um grupo de congressistas defende regras mais rígidas para a venda de armas, enquanto outro tenta ampliar o acesso, incluindo professores, por exemplo."

Para o especialista, um praticante de tiro esportivo que diz defender "a prevenção contra a violência armada e não o fim do porte de armas", mudanças efetivas na legislação podem ocorrer após novembro, quando os EUA terão eleições legislativas.

"Tudo vai depender da nova composição do Congresso", avalia Bryant.

Cerca de 40% dos americanos dizem ter pelo menos uma arma, aponta um levantamento de 2017 do Pew Research Center. Mesmo que seja difícil saber exatamente quantas armas estão nas mãos de civis ao redor do mundo, pesquisas apontam que os Estados Unidos sejam líderes do ranking, com 270 milhões de unidades.

O debate sobre controle de armas volta à tona sempre que grandes ataques com mortes em são registrados no país.

Uma pesquisa divulgada em fevereiro pela rede CBS News apontou que mais dois terços dos norte-americanos (69%) apoiam leis mais rígidas sobre a venda de armas, enquanto pouco mais da metade (53%) acham que tiroteios em massa continuarão acontecendo no país.

O porte de armas é um dos pilares da Constituição dos EUA. Conforme a a Segunda Emenda do texto constitucional dos EUA, é "no direito das pessoas a manter e portar armas não deve ser violado".

AUTOR: BBC

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

NOS EUA, OS DESENHOS QUE LEVARAM INOCENTE A DEIXAR PRISÃO 27 ANOS APÓS SER CONDENADO POR ASSASSINATO

Talento de Valentino Dixon atraiu a atenção das autoridades prisionais UNIVERSIDADE DE GEORGETOWN

O talento para arte ajudou um presidiário inocente a deixar a prisão após ser condenado injustamente por assassinato nos Estados Unidos.

Valentino Dixon, de 48 anos, estava preso há 27 anos por um crime que não cometeu. E sustentou sua inocência durante todo o tempo em que ficou atrás das grades.

Mas a reviravolta do caso, que levou à revisão do processo e à sua absolvição, só ocorreu depois que sua habilidade para desenhar chamou a atenção de um carcereiro.

Dixon cumpria pena na penitenciária Attica Correctional Facility, em Nova York, quando as autoridades prisionais começaram a observar seu talento.

O diretor da prisão entregou a ele uma fotografia do 12º buraco do clube de golfe Augusta National, no Estado americano da Geórgia, e perguntou se desenharia a paisagem para ele.
'Eu não sabia nada sobre golfe', diz Dixon GOLF DIGEST

"Depois de 19 anos na Attica Correctional Facility, a visão de um buraco de golfe mexeu comigo", disse Dixon.

"Parecia tranquilo. Imagino que jogar (golfe) deve ser muito parecido com pescar."

Com lápis de cor, ele começou a criar ilustrações minuciosas e vivas de várias pontes e canais.

"Eu não sabia nada sobre golfe. Sou da periferia", contou à imprensa local.
A revista Golf Digest publicou um perfil de Dixon, com destaque para suas ilustrações, em 2012 GOLF DIGEST

Os desenhos impressionaram os editores da Golf Digest, que publicaram um perfil do prisioneiro, com destaque para suas obras, em 2012.

"Talvez um dia eu possa jogar o jogo que apenas imaginei", afirmou Dixon no artigo, descrevendo como desenhou paisagens que nunca viu.

A reportagem despertou o interesse de estudantes de Direito da Universidade de Georgetown, que fazem parte do projeto Prisons and Justice Initiative, que oferece representação legal gratuita a condenados e que trabalha pelo fim do encarceramento em massa. Eles decidiram investigar o tema e defender seu caso.
A condenação

Dixon recebeu uma pena mínima de 38 anos de prisão pelo assassinato de Torriano Jackson, de 17 anos, em agosto de 1991, após uma discussão sobre uma mulher em Buffalo, Nova York.

Ele admitiu ter estado no local do crime, mas disse que estava em uma loja próxima comprando cerveja quando ouviu os tiros.

Dixon afirmou que várias testemunhas poderiam confirmar que ele não efetuou os disparos.

Mas seu advogado não acionou nenhuma delas, já que várias foram acusadas ​​de perjúrio (juramento falso).

O detetive do departamento de homicídios também não testemunhou durante o julgamento, algo incomum nesse tipo de caso.

Mas uma falha mais séria no caso foi descoberta pelo grupo de estudantes da Universidade de Georgetown.

Os promotores haviam omitido ao advogado de defesa de Dixon que o resultado do teste de pólvora realizado nas roupas de seu cliente havia dado negativo.
O verdadeiro assassino

Além disso, outro homem, Lamarr Scott, admitiu à imprensa local, apenas alguns dias após o assassinato, que tinha atirado em Torriano Jackson.

"Não quero que meu amigo (Dixon) leve a culpa por algo que eu fiz", disse Scott a um repórter da WGRZ-TV.
Estudantes de direito da Universidade de Georgetown, que trabalharam no caso, cumprimentaram Dixon quando ele foi libertado UNIVERSIDADE DE GEORGETOWN

Mas ele nunca foi preso. O irmão da vítima disse que viu Dixon efetuar os disparos.

De acordo com o jornal Buffalo News, os promotores reconheceram que Scott havia confessado o crime há muito tempo.

"Scott confessou esse crime desde 12 de agosto de 1991", disse a advogada-assistente Sara Dee ao tribunal.

"Ele confessou esse crime mais de 10 vezes."
Absolvição

Scott, que está preso atualmente por outro crime, teve finalmente a chance de confessar formalmente o assassinato de Torriano Jackson perante a Justiça.

Horas depois, Dixon foi solto.

"Eu peguei a arma", disse Scott, agora com 46 anos, ao tribunal de Erie, em Nova York.

"Eu puxei o gatilho e todas as balas saíram. Infelizmente, Torriano acabou morrendo."

Foi o promotor distrital do Condado de Erie, John Flynn - no cargo há menos de um ano - que ordenou uma revisão do caso.

Mas apesar da absolvição de Dixon, os promotores afirmam que ele forneceu a arma do crime, descrita como uma metralhadora.

Eles também disseram que ele era um "traficante de drogas em ascensão" em Buffalo na época da prisão.

"Dixon é inocente do assassinato pelo qual foi considerado culpado, mas levou a arma para a briga."
Quais são os planos de Dixon?

"É a melhor sensação do mundo", disse Dixon, enquanto saía como um homem livre do tribunal, na quarta-feira.

Ele foi recebido pela filha, que era um bebê quando foi preso.

A jovem de 27 anos levou, por sua vez, os netos de Dixon - gêmeos de 14 meses.

Ele disse que espera continuar fazendo ilustrações e, quem sabe, visitar um campo de golfe algum dia.

"Com a mente e corpo intactos, a expectativa é que Dixon viva bons anos pela frente", escreveu a revista Golf Digest na quarta-feira.

"Talvez ele até comece a jogar golfe."

AUTOR: BBC

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

NO RJ, O MISTÉRIO DA MÚMIA DA GALLOTI, QUE INTRIGA ESTUDIOSOS QUASE 70 ANOS APÓS SER ACHADA NO PÃO DE AÇUCAR

Quase 70 anos depois, cadáver encontrado na encosta de um dos mais belos cartões-postais do Rio continua a intrigar montanhistas MIKE EGERTON/PA WIRE

Ela não "provocava transe" em quem se aproximava dela, como a princesa Kherima, nem "batia papo" com o imperador Pedro 2º, como a cantora-sacerdotisa Sha-amun-en-su - ambas parte do acervo do Museu Nacional, que pegou fogo no último dia 2 de setembro. Mesmo assim, quase 70 anos depois de sua "descoberta", a "múmia" da chaminé Gallotti, como ficou conhecida, continua a intrigar alpinistas e estudiosos no assunto.

O mistério teve início na manhã de 19 de setembro de 1949. Lá pelas sete da manhã, cinco amigos - Antônio Marcos de Oliveira, Laércio Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup - se encontram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, para escalar o Pão de Açúcar.

Não era uma escalada como outra qualquer. Em vez de simplesmente subir o paredão de 396 metros de altura por uma das três vias de acesso já desbravadas, os montanhistas, membros do Clube Excursionista Carioca (CEC), decidiram explorar uma quarta trilha, ainda mais perigosa e arrojada que as anteriores.

"Os conquistadores levaram quase cinco anos para concluir a rota que ficou conhecida como a chaminé Gallotti, em homenagem ao senador Francisco Benjamin Gallotti (1895-1961)", explica Rodrigo Milone, presidente do CEC.

"Durante anos, foi considerada a mais difícil escalada do montanhismo brasileiro."

Ainda na clareira que dá acesso ao paredão, Hollup, então com 19 anos, começou a desconfiar de que algo estava errado quando viu um sapato de mulher, deteriorado pelo tempo, em plena Mata Atlântica.

"Será que, daqui a pouco, vamos encontrar a dona do sapato?", perguntou ele, em tom de brincadeira.

"Mesmo assim, não dei muita importância. Joguei o sapato fora e continuamos a subir", explicou em sua última entrevista, dada ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, em 22 de outubro de 2017.

Tadeusz Hollup, o último dos desbravadores da chaminé Gallotti, morreu no dia 27 de agosto de 2018, aos 88 anos.
Havia um cadáver no meio da escalada

Alguns metros acima, Oliveira, o caçula do grupo, com 18 anos, já desbravava a encosta do morro. Dali a pouco, por volta das 11h30, se deparou com um cadáver, preso pela garganta, numa fenda estreita da rocha, apelidada de "chaminé" pelos alpinistas.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o defunto não estava em estado de putrefação e, sim, "mumificado".
Em 1949, grupo de montanhistas encontrou corpo naturalmente mumificado preso numa fenda estreita da rocha CLUBE EXCURSIONISTA CARIOCA (CEC)

"Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dele, que era enorme, pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa. Fiquei apavorado!", relatou Oliveira no documentário Cinquentona Gallotti (2004), escrito e dirigido por Priscilla Botto e Paulo de Barros.

Na mesma hora, berrou para os amigos: "Ó, tem uma pessoa morta aqui!".

Hollup e Menescal caíram na gargalhada. "Que história é essa?", quis saber Hollup, aos risos.

"Achou a dona do sapato?", fez graça Menescal. Os dois levaram na brincadeira. Mas Oliveira, não. Quando chegaram ao local, tomaram um susto daqueles. A coisa era séria mesmo.

Diante da "descoberta" macabra, os amigos resolveram suspender a escalada e avisar a polícia. A tão sonhada conquista da chaminé Gallotti - proeza alcançada só cinco anos depois, em 1954 - teria que ficar para outro dia.
Corpo pertenceria a um homem com cerca de 35 anos, segundo laudo do legista ARQUIVO CEC/ IVAN CALOU

Na manhã seguinte, os cinco voltaram à Urca, acompanhados de policiais, repórteres e legistas. Munidos de grampos, martelos e brocas, desceram o corpo da "múmia" até a clareira, onde estavam os bombeiros. Naquela época, os escaladores usavam cordas de sisal e coturnos com tachas. Tudo muito rudimentar para os padrões atuais.

A "descoberta" da múmia virou notícia em todos os jornais. Para espanto geral, o laudo, assinado pelo médico-legista José Seve Neto, desfez o mal-entendido: o cadáver não era de mulher, como imaginado inicialmente por causa da vasta cabeleira, mas de um homem.

Segundo a nota publicada na edição do dia 20 de setembro de 1949, do jornal O Globo, os restos mortais pertenciam a "indivíduo de cor branca, com 35 anos presumíveis, de 'compleixão' (sic) franzina e com 1,60 m de altura".

Ainda de acordo com o laudo, o defunto, que vestia um suéter e uma camisa sem mangas de algodão, não apresentava sinais de fratura, nem vestígio de bala ou facada. E o pior: não trazia documentos.
Cadáver teria sido mumificado pela maresia ARQUIVO CEC/IVAN CALOU

"Os legistas concluíram que o cadáver estava lá havia uns seis meses, pelo menos", relata Oliveira.

"Foi mumificado devido à maresia."

O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), explica que a maresia pode ter ajudado, sim, na mumificação do cadáver. Isso porque o sal presente nela absorve a água, retardando processo de decomposição do corpo.

"Os antigos egípcios usavam um minério chamado natrão, rico em carbonato de sódio. Eles empacotavam o natrão, em pequenas bolsas, dentro do corpo da múmia, além de jogarem um punhado do minério sobre o cadáver. Quarenta dias depois, o defunto estava encolhido e duro", diz.
Que fim levou a 'múmia' carioca?

Apesar de toda a repercussão nos jornais da época, nenhum amigo, parente ou familiar apareceu no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. De quem era o cadáver encontrado na chaminé Gallotti? Ninguém sabe. A identidade da "múmia", sete décadas depois, continua ignorada.
Reprodução da foto dos intrépidos montanhistas anos depois ACERVO DE TADEUSZ HOLLUP

Mas essa é apenas uma das muitas perguntas sem resposta. Outra: como foi parar lá? Há várias hipóteses: de suicídio a assassinato. Para o extinto jornal A Noite, um dos muitos a cobrir o caso, os restos mortais pertenciam a um mendigo que teria se jogado morro abaixo.

Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta A Múmia da Gallotti (2009), tem outra versão: "Por ser um homem vestido de mulher e ter os cabelos compridos, suspeito que fosse um travesti que, talvez, estivesse fugindo de alguém ou tentando se esconder na mata. Mas é impossível afirmar com certeza".

Será que, no fim das contas, o mistério da "múmia" carioca esconde um caso de transfobia?

Há quem sustente, ainda, a tese de que o corpo seria de algum morador de uma favela próxima, localizada entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar.

O historiador Milton Teixeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), rebate essa teoria. Ele explica que, naquele local, há uma caverna e que, nos anos 1940, morou ali um português que vivia da pesca e da venda de artesanato. Nos anos 1960, o tal eremita ganhou a companhia de um casal de retirantes cearenses.

"Em 1968, os militares ordenaram a saída dos três e hoje, na caverna, vivem apenas morcegos", arremata o historiador.

Outra pergunta intrigante: que fim levou a "múmia" do Pão de Açúcar? Tudo indica que, a exemplo das peças egípcias que faziam parte do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, teve destino trágico. A diferença é que, em vez de ter sido consumida pelas chamas de um incêndio, teria sido sepultada como indigente por falta de documentação e reconhecimento familiar.

AUTOR: BBC

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