Uma das maiores tragédias da história marítima brasileira completa 100 anos neste sábado (5). Em 1916, o navio Príncipe das Astúrias naufragou em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, e deixou 477 mortos. O naufrágio é comparado ao do Titanic, que afundou quatro anos antes. Um cerimonial está previsto em homenagem às vítimas na ilha na manhã deste sábado.
O navio a vapor Príncipe das Astúrias foi construído na Escócia em 1913 e era considerado de médio porte. O navio a vapor tinha 150 metros de comprimento, mais de 16 mil toneladas e era considerado o transatlântico mais luxuoso da Espanha. Sua sexta e última viagem começou em Barcelona atravessando o Atlântico em direção a Santos (SP).
De acordo com o mergulhador e pesquisador grego, que tem um acervo sobre o assunto, Jeannis Michail Platon, de 68 anos, a bordo estavam registrados oficialmente entre passageiros e tripulantes 578 pessoas. Ele acredita que esta seja a tragédia com maior número de vítimas da costa brasileira.
"O naufrágio aconteceu durante a primeira Guerra Mundial, então além dos 578 passageiros havia cerca de mil imigrantes que viajavam ilegalmente para fugir da guerra. Eles não tinham dinheiro para pagar a passagem e vinham amontoados no porão. Eles não foram registrados, era um costume da época, eles não estão no número oficial de mortos, mas estima-se que mais de 1,5 mil pessoas morreram ao todo", afirmou.
Ainda segundo o escritor, a bordo do navio era transportada grande quantidade de metais. Além de 12 estátuas de bronze, componentes de um monumento e supostamente um valor de 40.000 libras-ouro.
Jeannis Platon mergulhou nos destroços do navio (Foto: Eduardo de Paula/TV Vanguarda)
"Ele era um transatlântico bem luxuoso, com tapetes persas, de luxo mesmo. Mas na época não era como hoje, passageiros e carga separados. Eram mistos: carga e passageiro. Só de carga, na sua última viagem havia 10 toneladas", disse Jeannis.
Durante o carnaval de 1916, no dia 5 de março, o navio se dirigia ao porto de Santos, fazendo sua sexta viagem à América do Sul. Chovia forte e a visibilidade era baixa, o que pode ter causado a batida única laje submersa da Ponta da Pirabura, o que provocou em um rasgo no carsco do transatlântico.
“O navio se partiu em três partes e em pouco tempo ficou submerso. Os corpos se espalharam pelo litoral norte e quando encontrados, foram enterrados nas praias. Cerca de 600 pessoas foram enterradas na praia da Serraria em Ilhabela e 300 em Castelhanos”, disse.
Destroços
Segundo Jeannis, o local onde se encontram os destroços é exposto a fortes correntes. A visibilidade é pouca devido à movimentação das águas, que as tornam turvas por areias e suspensão ferruginosa oriunda das ferragens do navio. Durante 17 anos ele fez diversas expedições para encontrar as relíquias do navio.
"Por causa deste vai e vem das correntes, não existe vida marinha nos destroços. Os destroços estão espalhados por uma extensa região ao redor do navio, o que exige redobrada atenção para mergulhar. Muitas companhias trabalharam durante anos, tiraram muito material. Agora, 100 anos embaixo de água o navio está detonado", contou.
No Museu Náutico localizado no Parque da Usina “Prefeito Geraldo Junqueira”, no bairro Água Branca, encontram-se várias peças recuperadas do Príncipe de Astúrias, além de uma réplica do navio.
Centenário
Para marcar o 1º centenário do naufrágio do navio Príncipe de Astúrias, a Prefeitura de Ilhabela e a Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião, órgão da Marinha do Brasil faz neste sábado (5) um cerimonial no mar em homenagem às vítimas.
A solenidade será realizada a bordo de um navio da Marinha próximo à Ponta da Pirabura. Além do lançamento da coroa de flores, outras embarcações acompanharão o navio da Marinha até a Ponta da Pirabura, que fica a extremo leste de Ilhabela. O navio e os barcos sairão às 10h de São Sebastião e da Vila, em Ilhabela.
Livro
Jeannis mora 57 anos no litoral norte de São Paulo e é um estudioso dos naufrágos da costa brasileira. Ainda como parte dos eventos que marcarão o centenário,e ele lançará seu quarto livro: 'Ilhabela – Príncipe de Astúrias – Um Mistério entre Dois Continentes', baseado em investigações e no depoimento de Isidor Prenafeta, neto de um tripulante sobrevivente.
"Ele era um transatlântico bem luxuoso, com tapetes persas, de luxo mesmo. Mas na época não era como hoje, passageiros e carga separados. Eram mistos: carga e passageiro. Só de carga, na sua última viagem havia 10 toneladas", disse Jeannis.
Durante o carnaval de 1916, no dia 5 de março, o navio se dirigia ao porto de Santos, fazendo sua sexta viagem à América do Sul. Chovia forte e a visibilidade era baixa, o que pode ter causado a batida única laje submersa da Ponta da Pirabura, o que provocou em um rasgo no carsco do transatlântico.
“O navio se partiu em três partes e em pouco tempo ficou submerso. Os corpos se espalharam pelo litoral norte e quando encontrados, foram enterrados nas praias. Cerca de 600 pessoas foram enterradas na praia da Serraria em Ilhabela e 300 em Castelhanos”, disse.
Destroços
Segundo Jeannis, o local onde se encontram os destroços é exposto a fortes correntes. A visibilidade é pouca devido à movimentação das águas, que as tornam turvas por areias e suspensão ferruginosa oriunda das ferragens do navio. Durante 17 anos ele fez diversas expedições para encontrar as relíquias do navio.
"Por causa deste vai e vem das correntes, não existe vida marinha nos destroços. Os destroços estão espalhados por uma extensa região ao redor do navio, o que exige redobrada atenção para mergulhar. Muitas companhias trabalharam durante anos, tiraram muito material. Agora, 100 anos embaixo de água o navio está detonado", contou.
No Museu Náutico localizado no Parque da Usina “Prefeito Geraldo Junqueira”, no bairro Água Branca, encontram-se várias peças recuperadas do Príncipe de Astúrias, além de uma réplica do navio.
Centenário
Para marcar o 1º centenário do naufrágio do navio Príncipe de Astúrias, a Prefeitura de Ilhabela e a Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião, órgão da Marinha do Brasil faz neste sábado (5) um cerimonial no mar em homenagem às vítimas.
A solenidade será realizada a bordo de um navio da Marinha próximo à Ponta da Pirabura. Além do lançamento da coroa de flores, outras embarcações acompanharão o navio da Marinha até a Ponta da Pirabura, que fica a extremo leste de Ilhabela. O navio e os barcos sairão às 10h de São Sebastião e da Vila, em Ilhabela.
Livro
Jeannis mora 57 anos no litoral norte de São Paulo e é um estudioso dos naufrágos da costa brasileira. Ainda como parte dos eventos que marcarão o centenário,e ele lançará seu quarto livro: 'Ilhabela – Príncipe de Astúrias – Um Mistério entre Dois Continentes', baseado em investigações e no depoimento de Isidor Prenafeta, neto de um tripulante sobrevivente.
Jornais da época divulgaram o maior naufrágio brasileiro (Foto: Reprodução/Blog Jeannis Platon)
AUTOR: G1
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